sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

15/01/2016
RECONCILIAÇAO COM DEUS  E COM O PRÓXIMO FAZ O CÉU ABERTO

Sexta-Feira da I Semana do Tempo Comum
Festa de Santo Arnaldo Janssen, Fundador da SVD e SSpS


Primeira Leitura: 1Sm 8,4-7.10-22a

Naqueles dias, 4 todos os anciãos de Israel se reuniram, foram procurar Samuel em Ramá, 5 e disseram-lhe: “Olha, tu estás velho, e teus filhos não seguem os teus caminhos. Por isso, estabelece sobre nós um rei, para que exerça a justiça entre nós, como se faz em todos os povos”. 6 Samuel não gostou, quando lhe disseram: “Dá-nos um rei, para que nos julgue”. E invocou o Senhor. 7 O Senhor disse a Samuel: “Atende a tudo o que o povo te diz. Porque não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que eu não reine mais sobre eles”. 10 Samuel transmitiu todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedira um rei 11 e disse: “Estes serão os direitos do rei que reinará sobre vós: Tomará vossos filhos e os encarregará dos seus carros de guerra e dos seus cavalos e os fará correr à frente do seu carro. 12 Fará deles chefes de mil, e de cinqüenta homens, e os empregará em suas lavouras e em suas colheitas, na fabricação de suas armas e de seus carros. 13 Fará de vossas filhas suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14 Tirará os vossos melhores campos, vinhas e olivais e os dará aos seus funcionários. 15 Das vossas colheitas e das vossas vinhas ele cobrará o dízimo, e o destinará aos seus eunucos e aos seus criados. 16 Tomará também vossos servos e servas, vossos melhores bois e jumentos, e os fará trabalhar para ele. 17 Exigirá o dízimo de vossos rebanhos, e vós sereis seus escravos. 18 Naquele dia, clamareis ao Senhor por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá”. 19 Porém, o povo não quis dar ouvidos às razões de Samuel, e disse: “Não importa! Queremos um rei, 20 pois queremos ser como todas as outras nações. O nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras”. 21 Samuel ouviu todas as palavras do povo e repetiu-as aos ouvidos do Senhor. 22ª Mas o Senhor disse-lhe: “Faze-lhes a vontade, e dá-lhes um rei”.

Evangelho: Mc 2,1-12

1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2 E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3 Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5 Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. 6 Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7 “Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus”. 8 Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? 9 O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? 10 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, — disse ele ao paralítico: 11 eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim”.
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Sabemos que o evangelho de Marcos foi escrito para responder a esta pergunta: “Quem é Jesus?”.

O evangelho de hoje nos leva a um passo adiante no conhecimento de Jesus. Aqui não se fala somente de Jesus que ensina e cura; não se apresenta somente como o portador de um bem-estar. Sua ação vai em profundidade. Jesus rompe a barreira que havia entre o homem e Deus, entre o Santo Deus e o homem realmente impuro por ser pecador. Com o perdão de Deus, Jesus une novamente a terra e o céu. Com a reconciliação com Deus e o próximo o homem tem novamente acesso para o céu, pois a reconciliação é um encontro de amor: O homem volta a amar Deus e os homens entre si.

Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: ‘Filho, os teus pecados estão perdoados’”. Jesus é uma pessoa que sabe se maravilhar, que descobre o essencial numa alma, além das aparências. No coração destes homens, Jesus contempla sua fé.

Filho, os teus pecados estão perdoados”. As palavras sobre o perdão dos pecados nos chegam completamente de improviso, pois o que é mais lógico seria que Jesus concedesse a saúde para o paralítico.  Mas para Jesus, não pode ter cura ou salvação radical do homem sem este perdão. Apesar de que Jesus não acredita que o pecado seja sempre a causa dos males dos homens (cf. Jo 9,2-3). Mas é possível que neste caso atribuía ao pecado a situação do paralítico. Em todo caso, é o homem inteiro quem fica curado e salvo. Quando os quatro homens apresentaram a Jesus o paralítico para ser curado, Jesus percebe que aquele homem não é somente um paralitico e sim que tem um mal bastante grave: ele está em pecado e o pecado fecha o céu.

A cura do paralitico é, por isso, uma válida síntese da Palavra proclamada por Jesus Cristo. O Reino de Deus se aproxima porque Deus decidiu oferecer seu perdão, por amor, aos homens: “Filho, os teus pecados estão perdoados!”. Ele chama o paralitico de: “filho”. Jesus, o Deus-Conosco, se faz voz do Pai que está no céu ao dizer: “filho”. Jesus é o Pai encarnado, o Emanuel, o Deus-Conosco (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20). E acrescenta: “Os teus pecados estão perdoados”. Ele não diz: “Eu te perdôo” e sim “os teus pecados estão perdoados”, isto é, perdoado por Deus. Jesus transmite o perdão de Deus ao paralítico como o profeta Natã para o rei Davi depois que ele pecou (cf. 2Sam 12,1-13). Natã não perdoa o pecado de Davi, e sim transmite o perdão de Deus e Natã garante esse perdão. Jesus age em nome de Deus: “O Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho” (Jo 5,22). Se todo poder de julgar é dado para Jesus, logo ele também pode perdoar os pecados.

