segunda-feira, 1 de agosto de 2011

OLHAR PARA JESUS É PARTICIPAR DO SEU PODER

Segunda-feira, 01 de agosto de 2011

Texto de leitura: Mt 14,22-36

“Fé é crer no que não vemos. O prêmio da fé é ver o que cremos” (Santo Agostinho. Serm. 43,1,1).

A fé abre a porta ao conhecimento. A incredulidade a fecha” (Santo Agostinho. Epist. 136,4).

O texto do evangelho deste dia faz parte do conjunto chamado de “seção dos pães” (Mt 14,13-16,12). Depois que satisfez a multidão com a Palavra de Deus e com o pão milagroso (Mt 14,13-21), Jesus despediu a mesma multidão e logo em seguida foi para um lugar deserto para rezar. Antes de ir para um lugar deserto, Jesus “mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar” (Mt 14,22). Mateus nos relatou que, na ausência de Jesus, a barca era agitada pelas ondas por causa do vento contrário. Nisto Jesus apareceu andando sobre as águas. No inicio, os discípulos pensavam que era um fantasma. Para acabar com a dúvida dos discípulos Jesus lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,27). Vendo Jesus andando sobre as águas Pedro desafiou Jesus com as seguintes palavras: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro caminhando sobre a água”. Jesus aceitou o desafio e convidou Pedro: “Vem!”. Mas Pedro sentiu o medo por causa do vento soprado fortemente e começou a afundar e gritou: “Senhor, salva-me!”. Mas Jesus não deixou Pedro afundar e por isso, estendeu a mão para segurar Pedro dizendo-lhe: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”. E os dois subiram na barca e o vento acalmou-se.

As ondas e o mar representam no AT as forças do mal que Deus vence com seu poder (Sl 77; Jô 9,8; 38,16). Mas agora é Jesus quem vence esta força maligna. “Andar sobre as águas” era atributo de Deus (Jô 9,8; 38,16). Ao andar sobre as águas e dominar o vento Jesus se manifesta aos discípulos como Deus. Jesus também se manifesta aos discípulos como Deus quando usa a fórmula do Antigo Testamento de revelação de Deus: “Eu sou! Não tenhas medo!”. No Antigo Testamento Deus se manifestou a Moisés como “Eu Sou Aquele que Sou” (Ex 3,14). A “barca” dos discípulos é figura da comunidade. Os discípulos são enviados para “outro lado do mar”, isto é, para a região dos pagãos. A missão deve ser feita para todos os povos, repartindo o pão. A salvação é para todos e todos devem participar dessa missão.

O que podemos aprender do texto do evangelho deste dia?

Primeiramente, ao olhar para o modo de viver de Jesus, percebemos a dupla dimensão de seu ministério: a oração e a ação, a solidão e a solidariedade, a intimidade mais profunda com o Pai e o engajamento mais radical no serviço dos necessitados. Em Jesus as duas dimensões são vividas não só como complementares, mas como necessariamente referidas uma à outra. A vida se põe na oração e a oração se traduz na vida. A vida, antes de ser vivida,  precisa ser rezada. Quem sabe viver bem também sabe rezar bem.  Quando vivemos profundamente nosso ser, não tem como não rezar e não tem como não viver apoiando-nos em Deus. Quem crê em Deus precisa rezar e quem reza também precisa ter fé. Se pararmos de rezar, erraremos o caminho. A história da minha vida é a história da minha oração. Eu sou o que rezo. Para não perder o primeiro amor a Deus é preciso manter a oração em dia. Na oração eu encontro Deus e ao encontrar Deus eu encontro os irmãos.

Seguir Jesus não é fácil. Encontramos nesse seguimento muitas dificuldades, como os discípulos no meio da tempestade. Todos nós temos nossos momentos de crise e de desânimo. Às vezes vemos muito pouco fruto no trabalho que estamos realizando e outras vezes, pelo cansaço psicológico que produz a vida de cada dia. Há dias nos quais são acumulados os desgostos. Sentimos perdas e o primeiro amor a Deus vai se esfriando (cf. Ap 2,1-7). Ficamos azedos. Mas todos esses momentos são os de purificação. Precisamos limpar nosso coração e nosso olhar para perceber que o Senhor continua estendendo sua mão para nós a fim de não afundarmos nas tempestades de nossa vida, como Ele estendeu Sua mão para Pedro.

Deixemos que esta frase “Coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!” penetre em nós, nos momentos mais difíceis da nossa vida. Quando ouvirmos a voz do Senhor, a paz estará presente no nosso coração, ainda que estejamos rodeados pelas provações ou dificuldades. Com Jesus tudo se acalmará. Precisamos aprender a olhar mais para Jesus do que para nossos problemas. Se olharmos mais para nossos problemas e dificuldades do que para Jesus, eles vão nos afundar. Mas se olharmos mais para Jesus do que para os problemas, eles serão uma estrada segura, como Jesus e Pedro juntos andavam sobre as águas.

Aparentemente, Jesus está ausente quando nos encontramos no meio da tempestade desta vida ou em perigo de morte. Mas, na realidade, Jesus está sempre unido a cada um de nós, orando por nós, pois ele é o nosso Emanuel (Mt 1,23;18,20;28,20). E na hora certa ele vai manifestar o seu poder, libertando-nos do medo e infundindo-nos ânimo: “Coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!”
          
Por isso, temos que perseverar na fé, mesmo quando agitada e açoitada pelas ondas e pelos ventos de provações e de perseguições, quaisquer que sejam as dificuldades e os obstáculos no caminho que temos que percorrer para ir ao encontro com Jesus e para obedecer à missão recebida dele. Quando as forças humanas terminam, a fé as renova para continuar nossa caminhada.

A mão estendida do Senhor para Pedro que estava para afundar deve ser também nossa estendida para aqueles que se encontram em dificuldades. Sejamos a mão do Senhor para os outros neste mundo.

Vitus Gustama, SVD


“Uma oração sem fé é uma fórmula vazia. Quem é tolo a ponto de perder tempo pedindo algo em que não crê? A fé é o manancial; a oração, o riacho. Como pode correr o riacho se o manancial está seco?” (Santo Agostinho. Serm. 115,1,1).

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