quinta-feira, 25 de abril de 2024

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA

V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B”

Primeira Leitura: At 9,26-31

Naqueles dias, 26 Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo. 27 Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. 28 Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor. 29 Falava também e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam matá-lo. 30 Quando ficaram sabendo disso, os irmãos levaram Saulo para Cesareia, e daí o mandaram para Tarso. 31 A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.

Segunda Leitura: 1Jo 3,18-24

18 Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! 19 Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, 20 pois, se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21 Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus. 22 E qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. 23 Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. 24 Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu.

Evangelho: Jo 15,1-8

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais frutos ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.

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O texto se encontra no complexo literário de Jo 13-17 que fala da despedida de Jesus de seus discípulos. A última mensagem de Jesus para os seus discípulos se precede com a cena da última ceia com o lava-pés que culmina com o anúncio da traição (Jo 13,1-20).  Em outros capítulos (Jo 14-17) relatam-se os diálogos da despedida de Jesus que termina com a oração de Jesus ao Pai. Na verdade não há mais que um discurso de despedida a não ser somente nos capítulos 13,31-14,31. A continuação lógica de Jo 14,31 é Jo 18,1. Jo 15-17 tem sido introduzido neste espaço pelo evangelista-redator para incluir no evangelho o material precioso que até agora não havia encaixado dentro do esquema do evangelista.          

Na presença dos seus amigos íntimos, Jesus começa a transmitir sua mensagem final (Jo 13,31-17,26). Como qualquer grande líder que reúne seus seguidores na véspera de sua morte para dar-lhes instruções quando ele partir, também Jesus, antes de sua morte, faz a mesma coisa. Mas ele lhes garante que sua morte não é um fim, pois ele vai para seu Pai. Aqui, nestes capítulos, Jesus repetidamente promete que ele vai voltar para os discípulos através de sua ressurreição e do dom do Espírito Santo. Esta volta vai trazer-lhes paz e alegria, e que os discípulos vão entrar também na comunhão de sua vida através do Espírito, que é o dom de Jesus ressuscitado.        

O contexto mais imediato do nosso texto é Jo 15,1-17. A primeira parte (vv.1-8) se concentra em matéria alegórica, a videira e os ramos, com a linguagem direta, que apresenta Jesus como o EU SOU. Nesta parte acentua-se a exigência de permanecer em Jesus para produzir frutos. A segunda parte (vv.9-17) fala do amor como objeto da revelação. Aprofunda-se nesta parte o mistério do amor de Deus em Jesus Cristo e a missão dos cristãos de frutificar na prática do amor fraterno (esta parte falaremos no próximo domingo). Nesta segunda parte, a imagem da videira não aparece mais a não ser apenas a expressão “produzir fruto”. Quando se fala de “produzir fruto” no seu sentido literal, fala-se inevitavelmente do tronco (árvore ou videira neste contexto).          

Quando Jesus se autoproclama como a “verdadeira videira”, porque existe outra videira falsa. Quem é que representa essa videira falsa? (mais adiante falaremos). A verdadeira videira é a imagem que evoca vida, seiva, fruto abundante ou ramos cheios de frutos de qualidade. Para entender esta autoproclamação de Jesus, como a verdadeira videira, devemos ter na nossa mente alguns textos do AT que contém a contraposição à afirmação de Jesus.      

Para qualquer judeu da Palestina, a videira é muito familiar, pois ela é um dos pilares econômicos do país. Ela é sinônimo de paz e felicidade. No livro dos Cânticos, a vinha pode designar a esposa (cf. Ct 1,14;2,15;6,11;7,9.13;8,12). Mas sobretudo, é símbolo da comunidade.  A vinha é uma imagem do povo de Israel em relação ao Deus da Aliança. Alguns textos vão comprovar esta afirmação. Ou seja, a videira ou vinha era o símbolo de Israel como povo eleito (povo de Israel) de quem Deus cuida com muito amor. A vinha Israel deve sua existência a Deus que a arrancou do Egito e plantou num espaço novo em que pôde crescer e prosperar (Sl 79/80,9-12). Mas o povo eleito  se descreve quase sempre como um povo infiel (cf. Is 5,1ss; Jr 2,21; Ez 17,6-10; Os 10,1). No AT a imagem da videira nunca é aplicada ao Messias. A conduta de Israel se mostra decepcionante, que por seus próprios pecados ou por causa de seus maus pastores (cf. Is 3,14; Jr 12,10).          

Oséias, o mais antigo dos profetas, descreve Israel como uma vinha viçosa ou florescentes que produz muito fruto (Os 10,1), mas tem um coração infiel(Oséias compara o povo da aliança como uma esposa infiel e Deus como um marido fiel que vai atrás da esposa para salvá-la). Assim essa vinha que tem muitas folhas,  se torna uma vinha inútil, pois não se encontra nenhum fruto. O profeta Isaías faz um poema ou um cântico sobre Israel onde ele o descreve como uma vinha ingrata (Is 5,1-7). O cântico se transforma, assim, em uma queixa e um julgamento. O profeta Jeremias fala da degeneração da vinha de qualidade: torna-se em vinha bastarda (Jr. 2,21; cf. também Jr 5,10;12,10-11; Sl 80,9-12;Ez 17,5ss). A conduta de Israel se mostra decepcionante seja por seus próprios pecados, seja por causa de seus maus pastores. 

O que Israel não foi capaz de dar bons frutos a Deus por sua infidelidade (pecados), Jesus se mostra fiel até o fim, pois a vontade de Deus é o próprio alimento de Jesus (Jo 4,34). Neste discurso (discurso de despedida) Jesus se compara a uma verdadeira videira, pois d´Ele emana a força vital para os que permanecem unidos a ela. “Verdadeira” se contrapõe ao antigo povo e a qualquer outra pretensão salvífica. “Eu sou a verdadeira videira” é proclamação de uma ruptura: não mais Israel, mas Cristo e os discípulos (seguidores) que permanecem n´Ele são o verdadeiro povo de Deus. Proclamando-se “verdadeira videira”, Jesus declara que o verdadeiro povo fiel a Deus é representado por Ele (videira) e pelos discípulos (ramos) que lhe dão adesão. Nisto podemos já entrever o motivo do juízo, alinhado com os profetas e com a própria tradição sinótica: Israel é julgado e o Reino é passado aos gentios.          

O nosso texto deste domingo tem seu pano de fundo nos textos acima citados. Mas o evangelista Jo modifica alguns termos, como em vez de falar de “vinha” (plantação de uvas), fala-se da “videira”(pé de uva) para enfatizar a união profunda entre tronco e ramos e a consequência da desunião do tronco é a morte para o ramo. Por isso, a palavra chave para o texto de hoje é “permanecer” que tem como consequência “produzir fruto”.          

Que tipo de ramos somos nós? Será que sabemos produzir uvas de qualidade ou apenas uvas ácidas, como aconteceu com o povo de Israel?          

Eu sou a verdadeira videira e vós, os ramos”, diz Jesus. Esta imagem serve para sublinhar a comunicação e circulação de vida divina que existe entre Jesus e aqueles que nele crêem. Meditar estas palavras sobre a videira e os ramos significa encontrar a relação que nos liga, na sua dimensão mais profunda, a Ele. É uma relação mais profunda até do que aquela que existe entre pastor e o rebanho, sobre a qual meditamos no domingo anterior. No evangelho deste domingo descobrimos onde é que reside a força interior de nossa religião (2Tm 3,17). É em Jesus. 

Permanecei em mim, como eu em vós” (Jo 15,4). Aqui está a mensagem fundamental do texto. O verbo grego MÉNO (permanecer) tem um significado muito profundo na teologia joanina. Este verbo “méno (permanecer) é usado por João para exprimir a relação de imanência entre o Pai e o Filho e os discípulos de Jesus. O Pai é a origem e a fonte (“agricultor”) daquela vida que Jesus dá aos seus discípulos. A vida cristã é permanecer pela fé e pelo amor a Jesus. Esse “permanecer em Jesus” é uma exigência essencial da vida cristã. Sem a imanência em Jesus pela fé e pelo amor, o discípulo é morto (Jo 15,4b)      

Alguns Elementos Deste Texto Sobre Os Quais Precisamos Meditar E Descobrir Suas Mensagens Para Nós Hoje. Está aberta, porém, a possibilidade para outras pessoas verem de outro ângulo. O Evangelho é sempre um tesouro para ser descoberto por todos e de todos os lados.

