sábado, 26 de abril de 2014

 
DEIXAR-SE GUIAR PELO ESPÍRITO DE DEUS PARA RENOVAR NOSSA VIDA


Segunda-feira da II Semana da Páscoa
28 de Abril de 2014
 

Evangelho: Jo 3,1-8


1Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito 7Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.

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A partir do segundo capitulo, o evangelista João se preocupa com os sinais (milagres, segundo os sinóticos) operados por Jesus e a atitude que provoca nas pessoas que os presenciam. Para o primeiro sinal, os discípulos respondem com fé (Jo 2,1-11), mas, diante do Templo, os judeus mostraram sua incredulidade (Jo 2,13-25). João dedica os capítulos 3 e 4 para a analise das reações diversas diante dos sinais messiânicos propostos por Jesus: um judeu: Nicodemos; uma mulher meia-pagã: a samaritana, e um pagão: o centurião.


No texto do evangelho deste dia fala-se do encontro pessoal de Nicodemos com Jesus. Nicodemos era um dirigente judeu muito representativo. Como homem de boa vontade ele ficava impressionado com as palavras e as ações de Jesus ou com os sinais operados por Jesus. E decidiu procurar conversar com Jesus à noite. A noite, aqui, significa a resistência para deixar-se iluminar por Jesus, como Luz do mundo (Jo 8,12) por causa de uma ideologia que se opõe ao amor gratuito de Deus pelo homem. O mundo da lei que Nicodemos representa é o inimigo da vida contida no projeto de Deus. Com sua disposição de conversar com Jesus, Nicodemos se aproxima da luz que é o próprio Jesus. Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, mais iluminada ficará nossa vida. Conseqüentemente, seremos reflexos de Deus na convivência com os demais, em vez de ser um peso para os outros e em vez de criar confusão na vida dos outros.


Nicodemos começa a conversa com o seu reconhecimento de que Jesus vem de Deus: “Rabi sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes a não ser que Deus esteja com ele”. Aquele que olha para aquele que pratica o bem e que se preocupa com o bem do próximo ou de todos só pode ser uma pessoa de Deus. Nicodemos reconhece a bondade de Jesus tanto nas palavras como na ação. “A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor”, dizia Lao-Tsé. E a bondade em ação cria a comunhão de irmãos. Toda ação feita pelo bem da humanidade, ou pela fraternidade é feita sob o impulso do Espírito de Deus embora aquele que a faz não tenha consciência disso: “Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos”, disse Jesus na conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7,17-18). “Os ideais que iluminaram o meu caminho são a bondade, a beleza e a verdade”, dizia Albert Einstein


Diante das palavras de Nicodemos, Jesus afirma: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus”. Na Antiguidade, havia a idéia de que, para entrar numa nova religião ou num sistema filosófico, era preciso “renascer”. Ou na linguagem de hoje podemos dizer que é preciso mudar de mentalidade para mudar o modo de viver e de trabalhar. Mas o que Jesus quer enfatizar é o nascimento “do alto” ou de Deus. A expressão “nascer de novo” designa um giro completo da existência que situa o homem em dependência de Deus na fé. Ou na linguagem do evangelista Mateus “tornar-se como criança” (Mt 8,3). Trata-se de fazer-se pequeno diante de Deus, de aceitar o depender de Deus, de não empenhar-se em salvar-se por si mesmo, pois isso é impossível para uma criatura como um ser humano. E aquele que nasce de Deus vive sob o impulso do Espírito Santo para fazer unicamente o bem, e sempre se renova. O poder de Deus é capaz de romper com o passado porque é possível esperar de Deus uma vida nova e uma nova força que ninguém pode segurar.


Por isso, Jesus acrescenta outra afirmação: “O vento sopra para onde quer”. Para o homem antigo o sopro do vento era algo totalmente misterioso. O vento não pode ser segurado, não pode ser colocado num punho e ninguém pode estabelecer sua direção. Jesus usa essa comparação para quem é nascido do Espírito. Aquele que é dominado pelo Espírito de Deus e vive de acordo com seu impulso, não vive sob cálculos humanos, porque sua pessoa e sua existência se fundam em Deus e no Espírito divino. Como dizia Shakespeare: “Sabemos o que somos, mas não o que podemos ser”. Aquele que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus terá muitas surpresas de Deus na sua vida. É uma existência que participa do sopro do Espírito e, portanto, de Deus.


Os que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus se renovam permanentemente, como o próprio Espírito que sempre renova a face da terra. Os renovadores no Espírito divino são pessoas otimistas. Eles vivem profundamente no presente com um olhar de confiança para o futuro, pois eles se deixam impulsionar pelo Espírito de Deus.


Mudança, renovação e transformação são o código do mundo avançado, no entanto nem sempre queremos mudar. Quando estamos felizes, desejamos que o relógio pare, e que nada mude: queremos parar o tempo, “imobilizar” o instante fugido. Apenas mudamos quando estamos mal (necessidade) ou quando tememos uma piora. Dizia Platão: “A necessidade é a mãe da inovação”. Mas quem quer avançar profissionalmente ou espiritualmente é preciso adotar o código do mundo avançado: renovação, mudança e transformação. “Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”.  Criatividade consiste no total rearranjo do que sabemos com o objetivo de descobrir o que não sabemos” (George Kneller). ”O que os empreendedores têm em comum não é determinado tipo de personalidade, mas um compromisso com a prática sistemática da inovação” (Peter Drucker). É necessário inovarmos sempre no Espírito divino para nos motivar e crescer na vida.

P. Vitus Gustama,svd

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