terça-feira, 30 de agosto de 2011

SER OCASIÃO DE SALVAÇÃO PARA O PRÓXIMO

Quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Texto de Leitura: Lc 4,38-44

Depois de sair da Sinagoga, em Nazaré, Jesus e alguns discípulos foram para a casa de Simão Pedro. Jesus saiu de um lugar oficial (sinagoga é lugar de oração, de ensino e de catequese para os judeus) para um ambiente familiar: casa. Em casa todos tem seu espaço e cada um é chamado pelo nome e não pelo título, se é um doutor, deputado, presidente e assim por diante. Em casa um se preocupa com o outro. Basta um membro sofrer, todos sofrerão. Basta um membro ter sucesso, todos experimentarão a felicidade. Ninguém fica feliz sozinho como também ninguém sofre sozinho. Nossa vida é cercada por outras vidas. Oxalá possamos viver a espiritualidade familiar também fora de nossa família, como Jesus nos diz hoje: Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado” (Lc 4,43). O cristão existe para os outros. Nisto consiste o sentido de sua vida de cristão.

Na casa de Pedro se encontra sua sogra com febre. Naquela época, a febre era causada pelo demônio. Com um gesto familiar, Jesus se aproximou da mulher, tocou-a e a ajudou a se levantar e a febre desapareceu. A sogra de Pedro começou a servir a todos imediatamente.

A febre representa tudo que nos impede de servirmos aos outros. Cada um pode descobrir que tipo de “febre” que o impede de servir aos outros, “febre” que faz a vida perder seu sentido (ficar deitado todo tempo). O que é que me faz viver uma “vida deitada”, isto é, sem ação, sem ânimo, sem perspectivas. Eu preciso convidar Jesus para entrar na minha casa onde estou “deitado” para que ele se aproxime de mim, me toque e me ajude a me levantar. A palavra “levantar-se” no Novo Testamento, em outros contextos, também significa ressuscitar. Eu preciso me levantar de uma vida estéril (deitar) para uma vida fecunda (servir). Para isso, eu preciso segurar a mão de Jesus, mão que me potencia, mão que me levanta, mão que me cura e liberta, mão que me torna uma mão que ajuda os outros.

Um outro detalhe que chama nossa atenção no evangelho deste dia é que Jesus não deixava os demônios falarem e os expulsou (Lc 4,41). Nesta marca comum nos antigos exorcismos se descobre que é preciso lutar contra o mal sem deter-se em discutir suas pretensões.

Todos nós sabemos que o mal pode vestir-se de uma aparência boa, enganando os que procuram escutar suas “orações” ou “pedidos”. Jesus não ficou parado nisto. Jesus sabe que tudo que destrói o homem é perverso e se esforça para vencê-lo.

Outro detalhe que chama bastante nossa atenção é que diante da obra de Jesus surge uma reação bastante egoísta entre as pessoas: querem monopolizar o aspecto mais extenso da atividade de Jesus e utilizá-lo como um simples curandeiro.

Podemos ter a tentação ou a tendência para este tipo de relacionamento com Jesus no sentido de que nós aceitamos Jesus simplesmente na medida em que ele nos ajuda a resolver nossos problemas para garantir tranqüilidade psicológica ou uma ordem na família, ou uma garantia na vida financeira. Santo Agostinho nos relembra que a razão de nossa existência neste mundo é a vida eterna. Temos que viver e conviver dentro desta dimensão. Conseqüentemente eu sou uma ocasião de salvação para o próximo e o próximo é uma ocasião de salvação para mim. Jesus nos salva na medida em que cada um se torna uma ocasião de salvação para o outro (cf. Mt 25,40.45; veja também Lc 22,31-32). Estando conscientes disso entenderemos que Jesus é muito maior do que um fazedor de milagres. Ele é a nossa Salvação (cf. Jo 6,68-69). Que Jesus Cristo é nosso Salvador é uma das afirmações mais sólidas e repetidas do Novo Testamento. É a primeira noticia do céu à terra através do anjo falando a uns pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). A salvação alcança o que foi criado, pessoas humanas em umas condições concretas. Anunciar a salvação é anunciar a vida em todas as suas dimensões, inclusive em algo tão relativo como a saúde (a palavra “salus” [salvar/salvação] exige previamente uma cura. Para um cego, depois da recuperação de vista, Jesus disse: “Tua fé te salvou” [Mc 10,52]).

A resposta de Jesus, para a tentação de monopólio, é clara: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado” (Lc 4,43). Sua exigência se traduz em um dom que fica aberto para todos os que O esperam. Certamente o Evangelho é um presente que enriquece a existência, porém um presente que não se pode encerrar e sim um presente que nos abre sem cessar para os outros.


P. Vitus Gustama,svd
       
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