sábado, 27 de setembro de 2014

 
SER CONVERTIDO DIARIAMENTE

Sexta-Feira Da XXVI Semana Comum
03 de Outubro de 2014
 

Evangelho: Lc 10,13-16

Naquele tempo, disse Jesus: 13 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14 Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15 Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16 Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.

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As cidades à beira do lago de Tiberíades (Corozaim/Corazim, Betsaida e Cafarnaum) tiveram mais ocasiões de ouvir Jesus e de presenciar os milagres operados por ele. Os milagres de Jesus são sinais que anunciam a chegada do Reino de Deus.  Os milagres são a assinatura de Deus sobre Sua existência. E a resposta do ser humano deve ser a conversão e a fé. No entanto, ninguém se converteu nessas três cidades. Continuavam a viver na injustiça e na arrogância.


A soberba humana construiu uma sociedade injusta que se resiste diante da mensagem libertadora de Deus. O soberbo ou o orgulhoso possui todos os vícios: egoísta, injusto, ingrato, imoral e fanfarrão. Como egoísta, ele sempre se coloca como centro de tudo. Como injusto, ele não quer reconhecer os direitos dos outros, somente seu próprio direito. Como ingrato, ele não permite compartilhar com os outros os seus merecimentos. Como imoral, ele não precisa respeitar moral alguma, mas ele impõe aos outros normas morais. Como fanfarrão, ele está sempre falando de si mesmo, atribuindo a si mesmo elogios por façanhas jamais realizadas. Santo Agostinho dizia: “A simulação de uma virtude é sacrilégio duplo: une à malícia a falsidade” (In ps. 63,12). O soberbo ou o orgulhoso é prepotente, insolente e violento.


Jesus não agüentou mais a dureza do coração dos habitantes das cidades citadas (Corozaim/Corazim, Betsaida e Cafarnaum), e por isso, pronunciou as maldiçoes. O que tem por trás dessas maldições é o convite de Jesus para a conversão. Converter-se significa deixar de praticar a injustiça e começar uma vida baseada na justiça; deixar de se vestir de orgulho para viver na humildade e simplicidade. A verdadeira conversão deve mudar a qualidade das relações humanas. Não pratiquemos a justiça para que sejamos perfeitos, mas para que nosso irmão, nosso próximo não seja tratado injustamente. Não procuremos protestar contra as injustiças sociais, se ignorarmos nossas injustiças pessoais.


Às vezes a Palavra de Jesus é ameaçadora, porque a vida humana não é um “jogo”; é algo muito sério onde há lugar para o juízo de Deus: nossa vida cotidiana é uma correspondência a Deus ou é uma recusa a Deus. Em todo momento nossos atos são uma escolha pró ou contra Deus. Infelizmente nem sempre pensamos nisso. Em todo momento Deus quer algo de nós. E em todo momento podemos saber qual é a vontade de Deus sobre nós. Quando pensarmos realmente em Deus em todo momento, e não só em algum momento de nossa vida, poderemos viver com Ele em correspondência à Sua vontade e saberemos ser irmãos dos outros.


As maldições pronunciadas por Jesus no evangelho de hoje são as terríveis advertências para os que se gloriam de ser cristãos, mas não vivem os ensinamentos de Jesus. Basta substituir o nome das cidades amaldiçoadas por seu nome e ouvir estas palavras atentamente, creio que, logo você dá a vontade de fazer o sinal da cruz e se benzer. E você diria: “Deus me livre!”.


As ameaças pronunciadas por Jesus as três cidades devem ser escutadas hoje por todos nós. As riquezas espirituais, de nenhum modo constitui uma segurança para nós. Quanto mais abundantes são as graças recebidas, tanto mais há que fazê-las frutificar.


Hoje temos que avaliar nossa atitude diante do Reino de Deus. Também fomos eleitos pela graça de Deus. Não temos mérito algum para ser escolhidos. Porém temos que responder a este chamado de Deus com altura e com responsabilidade. É uma exigência e temos que cumpri-la. Não percamos o tempo nem as oportunidades que nos oferece a vida para que a soberania de Deus se torne uma realidade nos corações das pessoas. Quanto mais abundantes são as graças recebidas, tanto mais há que fazê-las frutificar. Não basta estender a mão para receber os dons de Deus. É necessário esforçar-se por viver conforme os dons recebidos para não nos tornarmos um terreno estéril neste mundo.


Em nossa vida Deus continua fazendo milagres e continua falando em nosso coração, mas às vezes nossa resposta é a indiferença e continuamos com o coração endurecido como as pessoas de Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Pode ser que Jesus no juízo final nos recuse porque nosso coração esteve sempre endurecido por nosso egoísmo e por nossa falta de amor (cf. Mt 7,21-23). Pior ainda, cremos que já temos solução, nos cremos salvos e convertidos definitivamente. A conversão é uma carreira inacabada. É um trabalho silencioso de cada dia.


Precisamos estar conscientes de que é bem verdade que os defeitos dos outros são os nossos enxergados nos outros. Por isso, não julguemos que a conversão seja somente para os grandes pecadores. A conversão é para todos, pois o “homem velho” dentro de nós sempre se opõe permanentemente ao “homem novo” libertado por Cristo. Nunca somos convertidos definitivamente, pois o amor cristão é para ser vivido diariamente. Que quiser amar continuamente, deve se converter diariamente, pois o egoísmo, a soberba, a agressividade, a violência, a hipocrisia, a luxuria etc. não estão mortos, mas apenas estão adormecidos. Estejamos vigilantes. Seria muito perigoso não se converter diariamente, pois o pecado pode fazer seu ninho dentro de nosso coração. Santo Agostinho dizia: “Quem não reconhecer seus pecados ata-os às costas como uma mochila e põe em evidência os pecados dos outros. Não por diligência, mas por inveja. Acusando o próximo, procura esquecer a si mesmo (In ps. 100,3).


O Reino de Deus certamente começa em nós pela nossa conversão aos valores do Reino de Deus tais como à verdade, à veracidade, à honestidade, à justiça, à paz, à fraternidade, ao respeito pela vida e dignidade dos outros e assim por diante. No coração de cada cristão deve germinar a semente dos valores do Reino de Deus, porque do coração humano brota tudo o que é bom e mau que vemos no mundo. Temos que lutar contra a armadilha do velho egoísmo que quer perpetuar o desamor e a falta de respeito pela dignidade dos outros. Viver em estado permanente de conversão é a lei de crescimento.

P. Vitus Gustama,svd

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