1. Jesus É A Verdadeira Videira       

O que Israel não foi capaz de dar a Deus, Jesus lho dá. Jesus é a videira fiel, porque correspondeu aos cuidados e à expectativa de Deus e produziu o vinho bom da fidelidade à aliança.  Por si mesmo, a imagem de “verdadeira videira” evoca vida, seiva, fruto. Jesus é a nova videira, a autêntica, capaz de produzir a vida para quem não a tem; o amor para quem se sente mal amado; a justiça para quem é injustiçado; o otimismo e a esperança para quem se sente frustrado e desesperado; o Caminho para quem se sente perdido; a  Luz para quem se sente desorientado e se encontra na escuridão nesta vida; o alimento para quem é faminto; a água viva para quem está com sede e a vida para quem está desanimado. Em Jesus, então, descobrimos a força sem fim para enfrentar qualquer tipo de situação nesta vida.  Jesus dá seu fruto, dando sua vida, derramando seu sangue, prova suprema de seu amor por nós. E o vinho, fruto da videira, será, no mistério eucarístico, o sinal sacramental deste sangue derramado para a remissão dos pecados e para selar a Nova Aliança e será o meio de comungar do amor de Jesus. Nele encontramos, realmente e somente nele, o sentido de nossa vida e de nossa luta de cada dia. Ele é realmente a videira verdadeira.

 2. Nós Somos  Os Ramos Da Videira Verdadeira          

Jesus nos diz: “Eu sou a verdadeira videira e vós, os ramos”. O ramo é uma extensão e um prolongamento do tronco (da videira). Do tronco é que vem a seiva (linfa) para o ramo que o nutre, a umidade do solo e tudo aquilo que ele transforma depois em uva sob os raios do sol. Se não é alimentado pela videira, nada pode ele produzir.        

Onde se situa essa relação, quando aplicada a nós, homens para que possamos produzir frutos ? Quais são condições para produzirmos mais frutos? 

A) Para Produzirmos Frutos Necessitamos Permanecer No Tronco Que É Cristo                 

O verbo “permanecer” aparece 118 vezes no NT, principalmente nos escritos joaninos (no evangelho de Jo 40 vezes, 1Jo 24 vezes e 2Jo 3 vezes; em Lc 20 vezes: 13 deles em At; 1Cor 8 vezes; Hb 6 vezes; e em outros escritos neotestamentários o verbo aparece esporadicamente). Neste Evangelho o verbo “permanecer” aparece sete vezes para exprimir a união entre o tronco e os ramos, ou seja, entre Jesus e os fiéis.

A expressão permanecer tem em Jo uma conotação do definitivo, do perene no relacionamento com Jesus fundado na fé, um relacionamento de confiança e fidelidade recíproca que existe entre Jesus e seus seguidores. Com esta permanência, os seguidores terão condições de produzir frutos. O sentido é o da mútua união de Deus (ou Jesus, ou o Paráclito) nos seus e deles em Deus. Não se trata de uma mera “união moral” entre os fiéis e Jesus/Deus. Da parte de Deus (em Jesus) trata-se da presença salvífica; e, na medida em que abrimos espaço para a presença de Deus no meio de nós e em nós, também nós “permanecemos” no âmbito dele. E da parte dos fiéis (nós), esse permanecer significa concretamente o continuar na profissão de fé em Jesus e a comunhão do amor fraterno (Evangelho do domingo posterior). Somente em contato com Jesus temos vida e força interior, capacidade e constância para transformar a dura realidade e vencer o mal dentro e fora de nós.          

Permanecer em Cristo significa também não abandonar os compromissos assumidos (no batismo, no matrimônio etc.), não se afastar da fonte que é Cristo, como o filho pródigo, entregando-se a uma vida de pecado consciente e intencionado.          

Permanecer em Cristo significa também permanecer no seu amor (Jo 15,9): no amor que ele tem por nós, mais que no amor que nós temos por Ele; significa, pois, permitir-Lhe que nos ame, que nos faça passar a sua “seiva” que é o Seu Espírito, evitando pôr entre Ele e nós a insuperável barreira da auto-suficiência e da indiferença.         

A intensidade deste “permanecer” recíproca é mostrada no versículo 4b. Aqui Jesus exorta a todos os seguidores: “Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim”(v.4b). Os opostos “produzir frutos” e “ser estéril” exprimem salvação ou perdição final. A separação de Jesus significa esterilidade absoluta. Um cristão que não permanece unido a Cristo, resseca, não dá fruto. Ele pode até ter uma vida brilhante, cheia de saúde, de idéias, exibir energia, negócios, filhos e ser, aos olhos de Deus, lenha seca, sem vida, um coração vazio. Quem pertence aparentemente ao grupo cristão, mas não mantém ligação com Jesus, é um membro morto. Só atrapalha mais do que ajuda. Tudo, quando se afasta do tronco que é Jesus Cristo, tende a morrer. Pessoas afastadas dos outros e de Deus murcha, seca e morre.          

Se permanecermos em comunhão com Jesus e “suas palavras permanecerem em nós”, receberemos tudo o que em seu nome convém pedir. O Evangelho de João usa de modo surpreendente o termo “permanecer”(equivalente a “morar”) para expressar a presença das palavras de Jesus em nossa vida(15,4). Suas palavras são equivalentes à sua pessoa. Se quisermos saber se Cristo está em nós, cabe verificar se suas palavras desempenham um papel efetivo(e afetivo) em nossa vida. Segundo Jesus, se nos deixarmos levar por Sua Palavra e pela fé, estaremos limpos e incluídos na produção da videira. Neste caso o permanecer e o produzir frutos são duas coisas inseparáveis. Não existe produção de frutos sem a permanência em Jesus e não existe uma comunidade duradoura de Jesus que fique por todo o tempo sem produzir frutos. Precisamos ser como o ramo unido ao tronco. O ramo não encontra sentido longe de quem o alimenta e sustenta. A unidade é o caminho para superar as crises e as adversidades.       

Tudo isto nos faz perguntar: “Que frutos eu tenho produzido? Se tudo está errado, preciso parar urgentemente porque talvez eu esteja desligado do tronco(Jesus), por isso não tenho recebido a seiva suficiente para ser bom seguidor, o que me tornar em ramo seco. 

B) Para Podermos Produzir Frutos Precisamos Ser Podados          

A videira é uma planta que precisa de muitos cuidados. Todos os anos ela deve ser podada para que a seiva se concentre em poucos ramos, fortes e vivos. Qualquer agricultor bom não tem medo de podar uma videira, porque ele sabe que com isso, a videira vai produzir muito mais frutos. Ele não fica acariciando as folhas verdes da videira.  Uma videira, embora viçosa, se não for podada no tempo certo com muito desvelo, depois de alguns anos, não produz mais nada que preste. Além disso, os ramos secos são tirados.         

Jesus diz: “Todo ramo que dá fruto, o Pai o limpa, para que dê mais fruto ainda”(v. 2). Ao falar em “dar fruto”, Jesus usa a expressão que nos recorda inevitavelmente o grão de trigo que se morrer, dará muito fruto(Jo 12,24). Mas não é a morte ou a poda o que se assemelha à videira, mas a vida e o fruto abundante que por elas se alcançam.          

A poda é uma limpeza profunda. E limpo é aquele que encontra a sua identidade no seu vínculo com o Senhor e no serviço aos demais e aquele que fala de acordo com  seu agir e agir como fala. Por meio disso a Palavra nos limpa, nos transforma por dentro e nos torna diferentes: “Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei”(v. 3). Acreditar na Palavra é dar fruto. O Evangelho, que é a Palavra de Deus em Jesus Cristo, é então como uma poda. Ele golpeia a cobiça, tudo aquilo que nos dispersa em tantos projetos vãos e desejos terrenos; ao invés, fortifica as energias sadias e espirituais; concentra-nos sobre os valores verdadeiros, colocando em crise os valores falsos. Precisamos fazer várias podas na nossa vida se quisermos crescer como bons cristãos: poda das riquezas armazenadas, do boato e fofoca, da soberba, do poder temporal e influências mundanas, da ganância, da preguiça, do egoísmo, da mentira, da hipocrisia, assim por diante. Sem estas podas sobra-nos lenha seca e falta-nos seiva jovem e vida nova do Espírito.

