quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ORAR PARA SERMOS MAIS MISERICORDIOSOS
Quinta-feira, 01 de Março de 2012

Texto de Leituras: Est 14,1. 3-5.12-14; Mt 7,7-12

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7 "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. 8 Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. 9 Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? 10 E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?   11 Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem. 12 Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas".

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"Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Pedir, buscar e bater (a porta) são verbos que nos põem em movimento. Isto significa que não podemos ficar parados e paralisados por um sentimento negativo. Somos chamados a caminhar, porque somos verdadeiros peregrinos neste mundo rumo à Pátria celeste, e a conduta durante esta caminhada pesa para o fim desta peregrinação.

Além disso, pedir, buscar, bater (porta) pressupõe necessidade, inquietude, urgência, e espera-se a bondade, a disponibilidade ou misericórdia de alguém. Em certas circunstâncias ficamos débeis, vulneráveis que nos leva a pedirmos socorro. São circunstancias nas quais surgem com facilidade o clamor de um angustiado e a oração de petição de quem necessita da força divina. E em muitas ocasiões experimentamos como Deus guarda silêncio e custa-nos descobrir a presença de Deus em tais circunstâncias. Mas precisamos recuperar nossa de que Deus está conosco (Mt 28,20). Por isso, “no Senhor ponho a minha esperança, espero em sua Palavra. No Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção” (Sl 129, 5.7). Por essa razão, ao pedir, buscar e batersempre esperança.

Orar é um modo de ser diante de Deus, mas com duas direções: a direção do homem para Deus e a direção do homem para os demais. Se o homem pedir a Deus o que é melhor para si, ele deve dar também o que é melhor para os outros. A paz que ele pede a Deus o leva a ser construtor da paz na convivência com os demais, e assim por diante. Em outras palavras, nãooração sem compromisso. A oração feita e vivida profundamente é a ação mais comprometida da qual surgem outras ações. Quando oramos, entramos numa verdadeira aliança com Deus. Estamos dispostos a receber seus dons, especialmente seu Santo Espírito para que vivamos com maior lealdade nosso ser de filhos e filhas de Deus. O Senhor está disposto a nos conceder tudo aquilo que nos ajude para nos converter num sinal cada vez mais claro de seu amor no mundo.

O texto do evangelho deste dia, na verdade, pertence ao Sermão da Montanha (Mt 5-7). E o contexto do Sermão da Montanha é a misericórdia e o perdão. Jesus sabe muito bem que sem isto não é possível uma humanidade nova e uma sociedade alternativa. Quando Jesus fala que o Pai está disposto a nos conceder tudo o que lhe pedimos, está falando dentro do contexto da misericórdia. Jesus sabe que para perdoar é difícil para o ser humano, porque a carga do egoísmo pesa muito no homem para poder perdoar. Justamente perdoar será o primeiro passo como remédio contra o egoísmo (cf. Mt 5,43-48).

O segundo passo que Jesus nos propõe neste evangelho é pedir ao Pai que nos a capacidade de sermos misericordiosos, indispensável para poder ser verdadeiros membros do seu Reino. Jesus nos assegura que se pedirmos a Deus um coração novo, ele nos dará este tipo de coração. Não temamos pedir a Deus que nos o dom da misericórdia ou a capacidade de perdoar a quem, em algum momento, virou nosso inimigo ou rival fatal. Se colocarmos dentro do contexto da misericórdia, a oração unifica e transforma. Por esta razão a oração exige consagração e dedicação.

O texto do evangelho de hoje termina com a seguinte frase: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas” (Mt 7,12). Trata-se de uma regra de conduta e é considerada como a regra de ouro. A regra de ouro era conhecida na antiguidade. Em Heródoto lemos: “Não quero fazer aquilo que censuro no próximo” (Heródoto, 3,142,3). Na sabedoria de Confúcio (551 antes de Cristo) lemos: “Não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a você”. Encontramos também esta regra nos ditos do famoso rabi Hillel: “Não faças a ninguém aquilo que te é desagradável; isso é toda a Torá, ao passo que o mais é explicação; vai e aprende!”.

Esta regra de ouro nos ensina que em tudo que falarmos (comentarmos) ou fizermos a vida e a dignidade do outro devem ser levadas em consideração. Às vezes acontece que machucamos muito os outros porque ainda temos muitas feridas dentro de nós que ainda não são curadas. E muitas vezes avaliamos o outro a partir de nossas feridas e não a partir da própria realidade das coisas. Por trás de uma pessoa brava e grosseira, há sempre uma pessoa frustrada.

