sábado, 13 de julho de 2013

 
AMAR TUDO E TODOS NO AMOR DIVINO


Segunda-feira da XV Semana Comum
15 de Julho de 2013
 
Texto de Leitura: Mt 10,34-11,1

 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 10,34 “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. 35 De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la. 40 Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. 11,1 Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.

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Estamos nas ultimas instruções de Jesus no discurso sobre a missão. Na passagem do Evangelho de hoje Jesus nos mostra quais são as condições para que sejamos Seus discípulos dignos. Radicalidade e discipulado são inseparáveis.

1. Amar Com Amor Divino


Jesus começa a ultima parte do discurso sobre a missão dizendo: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra...”


Quem acolhe Jesus e seus ensinamentos se encontra, muitas vezes, numa escolha radical, inclusive nos afetos mais íntimos, não para abandoná-los e sim para purificá-los e fazê-los mais autênticos. O amor do pai e da mãe está inscrito na natureza e é um mandamento de Deus (cf. Dt 20,12; 21,12. veja Mt 15,4; 19,19 e par.). Ao amar os nossos pais reconhecemos neles o dom da vida recebida de Deus através deles. No entanto, quando os amamos no Senhor, os pais devem estar em comunhão com Deus de Quem depende nossa vida e salvação. Os filhos não podem compactuar com a maldade dos pais nem os pais podem colaborar com a injustiça e a desonestidade dos filhos. neste sentido, ser verdadeiro cristão e seguir realmente a Jesus podem provocar a oposição de nossos parentes.  Amar a Jesus significa, então, amar intensamente ao Pai do céu que nos entregou Seu Filho para nos salvar (cf. Jo 3,16) e amar com mais convicção àqueles que nos entregaram materialmente a existência.  E os pais, ao amar seus filhos, vivem a paternidade e maternidade que tem sua origem em Deus. Ao amar a Jesus sobre todas as coisas, os pais são capacitados a viver como maior plenitude a doação total de si aos filhos.


O amor preferencial a Jesus, por isso, não elimina o amor humano e sim o sublima, o faz autêntico, o faz ágape, isto é, difusivo, nunca centralizador: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”.  É amar os outros no amor divino para tornar o amor sublime e divino. E o amor de Deus purifica tudo, pois o amor divino é redentor.


Neste contexto, a paz que Jesus traz é uma paz fundada na verdade, na justiça, na honestidade, no amor, na igualdade e assim por diante, por isso cria conflito, divisão e oposição. Mas o cristão tem que ser amigo da verdade em qualquer circunstância. O cristão tem que estar do lado da verdade e do amor. A fé, quando é coerente, nos põe diante das opções decisivas em nossa vida diariamente.


Ser cristão, seguidor de Jesus, não é fácil, e supõe saber renunciar às tentações fáceis nos negócios. A renúncia aos laços do egoísmo humano implica a dor das rupturas e do estranhamento social, mas ao mesmo tempo, produz uma nova rede divina na qual estão implicados o Pai do céu, Jesus e seus enviados e aquele que está disposto a oferecer hospitalidade generosa aos que se comprometem com o projeto de Jesus.
  

Por isso, o cristão tem que ser, antes de tudo, uma pessoa livre e responsável. Livre da mentalidade apegada ao lucro em nome da desonestidade. Livre para enfrentar o conflito que suscita o anúncio do Reino de Deus. Livre para se comportar e ser um verdadeiro filho de Deus como Jesus o é. É a liberdade e responsabilidade para assumir a cruz que implica o seguimento de Jesus. Quem foge é porque não está livre.


2. Ser Cristão é Viver No Paradoxo


Jesus continua seu discurso dizendo: “Quem procurar conservar sua vida, vai perdê-la”. Esta afirmação de Jesus é uma das leis fundamentais da existência: não há que tentar possuir a vida só para si. Há que sair de si mesmo, há que aprender a superar-se. Para viver em Deus temos que aprender a morrer. Para ganhar com Deus,temos que aprender a perder. Para encontrar a liberdade em Deus, temos que aprender a abandonar e a renunciar às nossas liberdades.  No esquecimento de si está a verdadeira vida, a verdadeira felicidade, o verdadeiro crescimento e a plenitude, segundo Jesus. A preocupação pela própria vida e pelos próprios interesses pode levar o cristão a trair a mensagem do evangelho. A busca de segurança e comodidade para a própria existência conduz inevitavelmente para a própria ruína.


3. Dar é Uma Expressão da Riqueza Interior


No fim do texto Jesus nos diz: “Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa”.


Dar significa privar-se de algo, renunciar a algo. Estamos tão condicionados por nossa sociedade industrial e tão inclinados a possuir, a acumular, a consumir apenas. E por isso, “dar” nos parece algo improdutivo; um empobrecimento doloroso que não estamos dispostos a fazer em qualquer momento. Em nossa sociedade, o homem que dá sem receber é um homem pouco prático, sem futuro, sem sentido realista, incapaz de realizar uma operação produtiva. No entanto, o gesto de dar é a expressão mais rica de vitalidade, de força, riqueza e poder criador. Quando damos algo de verdade, nos experimentamos a nós mesmos cheios de vida com capacidade de enriquecer os outros, ainda que seja em grau muito modesto. Dar significa estar vivo e ser rico. Quem tem muito e não sabe dar, não é rico. É um homem pequeno, impotente, empobrecido, por muito que possua. Precisamos aprender a dar nossa alegria, nossa compreensão, esperança, amor e assim por diante para que nossa vida seja cada vez mais rica em Deus.     

P. Vitus Gustama,svd

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