domingo, 10 de junho de 2012

XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO B

    Domingo, 12 de Agosto de 2012

Texto: Jo 6,41-51

A primeira leitura (1Rs 19,4-8) narra sobre o drama de vida do profeta Elias  mais ou menos 850 anos antes de Cristo. Ele é o profeta da monoteísta, lutando solitário contra a correnteza da idolatria do povo e a corrupção generalizada dos poderosos e a injustiça social. A rainha Jezabel e o fraco rei Acab, ambos adoradores dos ídolos, exigem que os súditos abandonem o culto de Deus e adorem Baal, o deus do furacão que comanda o ciclo das chuvas e dá fecundidade aos campos e aos animais. Elias faz denúncias e opera milagres. Mas até certo ponto o profeta não agüenta mais porque a rainha Jezabel procura todos os meios para matá-lo. Por isso, ele decide fugir atravessando o deserto rumo ao monte Horeb.

Mas a travessia do deserto não é fácil, as dificuldades são muitas. A uma certa altura sente uma fraqueza e um desalento tão profundos, a ponto de não poder mais caminhar. Ele pede a Deus a morte: “Senhor para mim é melhor morrer porque não sou melhor do que meus pais”. Mas Deus não abandona o seu profeta; ele está ao seu lado, proporciona-lhe o alimento que lhevigor. Mas Deus não faz com que os seus anjos o transportem milagrosamente. Deus não dispensa Elias da dura caminhada. Com o vigor daquele pão oferecido por Deus através dos seus anjos, Elias conseguiu andar durante 40 dias e 40 noites até a montanha de Deus, Horeb.

A experiência de Elias é semelhante à nossa. Os 40 dias da sua viagem(o símbolo de uma vida inteira) representam também a nossa vida. Nós, muitas vezes, temos a “síndrome de Elias”: nos deparamos com situações difíceis e complicadas; há momentos nos quais nos sentimos profundamente desencantados até com a religião e com a vida das nossas comunidades; e quando Deus se perde no horizonte, então surge facilmente o cansaço da .. Muitas vezes, sentimos a fome não do pão mas de justiça, a sede não de água, mas também de amor, de compreensão, de carinho, de amparo e não sabemos que atitudes tomar, sentimos o desânimo, a inquietação e em certas horas até o desespero. Às vezes o nosso desânimo é tão grande que decidimos largar tudo, e dos nossos lábios escapam palavras semelhantes às do profeta: ”Senhor, basta. Para mim é melhor ”.

Deus, porém, não esquece de cada um de nós, está ao nosso lado, nos acompanha como fez com o seu profeta Elias. Mas como aconteceu com Elias, Deus não nos dispensa de nossas tarefas, não toma o nosso lugar; ele não nos carrega nas costas quando cansados. Com a Sua Palavra ele nos aponta o caminho a ser percorrido e não nos deixa faltar o pão que renova as nossas forças. Quando parece que nada mais tem interesse ou que tudo está perdido, permanece a secreta energia de um alimento que pode revigorar: a escuta de Deus e da Sua Palavra e a em Cristo, palavra do pai e pão da vida. Ambas as realidades, a e o pão eucarístico, dão vida eterna, isto é, presente e futura. É o ensinamento de Jesus no Evangelho de hoje.

Depois de compartilhar o pão, Jesus revela-se comoPão da vida”. Alguns não aceitam Jesus como pão descido do céu e murmuram como o tinham feito no deserto aqueles que se queixavam de falta de alimento (cf. Ex 15-17). O termomurmuraraqui tem uma nota de incredulidade. Jesus rejeita a murmuração, não entra em discussões sobre a sua própria origem.

