domingo, 24 de março de 2013

JUDAS: DESVALORIZA AMOR PARA VALORIZAR DINHEIRO E PREFERE DINHEIRO A JESUS
 

Segunda-feira da Semana Santa

Texto de Leitura: Is 42, 01-07; Jo 12,1-11

 
1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. 4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.  7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. 9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para , não por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

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Os textos dos evangelhos desta semana santa nos fazem revivermos hora por hora os últimos instantes de Jesus em Jerusalém: a unção em Betânia, em casa de seus amigos: Lázaro, Marta e Maria; a última Ceia com seus discípulos; e a traição de um dos Doze.


O evangelho deste dia está cheio de significados. O jantar de Jesus, em Betânia, é prelúdio da Última Ceia. A refeição, tomada em grupo, era um gesto sagrado porque indicava comunhão de sentimentos e de vida, e era uma oportunidade preciosa para dar graças a Deus por todos os Seus dons, a começar pela vida.


Jesus foi convidado para uma refeição na casa de Lázaro (que foi “ressuscitado” por Jesus), Marta e Maria. Lázaro era entre os comensais, Marta estava servindo e Maria era a mulher que ungiu Jesus.


Essa refeição ou ceia é uma ação de graças a Jesus pelo dom da vida. Recuperada de sua tristeza, a comunidade celebra a vida recebida, reconhecida em Jesus como fonte da vida e em Lázaro como o beneficiado. Esse banquete que era em memória de um morto (Lázaro) se converte em ação de graças para celebrar a presença do autor da vida e a vitória sobre a morte. Este banquete, como a própria Eucaristia, antecipa também, em certo modo, o banquete final, cujos comensais serão todos os que receberam a vida definitiva. Maria mostra seu agradecimento pelo dom da vida; o preço do perfume é símbolo de seu amor sem medida e é símbolo do amor da comunidade por Jesus que responde ao amor que Ele mostrou, comunicando-lhe a vida. o amor plenifica e enche a vida das pessoas como o aroma do perfume encheu a casa inteira em Betânia. A mensagem do amor de Jesus devolve a alegria para as pessoas.


Mas nem todos os discípulos aceitam a mensagem de Jesus. Judas prefere o dinheiro ao amor; prefere bens materiais a Jesus. Judas não crê no amor generoso. Para ele o dinheiro é o valor supremo. Maria, a comunidade cristã desvaloriza o dinheiro para valorizar o amor. Judas desvaloriza o amor para valorizar o dinheiro. Judas usa os pobres como o pretexto para sua própria ganância: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata para as dar aos pobres?”. Mas João acrescentou: “Judas falou assim não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão”. A comunidade não se distingue dos pobres; é uma comunidade de pobres que se amam e que, através do compartilhar, expressão do amor, superam sua condição de oprimidos.


A unção feita por Maria em Jesus antecipa a sepultura de Jesus. Maria, ungindo os pés de Jesus, representa a comunidade em sua relação íntima com Jesus. O gesto de Maria de ungir os pés de Jesus mostra seu agradecimento pelo dom da vida. O perfume que Maria derramou sobre Jesus é símbolo do amor da comunidade por Jesus que responde ao amor que Jesus mostrou à comunidade, comunicando-lhe a vida. E o alto preço do perfume usado na unção, que equivalia a 10 meses de salário de um trabalhador rural, é símbolo do amor sem limites e sem mancha por Jesus. E a aroma que enche a casa inteira antecipa a fragrância do amanhecer do domingo da Páscoa em que Jesus matou a morte para que todos tenham vida abundantemente em Jesus Cristo (Jo 10,10).


Mas, por outro lado, o evangelho nos mostra outro tipo de comportamento diante de Jesus representado por Judas Iscariotes. O comportamento de Judas é oposto ao gesto de Maria. Judas interpretou a unção com um perfume caro como desperdício. Para ele, seria bom vender o perfume para ajudar os pobres. Mas, na verdade, ele não estava pensando em pobres e sim em roubar o dinheiro para aumentar seu próprio patrimônio. O próprio evangelho denunciou a má intenção de Judas. De fato, Judas tinha os olhos cobiçosos e corruptos.


Para a crítica de Judas, Jesus dá a seguinte recado: “Pobres, sempre os estareis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis” (Jo 12,8). Por um lado, o Pobre, por excelência, é Jesus, que nostudo quanto possui, tudo quanto é. Por isso, Ele deve ser o centro da nossa vida, sem qualquer espécie de cálculos. O Mestre dá-nos tudo! Há que dar-lhe tudo, sem cálculos nem reservas. A nossa entrega total a Cristo acaba por beneficiar toda a Igreja: “a casa encheu-se com a fragrância do perfume”. Por outro lado, se lermos esta frase à luz das palavras que Jesus disse em Mt 25,40.45: “Tudo que você fizer para um dos pequeninos, você fará isso para mim”, entenderemos o sentido da frase. O que fizermos para qualquer pobre e necessitado, faremos isso para Jesus. Apesar de aumentar o número dos ricos, os pobres continuam a ser a maioria neste mundo: “Os pobres estarão sempre convosco”.


Portanto, o nosso seguimento de Jesus pode desenrolar-se como caminho da morte à vida, como aconteceu a Lázaro, ou como solicitude atenta e cuidadosa no serviço ao Mestre e aos seus, como aconteceu com Marta; pode também assemelhar-se a um caminho de amor adorante, como aconteceu com Maria, ou a um caminho de resistências e de calculismos materiais, que acabam por sufocar quem os segue, como aconteceu com Judas. Judas prefere o dinheiro ao amor e não crê no amor generoso. E o próprio dinheiro o sufocou e o matou. Maria colocava o dinheiro no devido lugar para valorizar o amor.


Judas desvaloriza o amor para valorizar o dinheiro. E morreu sem amor e sem dinheiro. Maria, a comunidade dos discípulos de Jesus, desvaloriza o dinheiro para valorizar o amor fraterno, pois onde há partilha, expressão do amor fraterno não haverá famintos. É bom cada um tentar se colocar: do lado de Judas ou do lado de Maria?

P. Vitus Gustama,svd

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