quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


NOSSA SENHORA DE GUADALUPE


 PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA


12 de Dezembro


Primeira Leitura: Gl 4,4-7


Irmãos, 4quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! 7Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.


Evangelho: Lc 1,39-47


39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
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No dia 12 de dezembro celebramos a festa de Nossa Senhora de Guadalupe.


A história do surgimento desta festa foi contada da seguinte maneira. O índio Juan Diego, cujo nome asteca era Cuauhtlatohayc, nasceu em 1471, perto da cidade do México, na aldeia de Cautitlán, pertencente aos índios Mazehuales.  Era então Arcebispo da cidade do México, Dom Juan de Zumárraga, franciscano basco. Era o segundo bispo da Nova Espanha.


Conforme a lenda e tradição, no Sábado, 9 de dezembro de 1531, pelas seis horas da manhã, quando o índio Juan Diego se dirigia de sua aldeia para a de Tolpetlac para assistir uma função religiosa na missão franciscana de Tratetolco, ao chegar ao monte Tepeyac, às margens do lago Texcoco, viu uma jovem de uns 15 anos, que lhe ordenou ir falar com o Bispo a fim de pedir-lhe que construísse um templo no vale próximo.


No mesmo dia a tarde por volta das 17:00 horas, Juan Diego vê novamente a jovem, e lhe relata a incredulidade do bispo e pede que escolha outro mensageiro. Porém a jovem insiste em sua missão de ir ter novamente com o bispo e pedir a construção do templo.

No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego, não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.


Na madrugada do dia 12 de dezembro, terça-feira, devido a gravidade da doença de seu tio, Juan Diego sai de sua aldeia para buscar um sacerdote, e rodeia o monte para não encontrar a virgem. Mesmo assim ela lhe "aparece" e fala que seu tio ficará curado, e pede que vá ao monte buscar rosas que seria o sinal. Ao seu regresso, a virgem diz: Estas diferentes flores são a prova, o sinal que levarás ao bispo.Diga-lhe que veja nelas meu desejo, e com isso, execute minha vontade.


Ao mesmo tempo que Juan Diego encontra a jovem, ela "aparece" também a seu tio doente e cura instantaneamente suas enfermidades e manifesta seu nome: "Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe".

No dia 12 de dezembro, após a quarta "aparição", Juan Diego leva em seu poncho, como prova, rosas frescas de Toledo (e isto em pleno inverno mexicano). Já na casa do bispo, por volta do meio dia, na hora que abriu o poncho (ayate) onde estavam embrulhadas as flores, estava estampada a imagem de Nossa Senhora: "A Virgem de Tequatlaxopeuh". A mesma que hoje se venera na Basílica de Guadalupe, México. A imagem estampada é de 143 cm de altura. Durante 116 anos, de 1531 a 1647, a pintura esteve desprotegida e exibida em várias procissões solenes. A pintura resistiu à umidade e ao salitre, muito abundante e muito corrosivo naquela região, antes de ter sido secado o lago Texcoco. O tecido da tela é de tão má qualidade que deveria ter se desintegrado em questão de 20 anos, mas resistiu até hoje. A veneração popular levou piedosos e doentes a que beijassem as mãos e a face da pintura ou que fosse tocada com objetos cujo material deveria ter deteriorado ou destruído o tecido e a pintura. Só Deus pode explicar a razão de tudo isso. Somos capazes de dizer é um milagre.
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O texto do evangelho lido neste dia nos fala que Maria atravessando Palestina de norte a sul com o Filho de Deus em suas entranhas, e chegando à casa de Zacarias e provocando ali cenas de entusiasmo é uma imagem muito sugestiva. Ao dizer sim, Maria aceitou ser fecundada pelo Espírito de Deus (cf. Lc 1,38). Por isso, Maria é portadora da salvação e é fonte de alegria por causa do Senhor que habita no seu coração.


O sim de Maria para a entrada de Deus na sua vida é radical. Quanto maior for a radicalidade de nosso sim a Deus, maior será nossa fecundidade e numerosos terão filhos espirituais. Eu sou chamado a ser “Pai” para ter “filhos espirituais” que salvam o mundo.