3. Promessa Para Quem Permanece Em Jesus         

Permanecer em Cristo não só serve para que possamos nos assemelhar à vida de Cristo mas muito mais do que isso. Ele promete: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado”(v. 7). Estas palavra nos leva ao cerne do que é rezar. Rezar significa estar em perfeita sintonia com Jesus e seu plano, fazendo-lhe a vontade. Se fizermos assim, nenhuma prece vai ficar sem resposta, receberemos tudo o que em seu nome convém pedir e nenhum esforço será inútil.         

Vamos nos perguntar: Sou um ramo vivo ou seco? Se eu ficar atrapalhando a vida dos outros em vez de ajudá-los, talvez seja um sinal de que estou virando um ramo seco. Será que ainda não permaneço em Cristo, por isso as minhas orações, aparentemente não são atendidas? Qual parte da minha vida que preciso podar para que eu seja mais feliz e útil para mim mesmo e para os outros ?

P. Vitus Gustama,svd

27/04/2024-Sábado Da IV Semana Da Páscoa

PERMANECER EM CRISTO PARA ESTAR COM O PAI ETERNAMENTE NO CÉU

Sábado da IV Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 13,44-52

44 No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra de Deus. 45 Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia. 46 Então, com muita coragem, Paulo e Barnabé declararam: “Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que nos vamos dirigir aos pagãos. 47 Porque esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra’”. 48 Os pagãos ficaram muito contentes, quando ouviram isso, e glorificaram a Palavra do Senhor. Todos os que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé. 49 Desse modo, a palavra do Senhor espalhava-se por toda a região. 50 Mas os judeus instigaram as mulheres ricas e religiosas, assim como os homens influentes da cidade, provocaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território. 51 Então os apóstolos sacudiram contra eles a poeira dos pés, e foram para a cidade de Icônio. 52 Os discípulos, porém, ficaram cheios de alegria e do Espírito Santo.

Evangelho: Jo 14,7-14

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 7“Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. 8Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” 9Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai”? 10Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. 11Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. 12Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, 13e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei.

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Estejamos Conscientes De Que a Inveja É Capaz De Destruir e Matar o Próximo

A Primeira Leitura fala da expansão da Igreja no território não judeu que já tem como início em At 10-11. Lucas registra não somente o sucesso da evangelização na terra pagã, mas muito mais do que isso: os pagãos dão uma certa preferência ao cristianismo. Isso causa a inveja nos judeus. A pregação da mensagem dá lugar, como em outras ocasiões, para a perseguição pela qual Paulo e Barnabé são obrigados a ir para outro lugar para levar a mensagem de Cristo. Mas não se trata de obra dos dois (Paulo e Barnabé) e sim da obra do Espirito que os enche de alegria e força para prosseguir na evangelização. 

O que se enfatiza no texto de hoje é a função da “Palavra”. Por quatro vezes ocorre a seguinte expressão: “A Palavra de Deus ou do Senhor”. O ponto de separação entre judeus e pagãos não passa mais pela Lei e sim pela Palavra de Deus, isto é, o anúncio de salvação feito pelos missionários. Ou seja, trata-se daquela vida plena e definitiva inaugurada por Jesus ressuscitado (At 13,48). 

Mas em qualquer lugar onde a mensagem de salvação de Cristo for proclamada ou anunciada, há sempre os que a aceitam e os que a recusam. Há recusa pacifica, mas há também recusa acompanhada pela perseguição e blasfêmias. 

No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra de Deus. Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia”. Assim registrou Lucas sobre o sucesso de Paulo e Barnabé no trabalho missionário em Antioquia de Pisídia e a reação negativa da parte dos judeus por esse sucesso.

“Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja”. A inveja é a tristeza pelo bem alheio. O invejoso tem sempre os olhos fixos nos outros, sofrendo amargamente com a satisfação que nele têm, tendo sentimentos de aversão quando percebe que os outros estão bem ou estão numa situação cada vez melhor. A inveja é filha de uma soberba. O invejoso não tolera os sucessos dos outros, não admite que os outros possuam qualidades iguais ou superiores às suas. Ele sempre teme ser superado pelos outros. Ele sofre quando percebe que seu rival possui uma cota maior do que a sua. A inveja é uma profunda raiva produzida pela conquista dos outros. “O número dos que nos invejam confirma nossas capacidades” (Oscar Wilde). A inveja é um desejo de vingança, de destruição, de ódio. Muitas mortes aconteceram por inveja. A inveja tenta destruir os outros por meio da perseguição. A inveja é um sentimento destrutivo de alguém que pretende tirar o que você conseguiu. A inveja coloca qualquer um num plano de contínua insatisfação e de queixa permanente. A inveja nasce da sensação de que nunca o invejoso nunca vai ter o que o outro possui. “A inveja é uma declaração de inferioridade” (Napoleão Bonaparte). 

Quem tem uma alma grande sempre se preocupa com o bem de todos. Uma pessoa de bem sempre faz do sucesso do outro como inspiração para que ela consiga alcançar aquilo que uma pessoa sucedida alcançou. Uma pessoa de bem se esforça para aprender a atravessar o processo, a ter vontade e coragem, força e inteireza para percorrer o caminho de sucesso. Uma pessoa de bem admira. Um invejoso está sempre com o mau olhar no sucesso alheio. Uma pessoa de bem olha para aprender. Um invejoso olha para destruir o sucedido. 

A inveja dos judeus, da qual fala o texto, não deve ser entendida apenas num plano banal, isto é, o medo de perder os clientes que também dão uma contribuição finaceira à sinagoga, mas também num plano teológico no sentido de que os membros do antigo povo de Deus  temem perder os seus privilégios étnico-religiosos, o monopólio das promessas salvíficas, destinadas ao povo judeu. Por isso, pode-se entender o motivo pelo qual eles usam as “blasfêmeas” contra Paulo. As “blasfêmias” devem ser entendidas como recusa escandalizada de Jesus, um messias cruficado que para eles é um insulto a Deus (cf. At 26,11). 

Porém, a perseguição jamais pode parar o dinamismo espiritual que se origina da própria “Palavra de Deus” que traz vida e salvação para todos os homens. Por isso, Paulo e Bernabé não se cansam em anunciar a Palavra de Deus. 

Conhecer Jesus É Conhecer Deus

“Quem me viu, viu o Pai... Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim”. O texto do evangelho lido neste dia faz parte do discurso de despedida de Jesus de seus discípulos no evangelho de João (Jo 13-17). 

Quando Jesus disse aos discípulos: “Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”, logo Filipe pediu: Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”. 

O pedido de Filipe para Jesus mostrar o Pai tem um tom de ousadia do ponto de vista judaico. Segundo a visão bíblica é impossível ver Deus e ao mesmo tempo o homem, que viu Deus, permanece vivo (Cf. Ex 33,20). Por isso é que, na Bíblia, todas as pessoas ficaram apavoradas diante de qualquer manifestação divina (teofania), pois há possibilidade de morrer.

Segundo a tradição religiosa e bíblica do AT há um abismo entre o inacessível “Deus onipotente e altíssimo” (Eclo 50,17) e “o homem, que é um verme, o ser humano, que é uma larva” (Jó 25,6). Mas, no NT, Jesus revela aos discípulos que Deus não está longe e sim perto, que não deve ser procurado, mas acolhido, e se manifesta n´Ele (Jo 14,7). Na verdade, logo no Prólogo de seu evangelho são João fala dessa proximidade de Deus ao dizer: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Mas Filipe distingue Jesus de Deus e por isso, ele intervém com o pedido que aparentemente ingênuo: “Senhor mostra-nos o Pai e nos basta” (Jo 14,8). 