Disposto a demonstrar a força salvadora do “Evangelho do Reino de Deus”, Jesus começa a comunicar ao paralítico a Boa Notícia da reconciliação com Deus. Nãonotícia que seja melhor do que a notícia da reconciliação com Deus. Fora da reconciliação com Deus que se expressa na reconciliação com o próximo não há salvação. Onde há amor, há também a reconciliação. Cada reconciliação feita é o céu que se abre e que se ganha. O céu ficará aberto, toda vez que procurarmos a reconciliação com Deus e com o próximo simultaneamente, como rezamos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12).

Os escribas não estão de acordo: somente Deus poderia comunicar este gozoso anúncio do perdão dos pecados, segundo eles. Também segundo os hebreus, perdoar os pecados não era uma tarefa do Messias. Jesus, pelo contrario, se comporta de fato como se estivesse no lugar de Deus. Neste caso, Jesus chama a si mesmo de “Filho do Homem”, para evitar o conceito tradicionalmente vinculado à expressãoMessias”. Aos poucos Jesus vai se revelando como Messias, Filho de Deus, como Mc colocou logo no inicio de seu evangelho: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Mc vai colocar o título de “Filho de Deusbem no final do seu evangelho na boca de um centurião: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15,39), no momento em que Jesus morreu na cruz. A cruz que salva faz o centurião enxergar a salvação oferecida por Deus.

Com a discussão de hoje Mc dá inicio a uma série de cinco discussões entre Jesus e os escribas. Todas elas têm um denominador comum: Jesus questiona os pressupostos religiosos de uns homens profunda e honestamente religiosos. A de hoje questiona uma imagem sentida e familiar de Deus: um Deus que tira o mal de pessoas. Os escribas vivem discutindo o que pode e o que não pode. Jesus, ao contráriopassa a vida fazendo o bem” (At 10,38), mostrando para nós um Deus misericordioso que é Pai de todos e que se preocupa com a salvação de seus filhos, todos nós.

Jesus foi sempre experimentado pelos primeiros cristãos como alguém que lhes questionava e quebrava as imagens religiosas mais profundamente sentidas. O Livro dos Atos é o melhor documento desta dinâmica que fala com profundidade uma religiosidade rígida e intolerante dos contemporâneos dos apóstolos. “Zelo” é o termo técnico em Paulo e em Atos para designar a rigidez e a intolerância religiosas.

Diante deste texto cada um, se for honesto, tem que se perguntar se em seus encontros com Jesus sente que sua imagem de Deus fica questionada.

Ao contrário dos letrados, a do povo e sua confiança no poder de Jesus continuam crescendo. Boa prova disto é o esforço que os quatro homens fazem para alcançar Jesus. Ao encontrar a porta fechada pela multidão que se aglomera diante dela, em vez de ficar desesperados e paralisados, os quatro homens sobem para o teto da casa para que o paralítico possa encontrar-se com Jesus. E Jesus valoriza a desses homens e do enfermo a quem lhe dá o perdão e são compensados pela cura do paralítico. Jesus não se contenta com o perdoar os pecados e sim que tenhamos consciência de que o perdão é real e cura também as enfermidades físicas. Ele salva o homem totalmente. Jesus é o Deus que o pecado, mas não condena ou não julga o pecador, mas o perdoa.

Creio que, a exemplo do paralitico, muitas coisas não funcionam na nossa vida porque não estamos em bom relacionamento com nosso Pai do céu. Este mau relacionamento com o céu faz com que nos tornemos paralíticos e paralisemos o crescimento de nossa vida. É preciso nos aproximarmos de Jesus para que ele abra novamente o céu fechado com seu perdão para que possamos voltar a viver na felicidade caminhando com nossas próprias pernas.

Além disso, aquele que não quer perdoar vive atacando o outro e é vítima de um ressentimento. E o ressentimento rouba sua alegria de viver. Para voltar a viver com alegria e dignidadeque se perdoar e perdoar o outro. O perdão é a expressão máxima do amor e o amor é que faz alguém viver na paz e na alegria. Somente aquele que está unido profundamente com Cristo é capaz de perdoar. Por isso, devemos nos perguntar se estamos unidos com Cristo ou não. A prova disso é a capacidade de amar e de perdoar e de se perdoar. Perdoamos para o nosso próprio bem e o bem do próximo. Quando eu decido perdoar é porque quero sair da prisão do ressentimento para me tornar uma pessoa livre dos sentimentos negativos que me causam paralisia para uma vida de qualidade.Você quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Você quer ser feliz para sempre? Perdoe” (Tertuliano). O perdão refaz as pontes, encurta as distâncias e desarma os espíritos. Quando a pessoa não perdoar, ela se torna refém do próprio ódio ou rancor, e conseqüentemente perde a liberdade e perturba a convivência.
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SANTO ARNALDO JANSSEN