O verdadeiro cristão faz muito mais além da regra de ouro. Ele é chamado e é enviado a fazer o bem ao próximo independentemente da retribuição ou do reconhecimento. Ele sempre age com um amor gratuito e de qualidade sem medir esforços, porque ele tem consciência clara de que ele é amado por Deus deste modo. Ele é sempre solicito e serviçal. Trata-se de a opção ou do estilo de vida com Deus traduzido na convivência fraterna com os demais. Todo trato cordial e fraterno jamais se baseia na lei de retribuição muito menos acontece por mera formalidade. O cristão existe para fazer o bem, e se não o fizer deixará de existir em Jesus Cristo que “passou a vida fazendo o bem” (At 10,38). Uma pessoa de bem sempre deseja tudo de bom para os outros. O bem desejado para o outro é o bem atraído para si. O mal desejado para o outro é o mal atraído para si.
P. Vitus Gustama,svd

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ESTAR EM COMUNHÃO DE VIDA COM DEUS PARA SER SEU SINAL NESTE MUNDO


Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2012

Texto de Leitura: Lc 11,29-33

Naquele tempo, 29quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior que Salomão. 32No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.

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Os contemporâneos de Jesus pedem um sinal para demonstrar ou comprovar que Ele é verdadeiramente Messias de quem falavam Moisés e os profetas. Ao pedir um sinal, eles renovam a tentação do deserto. Eles querem que Jesus proporcione uma prova palpável, isto é, a prova experimental que se exige na ordem das coisas materiais, físicas.

A raiz da equivocada exigência de um sinal de seus contemporâneos não é outra coisa que o egoísmo, um coração impuro, que unicamente espera de Deus o êxito pessoal, a ajuda necessária para absolutizar o próprio ego (eu). Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão.

Quantas vezes nos tornamos escravos do sinal do êxito! Quantas vezes pedimos um sinal e nos fechamos diante da chamada à conversão! Quantas vezes esperamos a demonstração, o sinal do êxito, tanto na história universal como em nossa vida pessoal! E perguntamos até que ponto nós cristãos transformamos realmente o mundo? Até que ponto nós cristãos demonstramos os princípios cristãos e damos provas de nosso êxito criando o paraíso na terra!?

O próprio Jesus, em sua Palavra e em sua inteira personalidade é sinal para todas as gerações. Por isso, no evangelho de João, Jesus diz: “Quem me , o Pai” (Jo 14,8s). O Pai se faz visível no Filho. Ver Jesus e aprender a vê-Lo! Esta é a resposta. Para isso, é preciso que contemplemos Jesus em Sua Palavra inesgotável, em seus mistérios: nos mistérios de Seu nascimento, nos mistério de sua vida oculta num vilarejo de Nazaré, nos mistérios de sua vida publica, no mistério pascal, nos sacramentos, na história da Igreja com a qual Ele caminha (Mt 28,20).

Para ser redimido, para situar-se na verdade intima da idéia criadora de Deus é preciso que o homem supere o espaço das coisas físicas, do tangível. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a própria certeza das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do Espírito divino. A exigência de uma demonstração física, de um sinal que elimine toda dúvida, oculta no fundo a recusa da , um negar-se a rebaixar os limites da segurança trivial e por isso, fecha-se também diante do amor, pois o amor exige, por sua própria essência, um ato de , um ato de entrega de si próprio sem reservas. Atrás desse fenômeno se oculta um empobrecimento da idéia da realidade e no fundo há a miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da possessão, do ter.

Além disso, o maior sinal que Deus nos dá é a sua misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados, dos excluídos e dos pecadores. Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior milagre do que reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para a misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar. Diante deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado.

O Senhor que é rico em misericórdia quer que também sejamos misericordiosos para com os demais. A misericórdia tem sempre a grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais de seu amor para este mundo.

O Senhor nos reúne nesta Eucaristia para nos fazer conhecermos Sua vontade. Não viemos somente para rezar a fim de expor-lhe nossas angustias e esperanças. Viemos porque queremos entrar em comunhão de vida com Ele para estar em comunhão de vida com os demais.

Jesus se queixa dos seus contemporâneos porque eles pedem um sinal do céu para comprovar que ele é o Messias. Mas Jesus recusa qualquer tipo de sensacionalismo. Será que Jesus tem motivos para queixar-se de nós? Sim, se não nos convertermos.