Diante da pergunta de Filipe, Jesus responde que o Pai não é acessível ao olhar comum. O Pai é acessível através de uma contemplação (contemplar significa olhar, observar com atenção para descobrir seu significado). E a contemplação se apoia no sinal por excelência: o Filho, Jesus Cristo e suas obras, pois Jesus é a Palavra de Deus feita carne (cf. Jo 1,1-3.14; Mt 1,23). Jesus é tão unido ao Deus Pai a ponto de ser reflexo ou de ser manifestação total de Deus diante dos homens. Jesus e o Pai são um só (cf. Jo 14,10; 17,21-22). Para contemplar o Pai é preciso descobrir o mistério do Filho: descobrir sua relação com o Pai, seu papel mediador e a significação de suas obras. Todas as obras de Jesus apontam para Deus. Jesus está tão unido ao Pai a ponto de dizer: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,10). Jesus enfatiza a absoluta sintonia entre Ele e o Pai, unidade que se manifesta na mesma ação criadora: “Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras” (Jo 14,11). Tudo de Jesus fala do Pai ou leva o homem ao Pai. Entre Jesus e o Pai há uma total sintonia. O último critério de identificação e sintonia são as obras. E a obra da redenção feita por Jesus nos faz compreendermos Deus como um Pai cheio de amor, de ternura e de misericórdia para nós (cf. Jo 3,16).

E esta contemplação do Pai na pessoa e na obra do Filho deve ser estendida nas obras de cada cristão: “Quem acredita em mim, fará as obras que eu faço” (Jo 14,12). A vida e as obras de cada cristão devem levar os outros a contemplarem Deus, devem ter uma função de levar as pessoas para Deus. As obras boas que o cristão faz falam por si de Deus para o mundo. Desse modo cada cristão se converterá em sinal da presença do Pai no mundo que aponta sempre para Deus. Além disso, neste sentido pedir “em nome de Jesus” (Jo 14,14) equivale, efetivamente, a solicitar a presença de Cristo no atuar do cristão para que ele possa ser verdadeiramente sinal da presença de Deus no mundo.

 

Somente para aquele que não sabe qual é o destino de sua vida não existe um caminho certo e seguro. Mas se ao final de nossa existência terrena queremos estar com Cristo gozando da gloria do Pai, não há outro caminho a não ser o próprio Cristo. Nele nos é manifestado nosso Deus como Pai amoroso e misericordioso, próximo de nós e disposto a nos salvar e nos e a nos levar a participarmos de Sua vida eterna. Não somente as palavras de Jesus que nos fazem entendermos quem é Deus para nós, mas também suas obras nos fazem experimentarmos o amor que Deus tem para nós. Ir atrás das pegadas de Cristo é caminhar com Sua Igreja, Sua esposa que é a pegada de Seu amor e de Sua entrega que Ele deixou para a humanidade para que possa ir ao encontro definitivo com o Pai com segurança.

 

Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras”, disse Jesus a Filipe. Jesus era um homem de Nazaré de carne e de osso, que pisava o solo de Palestina, um homem que tinha amigos, relacionamentos humanos, que comia e bebia com seus amigos, que tinha cansaço, fome e sede. Mas era um homem equilibrado por excelência. Era um homem humilde (Mt 11,29). Era um homem sem ambição nem orgulho, pois toda vez que a multidão queria torná-lo rei, ele se afastava para estar em contato com o Pai no silencio e na oração prolongada (cf. Jo 6,15). Era um homem que se rebaixava diante de seus amigos para lavar-lhes seus pés (cf. Jo 13,1-20). Mas esse homem é, ao mesmo tempo, estava em comunhão plena com Deus, se identificava com Deus, que fazia tudo conforme a vontade de Deus: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”. Jesus era um homem cheio de Deus. As suas amizades com outras pessoas não atrapalhavam sua comunhão plena com Deus. Ao contrário, era tão profunda sua comunhão com Deus a ponto de ter sido tão profunda também sua amizade com o homem (cf. Jo 15,15). Por ter sido o homem de Deus, Jesus era um homem do povo e para o povo.

 

Ser cristão é ser outro Cristo no mundo. Se Cristo Jesus era um homem cheio de Deus, logo cada cristão deve ser uma pessoa cheia de Deus. Se Cristo Jesus foi o homem de Deus e por isso, era um homem do povo e para o povo, logo o cristão deve ser também um homem de Deus para que se torne um homem do povo e para o povo. Consequentemente, nenhum cristão pode ser uma pessoa egoísta e isolada. Cada cristão é de Cristo e o Cristo é do povo: “Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (1Cor 3,23).

 

Quem acredita em mim, fará as obras que eu faço e fará ainda maiores do que essas” (Jo 14,12). Não se trata das obras maiores do que as que Jesus fez. Mas trata-se da expansão de sua mensagem por todo o mundo. Jesus limitou sua atividade em Palestina com um pequeno número de discípulos. Agora, através das obras boas praticadas pelos cristãos espalhados pelo mundo Cristo se faz presente no mundo. Nossas obras se tornarão maiores, se as fizermos no espírito de Cristo e não de acordo com o nosso gosto. Toda obra no espírito de Jesus tem como objetivo edificar os outros na sua dignidade. É ser vida para os demais como Cristo é vida dada a todos nós.  Ao fazer as obras pelo bem de todos, o cristão poderá aplicar para si a frase de Jesus de outra maneira: “Eu estou em Cristo e Cristo está mim”. Ser cristão significa ser outro Cristo. Se o mundo não percebe na minha maneira de viver e de proceder que sou cristão é porque eu não estou mais em Cristo nem Cristo está em mim. Desta maneira Santo Agostinho tinha razão ao dizer: “De que vale ter o nome de cristão se tua vida não é cristã? Há muitos que se denominam médicos e não sabem curar. Muitos se dizem vigilantes noturnos não fazem mais que dormir a noite inteira. Assim também muitos se chamam cristãos, mas não o são em seus atos. Em sua vida, moral, fé, esperança e caridade são muito diferentes do que declara seu nome (In epist. Joan. 4,4).

 

Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”, pediu Filipe a Jesus. Em outras palavras: Onde está Deus? No seu livro O Deus Em Quem Não Creio, Juan Arias dá algumas respostas. “Deus está na tua vida vazia. É tudo o que desejarias lá meter para a encher... Deus é o sol que desejarias ver brilhar quando as trevas irromperam nos teus olhos... Está naqueles olhos cheios de luz que, só ao olhá-los e amá-los, te tornaram mais criança, mais inocente, mais livre, mais poeta e mais concreto; mais terno e mais seguro; menos “tu” e mais “próximo”. Deus está nessa sede de limpeza que faz sentir a tua boca seca e pegajosa, depois de qualquer infecção do espírito ou da carne. Está à porta de cada desilusão; são essas mãos invisíveis em que não crês, mas que desejarias apertar, cheias de fidelidade, quentes de compreensão, eletrizadas por um afeto que resiste ao tempo...Deus está no palpitar intato de cada novo ser...Está no conjunto de sentimentos que vibram em todo o ser da mulher que acaba de ser mãe...Deus está ali; naquele cantinho mais secreto da tua vida, aonde ninguém chega, em que uma voz que não sabes donde vem, nem para onde vai, te diz o que não querias ouvir, te recorda o que desejarias ter esquecido, te profetiza o que nunca desejarias saber. Nessa voz que não ouves, mas que te desaprova. Nessa voz que não é tua, mas que nasce em ti e que nem o sono, nem o barulho, nem a bebida, nem a carne conseguem fazer calar...Está nesse abismo profundo da tua incredulidade...Está na paz do lago sereno das tuas lágrimas quando te reconcilias com a tua consciência e que te dá a sensação de renasceres...Deus está nessa força misteriosa que nos mantém vivos, que nos impede de enlouquecer, que nos evita o suicídio depois de certas provas dramáticas da vida, depois de certos desgostos mais cruéis e trágicos do que a morte...Deus está sobretudo onde reina o amor”.

 

Cristão, onde está teu Deus? Mostra-nos teu Deus é o pedido do mundo para cada cristão. Qual sua resposta?

