domingo, 12 de abril de 2015

15/04/2015
 
DEUS NOS AMA E CREMOS NO SEU AMOR

Quarta-Feira da II Semana da Páscoa


Evangelho: Jo 3,16-21

16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.
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Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Palavras profundas nas quais o nosso coração deve abismar-se. Deus se dá a Si mesmo. Com Ele nos é dado tudo, pois Ele se dá a Si mesmo. Deus se converte em dom para nós todos. É um dom de tal categoria que o próprio dom nos concede a graça de recebê-lo. Somente na medida em que reconhecermos isso, nós possuiremos aquilo que nos é dado.


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


Esta frase é uma síntese bíblica que condensa todo o quarto Evangelho (Evangelho de João). O quarto Evangelho foi escrito para que acreditemos em Jesus, oferta de amor e salvação de Deus para a humanidade, e para que, crendo nele, tenhamos a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). Ele veio para que todos nós tenhamos vida e a tenhamos abundantemente (Jo 10,10). E esta oferta tem um motivo e uma finalidade e um meio. O motivo da oferta é o amor apaixonado de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único”. E a finalidade desta oferta é a salvação da humanidade: “... para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. E o meio para que o amor de Deus chegue até a humanidade é a encarnação de Deus em Jesus Cristo. Jesus é a manifestação tangível do amor do Pai (1Jo 4,9). O objeto da em Jo é acreditar em um Deus que nos ama e que este Deus acampou no meio de nós (Jo 1,14). Toda a Bíblia é a história de amor de Deus por nós todos. “Se queres falar sobre o amor, não precisas dar-te ao trabalho de buscar citações. Onde quer que abras a Bíblia, ali se fala do amor” (Santo Agostinho: Serm. Mai 14,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


No vocabulário do cristianismo primitivo essa maneira de falar está sempre em relação à cruz. É uma reflexão sobre a morte na Cruz de Jesus por amor à humanidade. Nesta entrega do Filho único há uma recordação do sacrifício que outro pai fez também de seu filho único: Abraão (cf. Gn 22,2). Aquele sacrifício não chegou a realizar-se. O cordeiro que substitui Isaac e se sacrifica sem resistência é este Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). O Pai não envia o Filho para a morte e sim para o cumprimento fiel de sua missão de revelar o amor de Deus, Sua misericórdia sobre todos os homens, e a morte de Jesus na cruz é a conseqüência desse amor levado até o fim (cf. Jo 13,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


A partir desta frase sabemos quem é Deus? Muitas definições foram feitas sobre Deus tanto a partir da filosofia como da teologia em geral e outras disciplinas científicas e exatas, mas nenhuma definição mais certa e curta do que a de São João: “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Esta frase é carregada de mistério e de promessa, toda nossa história. É a frase nuclear e radiante. Esta frase, ao meditá-la e vivê-la no dia-a-dia, tem a capacidade de manter a esperança no mundo e tem uma força tremenda para o homem continuar sua luta pela dignidade, pois o amor é a ultima palavra da vida. “O Amor é a nossa origem. O Amor é o chamado constante na vida. O Amor é a plenitude da vida. No entardecer da nossa vida seremos julgados no amor” (Santo Agostinho).


A resposta para o porquê da criação, da encarnação e da redenção é o amor de Deus por todos nós. Toda a atividade de Deus é uma atividade amorosa. Se cria, Ele cria por amor; se governa as coisas, o faz no amor; quando julga, julga com amor. Tudo quanto faz é expressão de sua natureza, e sua natureza é amar. Amar é dar-se a si mesmo. O plano de salvação não tem outro fundamento que o incompreensível amor de Deus por nós todos e por cada um de nós em particular. Por amor anda Deus em nossa busca pelos caminhos do mundo. É um Deus que não tem medo de sacrificar até o próprio Filho para resgatar todos nós, pecadores e perdidos, por amor. O homem nenhum na face da terra sacrificaria seu próprio filho para resgatar os outros. Somente o Deus apaixonado por nós todos.


Deixar de olhar para Deus que se encarna em Jesus será para nós uma perdição eterna e será para nós uma infelicidade sem fim. Levado por seu amor, Deus salta o abismo que nos separava dele e se aproxima de nós para nos dar o que mais quer: seu “único Filho”. Mais ainda, entregou seu único Filho à morte para que todos nós tenhamos vida. E esta vida dada para nós gratuitamente se renova em cada Eucaristia para que sejamos um dom para os outros; para que façamos o bem também para os outros. Jamais um cristão pode fazer o mal ou ser cúmplice do mal.


O melhor comentário para este texto de Jo 3,16 é a primeira carta de São João 4,18-21: “No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”.  Será que amamos realmente a Deus no próximo? (cf. Jo 15,12).


A Paixão e morte de Jesus Cristo é a manifestação suprema do amor de Deus pelos homens. Deus é amor, amor que se difunde e se prodiga; e tudo se resume nesta grande verdade que tudo explica e o ilumina. É necessário ver a história de Jesus sob esta luz. “Ele me amou e sacrificado por mim”, escreveu São Paulo (Gl 2,20). Cada um precisa repetir esta frase a si mesmo. O amor de Deus por nós culmina no sacrifício do Calvário. A entrega de Cristo constitui uma chamada estimulante e apressada para corresponder a esse amor: amor com amor se paga. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27), e Deus é amor (1Jo 4,8.16). Por isso, o coração do homem está feito para amar e quanto mais se ama, mais se identifica com Deus e somente quando ama, o homem pode ser feliz.


Num mundo acostumado ao comércio, ao preço das coisas, é difícil entender a gratuidade, é difícil entender a ação de Deus que quer dialogar, amar com liberdade a todos, oferecendo a oportunidade de salvação, graça e vida. Nós, na nossa vida cotidiana, damos uma parte de nossa vida, enquanto Deus dá tudo para a humanidade. Por isso, quando ele pedir do homem, Deus não pede muito do homem, mas pede tudo do homem.


Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.  Segundo o Evangelho de João, o cristão não tem que ter medo do juízo último, pois o juízo não é algo externo e sim dentro do próprio homem. O cristão sabe que o juízo está nele e depende de sua própria escolha. A partir de Deus tudo é governado por amor. E a partir do homem?  será que nossa vida é governada por amor e com amor? “Quanto mais cresce teu amor, maior é tua perfeição. A perfeição da alma é o amor (Santo Agostinho: In epist. Joan. 9,2).

P. Vitus Gustama,svd

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