sexta-feira, 11 de abril de 2014

DOMINGO DE RAMOS


 JESUS É UM REI DIFERENTE E UM MESSIAS HUMILDE

 
A semana Santa é inaugurada pelo Domingo de Ramos no qual são celebrados dois aspectos centrais do mistério pascal: a vida ou o triunfo, mediante a procissão de ramos em honra de Cristo Rei. O que importa nessa primeira parte não é somente o ramo bento e sim a celebração do triunfo de Jesus. A segunda parte é a leitura da Paixão de Jesus ou a morte de Jesus. Devido a dois aspectos que tem este dia o Domingo de Ramos (rosto vitorioso) é chamado também de o “Domingo da Paixão” (rosto doloroso).


A procissão segue imediatamente a Eucaristia. Do aspecto glorioso dos ramos passamos ao aspecto doloroso da Paixão. Esta transição não se deduz somente do modo histórico em que transcorreram os fatos e sim porque o triunfo de Jesus no Domingo de Ramos é sinal de seu triunfo definitivo. Os ramos nos mostram que Jesus vai sofrer, mas como Vencedor; vai morrer, mas para ressuscitar. Em outras palavras, o Domingo de Ramos é inauguração da Páscoa ou passagem ou passo das trevas à luz, da humilhação à glória, do pecado à graça e da morte à vida.


Jesus é saudado e aclamado como rei, rei dos judeus. Mas ele usa um jumento na sua entrada triunfal em Jerusalém e não um cavalo real ou um cavalo de guerra. Jumento é animal usado pelos pobres. Por isso, Jesus é um rei diferente e o Messias humilde.


Jesus É Um Rei Diferente


Jesus é chamado e saudado como Rei dos judeus no relato da Paixão. Mas Jesus é um rei diferente. O verdadeiro rei é aquele que salva a vida do povo mesmo que, por isso, sacrifique a própria vida. O verdadeiro rei é aquele que conquista os corações para Deus em vez de dominá-los para o próprio interesse. O verdadeiro rei é aquele que liberta em vez de dominar. O verdadeiro rei é aquele que protege e cuida dos outros. Jesus é o rei que protege o necessitado, sustenta o fraco, visita e cura o doente e ferido, e procura o perdido. Por isso, o reinado de Jesus é diferente. Não é um reinado opressivo e tirânico; não se baseia na violência nem na exploração social e econômica. É um reinado de misericórdia caracterizado pelo serviço humilde e pela paz.


Por isso, ele não é bem aceito pela poderosa elite local. O projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo, de má vontade, de opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus, O julgaram e O pregaram numa cruz. A morte de Jesus é a conseqüência lógica daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.


Por isso, celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a dureza das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração de qualquer pessoa.


Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.


Jesus É Um Messias Humilde


Jesus veio como o Messias humilde, simbolizado pelo uso do jumento na sua entrada em Jerusalém. No patíbulo da cruz, a humildade divino-humana de Jesus desmascara a escravidão culpável da arrogância. Todo o drama da redenção é o caminho vitorioso da humildade magnânima de Jesus que nos convida e nos torna aptos para o seu seguimento.


Pela virtude da humildade, Deus nos incute coragem para reconhecer a verdade que engrandece e liberta (cf. Jo 8,32), ao mesmo tempo, que nos faz perceber que a arrogância amesquinha e degrada o ser humano. O olhar simples de uma fé humilde nos permite recordarmos a nossa criação do nada, como pura graça, e participar na comunhão d’Aquele que é a origem de toda a vida e de toda a felicidade. O olhar simples de uma fé humilde nos permite reconhecermo-nos como pó, terra cuja salvação depende do Criador com a própria colaboração humilde.


Daqui brota para nós aquela humildade forte e corajosa que nos permite olharmos com serenidade para os nossos aspectos menos claros e para o peso dos nossos pecados, sem nos esquecermos de louvar o poder humilde, purificador e santificador de Deus.


Ser humilde é aceitar as próprias qualidades e os defeitos. Ser humilde é aceitar os próprios limites e respeitar os próprios limites e, ao mesmo tempo, aceitar o Infinito que está nesses limites. Quanto mais sábia for uma pessoa, tanto mais humilde será. Um sábio tem consciência em relação ao que não sabe. “Simular humildade é a maior das soberbas” (Santo Agostinho). Ser humilde é ser você mesmo com suas qualidades e seus defeitos. O orgulhoso, ao contrário, julga ser o que não é. O orgulhoso vive na ilusão em relação a si mesmo. O orgulhoso tenta preencher sua carência com vaidade. E o vaidoso é alguém inseguro, que tem necessidade de exagerar, de inventar histórias para conferir consistência a seu ego. No fundo o orgulhoso e o vaidoso são frutos de uma vida de angústia. São angustiados porque não se aceitam como são. Não admitem seus limites e defeitos. Por isso, vivem na ilusão. E o mundo cultiva o orgulho e por isso, que existe um número crescente de angustiados.


Jesus é o Amor que se rebaixa até nós para nos exaltar. Esta humildade real e divina que habita em Jesus nos enobrece e nos oferece a incomparável dignidade de filhos e de filhas de Deus. Por isso, a humildade em seu grau mais perfeito não está em ser pequeno, mas em fazer-se pequeno para engrandecer os outros. De fato, Deus não é pequeno, mas faz-se pequeno para salvar a humanidade por amor.


Hoje Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, em cada coração, em cada família, na sua família, e quer que demos testemunho dele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa preocupação pelos outros, com nosso respeito pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano vividas na simplicidade e na humildade. Deus criou tudo porque ele é generoso. E os mais humildes costumam ser mais generosos. E a generosidade é uma forma de prolongar o ato criador de Deus que criou tudo gratuitamente.


O homem humilde é ateu de si, é aquele que não se considera deus; a humildade é o ateísmo de si mesmo. Que sejamos ateus de nós mesmos para que Deus seja verdadeiro Deus na nossa vida.

P. Vitus Gustama,svd

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