 

P. Vitus Gustama,svd

quarta-feira, 24 de abril de 2024

26/04/2024-Sextaf Da IV Semana Da Páscoa

A FÉ PROFUNDA TORNA NOSSO CORAÇÃO SERENO

Sexta-Feira da IV Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 13,26-33

Naqueles dias, tendo chegado a Antioquia da Pisídia, Paulo disse na sinagoga: 26 “Irmãos, descendentes de Abraão, e todos vós que temeis a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação. 27 Os habitantes de Jerusalém e seus chefes não reconheceram a Jesus e, ao condená-lo, cumpriram as profecias que se leem todos os sábados. 28 Embora não encontrassem nenhum motivo para a sua condenação, pediram a Pilatos que fosse morto. 29 Depois de realizarem tudo o que a Escritura diz a respeito de Jesus, eles o tiraram da cruz e o puseram num túmulo. 30 Mas Deus o ressuscitou dos mortos 31 e, durante muitos dias, ele foi visto por aqueles que o acompanharam desde a Galileia até Jerusalém. Agora eles são testemunhas de Jesus diante do povo. 32 Por isso, nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, 33 ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”.

Evangelho: Jo 14,1-6

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1 “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. 5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

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Deus É Soberano No Cumprimento De Seu Plano Para Salvar a Humanidade

Nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”. 

O texto da Primeira Leitura é a continuação do discurso/pregação de Paulo em Antioquia de Pisídia numa Sinagoga num dia de Sábado ou  asegunda parte da pregação de Paulo na sinagoga em Antioquia de Pisídia. Nessa pregação (discurso) Paulo mostra para os ouvintes que Jesus é o descendente de Davi prometido  e isto se comprova na sua morte, na sua ressurreição e na sua exaltação como Messias prometido.

Neste discurso Paulo coloca a culpabilidade sobre os habitantes de Jerusalém e os seus chefes sobre a morte cruel de Jesus na cruz. Eles quiseram a morte de Jesus mesmo sendo inocente, e usaram Pilatos como instrumento para realizar sua maldade de eliminar (matar) Jesus da vida. A covardia de Pilatos em libertar o inocente Jesus cede à pressão da população e dos chefes para acabar com a vida de Jesus.  Mas por incrível que pareça, em vez de impedir o plano de Deus em constituir Jesus como o verdadeiro Messias, eles contribuíram para realizar o plano de Deus. Se eles mataram o Messias Jesus, o Inocente, Deus restituiu a vida a Jesus. Jesus foi ressuscitado. 

No seu discurso, Paulo não somente enfatiza a ressurreição de Jesus, mas ele também fala das aparições de Jesus para os apóstolos. Essas aparições são base do testemunho dos Apóstolos. Os apóstolos são as testemunhas tanto de tudo que Jesus fez e disse na Galileia durante sua vida pública como da sua ressurreição pelas aparições. Os apóstolos são testemunhas do Cristo ressuscitado. Tudo isso motiva os Apóstolos a dar testemunho para o resto do mundo sem medo da prisão e da morte como consequência. 

A coragem dos Apóstolos em testemunhar Jesus Ressuscitado que garante o futuro da humanidade, e do cristianismo, isto é, que os homens fieis à Palavra de Deus não estão caminhando para o nada e sim para o futuro de Deus que já começou no presente na vivencia da Palavra de Deus, nos faz pensarmos na responsabilidade de cada cristão, seja praticante, seja menos praticante. 

Em geral, os cristãos se reúnem na assembleia para se alimentar da Palavra de Deus e do Corpo e Sangue do Senhor na Eucaristia para que possam começar a viver uma vida ressuscitada. Mas será que a vida dos cristãos traz alguma coisa boa para o bem do mundo ao seu redor a exemplo de Jesus que passou a vida fazendo o bem? Os que leem e decoram, ouvem e meditam a Palavra de Deus contribuíram alguma coisa para melhorar o mundo ao seu redor onde moram e trabalham? Será que usamos os outros como instrumentos para eliminar alguém de uma função, de uma missão, de um trabalho porque ele está nos impedindo de ceder o lugar que queremos ocupar? 

Através da Primeira Leitura de hoje Deus quer nos deixar um recado muito forte: um inocente, um justo, um honesto pode ser eliminado pela mão humana em nome dos interesse egoístas, em nome do poder, em nome do dinheiro, mas com os braços abertos Deus o acolhe e o glorifica (ressuscitar). Alguém pode enterrar a  verdade, a bondade, o bem, o amor, a honestidade, a justiça, porém eles não permanecem na terra, pois ressuscitam como Jesus ressuscitou. Não tenhamos medo de ser justos, amorosos, honestos, bondosos e assim por diante, pois estes valores são valores humanos e divinos que serão reconhecidos por Deus. Um maldoso, um injusto, um desonesto, um corrupto da vida alheia, se não se converter, acabará não vendo Deus (fica fora da salvação), pois Deus é o Bem Superior, por excelência. São Paulo nos relembra que um dia “teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo” (2Cor 5,10).

Não é por acaso que no texto do Evangelho de hoje Jesus se apresenta para todos nós como o único Caminho que leva à verdadeira vida. Diante de um mundo desconcertado e perdido, diante das religiões que se brigam entre si em nome do próprio interesse e não em nome do bem comum, diante de um mundo que está em busca de ideologias e messias e felicidades, Jesus é a resposta de Deus, pois Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). 

A Fé Em Jesus Nos Traz Uma Paz Profunda Que Vem Do Alto

Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. 

Os capítulos 13 a 17 do evangelho de João constituem um “Discurso de despedida” de Jesus. Como os patriarcas do AT e outros grandes personagens ao saber de sua morte iminente se despedem de sua família fazendo recomendações importantes para eles (cf. Gn 49,1-28; 50,24-25; Dt 33; 1Rs 2,-9 etc.), assim também Jesus faz a mesma coisa para seus discípulos. Nestes capítulos encontramos vários ensinamentos de Jesus para quem quiser segui-lo.

Na última Ceia os discípulos estavam tristes e desorientados ao saber da despedida do seu Mestre que iria morrer. Por isso, antes de passar deste mundo ao Pai Jesus diz no texto do evangelho deste dia: “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Segundo a concepção do AT, a fé é um apoiar-se do homem no fundamento vital divino que lhe confere vida e existência; um entregar-se sem reservas, e confiado na promessa, bondade e lealdade de Deus. Justamente neste sentido não é possível crer em tudo. Ou o homem crê em Deus ou crê em nada que terminará no nada. Evidentemente não é possível crer em nada do mundo, e sim somente em Deus, pois só Deus, o Criador do universo, é capaz de responder aos anseios profundos do homem.       

Qual é a maior mensagem de consolo ou de esperança que Jesus oferece aos discípulos e a todos nós através do evangelho de hoje? É o convite para viver a fé: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus e tende fé em mim também” (v.1). “Ter fé em Deus” e “ter fé em Jesus” não se trata de dois tipos de fé. Mas trata-se de uma só e única fé. No capítulo anterior Jesus já disse: “Quem crê em mim, não é em mim que crê, mas em quem me enviou...” (Jo 12,44). E na primeira carta de São João temos esta ideia expressa negativamente: “Todo aquele que nega o Filho também não possui o Pai. O que confessa o Filho também possui o Pai” (1Jo 2,23).          

Em segundo lugar, a exortação que Jesus dirige aos discípulos para que tenham fé nele é algo mais que uma petição de um voto de confiança. A fé é a força que supera tudo, pois a fé é um dom que vem do Alto. A fé é capaz de vencer o mundo: “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4). “Mundo” aqui significa tudo que se opõe ao plano ou à vontade de Deus. A verdadeira fé em Deus é capaz de vencer as influências nefastas do mundo, pois quem se mantém na profissão da verdadeira fé vive no mundo de Deus, e Deus está por cima do mundo. Por isso, mais tarde Jesus dirá aos discípulos: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33). Para que possamos vencer o mundo como Jesus o venceu, temos que nos unir a Jesus, ou temos que ter fé nele. O mundo pode seduzir qualquer cristão, mas não tem poder de decidir sobre a vida do cristão. Quem pode decidir é o próprio cristão para aceitar ou recusar tal sedução. “Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, com a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para suportar” (1Cor 10,13b). Basta permanecer unido a Jesus Cristo.          

Em terceiro lugar, ao dizer “não se perturbe o vosso coração, mas tendes fé em Deus e em mim também”, Jesus quer nos mostrar outra função ou outro efeito da fé é o coração sereno, coração cheio de paz. Quanto mais profunda for nossa fé em Deus, mais sereno se tornará nosso coração. Enquanto nosso coração não estiver em paz, nossa mente se tornará perturbadora para nosso cotidiano.          

