terça-feira, 25 de outubro de 2011

APRENDER A SER PEQUENO PARA PODER ENTRAR PELA PORTA ESTREITA

Quarta-feira, 26 de Outubro de 2011

Texto de Leitura: Lc 13,22-30

          
Na passagem do evangelho deste dia encontramos Jesus no seu Caminho para Jerusalém (Lc 9,51-19,28). Para Jesus, Jerusalém é o ponto culminante e a meta decisiva, seja pela cruz de morte e triunfo, seja pela ascensão de Jesus ao céu. Neste caminho Jesus vai dando suas últimas instruções ou lições para que os discípulos possam levar adiante os ensinamentos de Jesus.


A lição dada aos discípulos nesta passagem é sobre o que e como o discípulo deve viver para merecer a vida eterna (salvação). E para falar deste tema Lucas parte da pergunta de um anônimo (alguém) sobre a salvação. A pergunta desse anônimo é a pergunta de todos os que sabem que a vida tem o fim e por isso, todos os comportamentos ou modo de viver pesam para este fim. Interrogar-se pela salvação e desejar a vida eterna é interrogar-se pelo sentido da vida no presente: “Senhor, são poucos os que se salvarão?” (v.23).


Em vez de responder “quantos se salvarão” Jesus fala do “modo” como se salvar, um apelo urgente ao empenho: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão” (v.24).

       
“Esforçai-vos” (agonizesthi/agonizomai, de onde deriva a palavra “agonia”) é uma palavra que denota ação feita de todo o coração. É um termo técnico para competir nos jogos, e dele obtemos nossa palavra “agonizar”. Não se trata, por isso, de nenhum esforço desanimado. O caminho que conduz ao céu passa por uma luta intensa. Sobre esse empenho na luta São Paulo escreve: “Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado, como o reconheceste numa bela profissão de fé diante de muitas testemunhas” (1Tm 6,12; cf. 2Tm 4,7-8).

          
A porta é estreita porque não há salvação sem esforço e sacrifício depois que o pecado se instalou no mundo. Não é Deus quem estreita a porta, é o clima de pecado presente nas relações humanas que vai exigir escolhas nem sempre fáceis no caminho da salvação. A expressão “porta estreita” quer nos dizer que o problema da salvação é uma questão de empenho, de esforço, de conversão e de testemunho. A porta da salvação é estreita, mas está aberta para todas as pessoas de boa vontade, pessoas que se esforçam para viver na fraternidade.

        
Se a porta é estreita, então há uma só condição para entrar: tornar-se pequeno: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus” (Mt 18,3-4).  Se a porta é estreita, então os “gordos” não conseguirão entrar. Não podemos ser discípulos de Jesus se não renunciarmos a ser grandes, poderosos, dominadores, arrogantes, prepotentes, donos da verdade. Pequeno é aquele que se sente extraviado, humilde e só pode apelar à misericórdia de Deus. Quem não assumir a atitude interior do pequeno, sejam quais forem as suas práticas religiosas, orações, catequese, sermões, até milagres (Mt 7,22), não conseguirá entrar.

           
Não há pessoas recomendadas junto a Deus, nem privilegiadas que possam se gabar diante d’Ele com base em sua pertença étnica, cultural ou religiosa (v.28). Não basta freqüentar a Igreja assistindo ou participando da missa. A única condição para ser reconhecido pelo Senhor, para fazer parte da comunhão salvífica é a vivencia do amor fraterno (cf. Mt 25,31-46). Para passar pela porta do Reino precisamos praticar a justiça (cf. Mt 23,23). E a justiça, mais do que questão de direito, isto é, dar a cada um o que lhe pertence e respeitar os direitos e a dignidade de todos, é uma questão de amor. Quem ama, pratica a justiça. A maior de todas as injustiças é a falta de amor, pois outras injustiças são fruto da falta de amor. Para o evangelho deste dia a justiça é como um bilhete de passagem para entrar no Reino de Deus, pois o Reino de Deus é o Reino de amor e de justiça.


A afirmação de Jesus “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” é uma mensagem de ânimo e de esperança para todos nós e para as pessoas de boa vontade. A esperança não ignora as dificuldades e os riscos de fracasso ocasionalmente, mas ela os enfrenta. A esperança não quer saber quando ganhará, mas simplesmente está convencida da vitória final. Praticar a esperança em Deus é renunciar ao passado, às feridas, aos medos e à escuridão para deixar-se guiar pela luz divina da qual surge a abertura que permitirá o homem chegar a uma vida nova e renovada. Praticar a esperança é abrir nossas asas não para fugir, mas para ascender a espaços de qualidade superiores dos anteriores. Deus não nos inspira sonhos sem nos dar também a força de realizá-los: “Javé é o Deus que me cinge de força e torna perfeito o meu caminho” (Sl 18,33).


P. Vitus Gustama,svd

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