domingo, 24 de novembro de 2013

 
TRANSFORMAR O PRESENTE EM MOMENTO DA SALVAÇÃO

                                                                   
Terça-feira da XXXIV Semana Comum
26 de Novembro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 21,5-11

Naquele tempo, 5 algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7 Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” 8 Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10 E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11 Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”.
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A partir de hoje até o próximo sábado lemos o “discurso escatológico” de Jesus que se encontra em Lc 21,5-36: fala-se dos acontecimentos futuros e os que se relacionam ao fim do mundo.


Como os dois outros evangelhos sinóticos (Mt 24-25; Mc 13), também o evangelho de Lucas encerra a atividade de Jesus em Jerusalém (Lc19,29-21,38), antes de sua prisão, com o discurso sobre o fim ou discurso escatológico (Lc 21,5-36). Em seu lugar atual na tradição sinótica esse discurso é considerado como um discurso de despedida de Jesus que deixa à sua comunidade os últimos conselhos e advertências. Para Lucas a destruição de Jerusalém era um fato e as perseguições à comunidade primitiva uma realidade. Tanto Mateus como Lucas inspiram seu discurso escatológico do evangelho de Marcos capítulo 13.


No texto do evangelho deste dia, o evangelista Lucas nos relatou que alguns discípulos de Jesus comentaram sobre a beleza do Templo pela qualidade da pedra (mármores) e das doações dos fiéis.


Nos tempos de Jesus, o Templo era recém-edificado. Sua construção começou 19 anos (dezenove anos) antes de Cristo. O Templo de Jerusalém era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Seus mármores, seu ouro e toda a ornamentação eram admirados pelos peregrinos.


Diante da admiração dos discípulos Jesus pronuncia algo profético: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra”.  Nesse mesmo lugar foi construído o Templo por Salomão até o ano 1.000 a.C e destruído por Nabuconosor em 586 a.C. Logo em seguida foi construído outro Templo por Zorobabel em 516 a.C. O Templo contemporâneo de Jesus foi destruído por Tito em 70 d.C e foi construído novamente em 687 por Mesquita de Omar no mesmo local.


Quando Jesus afirmou: “Tudo será destruído”, algumas pessoas perguntaram sobre o quando desse acontecimento: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?”. A maioria dos movimentos judeus populares na época de Jesus acreditava que o mundo se aproximava para seu fim. Para eles era iminente uma inevitável catástrofe universal. Todos viviam agitados.


Jesus estava por dentro dessa situação de inquietude e a aproveitou para fazer uma chamada especial. Para Jesus, o importante não era a data em que o mundo haveria de sucumbir. Para ele o importante era a finalidade deste mundo: “Para que estamos aqui neste mundo? O que podemos e devemos fazer para melhorar nossa convivência? O que podemos fazer para ser úteis para os demais? O que quer Deus de mim, de nós? Qual é o destino da humanidade? Para onde a vida vai nos levar? Será que a vida termina com a morte?”. Para Jesus o tempo presente e o futuro se abriam como esperança: era o tempo definitivo da salvação com Sua presença. Era preciso ter uma mudança de mentalidade para mudar a maneira de viver. É preciso olhar para o alto (Deus) para pode entender tudo que se passa no mundo. Em cada momento cada pessoa é chamada a transformar o mundo de morte num mundo de vida.


Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra”. Símbolo da fragilidade, da caducidade das mais esplêndidas obras humanas.  Precisamos refletir sobre a grande fragilidade de todas as coisas, sobre “minha” fragilidade, sobre a brevidade da beleza e da vida na história. Todos têm olhar para a verdade desta realidade, pois tudo será destruído. Mas São Paulo nos consola: “Sabemos que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas” (2Cor 5,1). O próprio Jesus nos promete: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... vou preparar-vos um lugar e quando vos for preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo a fim de que onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2-3).


Se tudo for destruído, então, somos chamados a estar vigilantes. Somos chamados a viver com sabedoria, com prudência, com fraternidade, com justiça, com verdade, com caridade, com compaixão, com amor, com e esperança que são valores que permanecem e que nos salvam. Quando tudo for destruído, estes valores permanecerão. A beleza sólida destes valores permanecerá, mesmo quando tudo o mais estiver reduzido a escombros. Se tudo o que é terreno será destruído, então, devemos temer perder Jesus, ser afastados dele eternamente, ser privados do seu amor e do seu coração. Somos chamados a amar um bem inefável, um bem benéfico, o Bem que cria todos os bens.


Cada cristão, como templo de Deus (cf. 1Cor 3,16-17), adornado com as belas pedras das virtudes cristãs, pode e deve perseverar no bem, resistindo às diversas provações e tentações. Nós cristãos temos um dever de ler os sinais dos tempos e de fazer um verdadeiro discernimento do bem e do mal, do verdadeiro e do falso, para não nos deixar enganar pelos falsos profetas e afastar do seguimento de Jesus Cristo, o único Salvador. Concretamente, devemos viver cada dia sob o influxo do Espírito de Deus, deixando-nos guiar pelos Seus dons, irradiando os Seus frutos, exercendo os Seus carismas, vivendo as bem-aventuranças (Cf. Mt 5,1-12).


Portanto, cada dia nós temos que voltar a começar de novo nossa história, pois cada dia é o tempo de salvação, se estivermos conscientes da provisoriedade da vida humana na história. Mas fazer a história com Deus é fazer a história de salvação.


P. Vitus Gustama,svd

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