O VERBO DIVINO: SUA VIDA É A NOSSA VIDA, SUA MISSÃO É A NOSSA MISSÃO

            
Não há amor que seja maior do que o amor que Deus tem por nós, porque ele entregou seu Filho único à morte por amor, para que sejamos salvos (Jo 3,16). O Verbo se fez homem em Jesus de Nazaré (Jo 1,14) para revelar o nome do Pai e anunciar o Reino do seu amor. Cristo continua a sua missão através dos seus seguidores: levar a todos a confortadora mensagem e o amor do Pai que nos liberta e congrega.  Conseqüentemente, a vocação fundamental de todo homem é abrir-se ao chamado gratuito do Amor de Deus, um amor que humaniza, personaliza e diviniza o homem. Se Deus é amor (1Jo 4,8.16), então a única coisa que pode humanizar e divinizar o homem é viver e conviver, trabalhar e ajudar com amor e por amor. ”Quem ama a Deus, confia Nele; quem não confia Nele, não O ama” (Santo Arnaldo Janssen). 
            
Santo Arnaldo Janssen, respondendo ao apelo do Espírito Santo e às necessidades dos povos, fundou a Congregação do Verbo Divino (SVD) e as duas congregaçoes feminas (SSpS e SSpS da Adoração Perpétua).

Estas são as características do fundador, Arnaldo Janssen: busca incansável da Vontade de Deus; profunda vida de oração: suas decisões eram fruto de oração sincera e genuína, que sustentava sua perseverança e tenacidade em segui-las; vida de fé e união com Deus: por meio destas, ele via o mundo; capacidade de perceber as necessidades do futuro da Igreja; visão do mundo além dos limites da província geográfica: ele provou estar bem além do seu tempo; sinceridade nas suas observações: ele insistia com seus colaboradores para serem dignos de confiança, co-responsáveis; caridade e humildade: quando criticado e combatido, ficava calado em vez de contestar a seus rivais; amor à verdade: ele era correto em todas as suas palavras e ações; visão clara: na seleção de candidatos, manteve os seguintes critérios que julgava essenciais à vida religiosa: amor à oração e união com Deus; humildade, como sinal de verdadeira adesão ao Senhor; e amor aos companheiros na prontidão de servir aos outros.
            
A SVD é uma congregação internacional que trabalha na Europa, América, Ásia, Oceania e África. Com o nome “Verbo Divino” os membros desta congregação são comprometidos, de modo especial, com o Verbo Divino e sua missão: “Sua vida é a nossa vida, sua missão é a nossa missão”. É uma missão que é partilhada com todas as outras pessoas. A razão de ser da SVD é a atividade missionária. “Na qualidade de membros da Congregação do Verbo Divino consideramos nosso dever anunciar a Palavra de Deus a todos os povos, criar novas comunidades do Povo de Deus e promover-lhe o crescimento e a união entre si e com a Igreja inteira. Trabalhamos, primeiro e, antes de mais nada, onde o Evangelho ainda não foi anunciado, ou o foi insuficientemente, e onde a Igreja local ainda não é auto-suficiente. Outras tarefas devem ser orientadas para esta meta principal” (Constituições da SVD no.102).
            
Para realizar sua finalidade a SVD se engaja em quatro dimensões características: Apostolado Bíblico, Animação Missionária, JUPIC (Justiça, Paz e Integridade da Criação) e Comunicação. Estas características não são mutuamente excludentes, mas permeiam a vida e o trabalho da SVD. Cada uma das características implica em uma atitude básica na vida e no serviço. No Apostolado Bíblico, a atitude básica é a de se viver centrado em Deus, resistindo à tentação de ser "envergonhados do Evangelho" (Rm 1,16). A postura fundamental na Animação Missionária é envolver outras pessoas, animá-las com o entusiasmo e ser animado por elas, para o caminho rumo ao Reino, em vez de cair na tentação de pensar que se pode fazer tudo sozinho. A atitude essencial da JUPIC é comprometer-se com a transformação da sociedade e do mundo, analisando estruturas injustas e promovendo a dignidade humana, bem como a preservação do meio-ambiente, ao invés de guardar silêncio diante das tragédias humanas e da violência ao meio-ambiente, que continuam a afligir o nosso mundo. A Comunicação envolve uma atitude de sair de nós mesmos, que nos ajuda a superar a inércia e o medo que, às vezes, pode nos alcançar e impedir que nos engajemos em diálogo com os nossos interlocutores.
    
O anúncio do Evangelho é a primeira e a mais sublime das obras de caridade. E não são as longas orações e sim as ações generosas que comovem o coração de Deus” (Santo Arnaldo Janssen).


P. Vitus Gustama,svd

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