segunda-feira, 14 de setembro de 2015

19/09/2015
 SER TERRA FÉRTIL PARA A SEMENTE DA PALAVRA DIVINA

Sábado da XXIV Semana Comum

Evangelho: Lc 8,4-15

Naquele tempo, 4 reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5 “O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu a beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6 Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8 Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”. 9 Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. Jesus respondeu: 10 “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam”. 11 A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12 Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem. 13 Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação, voltam atrás. 14 Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15 E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.
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O semeador saiu para semear a sua semente...”. O primeiro pensamento que devemos levar em conta é que “Semente” é um pedacinho da vida do semeador. Na semente de trigo (ou de milho) se esconde algo para manter sua vida. Vendo a vida na semente, o semeador saiu com entusiasmo para botar as sementes na terra a fim de produzirem várias sementes que juntas podem se transformar em alimento para a vida de uma família. O pão que comemos cada dia, o arroz que consumimos diariamente é o fruto do trabalho desse semeador. Para as sementes de trigo se tornarem um pão ou as sementes de arroz se tornarem um prato de comida, há um elo interminável: quem planta, quem capina, quem colhe, quem transporta, quem descasca, quem assa, quem cozinha, quem ganha mais, quem ganha menos, quem é explorado, quem é roubado, quem é favorecido... tudo se encontra num pão ou num prato de comida. Há tanta gente que podemos ver sua presença num prato de comida ou num pedaço de pão. Que atitude temos que adotar diante de um pedaço de pão na nossa mesa ou de um prato de comida?


Outro pensamento que precisamos levar em conta é que a parábola da semente, que cai em terras férteis, áridas, entre espinhos, à beira do caminho, na verdade, não precisa de muito comentário, pois é conhecida por todos e por todos é valorizada como expressão daquilo que deve ser nossa resposta à graça de Deus, à Palavra de Deus, à fé, dando frutos de boas obras.


Acreditamos que a Palavra de Deus é poderosa, tem força interior e força transformadora para a vida de qualquer ser humano. Porém, seu fruto depende também de nós, porque Deus respeita nossa liberdade, não atua violentando vontades e queimando etapas. Em outras palavras, para que a Palavra de Deus possa produzir bons frutos deve formar uma comunhão de vida com os homens, como as sementes devem estar dentro da própria terra para dela saírem novas sementes.  Os homens são simultaneamente o campo no qual se semeia e a semente, que deve germinar. A Palavra de Deus se une aos homens, transforma-o inteiramente e  amolda-o novamente.   Quando a Palavra de Deus se torna carne e sangue no homem, então urge no próprio homem de anunciar a Palavra de Deus para outras pessoas, pois “Como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas?” (Rm 10,14-15). Acolher a Palavra de Deus com um coração nobre e generoso e perseverar na sua meditação e em sua obediência resulta na transformação total da vida de quem a acolhe. Por isso, essa parábola somente requer uma leitura meditativa de nossa parte.


Façamos, então, as seguintes perguntas:


1.   Será que sou caminho trilhado por todo tipo de tentações, coração que pisoteia nobres sentimentos de amor, de justiça, de paz, de solidariedade, de oblação pelos demais?

2.   Será que sou uma vida complicada e amarga, indiferente, egoísta, que não retém sentimentos de piedade, compaixão e altruísmo?

3.   Será que sou uma pessoa enredada ou entrelaçada na mata brava cheia de ervas nocivas e espinhosas que não quer abrir mão dos interesses mesquinhos que me tornam sem liberdade e leveza na minha convivência com os demais?

4.   Quanto tenho na minha alma de “terra fecunda”, com fome de Deus, sede de justiça e de retidão, de respeito mútuo, de espírito de serviço para o bem de todos?


Façamos frutificar a semente da verdade e do amor e teremos uma vida cheia de felicidade e faremos os outros felizes e anteciparemos a vida eterna já aqui na terra, pois a felicidade é o projeto de Jesus para todos nós (cf. Mt 5,1-12); Jo 10,10). Que nosso coração seja uma terra fecunda regada pelo Espírito de Deus para purificá-lo de todos os males que nele fazem seu ninho. Assim seremos úteis para Deus porque somos úteis para os outros.


Para que a Palavra de Deus possa se desenvolver em cada pessoa é preciso ter o coração lindo e bom. “Coração lindo e bom” é uma alusão ao ideal grego de vida honesta (kalokagathia) no sentido da beleza moral e bondade. Quem é honesta sempre se submete à vontade de Deus. E somente naquele que tem a índole bondosa a Palavra de Deus atua frutiferamente.


Cada Palavra de Deus que lemos e escutamos todos os dias ou no mínimo aos domingos é uma semente plantada por Deus no coração de cada um de nós. E Deus espera os frutos dessa semente. Os frutos dependem de tipo de coração que cada um tem: pode ser um coração duro como pedra que nele não pode esperar nada de bom; pode ser um coração cheio de espinhos que fere e machuca os demais; pode ser um coração como estrada onde nada se cresce, pois os pés e outros veículos pisam sobre ele permanentemente; mas pode ser um coração fértil que dele só saem coisas boas para o bem de todos. Afinal, que tipo de coração você tem?


·        “Deus não condena quem não pode fazer o que quer, mas quem não quer fazer o que pode” (Santo Agostinho. Serm. 54,2).

·        “A Palavra de Deus se converte em teu inimigo quando tu és amigo da perversidade” (Santo Agostinho. In ps. 35,1)

P. Vitus Gustama,svd

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