sábado, 7 de dezembro de 2013

 
MISERICÓRDIA DIVINA É MAIOR DO QUE O CAMPO DA MINHA MISÉRIA


Segunda-feira da II Semana do Advento
09 de Dezembro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 5,17-26

17Um dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. 18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o desceram com o leito no meio da assembleia diante de Jesus. 20Vendo-lhes a , ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema?” Quem pode perdoar os pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil dizer: ‘teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘levanta-te e anda’? 24Pois, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar pecados — disse ao paralíticoeu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!” (Lc 5,17-26).
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Jesus está diante de um paralítico. Todos sabem que um paralítico é incapaz de fazer qualquer coisa por si mesma, mas sempre com a ajuda dos outros. Um paralítico representa uma total dependência de tudo e de todos, representa uma paralisia total.


Mas em Jesus Cristo Deus põe seu poder a disposição da incapacidade do homem, pois Deus pode salvar. O homem não pode salvar-se por si . Ele pode e deve encontrar-se com Deus que vem em Jesus Cristo. Mas para chegar até Jesus é preciso ter perseverança e superar todos os obstáculos de origem pessoal representada pela paralisia, e de origem externa representada pela multidão que se interpõe entre o necessitado (o paralítico) e Jesus (poder divino). Quando salva o homem, Deus salva por amor e com amor. O infinito poder de Jesus Cristo é o poder do Amor infinito. Não há salvação sem amor. Jesus Cristo se inclina sobre o homem nas suas misérias para salvá-lo por amor. A salvação em sentido cristão está no amor de Deus e do próximo, em adorar a Deus e em servir o próximo por amor.


Hoje através do texto do evangelho lido neste dia Jesus se apresenta realmente como nosso Salvador. Ele nos abriu a porta do céu, a porta da salvação. Nosso Senhor Jesus Cristo não somente veio para nos socorrer em nossas pobrezas (Jo 10,10). Ele é o medico de toda enfermidade, mas Ele não veio somente para curar nossas enfermidades e carregá-las sobre seus ombros (Mt 8,17). Ele veio para nos libertar da escravidão do pecado e da morte a fim de nos conduzir para a Casa Paterna (cf. Jo 14,1-6) onde todos têm espaço e convivem em paz e amor como irmãos, poisDeus é amor” (1Jo 4,8.16). Jesus é a água que fecunda nossa aridez interior, a luz daqueles que ansiavam ver, a valentia dos que se sentem acovardados. Jesus é aquele que cura, que perdoa e que salva. Como na cena do Evangelho de hoje: Jesus vê a fé daquelas pessoas que carregam o paralítico, acolheu com amabilidade o paralitico, curou-o de seu mal e perdoa-lhe seus pecados apesar do escândalo de algumas pessoas presentes.


Homem, teus pecados estão perdoados!”, disse Jesus ao paralítico. A Palavra de Deus ressoa como uma condenação da minha cegueira espiritual, da minha vida sem freio, da minha vida paralisada por causa das coisas fúteis, da minha falta de por causa das preocupações exageradas como se Deus não fosse um Pai, do meu hedonismo que me causou viver na minha solidão incurável, pois nosso coração continuará inquieto enquanto não repousar em Deus (Santo Agostinho).


A Palavra de Deus não se limita apenas em denunciar meu pecado e minha vida sem rumo, mas ela também me brinda com a grande notícia do perdão: Homem, teus pecados estão perdoados!”. Por isso, posso viver a minha liberdade que o pecado me paralisava tanto tempo. O perdão dos pecados é mais urgente do que qualquer coisa porque o pecado é a maior das desgraças que tortura ou aflige a humanidade. O Reino de Deus se manifesta, sobretudo, como reconciliação do meu ser com Deus, como nova possibilidade, dando-me a graça de voltar a empreender o caminho depois das paralisias de minha liberdade causada por minha culpa ou pelos meus pecados.


O Reino de Deus se aproxima porque Deus decidiu oferecer seu perdão aos homens: “Homem, os teus pecados estão perdoados!”. Disposto a demonstrar a força salvadora do “Evangelho do Reino de Deus”, Jesus começa a comunicar ao paralítico a Boa Notícia da reconciliação com Deus. Jesus confere o perdão libertando o homem do complexo de culpa e possibilitando sua relação com Deus e com os demais homens. Nãonotícia que seja melhor do que a notícia da reconciliação com Deus. Cada reconciliação feita é o céu que se ganha. Mas Jesus não se contenta com o perdoar os pecados e sim que tenhamos consciência de que o perdão é real e cura também as enfermidades físicas. Jesus Cristo é a encarnação da resposta de Deus ao pecado do homem, pois Ele é Aquele que foi enviado para proclamar a libertação aos prisioneiros de todo tipo de escravidão.


