quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


ENCONTRO QUE LIBERTA

Segunda-Feira Da IV Semana Do Tempo Comum
03 Fevereiro de 2014  

Primeira Leitura: 2Sm 15,13-14.30;16,5-13a

Naqueles dias, 13 um mensageiro veio dizer a Davi: “As simpatias de todo o Israel estão com Absalão”. 14 Davi disse aos servos que estavam com ele em Jerusalém: “Depressa, fujamos, porque, de outro modo, não podemos escapar de Absalão! A­pres­­sai-vos em partir, para que não aconteça que ele, chegando, nos apanhe, traga sobre nós a ruína, e passe a cidade ao fio da espada”. 30 Davi caminhava chorando, enquanto subia o monte das Oliveiras, com a cabeça coberta e os pés descalços. E todo o povo que o acompanhava subia também chorando, com a cabeça coberta. 16,5 Quando o rei chegou a Bau­rim, saiu de lá um homem da parentela de Saul, chamado Semei, filho de Gera, que ia proferindo maldições enquanto andava. 6 Atirava pedras contra Davi e contra todos os servos do rei, embora toda a tropa e todos os homens de elite seguissem agrupados à direita e à esquerda do rei Davi. 7 Semei amaldiçoava-o, dizendo: “Vai-te embora! Vai-te embora, homem sanguinário e criminoso! 8 O Senhor fez cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste, e entregou o trono a teu filho Absalão. Tu estás entregue à tua própria maldade, porque és um homem sanguinário”. 9 Então Abisai, filho de Sarvia, disse ao rei: “Por que há de este cão morto continuar amaldiçoando o senhor, meu rei? Deixa-me passar para lhe cortar a cabeça”. 10 Mas o rei respondeu: “Não te intrometas, filho de Sarvia! Se ele amaldiçoa e se o Senhor o mandou maldizer a Davi, quem poderia dizer-lhe: ‘Por que fazes isto?’”. 11 E Davi disse a Abisai e a todos os seus servos: “Vede: Se meu filho, que saiu das minhas entranhas, atenta contra a minha vida, com mais razão esse filho de Benjamim. Deixai-o amaldiçoar, conforme a permissão do Senhor. 12 Talvez o Senhor leve em conta a minha miséria, restituindo-me a ventura em lugar da maldição de hoje”. 13ª E Davi e seus homens seguiram adiante.


Evangelho: Mc 5,1-20

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes! 8Com efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!”  9Então Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região11Havia perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manadamais ou menos uns dois mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse estar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para tua casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20E o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.
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1. Jesus Nos Devolve a Autenticidade No Encontro Com Ele


Jesus chega à região dos gerasenos, ou seja, a um território pagão. Isto quer nos dizer que a presença do Reino de Deus não se limita em determinados lugares e povo. O amor de Deus alcança qualquer povo ou pessoa.


Na região dos gerasenos encontra-se um homem que “Dia e noite vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras” (Mc 5,5). É um homem privado de suas faculdades mentais, que não é dono de si mesmo e se converteu em seu próprio inimigo (“ferindo-se com pedras”). Esse mal é que Jesus vem combater, esse mal misterioso que hoje chamamos de “alienação” que divide o homem no mais profundo de si mesmo e o empurra contra si mesmo. Essa alienação é que nos afasta de nos mesmos e do amor de Deus.


O relato indica que o encontro com Jesus é um encontro de libertação para cada um encontrar-se consigo mesmo. Trata-se de uma conquista da própria autenticidade. O verdadeiro encontro com o Senhor nos torna autênticos. Isso é que aconteceu com o endemoniado: de um ser dividido e anti-social passa a ser um homem dono de si próprio, de um anti-social passa a ser irmão dos outros. Libertação é uma reconquista da própria autenticidade; é um encontrar-se consigo próprio. Este é o resultado de cada encontro verdadeiro com o Senhor: em vez de ser anti-convivência ou anti-social (o homem possuído morava no meio dos túmulos) se torna um irmão dos demais, vira um amigo dos outros (ser social).


2. Para Jesus o Homem Vale Mais Do Que Qualquer Coisa Neste Mundo


Libertação é uma reconquista da própria autenticidade; é um encontrar-se consigo próprio. Ao libertar o homem possuído pelo espírito do mal Jesus transformou o homem em serdono” de si próprio. O homem passou de um ser dividido para um irmão dos demais. Este é o resultado de cada encontro verdadeiro com o Senhor: em vez de ser anti-convivência ou anti-social (o homem possuído morava no meio dos túmulos) se torna um irmão dos demais, vira um amigo dos outros (ser social).


um detalhe interessante na cena: os habitantes da região demonstram um duplo sentimento: por um lado, Jesus é para eles um ser superior; mas por outro lado, ele é uma espécie que incomoda. Eles intuem que a mensagem, por muito libertadora e benéfica que ela seja, os obrigará a transtornar seus modos rotineiros de vida. Por isso, eles suplicam que Jesus vá se embora daquela região. Eles não aceita a mudança de vida para uma vida de qualidade. O grande problema que temos não é implementar as coisas novas na nossa cabeça e sim tirar as coisas velhas dela que não mais nos ajuda a crescer. Mudança e transformação são, na verdade, o código do mundo que nos cerca. No entanto, nem sempre queremos mudar. Quando estamos felizes, desejamos que o relógio pare de andar, queremos que o tempo pare, queremos imobilizar o instante fugido. Apenas pensamos em mudança por necessidade. Mas ninguém pode parar o crescimento. Ou crescemos com o mundo no seu salto de qualidade, ou ficamos parados no tempo sem que haja nenhum crescimento.


