sexta-feira, 24 de julho de 2015

Domingo,26/07/2015
 
PARTILHAR O PÃO PARA LIBERTAR OS OUTROS DA FOME QUE TIRA A VIDA

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO “B”


Observação: A partir deste domingo até alguns domingos posteriores, a liturgia interrompe a sequência da leitura do evangelho de Mc para refletir Jo 6 que contém a multiplicação dos pães e o discurso sobre o Pão da Vida. A razão disto tudo é a brevidade do evangelho de Mc que não chega a preencher todo o ano litúrgico B (Ano de Mc).

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Evangelho: Jo 6,1-15


Naquele tempo, 1 Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4 Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5 Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”. 6 Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7 Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. 8 Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isto para tanta gente?”. 10 Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11 Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12 Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13 Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14 Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15 Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
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O texto, para a terceira leitura deste domingo, é tirado de Jo 6. E por sua vez, Jo 6 faz parte do livro dos sinais (Jo 1,19-12,50).
 

Podemos dividir Jo 6 em algumas partes conforme o seu conteúdo.

·        Jo 6,1-15 fala da multiplicação dos pães(e peixe) que serve de introdução para o Discurso do Pão da Vida (Jo 6,29-59).

·        Jo 6,16-25 relata a caminhada de Jesus sobre o mar (água) com o reencontro de Jesus com a multidão.

·        Jo 6,29-59 fala do discurso sobre o Pão da Vida que é um discurso de auto-revelação de Jesus (“Eu Sou”).

·        E por fim, Jo 6,60-71 fala da reação da multidão e dos discípulos diante do discurso de Jesus. 


Jo 6 tem, então, dois atos: a multiplicação dos pães e a caminhada sobre o mar; e um discurso: sobre o Pão da Vida.


Entre os atos e o discurso há uma espécie de intermédio que pretende centrar a questão sobre o verdadeiro alimento. Para subsistir, é preciso comer. O alimento é experiência de dependência. Alimentar-se significa depender de uma realidade externa de si. Eu sou solidário com o universo, pois eu dependo dele. Sem o universo da qual eu disponho, eu não posso viver. Em outras palavras, eu tenho uma dimensão cósmica dentro de mim. Esta dependência simboliza  a relação da criatura com seu Criador. Eu existo por causa do Criador. Mas esta relação não é simplesmente uma relação por causa da lei da causa- efeito e sim uma relação constitutiva. O homem procura o alimento obedecendo à ordem do Criador (cf. Gn 1,28-29). Em Jo 6, são os discípulos que devem alimentar-se com um pão vindo do céu e viver assim a vida divina, a vida que não conhece o fim (eternidade).


Além disto, há outra espécie que pode unir o capítulo 6 de Jo: a dualidade fé e não–fé que para Jo corresponde vida e morte. A multidão procura Jesus por causa de seus “milagres” (sinais), mas recusa-se a reconhecer em Jesus o Pão descido do céu. Até alguns discípulos, escandalizados com o discurso de Jesus, o abandonam (Jo 6,61.66). Sobre este fundo de incredulidade, porém, brilha a fé de Pedro: “Senhor, a quem iríamos? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68s). A profissão da fé de Pedro é a profissão da fé de todos os homens e mulheres de todos os tempos que têm fé firme em Jesus, o Verbo encarnado do Pai que fez sua tenda no meio de nós (cf. Jo 1,14).


A alimentação da multidão (a multiplicação dos pães) é o único milagre narrado em todos os quatro evangelhos (cf. Lc 9,10-17) e o único narrado duas vezes em Marcos (Mc 6,32-44;8,1-10) e Mateus (Mt 14,13-21;15,29-39). A multiplicação em Jo 6,1-15 é mais próxima do relato da primeira multiplicação de Mc (cf. Mc 6,32-44), pois fala da alimentação de cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes. Apesar disto, Jo tem suas próprias características (Não analisaremos as diferenças. Vamos nos concentrar somente no texto de Jo).
 

O presente relato de Jo quer destacar o conhecimento sobre-humano de Jesus. Jesus aparece aqui como o Senhor. Desaparecem as marcas humanas como compaixão por uma multidão faminta que estava muito tempo sem comer (cf. Mc 6,34). Os sinóticos destacam mais a dimensão humanitária de Jesus do que sua dimensão divina. Toda a situação se desenvolve sob o controle de Jesus: ele sabe perfeitamente o que tem que fazer. Jesus tem a iniciativa em todo momento. Acentua-se a sua preocupação pelo homem para responder às suas necessidades mais profundas. O papel dos discípulos é reduzido.
 