Hoje como em qualquer momento Jesus diz a cada um de nós: “Não perca sua calma. Acredite em Deus. Acredite em mim. Eu estou perto de você, dentro de você, em teu coração. Feche seus olhos, entre dentro de tua alma, tome minha mão, eu estou com você”. Jesus é o nosso bom companheiro que nos acompanha mesmo que estejamos rodeados pelas dificuldades. “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Precisamos ouvir estas palavras permanentemente. Ao dizer isso Jesus quer nos dizer que nosso Deus não é indiferente nem frio, e sim um Deus sensível aos nossos anseios e aos nossos sofrimentos. Mas Jesus pede um ato de fé em sua pessoa, uma fé sem reserva. A paz profunda que supera toda perturbação vem da fé. 

Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. A verdadeira fé em Deus sempre resulta em ter um coração sereno e pacífico, porque a fé é participação na vida divina, adesão a Deus como único Senhor, o apoiar-se total e exclusivamente em Deus. A fé consiste em nos alicerçamos unicamente em Deus, no seu poder infinito e no seu infinito amor. O poder de Deus e seu amor não estão sujeitos a qualquer manipulação humana. Não há outro caminho para alcançar a paz e a serenidade do coração senão o caminho do pleno abandono à vontade de Deus, isto é, ao seu amor infinito. A palavra “abandono” significa a renúncia aos planos e idéias próprios. Santa Teresa do Menino Jesus dizia: “Tem que ser como uma criança e não se preocupar com nada” (Conselhos e Lembranças). Nesta curta frase está contido todo um programa. Abandonar-se significa não se preocupar com nada, porque Deus nos ama e de tudo se ocupa. Somente quando isso acontecer, o nosso coração poderá começar a se impregnado da verdadeira paz. Não podemos nos desfazer dos perigos que geram o medo, mas é muito importante eliminar esse medo através de um ato consciente de abandono ao Senhor.         

Quando São Paulo suplicou a Jesus que afastasse da sua vida uma grande dificuldade, algo que contrariava os seus planos, o Senhor respondeu-lhe: “Basta-te a Minha graça porque é na fraqueza que a Minha força se revela totalmente” (cf. 2Cor 12,9). E Santa Teresa escreveu: “A confiança e a fé se aperfeiçoam na angústia”. E Para a Santa Margarida Maria Alacoque, a grande apóstola do coração de Jesus, o Senhor disse com grande ardor: “Deixa-Me agir”. Uma abertura de nosso coração permite ao Senhor viver em nós em toda a Sua plenitude. Quando assim for, poderá Ele fazer de nós a Sua obra-prima. O abandono a Deus é a suprema forma de confiança e de apoio no Senhor.           

A ausência desta fé suscita a angústia e o pavor. Quando confiarmos apenas nas nossas forças, quando contarmos apenas com as nossas capacidades, com aquilo que possuímos ou somente com as relações que mantemos com as pessoas com as quais estamos ligados, mais cedo ou mais tarde ficaremos desiludidos. A confiança total em Deus nascida da nossa fé na Sua Palavra é a única resposta adequada ao Seu insondável amor por nós. 

Para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. O caminho para o Pai é a prática do amor fraterno. Jesus é o Filho, mas os que o seguem serão também filhos, irmãos de Jesus. Para isso, os que seguem a Jesus precisam praticar o amor fraterno para fazer parte da família de Deus. 

Todo homem, em sua vida, segue um caminho ou outro. Todo homem busca, em sua vida, encontrar a verdade. Todo homem deseja, que sua vida não termine para sempre. Para estes três anseios profundos do homem é que o próprio Jesus é uma resposta precisa, pois Ele próprio é o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele e em viver a vida como Ele a viveu está a resposta para as interrogações e buscas do homem. O Caminho a seguir, a Verdade a defender, a Vida que não se perde estão ao alcance de nossa vida. Aceitar Jesus ou recusá-Lo é coisa nossa com suas consequências para nossa vida e salvação. 

JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

Neste texto Jesus se autorevela como “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (v.6). Como e onde é que Jesus se torna para nós o Caminho para irmos ao Pai, a Verdade que ilumina o sentido da nossa vida, a própria vida do nosso viver, e a Vida em plenitude? 

1. JESUS É O CAMINHO          

De acordo com o Antigo Testamento, a Lei era o caminho, a verdade e a vida para o povo. Praticando a Lei, as pessoas acreditavam poder chegar a Deus (Caminho), pois sentiam que nela Deus comunicava seu projeto e caminhava fielmente com o povo aliado (Verdade), conduzindo-o à posse da promessa (Vida).          

Para o Evangelho de João e para todos nós cristãos, o caminho não é mais a Lei, mas é uma Pessoa: Jesus Cristo. Jesus é o único Caminho; existindo desde sempre em Deus (Jo1,1), ele se tornou um de nós (Jo 1,14). Sua vida e sua prática conduzem a humanidade ao encontro definitivo com Deus. Ele é o Caminho para o Pai porque na sua pessoa nos revela Deus, e no exemplo da sua vida e na luz da sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos de Deus e irmãos dos homens. Para conhecer o caminho e encontrar sua trajetória certa que conduz à vida basta olhar para Jesus e sua prática.          

Jesus é o Caminho, verdadeiro caminho que conduz à vida, caminho vivo que nos abra à verdade. Ele é o Caminho para o Pai porque na Sua pessoa nos revela Deus e no exemplo da sua vida e na luz da Sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos e filhas de Deus e irmãos dos homens. Ele é o Caminho que caminha conosco.

Para conhecer o caminho e divisar sua trajetória que conduz à vida, basta olhar para Jesus Cristo. O que se vê nele é o caminho. Jesus é o nosso Caminho a trilhar.          

“Caminho” na Bíblia, significa muitas vezes o modo de proceder, a prática de vida, o modo de ser. Jesus é o Caminho. Ao aceitar Jesus como o Caminho devemos pautar a nossa vida à dele, devemos viver a prática dele que é o serviço de amor. Fora do amor, não há salvação.

2. JESUS É A VERDADE          

Filosoficamente a verdade se define como conformidade da inteligência com seu objeto (adaequatio intellectus ad rem) ou conformidade da coisa com a inteligência (adaequatio rei ad intellectum).          

Para a Bíblia a verdade é o termo que designa a fidelidade e a confiança em alguém. A verdade é, então, uma relação interpessoal que se experimenta ao longo de uma história. O contrário da verdade é a ruptura de um vínculo de confiança que perdurava no tempo.          

Designando Jesus como a Verdade, a fé pascal pretende indicar que em Jesus apareceu a fidelidade de Deus, de uma vez para sempre e que esta fidelidade será estendida a todos os momentos do tempo pelo poder do “Espírito da Verdade”.          

Jesus é a Verdade em virtude de nele residir plenamente a realidade divina e que realizou nele a plenitude da realidade humana. Com sua atividade em favor do homem (Jo 10,37s), que manifesta o amor de Deus, revela ao mesmo tempo a verdade sobre Deus e sobre o homem. A verdade é, por isso, a lealdade absoluta de Deus frente aos homens, de maneira que o homem pode confiar cegamente na sua palavra, na sua promessa, na sua lealdade. 

O homem que confia na palavra e na revelação divina e que conta com ela na vida prática, vivendo segundo a verdade com fé, torna-se participante da verdade de Deus. Jesus é a Verdade no meio da mentira do mundo, porque ele é a revelação exata do Pai. 

3. JESUS É A VIDA          

No que se trata do termo “Vida” (Eu sou a Vida), no evangelho de João este termo tem um significado inesgotável. Jesus, que recebe a plenitude do Espírito (Jo 1,32s), possui a plenitude da vida divina e dispõe dela, como o Pai (Jo 5,21.26; 17,2). A missão de Jesus é comunicar vida ao homem e vida em abundância (Jo 10,10), vida definitiva e indestrutível (Jo 10,28;17,2). Por isso, Jesus é a Vida porque a possui em plenitude e pode comunicá-la para quem acredita nele. Ele é a Vida em plenitude e sem fim num mundo de morte e autodestruição, e, por isso, podemos entrar em comunhão com o Deus vivo através dele.          

