quarta-feira, 2 de julho de 2014

 
JESUS NOS CHAMA: É PRECISO OUVI-LO E SEGUI-LO

Sexta-Feira da XIII Semana Comum
04 de Julho de 2014
 

Evangelho: Mt 9,9-13

Naquele tempo, 9 Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.
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Depois da cura do paralítico (Mt 9,1-8), Jesus se encontra com Mateus, cobrador de impostos e o chama para segui-lo: “Segue-me!”.


Mateus é um homem que o povo detesta, pois um colaborador do governo romano na cobrança de impostos. Os publicanos se enriquecem ilicitamente, especialmente, a custo dos pobres. Por isso, é uma profissão odiada.


No texto do evangelho de hoje Jesus mostra sua autonomia e autoridade em escolher quem ele quiser para ser seu discípulo. Nunca podemos entender perfeitamente o mistério da escolha de Deus. Para a sociedade na época, Mateus jamais poderia ser um dos discípulos do Senhor, pois ele era um ladrão diplomado, um ladrão do dinheiro público, um impuro que tornaria o grupo dos discípulos impuro com sua adesão, pois ser cobrador de impostos significava ser pessoa impura na visão dos fariseus e dos sacerdotes. Mas Jesus desobedece aos padrões de uma cultura que manipula as pessoas e impõe a Nova Lei (cf. Mt 5,17ss). Porque “De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”, disse Jesus. A comunhão de Jesus com os pecadores para libertá-los não o torna impuro e sim o mostra como o Libertador do homem do seu passado escuro.


Qualquer pessoa pode perguntar-se: “Como pode Deus estar presente em certos ambientes, como o de Mateus, especialmente tão repugnantes, maus ou perversos, em certas situações injustas como a vida vivida pelo publicano Mateus?”. Deus se encontra ali para curar, para salvar: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Todo o Evangelho, quando se trata de Deus, nos urge que saibamos ultrapassar a noção de justiça e descobrir a Misericórdia infinita de Deus pelos pecadores. Deus não se cansa de perdoar e de se encontrar com os pecadores, os perdidos da vida para salvá-los, pois Jesus, o Deus-Conosco, veio para chamar e salvar os pecadores.


Jesus chama Mateus para segui-lo: “Segue-me” (Mt 9,9). E ele o segue (Mt 9,9). Ele diz a mesma coisa para Simão e André (Mt 4,19) e para Tiago e João (Mt 4,21). O termo “seguir” (akoloutheo, em grego) aparece 90 vezes no NT. E Mateus imediatamente segue a Jesus. Como Jesus transformou os pescadores de peixes em pescadores de homens, assim também transformou um cobrador de impostos, um pecador público num “escriba do Reino de Deus”, num discípulos e mais ainda, num apóstolo.  Quem entra na esfera de Jesus deixa de ser como antes.


Mateus fez uma grande ceia, não para dizer a Deus a seus amigos e sim para que seus amigos se encontrassem com Jesus que o transformou profundamente. E os discípulos também estavam presentes para que estes seguissem a maneira de Jesus de tratar os excluídos da sociedade.


Os fariseus se escandalizam ao ver a cena. Para eles um observante da Lei jamais se senta à mesa com os publicanos que são pecadores públicos. Mas aquele que ensina o caminho de Deus, como Jesus, não pode atuar assim: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Somente os enfermos necessitam de médico e não os sãos. Jesus está sentado à mesa porque Ele quer transmitir a Palavra de Deus que salva para poder mudar a vida daqueles que se encontram no caminho errado e concerte-los. Jesus quer transformá-los em homens justos. Por isso, o que Jesus para os fariseus é duro: “Aprendei, pois, o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’”. Este “eu” é Jesus que é o Deus-Conosco. É Aquele que não pode aceitar um sacrifício se antes não se fez a reconciliação com os irmãos (cf. Mt 5,23-24), se não se vive uma atitude de dom aos demais.
 