No Evangelho de João, como já sabemos, não se usa o termo milagre mas sinal. O que ele chama de sinais são os gestos de Jesus. São chamados de Sinais porque remetem a algo mais profundo, ao significado. Somos convidados a descobrir o que tem por além de cada gesto de Jesus e de cada personagem.
 

A multiplicação dos pães é o quarto sinal realizado por Jesus. Como sinal precisamos ir além do relato para descobrir seu sentido. Ao descobrir o sentido poderemos tirar mensagens para nos hoje. Por isso, vamos partir dos detalhes.


1. Jesus é a Nova Páscoa


O texto nos diz que a Páscoa, que é a comemoração do êxodo de Israel do Egito, quando Deus alimentou o povo no deserto, estava para acontecer, mas Jesus saiu de Jerusalém “para outro lado do mar da Galileia” para uma região de pagãos, e o povo o seguiu. É chamada aqui “a Páscoa dos judeus” (v.4). É um detalhe importante. Lembremos que todo judeu devia ir a Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa.  Mas lemos no relato que Jesus saiu de Jerusalém.
 

Por que ele saiu de Jerusalém? Porque Jerusalém se tornou lugar em que o povo é oprimido e explorado, se tornou um novo Egito. A Páscoa não é mais uma festa de liberdade e de vida, e sim uma ocasião para oprimir e explorar as pessoas (cf. Jo 2,13-22). Jesus provoca um “novo êxodo ”, como fez Moisés do Egito para a Terra prometida. Mas  o Egito, lugar de opressão,  agora é a Judéia. A Páscoa se torna vazia de sentido primordial. O fato de Jesus retirar-se para o outro lado do lago, em vez de ir para Jerusalém por causa da Páscoa, revela uma ruptura com as tradições dos antepassados que em vez de salvar, oprimem o povo. Jesus se torna, assim, uma nova Páscoa para o povo. Ele veio para libertar definitivamente os homens de todas as explorações e opressões.


Explorar, exprimir (e outros semelhantes ou iguais) são palavras que nunca podem transformar-se em atos para qualquer cristão. Estes verbos podem existir apenas no dicionário, mas jamais podem existir na vida cotidiana de cada cristão. O cristão é chamado e enviado para ser solidário e compassivo para com os necessitados, os sofredores e assim por diante partindo e repartindo o que se tem para com os que não têm nada para viver.


Jesus indica no Evangelho de João a medida do amor solidário: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Com este mandamento Jesus se propõe  a si mesmo como medida, e convida cada cristão a amar como ele amou, até o ponto de entregar ou deixar-se tirar o dom mais precioso: a vida. Os que não são cristãos ou não têm Jesus por modelo herdaram também o Reino praticando a solidariedade com os pobres e oprimidos, pois Jesus se identifica com eles (cf. Mt 25,34-36.40).


2. Jesus é maior que Moisés
 

Jesus sobe à montanha, como Moisés no tempo do êxodo no deserto (cf. Ex 19-20). A palavra “monte” aparece frequentemente na tradição sinótica e se relaciona com acontecimentos importantes (Sermão da Montanha em Mt 5,1; vocação dos doze em Mc 3,13; aparição depois da ressurreição em Mt 26,16). A menção da “montanha” aqui serve para destacar o contraste entre Moisés e Jesus. Moisés subiu e desceu várias vezes. Jesus sobe e senta-se com o povo. Ele é superior a Moisés. É com esse povo que ele celebrará a Páscoa que não tem fim, a festa da vida, a aliança eterna.


3. Jesus alimenta o povo faminto e ensina todos a serem generosos
   

A conversa inicial entre Jesus e Filipe (v.5) lembra a que se passou entre Javé e Moisés, antes que Javé multiplicasse a carne que o povo pediu (cf. Nm 11,21-23). No tempo de deserto, o povo de Deus passou fome. Não só a carne, mas Deus também mandou o maná para o povo faminto (cf. Ex 16). Também neste quarto sinal realizado por Jesus a questão da sobrevivência aparece imediatamente. É preciso notar que Jesus se antecipa mais no relato de Jo do que nos sinóticos: o próprio Jesus dirige o diálogo inicial (vv.5-10) e distribui o pão (v.11); enquanto que nos sinóticos são os discípulos que tomam a iniciativa para lembrar Jesus de cuidar da multidão. Em Jo Jesus toma a iniciativa, pois se preocupa com a multidão e sabe o que vai fazer. Portanto, trata-se realmente de um relato que tem por objetivo revelar a pessoa de Jesus. Por isso também, a refeição proposta por Jesus tem por objetivo conduzir os discípulos até o mistério da pessoa de Jesus.
 