Mediante a fórmula de revelaçãoEU SOU”(como Deus se revelou no AT, Ex 3,14), Jesus se auto define. No Evangelho de João encontramos sete auto-proclamações de Jesus em linguagem simbólica (6,35: pão; 8,12:luz; 10,7:porta; 10,10:bom pastor; 11,25:ressurreição e vida; 14,6:caminho,verdade e vida; 15,1:videira verdadeira). Neste texto Jesus se define como o pão que dá a vida eterna a quem o come. Seguir Jesus é ter a vida eterna desde agora. E dessa vida, Jesus é o pão. O pão da vida nos liberta da morte eterna. Este pão tem em si mesmo a vida, porque este pão é o próprio Cristo vivo e ressuscitado.

A Bíblia emprega freqüentemente as imagens da fome e da sede para indicar a necessidade de Deus. Muitas vezes o homem busca a felicidade nas coisas materiais (dinheiro, prazeres, festas, bebida, viagem etc), mas no fim sempre é obrigado a admitir que continua insatisfeito porque ele se alimenta daquilo que não sacia. O único pão que sacia a sua necessidade de felicidade e de paz é a palavra de Cristo, o pão da vida. O seu Evangelho é o pão descido do céu.

Para que sua palavra possa comunicar salvação é necessário que ela não fique reduzida a um texto para ser lido ou analisado. A lógica de Cristo deve ser assimilada como pão que se torna parte do organismo da pessoa que o ingeriu.

Ele não apenas dá a vida, ele é o “pão vivo”, ele tem a vida em si mesmo: “Eu sou o pão vivo que desce do céu” (v.51). Quem recebe o corpo do Senhor, ele recebe a vida. Esse dom da própria vida é o que se comemora/se celebra na refeição eucarística da comunidade; e isso é lembrado, sobretudo pelo termominha carne para a vida do mundo”.

Eu sou o Pão vivo descido do céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente” (v.51), diz Jesus a qualquer um de nós. Ele se identifica como alimento, como refeição. E sabemos que a refeição é sempre muito mais do que uma necessidade biológica. A mesa é o lugar de reunião de amigos ou da família. Fazendo refeição juntos, os membros da família criam intimidade. A falta de alguém querido na mesa (seja porque faleceu ou  se encontra distante da família fisicamente) machuca o coração e isso não tem nada a ver com o valor nutritivo da comida.

Certamente Jesus quer ficar presente na comunidade mediante refeição. Por isso, celebrar a eucaristia significa celebrar toda a nossa vida na vida de Cristo. O Corpo e o Sangue do Senhor, se os recebermos com uma profunda, são alimento que matam todo tipo de fome e sede da existência. Mas para que a eucaristia possa produzir seus efeitos benéficos não basta que ela seja celebrada de modo correto, mas é preciso a adesão àquilo que o gesto indica. A eucaristia é a oferta de Cristo, que é ele mesmo, em sacrifício ao Pai. Por isso, a eucaristia é a celebração de partilha, de doação onde as relações de poder são substituídas por relações de fraternidade e as relações econômicas são norteadas pelo espírito de partilha igualitária. Por isso, quem participa da comunhão se compromete diante da comunidade a transformar a própria vida como a de Cristo e promete uma disponibilidade total em favor dos irmãos, especialmente dos irmãos mais necessitados, pois o Pão eucarístico é comunicação permanente de vida e manifestação de amor permanente. Comungá-lo significa assimilar Jesus Cristo que se entregou para salvar o mundo. Se não houver esta adesão interior nem mesmo o Sangue de Cristo pode produzir os frutos benéficos para quem o comunga.

Comungar na carne de Jesus nos faz irmãos todos; é necessário criar entre nós uma comunidade de iguais, de pessoas que se perdoando mutuamente se dão vida (Ef 4,30-32). Somente se damos vida, em todas as suas formas e expressão, como Jesus fez e continua fazendo na eucaristia, seremos “imitadores de Deus”.

Portanto, hoje é o momento oportuno para ficarmos nossos motivos de comungar o Corpo e o Sangue de Senhor. Quais são os nossos motivos de comungar o Corpo e o Sangue do Senhor?  Não podemos entregar a nossa vida ao Senhor sem entregá-la, ao mesmo tempo, aos irmãos.

P. Vitus Gustama,svd

Um comentário:

Viagem disse...

Obrigada pela catequese

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