sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SER DISCÍPULO-MODELO COMO MARIA

Sexta-feira, 07 de Outubro de 2011

Texto de Leitura: Lc 1,26-38

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“Ó, Virgem fiel, dia e noite permaneces em profundo silêncio, em uma paz inefável, em uma oração divina, que não cessa nunca, com a alma inteiramente inundada por eternos resplendores. (...) Em uma paz inefável, em um misterioso silêncio, penetraste no insondável levando em ti o Dom de Deus. Guarda-me sempre em um abraço divino. Que leve sempre em mim a estampa deste Deus de amor”                             
                                   (Isabel da Trindade)   
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No texto do evangelho lido neste dia, inicialmente o Anjo de Deus não chama Maria pelo nome, mas chama-a simplesmente de “Cheia de graça”. O termo ‘graça’ significa benefício absolutamente gratuito, livre e sem motivo (cf. 1Cor 15,10). Também tem outro significado: um efeito do favor divino que torna alguém belo, amável e encantador. A graça da criatura depende da graça de Deus, e não vice-versa.
        
Na graça reside a completa explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria encontrou graça, isto é, favor, junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o mar, assim a graça preenche a alma de Maria. Maria é cheia de graça também em outro sentido: ela é bela, daquela beleza que chamamos de santidade. Sendo agraciada, Maria é também graciosa.

Maria lembra cada um de nós que tudo na nossa vida é graça. A graça é a presença de Deus. As duas expressões: “cheia de graça” e “o Senhor está contigo” são quase a mesma coisa. Esta presença de Deus no homem realiza-se agora em Cristo e por Cristo. De fato ele é o Emanuel, o Deus-Conosco.

A primeira coisa que cada um de nós deve fazer como resposta à graça de Deus é dar graças. A graça de Deus tem de ser acompanhada pelo agradecimento do homem. Dar graças significa, antes de tudo, reconhecer a graça, aceitar a gratuidade da mesma. Dar graças significa aceitar-se como devedor, como dependente; deixar que Deus seja Deus. É preciso fazer o possível para renovar cada dia o contato com a graça de Deus que está em nós. Pela graça podemos manter, desde esta vida, o contato com Deus. Precisamos crer na graça, crer que Deus nos ama, que nos é favorável de verdade, pela graça fomos salvos.

O texto quer dizer também que Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.

De certa forma, podemos dizer que com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus, pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria como modelo de fé e motivo de esperança e de alegria.

O sim de Maria à Palavra de Deus expressa um compromisso total, uma confiança absoluta no amor e no poder de Deus que a faz sair de si mesma e aposta totalmente sua vida no poder de Deus. E este compromisso total de uma moça simples com a Palavra de Deus compromete também o destino da humanidade. Nós, cristãos, devemos ter uma consciência mais clara daquilo que sucede quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia. A participação da Palavra e do Corpo de Cristo é algo que produz a união mais íntima possível com Cristo vivo. Por isso, o sim pronunciado no momento desta participação eucarística é o que compromete de uma maneira mais profunda todos nós cristãos. 
       
O compromisso da vida cristã é deixar-se fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de Deus que vem por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas forças, mas respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve deixar-se encarnar pela Palavra de Deus para que se torne Boa Nova para os demais como Maria.

P. Vitus Gustama,svd

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