Além disso, para que sejamos fonte de alegria para os outros temos que dizer sim ao plano de Deus e deixar que o Espírito de Deus nos fecunde. Para que nossa presença se torne uma presença alegre temos que deixar Jesus ocupar nosso coração, como Maria que se deixa para que seu ventre seja habitado pelo Salvador do mundo, Jesus Cristo.


Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou” na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao menino. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo. Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do Espírito Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel glorifique a Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma espécie de “pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também paz, alegria e vida divina.


A Mãe de Senhor que leva Jesus em seu seio é a causa de alegria. Ou podemos dizer de outra maneira: o Senhor no seio de Maria “empurra” Maria ao encontro dos outros. Quando estivermos cheios de Jesus Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas na convivência.


A mulher de fé, Isabel, felicita Maria porque crê e Maria responde com uma nova e solene afirmação de fé, proclamada em forma de hino de alegria: o Magnificat. Podemos nos perguntar se nossa fé fica longe da fé de Maria tanto em consistência como em conteúdo. Isabel felicita Maria porque crê que Deus é capaz de atuar e salvar ainda que possa parecer impossível (cf. Lc 1,37). Temos esta fé que Isabel felicita? Somos capazes de acreditar em Deus até nas coisas impossíveis?


Pela fé, que se traduz na vivência do amor fraterno, é que entramos em comunhão com Jesus e com seu Pai que o enviou para nos salvar (cf. Jo 14,23-24). A fé, como foi dito, é o reconhecimento do próprio desamparo, de um lado e a aceitação do poder salvador de Deus na nossa vida, do outro lado.


O canto de Maria, o Magnificat, é algo mais que uma proclamação social. Ele nos revela que somente Deus é a riqueza verdadeira. Por isso, quem se encontra cheio de si e de suas coisas, na verdade está vazio do essencial. Somente abrindo-se à profundidade de Deus e de seu amor, ao receber a graça do perdão e ao estendê-lo para os outros, o homem chegará a converter-se verdadeiramente em rico. O exemplo máximo é a figura de Maria.
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PURIFICAR MINHA RELAÇÃO COM DEUS E COM O PRÓXIMO

Sábado da II Semana do Advento

Evangelho: Mt 17,10-13

Ao descerem do monte, 10 os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11 Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12 Ora, eu vos digo: Elias veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13 Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista (Mt 17,10-13).
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Depois da transfiguração (Mt 17,1-8), Jesus desce do monte, mas continua conversando com seus discípulos. Um dos assuntos dessa conversa é sobre o profeta Elias bem conhecido entre o Povo eleito e bem admirado pela sua luta contra a corrupção social, principalmente, pela sua luta para defender o monoteísmo contra qualquer tipo de idolatria e o panteísmo. O povo eleito considera Elias como um profeta cuja palavra é semelhante ao fogo. Porém não para queimar ou aniquilar e sim para purificar o Povo de Deus, pois a palavra que ele anuncia é a Palavra de Deus. E a força da Palavra de Deus nunca é devastadora, pois ela tem uma função de purificar e de transformar qualquer pecador em filho de Deus novamente. A Palavra de Deus ilumina qualquer mente escura para voltar a enxergar a beleza da vida: “Tua palavra (Senhor) é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 118,105).

Entre os rabinos e os escribasdiscussões sobre o regresso do profeta Elias antes do juízo. A discussão se baseia na profecia do profeta Malaquias: “Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que eu não venha ferir a terra com anátema” (Ml 3,23-24). Para recusar a messianidade de Jesus, os escribas diziam que Elias não tinha vindo ainda. Dentro desta afirmação percebemos a objeção da cristã em suas primeiras discussões na Igreja primitiva.