P. Vitus Gustama,svd


PAI NOSSO QUE ESTÁ NO CÉU



Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2012

Texto de Leitura: Mt 6,7-15

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, 13e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.

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O texto do evangelho deste dia faz parte do Sermão da Montanha (Mt 5-7) onde podemos encontrar vários ensinamentos fundamentais de Jesus para nós, seus seguidores. No evangelho de hoje Jesus nosseu conselho sobre oração.

Rezar significa abrir-se para Deus. Nossa vida não pode estar centrada em nós mesmos ou nas coisas deste mundo. Rezar é saber escutar a Palavra d’Aquele que é maior do que nosso cérebro e dirigir-lhe, pessoal e comunitariamente nossa palavra de louvor e de súplica com confiança de filhos. A oração é mais do que recitar umas fórmulas, é, sobretudo, uma convicção íntima de que Deus é nosso Pai e que quer nosso bem. A oração nos situa diante de Deus e nos faz reconhecer tal como somos que somos criados à imagem de Deus. A oração vai nos descobrindo o que temos de ser em cada momento. A oração nos humaniza, faz-nos mais humanos, mais criaturas, e não criadores. Se não rezarmos é impossível que nos conheçamos a fundo, porque não saberemos o que poderíamos ser, não saberemos até onde vamos. A oração nos possibilita dizermos em profundidade o que somos, o que pensamos e o que vivemos e para onde vamos.

Jesus, no seu ensinamento sobre a oração, quer nos evitar de uma noção mágica de Deus: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. ..., pois vosso Pai sabe do que precisais”. Deus é o melhor juiz de nossas necessidades do que nós mesmos, e Suas prioridades podem não ser iguais às nossas. Por isso, o que Jesus quer com o Pai Nosso é que confrontemos nossa vida pessoal e comunitária com seu projeto original: que com nosso proceder façamos que o Reino de Deus aconteça.

Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus....”, diz nos Jesus. De todas as revoluções do Evangelho, a mais profunda e a mais radical é a revelação de Deus como Pai, e conseqüentemente Deus como amor, como o Pai mais carinhoso e entranhável. O Pai-Nosso não é uma simples oração apesar de ser breve. O Pai-Nosso é uma síntese de tudo o que Jesus viveu e sentiu a propósito de Deus, do mundo e de seus discípulos.

Diante do mundo que prescinde de Deus, Jesus propõe como primeira petição, como ideal supremo do discípulo, o desejo da glória de Deus: “Santificado seja teu Nome”. Esta primeira petição está orientada na linha profética que situa Deus acima de tudo, exalta sua majestade e deseja que se proclame sua glória.

Diante do mundo onde predomina o ódio, a crueldade, a injustiça, Jesus pede que se instaure o Reino de Deus, o Reino da justiça, do amor e da paz. Recorre nesta petição o tema chave de sua mensagem, o Reino de Deus que se instaurará na terra como no céu.

Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus....”. A oração do Pai-Nosso é um convite para estabelecer uma relação de confiança e de intimidade de uma dimensão comunitária (Pai Nosso) e em uma disposição constante de perdão. A partir desta dimensão os cristãos são chamados a construir espaços de oração que refletem o compromisso de construir o Reino de Deus, onde Deus é Pai de todos nós e nós somos filhos e os filhos e irmãos que vivemos em comunidade e fraternidade. “Pai-Nossoquer enfatizar uma nova relação dos cristãos com Deus que não é somente individual, mas também comunitária. São os filhos, ou cidadãos do reino, os que se dirigem ao Pai que é seu Rei.

Chamar Deus de “Pai” é algo insólito, inimaginável que expressa a máxima confiança, proximidade e ternura. Jesus quer nos dizer que Deus é o nosso Pai que está sempre ao nosso lado, cheio de cuidados e ternura para com cada um de seus filhos e filhas. Com a palavraPai” abre-se um mundo novo nas relações de Deus para com o homem. A vida cristã está banhada de alegria, pois sabemos que somos filhos e filhas de Deus independentemente de nossa situação e de nosso modo de viver. 
  
Além do mais, ao chamar Deus de Pai precisamos estar conscientes de que precisamos viver como irmãos e irmãs, como recorda Santo Tomás de Aquino: “Ao dizermos Pai, recordemos duas obrigações que temos para com os semelhantes: Primeiro, devemos amá-los porque são nossos irmãos, pelo fato de serem filhos de Deus (cf. 1Jo 4,20). Segundo, devemos reverenciá-los, tratando-os como filhos de Deus (cf. Ml 2,10; Rm 12,10; Hb 5,9) “.