Jesus viu a multidão e disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para eles comerem?”. Segundo o texto Jesus interpela Filipe apenas para testar sua fé, pois Jesus sabe muito bem o que fazer. Além disto, através desta pergunta o texto quer nos dizer que a primeira preocupação de Jesus é com a sobrevivência do povo. Jesus provoca seus seguidores, representado por Filipe sobre como resolver a questão da fome do povo. Para Filipe a fome do povo não tem solução: “Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um recebesse um pedaço” (um denário era a diária de um lavrador: Mt 20,2; isto quer dizer que 200 dias de trabalho não seriam suficientes para alimentar tanta gente).
 

Surge André, o irmão de Pedro com uma solução: “Aqui há um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes”. Ele representa a nova proposta diante da fome do povo. Pão de cevada e peixe eram a comida dos pobres (arroz e feijão para nós hoje). Os ricos comiam o pão de trigo. O menino e os pães cevadas lembram o profeta do pão, Eliseu, no AT (2Rs 4,42-44), que tinha por assistente o rapaz Giezi e permitiu a uma tropa de cem homens famintos saciar-se com uns vinte pãezinhos de cevada. Mas Jesus é maior que o profeta Eliseu. O menino neste relato tem generosidade de entregar seu pão e peixe. Ele não retém para si seu alimento nem pergunta de que ele se alimentará. O menino recorda, por isso, os pequenos que estão dispostos a servir e a partilhar os bens da vida, sem submetê-los à ganância.


A generosidade é um sinal de gratidão pelos benefícios recebidos de Deus e, ao mesmo tempo, manifesta a liberdade interior. O generoso não só dá as coisas para os necessitados, mas dá-se a si próprio por amor de Deus e do próximo, graças à sua liberdade interior. Por isso, a generosidade que se concretiza na partilha e na solidariedade não empobrece, mas é geradora de vida e de vida em abundância. A generosidade é a manifestação da riqueza interior.
  

Jesus entra em ação e manda os discípulos acomodar/sentar as 5 mil pessoas na grama daquele lugar deserto. Naquele tempo somente as pessoas livres é que se sentavam para tomar refeição. O gesto de sentar, portanto, funciona como tomada de consciência da própria dignidade e liberdade. Já vimos que o Templo de Jerusalém era chamado simplesmente de “o lugar”. O novo Templo em que Deus se encontra com a humanidade é lá onde acontecem a partilha dos bens da vida e a fruição da dignidade e da liberdade humanas. Jesus e o povo livre são o novo Templo. E isso vale para todos.
   

Jesus pega o pão do povo (pão de cevada) e faz a oração de agradecimento. O fato de que o pão abençoado por Jesus seja um pão de cevada, o pão dos pobres (detalhe que somente se encontra em Jo), reforça a ideia de que o banquete oferecido por Jesus satisfaz plenamente os “pobres de Javé” (os que confiam plenamente em Deus) com a plenitude do banquete messiânico. A refeição aponta para a refeição escatológica. Este elemento escatológico permite a Jo voltar, no discurso subsequente, às ideias de pão da vida e de pão da imortalidade.
 

Aqui ele não agradece ao menino que ofereceu os pães e sim a Deus. Esse detalhe é importante, pois Jesus coloca os bens que sustentam a vida dentro do projeto de Deus. Dando graças a Deus, Jesus está tirando os bens da vida das garras da ganância e do acúmulo para colocá-los no âmbito da partilha e da gratuidade. Dar graças a Deus significa reconhecer que algo que se possui é dom recebido de Deus; é reconhecer sua origem última em Deus. Ao partilhar o pouco ou muito que temos, nós, na verdade, estamos multiplicando o ato do Criador: dar-se pelo bem da humanidade. Ao partilhar o que temos, estamos, na verdade, prolongando a generosidade do Deus- Criador que criou tudo de graça para o ser humano. A proposta de Jesus, portanto, traz uma nova visão da economia: os bens que garantem e sustentam a vida não podem ser submetidos à ganância, pois Deus os destina a todos. A ganância é a vida sem coração. O ganancioso perde sua liberdade diante das coisas, pois as coisas o possuem ou mandam nele. Podemos ter as coisas, mas elas nunca podem nos possuir. Somos chamados a ser livres em Cristo.
 

Disso tudo aprendemos que se os bens da vida forem partilhados entre todos, todos ficarão satisfeitos e ainda sobrará muita coisa. Quando a vida é partilhada, todos a possuem plenamente, e ela transborda para todos. Deus pode multiplicar o pouco ou muito que temos, a partir daquilo que somos e temos, contudo que o ponhamos à sua disposição. Quando Deus e o homem colaboram numa obra salvífica, as forças de ambos não se somam mas se multiplicam. Aí está o milagre.
 