A condição para receber a vida definitiva e indestrutível e possui-la definitivamente é a adesão a Jesus em sua condição de Homem levantado ao alto (Jo 3,14s) e de Filho único de Deus (Jo 13,16). O Homem levantado ao alto é o modelo de homem que dá sua vida a fim de salvar os homens da morte (Jo 3,14). E Jesus é o Filho único de Deus, o dom que prova o amor de Deus para com a humanidade (Jo 3,16). A condição para receber a vida é, por isso, reconhecer o amor de Deus manifestado na morte de Jesus e, vendo nele o modelo de Homem, o Filho único de Deus, tomar este amor por norma da própria vida (Jo 13,34). A adesão a Jesus e à sua prática em favor da vida faz com quem as pessoas se tornem filhas de Deus, formando só uma família com Jesus e o Pai. Para conhecer o Pai e para chegar até Ele faz-se necessário comprometer-se com a prática do Filho.          

Aceitar Jesus Cristo como a Vida nos leva a defendermos e protegermos a vida em todas as suas dimensões e seus setores, inclusive em algo tão relativo como a saúde. Por isso, a salvação se chama também “Salus” o que exige previamente uma cura. Não somente acreditamos em Deus, mas a questão fundamental é crer no Deus da vida. Por isso, muito mais que um problema moral, a salvação é um problema vital que tem a ver com a vida. Aceitar Jesus como a Vida nos leva a não desvalorizarmos a própria vida e a vida alheia. Neste sentido o cristão é o defensor da vida em todas as suas dimensões, pois ele acredita no Deus da vida. Somente assim poderemos dizer e acreditar que Jesus é a Vida.          

Esta aceitação e adesão encontra-se no evangelho de João com várias expressões: escutar a voz do Filho de Deus(Jo 5,25), aproximar-se dele(Jo 6,37ss), aceitar as suas exigências(Jo 6,63.68), comer o pão da vida(Jo 6,35,53s), comer a sua carne e bebe o seu sangue(Jo 6,45), viver seu mandamento(Jo 15,12) etc..          

Por isso, a esta altura, o Evangelho já aponta para a missão de cada cristão, aquele que segue Jesus Cristo: estar a serviço da vida, doando-se totalmente para que a vida aconteça. A prova de que amamos Jesus é amar os outros e dar a vida pela vida dos homens.

P. Vitus Gustama,svd

terça-feira, 23 de abril de 2024

São Marcos Evangelista, 25/04/2024

SÃO MARCOS, EVANGELISTA 

25 de Abril

Primeira Leitura: 1Pd 5,5b-14

Caríssimos, 5b revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. 6Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, ele vos exalte. 7Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois ele é quem cuida de vós. 8Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. 9Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora. 10Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua glória eterna, em Cristo, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros. 11A ele pertence o poder, pelos séculos dos séculos. Amém. 12Por meio de Silvano, que considero um irmão fiel junto de vós, envio-vos esta breve carta, para vos exortar e para atestar que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes. 13A igreja que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também, Marcos, o meu filho. 14Saudai-vos uns aos outros com o abraço do amor fraterno. A paz esteja com todos vós que estais em Cristo.

Evangelho: Mc 16,15-20

Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15 e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16 Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17 Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18 se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19 Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20 Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.

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Marcos inicia o seu Evangelho falando de João Batista, a voz que clama no deserto (Cf. Mc 1,1-25). O símbolo do Evangelho de Marcos é um leão alado, representando as feras que habitam o deserto. É a dimensão da força, realeza, poder, autoridade do Filho de Deus. São Marcos é representado pelo leão, porque ele começa seu Evangelho falando da pregação de São João Batista no deserto da Judéia. Ora, o leão vivia no deserto, e a pregação de João foi como um rugido de leão. Ele quer mostrar Cristo como soberano, como rei. E o leão é o rei dos animais.

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Celebramos no dia 25 de Abril a festa do evangelista Marcos que escreveu um evangelho mais curto do que os demais evangelhos. Ele é conhecido como João Marcos: o primeiro nome (João) é hebraico e o segundo (Marcos) é romano. Ele era primo de Barnabé (Cl 4,10), de família levita (At 4,36). Acompanhou o Apóstolo Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5) e depois separou-se deles (At 13,13) e isso parece ter irritado Paulo, então Marcos e Barnabé foram para Chipre (At 15,36-39). Mas na prisão de Paulo está com ele novamente (Cl 4,10), que o cita entre os “seus colaboradores” (Fm 14) e o Apóstolo pede sua ajuda antes de morrer (2Tm 4,11). Foi também companheiro de Pedro, que o chamava de “meu filho” (1Pd 5,13). Alguns afirmam que o Evangelho de Marcos é o resumo da Catequese de Pedro.

O evangelho de Marcos é o mais curto dos quatro evangelhos. Ele possui somente 16 capítulos (1,1-16,8). Mc 16,9-20 é um apêndice acrescentado posteriormente e há indícios de que esse apêndice surgiu a partir do ano 150. É um Evangelho onde todas as palavras são importantes. Marcos é preciso e muito objetivo. Encontramos algumas ausências. Em Mc não temos a genealogia e a infância de Jesus, nem o Pai Nosso e as Bem-aventuranças. As tentações estão resumidas (1,13).

Através de seu evangelho Marcos quer responder à pergunta: Quem é Jesus?  Logo no inicio de seu evangelho Marcos respondeu: Evangelho de Jesus, Messias e Filho de Deus (Mc 1,1). A partir destes dois títulos é que o evangelho de Marcos é dividido em duas grandes partes. Primeira parte: Mc 1,1-8,30. Nessa primeira parte fala-se do messianismo de Jesus e do Reino de Deus. Segunda parte: Mc 8,31-16,8 fala da filiação divina de Jesus e da paixão e morte de Jesus.

Marcos nos apresenta que Jesus é o Messias, o Ungido, e por isso, sua palavra está cheia de autoridade. “Ele ensina como quem tem autoridade e não como os escribas”, dizia o povo (Mc 1,22). As palavras de Jesus estão cheias de autoridade porque elas fazem crescer as pessoas e despertam consciência crítica sobre a realidade. Se alguém quer saber quanta autoridade tem, não se pergunte a quantos ele submete e sim a quantos ele ajuda a crescer. O servilismo de seus súditos mostra o autoritarismo de seu líder. Um líder que ama, é respeitado. Mas um líder temido não é respeitado. A força de quem tem autoridade não está em seu poder e sim em seu amor. Uma pessoa que apela ao poder para afirmar ou firmar sua autoridade, ela desautoriza a si mesma como pessoa, muitas mais ainda como líder e mostra que ela não tem mais autoridade. Um leão não tem autoridade na selva, embora tenha força para se impor. (O evangelho de Marcos tem como símbolo LEÃO, pois Marcos apresenta a figura de João Batista como a VOZ que clama no deserto semelhante ao rugir de leão).

Jesus é também apresentado por Marcos como o Filho de Deus, título que Marcos colocou logo no inicio de seu evangelho (Mc 1,1) e no fim, ao colocá-lo na boca de um centurião romano vendo Jesus crucificado na cruz. “Este homem era realmente o Filho de Deus” (Mc 15,39), confessou o centurião. Trata-se da confissão de um pagão que reconhece a divindade de Jesus Cristo. Um coração puro, como o do centurião, nos ajuda a termos um olhar puro para perceber algo divino na nossa vida e nos outros. Nãopoema mais belo do que viver com um coração imaculado e um olhar puro.

Mas para Marcos o Filho de Deus não era uma figura triunfal, pois dentro da dura realidade da vida da sua época Jesus fez opções radicais que o envolviam em perseguições e conflitos com as autoridades que o levaram à morte na cruz. Mas somente por essas opções radicais é que Jesus entrou na glória de Deus. Por isso, a cruz de Jesus sempre derrama uma luz sobre o mistério do sofrimento. Um cristão que é fiel ao Senhor e aos Seus ensinamentos sofrerá conflitos e perseguições. Em cada provação e perseguição, pequena ou grande, o cristão fiel contempla o que Cristo sofreu nas mesmas circunstâncias.  Dessa maneira, o sofrimento do cristão se confunde com o de Cristo e ele n’Ele. Dentro deste contexto, o sofrimento se torna um instrumento de redenção e de santificação. Neste sentido, os momentos de perseguição e de provas são os momentos do trabalho fecundo. Sofrer por uma causa digna é uma vitória em Deus.