Rezar o Pai-Nosso é seguir Jesus Cristo, aprendendo dele a maneira de viver, de escolher e também o modo de enfrentar a morte; quais são as razões profundas, as raízes da própria existência. DizerPainos torna disponíveis, nos enche de confiança, facilita a nossa entrega, pois estamos certos de sermos ouvidos, e isto nos permite superar as barreiras do medo e da incerteza. DizerPai” significa que eu devo me comportar como filho (a) diante dele e como irmão diante dos outros, pois eu sou irmão de muitos outros irmãos. DizerPai” faz nascer a certeza de que somos amados, isto é, nos leva a um ato de inteiro abandono em Deus.

P. Vitus Gustama,svd

domingo, 26 de fevereiro de 2012

AMOR É O CRITÉRIO DIVINO PARA O JUIZO FINAL


Segunda-feira, 27 de Fevereiro de 2012

Textos de Leitura: Lv 9,1-2.11-18; Mt 25,31-46


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
31Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. 37Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’. 44E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ 46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.
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O texto do evangelho deste dia é uma das páginas mais incômodas de todo o evangelho. Qualquer homem pode não encontrar Deus durante a vida, mas não tem como escapar do seu próximo com quem Jesus se identifica. O próximo é aquele em cujo caminho me coloco. 

No evangelho de hoje Jesus nos recorda que no último dia seremos julgados sobre o amor: “Todas as vezes que não fizestes isso (caridade) a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!”, diz o Senhor (Mt 25,45). Entre o homem e Deusum certo laço. Deus não se desinteressa da conduta do homem.

As palavras do Senhor neste dia devem servir de exame de consciência sobre o estilo e a qualidade de nossas relações com todas as pessoas que tratamos: falta de caridade, mentira, agressão, falsidade, exploração, apatia, insensibilidade humana e assim por diante. Devemos nos deter em cada uma destas palavras e nas outras semelhantes. E cada um deve se perguntar: “Qual é o meu estilo ou meu modo de tratar os outros?”. Deus se faz juiz da qualidade de nossas relações com os outros, e não os comentários humanos.

Na Eucaristia, com os olhos da , não nos custa muito descobrir Cristo presente no sacramento do pão e do vinho. Mas nos custa muito descobrirmos Cristo fora da Eucaristia, no sacramento do irmão. Mas precisamente a partir deste ângulo é que será feita a pergunta final, se descobrimos Cristo no irmão ou não. O Cristo que escutamos e que recebemos na Eucaristia é o mesmo a quem devemos servir nas pessoas com as quais nos encontramos durante o dia.

Muitas vezes, e, sobretudo, em situações de crise perguntamos: “Onde está Deus?”. Hoje, através do texto de Mateus temos uma resposta clara: nos que sofrem, nos pobres, nos enfermos, ainda que não queiramos ver porque é incômodo, desagradável.  Mas comprometer-se, conviver, procurar qualidade de vida, calor, não é isso ser santo?

Se decidirmos realmente seguir a Jesus, teremos que escolher o caminho da vida. Optar pela vida é viver na solidariedade, na compaixão, na caridade, no perdão... Mas se escolhermos nossas ambições, o poder, a auto-suficiência, etc., então estaremos escolher o caminho da morte eterna.

Portanto, viver não é simplesmente sorrir e sim fazer alguém sorrir. Viver não é medir ajuda e sim ajudar sem medida, pois Deus é o critério do bem. Viver não é somente ajudar que está próximo e sim estar sempre próximo para ajudar. Viver não é somente doar um pouco e sim doar sempre, pois nisto consiste a verdadeira vida. Viver não é somente compadecer-se e sim ajudar mesmo que por isso se torne incomodo. Quem ama não somente faz o que pode e sim faz até o impossível, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16) e “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).

Que no último dia de nossa vida terrestre possamos tirar uma nota boa neste exame final de nossas relações e de nosso tratamento para com os outros. O decisivo será a atitude de amor ou de indiferença que fizemos com os irmãos mais pequenos: os famintos, sedentos, enfermos, encarcerados, imigrantes e assim por diante. Revisar com que consciência nós atuamos é o próprio da Quaresma.

P. Vitus Gustama,svd

20/03/2024-Quartaf Da V Semana Da Quaresma

PERMANECER NA PALAVRA DE JESUS QUE LIBERTA PARA SER SALVO DEFINITIVAMENTE Quarta-Feira da V Semana da Quaresma Primeira Leitura: Dn 3,...