Outro detalhe que não se encontra nos sinóticos é que o próprio Jesus quem distribui os pães (e peixes) depois que foram abençoados. Isto quer dizer que este relato quer preparar os leitores e logo quer revelar-lhes que Jesus é o Pão da Vida. O discurso posterior retomará esta perspectiva onde Jesus se revelará como “Eu Sou”(Jo 6,35.48-50.51). E Jesus distribui os pães e peixes “quanto queriam”(v.11). Isto quer dizer que quando o Senhor dá, ele não é mesquinho; ele dá  abundantemente.


4. Somos chamados a partilhar o que temos para os outros
   

Jesus manda recolher os pães que sobraram. Quando o Senhor supre as necessidades do seu povo, há sempre abundância, mas não desperdício, pois desperdiçar alimento que não necessitamos, quando tantas pessoas vivem na miséria, é um insulto ao Doador divino. Além disto, o relato quer nos dizer que não importa com que abundância o Senhor distribui sua graça, ele sempre tem o suficiente para dar mais. O Senhor nunca fica mais pobre por sua generosidade. Como diz o Provérbio: ”Há quem seja pródigo (generoso) e aumenta sua riqueza, e há quem guarde sem medida e se empobrece” (Pr 11,23).Tudo isto quer nos dizer que o amor é sempre abundante. O amor dado e partilhado sempre multiplica seu número. Enquanto as coisas materiais vão diminuir sua quantidade toda vez que elas são divididas. O que Jesus quer dizer com isso é que sua comunidade não pode acumular, pois isso gera ganância. E o que é acumulado por alguns falta aos outros. E acaba criando a pobreza. Deus nunca deixa faltar o trigo para ter o pão na mesa de todos. Mas o homem produz a ganância que deixa faltar o pão na mesa da maioria dos homens.
  

Os pães que sobraram encheram doze cestos. Convém recordar o relato de Eliseu: “Assim falou Javé: ‘comerão e ainda sobrará’...Eles comeram e ainda sobrou, segundo a palavra de Javé” (2Rs 4,43s). O que sobrou: doze cestos cheios. Doze é o número das tribos do antigo povo de Israel e também dos doze apóstolos que representam o novo povo de Deus: a Igreja. A abundância dos pães que sobraram quer enfatizar o aspecto escatológico desta refeição. Isto quer dizer que o Senhor não somente suprir as necessidades destas “ovelhas perdidas da casa de Israel”, mas tem o suficiente para todos os povos (12= perfeição).


O Evangelho diz que Jesus se retira, pois a multidão queria fazê-lo rei. Mas Jesus negou ser rei que a multidão esperava. Antecipa-se, aqui, a afirmação que o próprio Jesus dirá para Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”(Jo 18,36). Jesus como o enviado do Pai não tem pretensões políticas.


Na verdade, Jesus se retira para deixar seu gesto de amor compartilhado. Jesus saciou concretamente o povo faminto a partir de uma realidade terrestre. O pão que ele fornece não é somente o símbolo do pão sobrenatural: não é possível revelar o pão da vida eterna sem se engajar verdadeiramente nas tarefas da solidariedade humana. Os pobres e os miseráveis são o teste por excelência da qualidade de nossa caridade. Fica o gesto de amor de Jesus no ato de compartilhar o pão, e a nossa tarefa de continuar esse gesto ao longo da História, com todo os homens.


Na eucaristia distribui-se o pão da vida eterna em abundância. Mas somente existe verdadeira recepção desse pão da vida no despojamento e numa disponibilidade absoluta, que faz de cada participante um irmão e uma irmã do próximo, especialmente dos necessitados. Portanto, devemos nos perguntar: nós, cristãos, estamos dispostos a isso deste mundo desgarrado? Os que têm, por pouco que seja, estão dispostos a compartilhar? É pouco, na verdade, mas é preciso saber dar a partir da nossa pobreza. Compartilhar o pão é palavra de vida. O Senhor pega o pouco alimento que tinha, dá graças e o reparte. Não se diz que multiplica; contudo, dá para todos, o amor que anima  o gesto não tem limite. Somos seguidores dele. O gesto dele deve ser também o nosso gesto. Os seguidores de Cristo não podem partir em comunhão o pão eucarístico se não estiverem dispostos a partilhar com os irmãos também o pão material.

P. Vitus Gustama,svd

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