terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O BEM DO HOMEM É A GLÓRIA DE DEUS

Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2012
Texto de Leitura: Mc 3,1-6

Naquele tempo, 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!”  4E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

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Continuamos ainda a acompanhar a controvérsia entre Jesus, de um lado, e os fariseus e os escribas, de outro lado. O tema da controvérsia ainda está em torno da observância do preceito de Sábado. O Sábado era um dos preceitos divinos mais claros e mais indiscutíveis. O Sábado era uma espécie de documento de identidade do Povo eleito. Sua observância estava rigidamente regulada. Algumas exceções eram admitidas por motivos de particular gravidade. Por exemplo, era permitido salvar a vida com a fuga, ajudar um homem em perigo ou uma mulher com dores de parto ou em caso de incêndio e assim por diante. Porém, de qualquer forma tratava-se sempre de exceções a uma regra.


Para Jesus, ao contrario, o que muda é a regra. A lei, sim, mas o legalismo, não. A lei é uma necessidade. Porém, atrás de cada lei deve respirar amor e respeito ao homem concreto. Atrás da letra está o espírito e o espírito deve prevalecer sobre a letra. Para Jesus o bem do homem está acima da observância do Sábado, e isso, não somente em caso de perigo de morte, mas em qualquer situação. “Portanto, é licito fazer o bem também no Sábado” (Mt 12,12b). Jesus proclama, assim, o valor absoluto do amor. Jesus recorda a todos que para Deus o mais importante é o homem, o bem do homem e não a regra por regra ou lei por lei. Não somente salvar a vida do homem e sim simplesmente fazer o bem a ele. A lei suprema da Igreja de Cristo são as pessoas, a salvação das pessoas. Se não a Igreja perderia sua razão de existir. A glória de Deus está sempre e unicamente no bem do homem. Não se trata de exaltar o homem constituindo-lhe centro das coisas. Mas trata-se de conhecer mais fundo o coração de Deus que ama o homem a ponto de enviar-lhe seu Filho unigênito a fim de que o homem seja salvo (Jo 3,16). O poder de Deus se manifesta no amor e nisto está sua honra. Para Jesus a observância do Sábado deve celebrar esse amor fraterno e não desmenti-lo nem negá-lo. Assim, mais uma vez, Jesus quer manifestar sua maneira de viver de que a lei do sábado está a serviço do homem e não o contrário.


Em sua luta contra a mentalidade legalista dos fariseus, ontem Jesus nos dizia que “o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado”. Hoje ele aplica o principio para um caso concreto: sobre o homem com mão seca que se encontra no Templo.

Na antropologia bíblica, a mão está carregada de simbolismo. A mão está ligada à idéia de força e de poder. Estar na mão do outro significa estar sob o seu poder. A mão direita era sinal de força, de sabedoria e de fidelidade. Como rezamos no Credo: Jesus “ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso...”. Isto quer dizer que Jesus mostrou sua fidelidade à vontade de Deus Pai até o fim. a mão esquerda era sinal de fraqueza, de ignorância e de desgraça.


O homem do texto do evangelho de hoje está com a mão seca. É um homem sem iniciativa e incapaz de lutar por seus direitos, e por isso, é uma vitima de desumanização. Jesus é Deus que salva. Por isso, ele toma iniciativa para curar o homem a fim de humanizá-lo novamente. Com a mão curada, o homem volta a ter aptidão para fazer o bem. Ao colocar o homem no meio das pessoas, Jesus quer recordar a todos que qualquer pessoa deve ser respeitada, protegida, defendida, levada em consideração acima de qualquer lei por sagrada que ela pareça ser.


Jesus quer nos relembrar que nenhuma religião ou nenhuma prática religiosa pode impedir o encontro fraterno e a vivência do amor e do respeito mútuos nem pode impedir serviço solidário. Ao contrário, os que praticam religião devem ter cada vez mais a sensibilidade humana, devem ser mais humanos e irmãos para com os demais. A passagem para chegar ate Deus passa necessariamente pelo irmão. O próximo é a passagem obrigatória para chegar ao céu. Qualquer um pode não encontrar Deus, mas não tem como não se cruzar com o próximo. O próximo é ocasião de salvação para mim como também sou ocasião de salvação para o outro.



P. Vitus Gustama,svd

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