“Segue-me!”. O verbo “seguir”, em sentido próprio, significa “ir atrás de alguém”; e no sentido figurado significa “ser discípulo”, “ir em seguimento de alguém”. Seguir significa andar, avançar, ver mais, aprender mais. Quem andar, quem caminhar vai encontrar muita coisa no caminho. Quem fica parado e paralisado vê menos.
    

Seguir a Jesus significa romper todo o passado, e abandonar tudo para trás (cf. Mt 4,18-22;9,9s;19,21;Lc 9,61;Mc 10,28), submetendo-se com fé e obediência à salvação oferecida em Cristo. Seguir também tem sentido de imitação. Neste sentido seguir significa unir-se com Jesus numa comunhão de vida e de destino; é modelar-se segundo o exemplo de Jesus (cf. Jo 13,15.34;15,12;1Ts 1,6;1Cor 11,1;Ef 5,2;1Jo 2,6 etc.); é ser misericordioso como Ele. Assim, seguir a Jesus não é apenas aderir a um ensinamento moral e espiritual, mas compartilhar sua sorte. Por isso, Jesus exige o desapego total: renunciar às riquezas e à segurança, deixar os familiares (Mt 8,19-22;10,37;19,16-22), sem esperar o retorno (troca ou retribuição). Ao exigir de seus discípulos um tal sacrifício, Jesus se revela como Deus, única garantia, e revela integralmente até que ponto vão as exigências de Deus. Pode ser que seja até o sacrifício da cruz e até se sentir abandonado pelos outros, como Jesus sentiu (Mt 26,56).
    

A partir deste sentido, somos convidados a refletir sobre o nosso seguimento de Cristo. Até que ponto nós estamos dentro deste padrão? Em outras palavras, o que significa para nós hoje seguir a Jesus? Para responder esta pergunta, devemos responder outra pergunta: quem é Jesus a quem seguimos?


“Segue-me!” é a voz do Senhor chamando o publicano Mateus para ser seu discípulo. Podemos também nos encontrar numa situação moral, vocacional ou profissionalmente difícil como a de Mateus ou poder ser pior do que isso. Precisamos parar para ouvir a voz do Senhor que nos chama: “Segue-me!”. Esta voz deve ressoar em todas as situações de nossa vida. Jesus nos chama para a liberdade de filhos e filhas de Deus a fim de sermos instrumentos da misericórdia divina para os demais. Mateus seguiu a Jesus não para dar adeus a seus amigos e sim para que seus amigos se encontrassem também com Jesus que veio chamar os pecadores. Mateus é chamado para que os outros o sigam seguindo o Senhor que liberta.
    

Seguir a Jesus é viver a sua vida. E a vida de Jesus foi marcada particularmente por amor ao Pai e aos homens, especialmente aos mais necessitados. Seu relacionamento profundo com o Pai se traduz na prática da solidariedade e da misericórdia com os marginalizados e pecadores. Seguir Jesus é não condenar e sim salvar; não excluir os outros e sim integrá-los na comunidade de irmãos. Seguir a Jesus é viver segundo o seu projeto. Ele quer que as relações humanas e sociais se baseiem sobre a justiça, o amor, a fraternidade e o perdão. Tudo isso se tornará realidade, se o homem se descobrir como filho de um Pai amoroso. Seguir a Jesus é estar pronto para viver o seu destino. Viver segundo o projeto de Jesus leva o seguidor a viver o martírio. O martírio é o preço a pagar pela fidelidade à causa jamais traída. Quem se propõe a seguir a Jesus deve estar pronto também para viver a bem-aventurança das perseguições (Mt 5,10s).


Eu quero misericórdia e não sacrifício”. Esta é a vontade de Jesus para todos os cristãos. Misericórdia é amar até aquele que não merece ser amado. O verdadeiro amor é querer o bem do outro, inclusive daquele que errou até gravemente na vida, moral e eticamente.

P. Vitus Gustama,svd

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