Esses dois títulos: Jesus é o Messias, o Ungido e Jesus é o Filho (amado) de Deus formam o evangelho de Marcos. É claro que ainda tem outros títulos dados a Jesus pelo evangelista Marcos como o Filho de Davi, o Filho do Homem, Mestre, Santo de Deus, Senhor do Sábado e assim por diante.

Então, quer ser discípulo de Jesus? Leia o Evangelho de Marcos. Quer ter experiência de Jesus? Medite o Evangelho de Marcos. Quer ser verdadeiro testemunha de Jesus? Aprofunde o Evangelho de Marcos e mergulhe nele. 

Duas coisas ficam claras desde o princípio: Primeiro, a importância de conhecer Jesus. Segundo, a necessidade de estar com Jesus longamente, de ter experiência dele para ser uma verdadeira testemunha sua e para sentir que os horizontes da própria vida se alargam até o infinito.

Conhecer Jesus, biblicamente, significa fazer experiência dele, sentir como a própria vida ao entrar pouco a pouco em sintonia com Sua vida a ponto de fazer próprias Suas exigências, seus ideais até descobrir a amizade verdadeira e profunda que consiste em viver juntos para olhar juntos para o futuro para construir juntos um mundo novo no qual cada um é para os demais e não para si mesmo. É ser outro Cristo para os outros. Conhecer Jesus também significa interrogar-se sobre Ele e perguntar-se continuamente quem Ele é a fim de chegar à pergunta crucial: Quem é Jesus para mim?

Em nenhum outro Evangelho há um confrontar-se tão contínuo e cerrado com Jesus como no Evangelho de Marcos. Desde o princípio, Jesus é quem chama. Ele quer os discípulos sempre junto a Ele. Por isso, o Evangelho diz que “os chamou para que ficassem com Ele” (Mc 3,13-14).  O apostolado virá depois para continuar sua obra.  Primeiro, há que formar-se.  Ele quer educar longamente os chamados, não como faz um mestre que se limita em dar informação e sim como quem ensina uma forma de viver. Por isso, ler o Evangelho de Marcos sob este aspecto é um contíno descobrimento. 

Além da identidade de Jesus, o autor do Evangelho de Marcos nos apresenta também algumas carcateristicas dos seguidores de Jesus Cristo ou dos cristaos. 

Em primeiro lugar, o cristão é aquele que é chamado a seguir e a conhecer Jesus. O cristão é uma pessoa chamada expressamente por Jesus (Cf. Mc 1,16-20; 2,13-14; 10,17-22). O chamado pode aceitar ou recusar o chamamento. Mas sempre é Jesus quem toma a iniciativa para chamar e para escolher. Esta chamada sempre implica para o chamado o abandono de suas ocupações precedentes e a ruptura dos laços familiares para poder permanecer com Jesus (Cf. Mc 3,13-14). É um chamado paa seguir Jesus nas suas andanças. Jesus chama alguém para ficar vinculado à sua pessoa e para estabelecer com ele uma comunhão de vida. Desta maneira torna possível a compreensão da pessoa de Jesus. 

Em segundo lugar, o cristão é aquele que é chamado para ser pescador de homens. O vínculo com Jesus tem como consequência para o cristão entrar em contato com a multidão para chamar as pessoas a ter fé em Jesus através da conversão (Mc 1,15) e para congregar as pessoas, reunindo-as para uma causa nobre: ajudar os necessitados (Mc 6,34-44; 8,1-8), acolher os marginalizados (Mc 9,36-37), aceitar e apoiar qualquer um que defenda uma causa nobre (Mc 9,38-41) e evitar tudo que possa escandalizar e colocar em perigo a fé dos demais (Mc 9,42).

Em terceiro lugar, o cristão é chamado a uma convivência orientada pela atitude de serviço (Mc 9,33-37; 10,35-45). Todos os seguidores de Jesus forma uma comunidade. E nessa comunidade o serviço é uma atitude especialmente necessária. Cada cristão deve ser servidor do outro. A grande do cristão consiste na capacidade de servir os outros para salvá-los. Consequentemente, no cristão não deve ter a ambição de poder ou de domínio. A autoridade do cristão está no serviço. O próprio model do serviço é Jesus Cristo (Mc 10,45).

Em quarto lugar, o cristão é chamado a uma vida de renúncia e fidelidade sem limite (Mc 8,34). Há dois requisitos necessários para ter uma disposição para seguir Jesus fielmente: a capacidade de renunciar a si mesmo que implica para o cristão enfrentar com força as dificuldades, sacrificando a própria vontade em função da vontade de Deus. Trata-se de não pensar com os homens e sim como Deus (Mc 8,33). O segundo requisito necessário é a capacidade de carregar a sua própria cruz. Seguir fielmente o Senhor implica todas as tribulações e cruzes sem excluir sequer a própria morte. O martírio faz parte do seguimento.

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Conforme o Evangelho de hoje, a primeira tarefa de cada cristão é a de pregar/propagar a Palavra de Deus, principalmente para aqueles que ainda não a escutaram/ viveram. Cada cristão é, então, o mensageiro de Cristo neste mundo. E cada cristão tem que usar todos os meios ao seu alcance para propagar a Palavra de Deus: homilia, catequese, meios de comunicação, literatura, arte, festas e convivência. Mas é o anúncio respeitoso, sem impor, mas convidando; sem ameaçar mas ofertando a salvação que liberta. Jesus nos chama a estar com Ele, a fazer, lendo com calma e em oração Seu Evangelho, a mesma experiência que os primeiros discípulos. Hoje somos nós que temos que viver sua mesma experiência.

A segunda tarefa é a de curar (v.18). O cristão não pode limitar sua preocupação só na salvação da alma, mas do homem todo: corpo e alma. São Tiago diz: “Meus irmãos, de que serve para alguém alegar que tem fé, se não tem obras? ... Suponhamos que um irmão ou irmã andam seminus, sem o sustento diário, e um de vós lhes diz: ide em paz, aquecidos e saciados; mas não lhes dá as necessidades corporais, de que serve? Igualmente a fé que não vem acompanhada de obras:  está totalmente morta” (Tg 2,14-17). Não adianta consolar um faminto com conversa vazia, é preciso dar-lhe uma ajuda concreta: não sendo assim, como pode falar da fé ou da Palavra de Deus.

Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 

O poder de fazer milagres é uma promessa feita à comunidade e não a cada um dos crentes. O Livro dos Atos dos Apóstolos nos fala abundantemente da existência deste dom na primitiva comunidade de Jesus. Mas o que importa não é tanto expulsar demônio, e falar línguas estranhas. Evangelizar é um serviço de libertação, é redimir os cativos e desatar os laços que detém a ascensão do homem. É nisto sim que podemos e devemos ajudar todos os homens. Em segundo lugar, “falarão novas línguas” significa romper as barreiras que impedem os membros de se comunicar e de relacionar-se como irmãos e irmãs e assim farão possível a paz, a fraternidade, o amor mútuo. Finalmente, porque vivem com a vida de Deus, nada lhes causará um dano definitivo e sua presença constituirá sempre uma vitória da vida sobre a morte: “Se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 

O evangelista Marcos fez chegar até nós Jesus Cristo, o Filho de Deus. Chegou nossa vez para que façamos chegar Jesus aos outros, seja pelo testemunho de uma vida de filhos de Deus, seja pelo anúncio, seja pelos bons conselhos aos demais. Em outras palavras, sejamos evangelhos vivos para os outros. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”.  Mas para que possamos ser missionários (enviados) temos que estar em companhia de Jesus, primeiramente (cf. Mc 3,14). Não podemos ser missionários sem ser primeiro discípulos do Senhor. Se não, vamos pregar a nós mesmo e não o próprio Jesus. “Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor... Quando não confessa Jesus Cristo, confessa o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio (Papa Francisco). São Marcos interceda por nós para que sejamos evangelizadores diariamente!

P. Vitus Gustama,svd

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

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