O perdoa bíblico é o ato pelo qual Deus põe fim a uma situação desgraçada, originada pelo pecado. É uma anistia, um ato que restabelece o ser humano em relação filial com Deus e em comunhão com os irmãos. Deus se mostra misericordioso ao perdoar; quer a conversão, não a morte, mas exige o reconhecimento da e da contrição do coração. os corações contritos recebem o dom do perdão. Se o pecado é um entregar-se ao nada, o perdão tira o homem do nada para voltar a ser uma pessoa livre. O campo de nossa miséria é muito menor do que o campo da misericórdia de Deus. Por isso, podemos melhorar nossa vida apoiando-nos na misericórdia de Deus.


É bom tirarmos alguma lição do comportamento dos escribas e fariseus. Os escribas vivem discutindo o que pode e o que não pode. Ama menos quem se preocupa apenas com as regras ou normas. As regras servem como meio para nos ajudar no alcance de nossos objetivos. Jesus, ao contráriopassa a vida fazendo o bem” (cf. At 10,38), mostrando para nós um Deus que é Pai que se preocupa com a salvação de seus filhos, todos nós. por isso, Jesus é capaz de “transgredir” uma lei por sagrada que ela possa ser considerada como o Sábado para os judeus em nome de um ser humano que está precisando de salvação ou de ajuda. O que se quer ressaltar é o sentido da missão do próprio Jesus que é uma missão de perdão e reconstrução/restauração total do homem (Mc 2,10.17ç 19,28). Por isso, Jesus faz do homem o centro de sua mensagem.  


Jesus não quer acabar ou parar com sua grande obra de salvar os homens. Por isso, não somente temos que conhecer nosso Deus de salvação que nos oferece em Jesus Cristo. Como beneficiados dos dons de Deus, temos que ser parceiros de Deus neste mundo. Temos que ser os primeiros em nos preocupar com o bem e a salvação dos demais trabalhando intensamente e utilizando todos os meios ao nosso alcance para conduzir os demais para a presença do Senhor de tal forma que também eles possam encontrar n’Ele o perdão de seus pecados e a vida eterna, a exemplo daqueles homens no evangelho de hoje que carregam o paralítico até Jesus.


Para pensar e refletir:


1.    Quem não tem , continua a pensar que os mais graves problemas da humanidade são: a saúde, a economia, a gestão do poder, o subdesenvolvimento, os desequilíbrios ecológicosSomente quem tem reconhece que o mais grave problema do homem é o pecado e a falta de amor. Daí provém outros problemas maiores.


2.    O processo de secularização tende a reduzir a fé e a Igreja ao âmbito privado e íntimo. Além disso, com a negação de toda a transcendência, produziu-se uma crescente deformação ética, um enfraquecimento do sentido do pecado pessoal e social e um aumento progressivo do relativismo; e tudo isso provoca uma desorientação generalizada, especialmente na fase tão vulnerável às mudanças da adolescência e juventude... Vivemos numa sociedade da informação que nos satura indiscriminadamente de dados, todos postos ao mesmo nível, e acaba por nos conduzir a uma tremenda superficialidade no momento de enquadrar as questões morais. Por conseguinte, torna-se necessária uma educação que ensine a pensar criticamente e ofereça um caminho de amadurecimento nos valores. (Papa Francisco: Exortação Apostólica: Evangelii Gaudium n. 64).


3.     O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares. A ação pastoral deve mostrar ainda melhor que a relação com o nosso Pai exige e incentiva uma comunhão que cura, promove e fortalece os vínculos interpessoais. Enquanto no mundo, especialmente nalguns países, se reacendem várias formas de guerras e conflitos, nós, cristãos, insistimos na proposta de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos «a carregar as cargas uns dos outros» (Gal 6, 2). Além disso, vemos hoje surgir muitas formas de agregação para a defesa de direitos e a consecução de nobres objetivos. Deste modo se manifesta uma sede de participação de numerosos cidadãos, que querem ser construtores do desenvolvimento social e cultural (Idem no. 67).


4.    Novas culturas continuam a formar-se nestas enormes geografias humanas onde o cristão já não costuma ser promotor ou gerador de sentido, mas recebe delas outras linguagens, símbolos, mensagens e paradigmas que oferecem novas orientações de vida, muitas vezes em contraste com o Evangelho de Jesus (Idem n. 73).


5.    No deserto, é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E, no deserto, existe sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança». Em todo o caso, lá somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor, trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva. Não deixemos que nos roubem a esperança! (Idem n. 86)

P. Vitus Gustama,svd

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