Jesus aceita a tese da volta do profeta Elias, porém nega qualquer visão de fantasia bem difundida entre o povo sobre essa volta. Em vez disso, Jesus convida seus discípulos a discernirem o plano de Deus que está se manifestando diante de seus olhos. “Elias vem e colocará tudo em ordem... Elias veio, mas eles não o reconheceram”, afirma Jesus. Na primeira afirmação Jesus usa o vervir” no presente no sentido de que é verdade que Elias precederá ao Messias. Na apocalíptica judaica, Elias devia vir parapor tudo em ordemem Israel para que a vinda do Messias tivesse lugar em meio da alegria de um povo purificado. A figura de Elias se encaixa perfeitamente na missão de João Batista como o Precursor do Messias.

Para levar os discípulos à urgência de conversão, Jesus identifica, então, expressamente o profeta Elias com João Batista, o ultimo grande profeta do Antigo Testamento. Os discípulos compreendem, naquele momento, essa identificação: “Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista (Mt 17,13). Porém, mais tarde eles vão cair novamente na incompreensão e incredulidade (cf. Mt 15,20).

João Batista é uma das figuras mais marcantes e predominam durante o Advento, na preparação a vinda do Deus encarnado. Em analogia com a missão do profeta Elias, João Batista quer enfatizar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, minha relação com Deus. Eu preciso voltar para Deus que me ama por mim mesmo incondicionalmente, pois Deus em si mesmo é perfeito. Sou eu que preciso aproximar-me de Deus para que eu seja um reflexo do amor de Deus para o próximo. Meu encontro com Deus é sempre um encontro de dois amores: o amor eterno de Deus por mim e meu amor por Deus (voltei a amar o Amor eterno para que eu seja eterno). Meu amor para Deus é muito mais para mim mesmo do que para Deus que é o próprio Amor (cf. 1Jo 4,8.16). Amando eu me tornarei amoroso e amável.

Mas não basta ter boa relação com Deus. Por isso, João Batista me convida para que sane minhas relações com os outros homens, com meu próximo. Trata-se da minha relação com os outros, pois próximo é a passagem obrigatória ao encontro de Deus. Diante da divisão e do ódio eu preciso me regenerar no amor e na unidade. Diante da exclusão eu preciso reafirmar a comunhão, a participação, a fraternidade e a solidariedade. Diante da irresponsabilidade culpável, eu preciso viver e proclamar a verdade da responsabilidade ao viver de acordo com os valores. Diante da violência e da discórdia eu preciso me reconciliar e me renovar na paz comigo mesmo, com Deus e com o próximo. Diante da escravidão do pecado eu preciso apostar firmemente na liberdade de filhos de Deus.

Por isso, um dos grandes ministérios que nos é recomendado em qualquer comunidade cristã, especialmente no tempo forte liturgicamente é o ministério de reconciliação. Esta é uma das mais importantes tarefas e um dos melhores testemunhos que podemos ou possamos dar para o nosso mundo (comunidade, grupo, pastoral, movimento etc.) tão dividido pelo egoísmo, pelo ódio, pela injustiça, pela violência e pela guerra. A própria experiência humana, do ponto de vista antropológico, reclama reconciliação. Por isso, a reconciliação não deixa de ser também uma necessidade antropológica. Reconhecemos que não é fácil perdoar como ser perdoado, pois a reconciliação exige uma mudança no ofensor e no ofendido simultaneamente. O ofensor não fica perdoado porque o ofendido esquece a ofensa recebida e sim porque ambos se reencontram no amor.

Neste sentido, eu preciso deixar-me interpelar por João Batista cuja voz queima as impurezas em mim. João Batista é, como o profeta Elias, fogo irresistível, profeta cuja palavra ilumina meu caminho e o da minha comunidade. Além disso, eu preciso estar consciente de que como Elias e João Batista foram perseguidos pelos poderosos e não compreendidos pelos seus contemporâneos, eu posso ter a mesma sorte. Mas ao mesmo tempo, apesar de tantas oposições e obstáculos, a Palavra de Deus sairá vitoriosa. Por isso, viver sem confiar na Palavra de Deus deve ser impossível.  A Palavra de Deus será plena em nós quando estivermos plenamente na Palavra de Deus” (Santo Agostinho. Serm. 1, 133).

P. Vitus Gustama,svd








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