Para os gerasenos a libertação de um homem vale menos do que uma manada de porcos. As coisas (os porcos) são valorizadas mais do que a dignidade do homem. Trata-se de uma inversão de valores. Os negócios lhes interessam mais do que a vida do home libertado. O texto pretende nos dizer que a presença de Jesus, com sua Palavra que opera a libertação das pessoas, questiona todo o sistema de convivência humana, chegando mesmo até a sua base de sustentação. Os gerasenos optam pela solução menos custosa, enquanto que para Jesus conduzir um homem para sua dimensão humana tem um valor muito mais alto do que qualquer outra consideração. Por causa do homem, pelo seu bem, Jesus tinha coragem de “transgredirqualquer lei por sagrada que ele fosse para o pensamento do homem, pois para ele “o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado”. Por causa de seu amor pelo homem, Jesus aceita ser crucificado inocentemente. Qualquer regra que não edifica o homem para Jesus precisa ser abandonada, pois cada pessoa humana é o filho e a filha de Deus que Jesus ensinou no Pai-Nosso em que todos chamam Deus de Pai (cf. Mt 6,9-15)


Vale a pena cada um perguntar-se: “Quem é o homem para mim? Qual é o valor de um ser humano para mim? Um bom conceito sobre o ser humano leva a pessoa a tratar o outro com dignidade e respeito. Enquanto uma pessoa não tiver um conceito claro sobre quem é o ser humano, não podemos esperar um bom comportamento e um bom tratamento para com os outros dessa pessoa.


3. Ser Enviado Da Misericórdia De Deus


O que nos chama atenção do relato do evangelho de hoje é o seu fim. O homem curado pede que Jesus o deixe estar com ele: Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse estar com ele”. Trata-se de uma oração. Este homem quer estar com o Senhor. Pedirpara estar com Ele” é uma expressão que o evangelista Marcos usa na chamada dos Doze Apóstolos (Mc 3,14). “Estar com Jesus” significa ser discípulo de Jesus. Por isso, a expressãoestar com Ele” descreve a vocação apostólica; é o ir com Jesus itinerante para ser enviados por Ele. Trata-se de uma descrição da chamada dos Doze, daqueles que participam continuamente no mistério do Mestre e estão com Ele em função da Igreja, isto é, os apóstolos.


O homem curado pede a Jesus para fazer parte do grupo, porém recebe uma resposta dura. É a resposta que nos recorda a dura resposta dada para a mulher Cananéia (Mc 7,27; compare Mc 5,37; Mc 1,35). Vai-te para tua casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti” é a resposta de Jesus para o homem curado. Jesus que lhe dizer: esta não é para ti; esta não é tua vocação! E este se foi, apesar de sua decepção, obviamente, e começou a proclamar a misericórdia do Senhor “E todos ficavam admirados”.


Este episodio final nos chama para uma meditação sobre a vocação de cada um de s. Mesmo que não tenha vocação dos Doze, cada um tem uma vocação do verdadeiro seguimento de Cristo e por isso, participa estreitamente de uma chamada. O evangelista Marcos usa uma linguagem bem precisa: “Vai-te para tua casa”. Trata-se de um envio missionário, da ordem para uma missão. Como se o Senhor quisesse dizer a este homem: “Vai salvar primeiro os teus. Eles precisam de tua ajuda!”. “... anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”, acrescentou o Senhor. “Anunciar” e “proclamarsão termos típicos da atividade evangelizadora da Igreja. Jesus pede ao homem curado, como pede a cada um de nós, a proclamar a misericórdia de Deus. Sejamos misericordiosos nas nossas palavras e ações de cada dia, pois fomos criados por um gesto misericordioso, fomos feitos por mãos misericordiosas, e fomos idealizados por uma mente misericordiosa. Foi o Deus da misericórdia. E por isso, a misericórdia sempre vai além da justiça.


Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse estar com ele.Vai-te para tua casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”, pediu Jesus a esse homem. Por quê? Jesus quer enviá-lo a anunciar. O homem deve voltar para os seus para anunciar as maravilhas da misericórdia de Deus. Isto quer nos dizer que cada encontro verdadeiro com Jesus tem como conseqüência o envio para evangelizar. Os que participam de qualquer atividade religiosa, seja oração, seja missa, seja retiro devem ser transformados em missionáriosevangelizadores da misericórdia de Deus.


P. Vitus Gustama,svd

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