quinta-feira, 16 de março de 2017

20/03/2017: Solenidade de S. José

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SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ
 


II Leitura: 2Sm 7,4-5a.12-14a.16


Naqueles dias, 4a Palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: 5a"Vai dizer ao meu servo Davi: 'Assim fala o Senhor: 12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 13Será ele que construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei para sempre o seu trono real. 14aEu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre'".


II Leitura: Rm 4,13.16-18.22


Irmãos,13Não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem da fé, que Deus prometeu o mundo como herança a Abraão ou à sua descendência. 16É em virtude da fé que alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei, quanto para a que se apoia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17Pois está escrito: "Eu fiz de ti pai de muitos povos". Ele é pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. 18Contra toda a humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: "Assim será a tua posteridade". 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça.


Evangelho: Mt 1,16.18-21.24a


Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. 20 Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: "José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados". 24aQuando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.
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Depois da genealogia, o evangelho de Mateus continua com a narrativa da anunciação a José. Se no Evangelho de Lucas se fala da anunciação do anjo a Maria (Lc 1,26-38), Mateus põe em destaque a figura de José. Através da paternidade de José é que Jesus passa a fazer parte da família de Davi.


1. José é um homem justo


José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo”.


O justo, biblicamente, significa aquele que é fiel aos mandamentos de Deus; aquele que tem fé nos anúncios dos profetas e espera com paciência seu cumprimento, pois Deus é fiel às suas promessas. Nada desvia José do caminho traçado por Deus. Embora passe por situações bastante dolorosas, José continua sendo firme como a rocha e sempre conta com a ajuda de Deus. É justo o homem que olha para Deus e ordena a sua vida segundo os ditames da vontade divina. É justo o homem que cumpre a Lei divina de todo coração e com sincera alegria e leveza. O justo é o homem sábio e bondoso. O justo é, portanto, uma figura ideal do homem agradável a Deus e aos homens de boa vontade. Será que estou dentro deste critério?


2. Ao sonhar com Deus  a salvação se torna realidade


Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: ´José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados´. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado”.


O sonho é um lugar no qual a nossa atividade pessoal se detém, ou pelo menos, está fortemente diminuída. Aqui não temos mais o controle nas nossas mãos. Assim, Deus pode muito mais facilmente irromper na nossa vida. Certamente, quando nos calamos, esperamos que Deus, finalmente, nos diga alguma coisa sobre nossa vida. No sonho Deus pode irromper, fazer-se palavra. Tanto o AT quanto o NT fazem referências a sonhos nos quais Deus fala ao homem.


Na concepção dos antigos os sonhos põem o homem em contato com o mundo dos deuses e espíritos durante os quais há revelações do futuro ou outras coisas ocultas. No AT se diz com frequência que Deus manifesta os seus pensamentos aos homens através dos sonhos. Deus se revela, às vezes, aos profetas por meio de sonhos (Nm 12,6; Dn 7,1; Jl 3,1). E no Evangelho de Mateus, também José, o esposo de Maria tem sonhos reveladores. As promessas de Deus e seus projetos são tão distantes dos nossos, são tão extraordinários que aparecem como sonhos irrealizáveis. Exige-se uma grande fé para crer que o sonho se realizará.


No NT o sonho desempenha um grande papel, sobretudo em Mateus. Na narrativa da infância de Jesus em Mateus, José tem quatro sonhos (Mt 1,20;2,13.19.22). No sonho o Anjo do Senhor revela a José o que está acontecendo com Maria e lhe indica o que deve fazer. A expressão “anjo do Senhor” (Mt 2,13.19) é usada para descrever a presença visível de Deus entre os homens.


E José obedece ao mandato de Deus e toma Maria consigo. Os magos do oriente também escutam os sonhos. No sonho são advertidos por Deus de que devem retornar à casa por uma outra estrada, e eles Lhe obedecem (Mt 2,12). Em outras palavras, pode-se dizer que Deus usa qualquer meio para transmitir sua mensagem, mas que o homem esteja atento para captar essa mensagem de muitos sinais que acontecem diariamente.


Quase no fim de sua vida, Davi levanta uma questão: quem ocupará meu trono quando eu morrer? Será um dos meus filhos ou o poder acabará? Na sua perplexidade ele se dirige a Natã, o vidente da corte. Ele recebe uma resposta surpreendente: seu trono será estável para sempre. É uma promessa inaudita. O rei e seu profeta pensavam num reino terreno. Mas Deus cultivava um sonho da salvação que se realizaria em Jesus, como relatou o evangelho de hoje.


José sabe criar o silêncio dentro de si para escutar melhor o que Deus quer dele numa situação complicada humanamente. Se dependesse de sua vontade, José abandonaria Maria e o Salvador no ventre de Maria. Mas ele acredita muito mais na vontade de Deus do que na sua vontade. Por causa da sua fidelidade à vontade de Deus, ele deixa de lado os planos de raciocínios meramente humanos. José deixa de se preocupar consigo próprio para seguir a vontade de Deus. Por isso, ele cria um espaço interior para ouvir a voz de Deus. Ele se deixa convidar a entrar no “sonho” de Deus. O “sonho” de Deus é salvar a humanidade, mas com a participação do próprio ser humano. É tocante a docilidade de José diante da vontade de Deus que ele nem pede nenhuma explicação de Deus, como Maria (Lc 1,34), nem diz uma única palavra. Simplesmente ele faz seus os desígnios de Deus. Por isso, na perspectiva de sua fé que o anima, a estrutura humana de José se torna gigantesca. Ele é realmente um homem-sinal e homem-missão que se expressa no respeito pelo mistério de Deus operado em Maria e na vocação de ser o pai legal de Jesus. Da mesmo forma, somos todos convidados, a exemplo de José, a participar no “sonho” de Deus. É bom sonharmos com Deus para acordarmos e vivermos a nossa vida com Ele.


Na nossa vida existem momentos de escuridão, como José, momentos nos quais ficamos envolvidos pelas trevas: são os sinais da dor, do abandono, da solidão, da desilusão, da derrota, da velhice sem perspectivas e talvez acompanhada de saudade e de remorsos. São os sinais em que vemos ruir todos os nossos projetos e as nossas expectativas. Será que somos capazes, como Abraão e José, de continuar a crer que, ainda que se destruam nossas esperanças, a realização dos sonhos de Deus continua a acontecer? Será que somos capazes de pronunciar com muita fé o nome de Jesus? Será que somos capazes de entrar em silêncio para que Deus possa falar para nós e sobre nós e nossa vida?


3. Ele é aquele que é chamado a dar nome de “Jesus” ao menino que nascerá


“Jesus” significa Deus salva, salvador, libertador. Para os primeiros cristãos, pronunciar este nome (Jesus) significa professar a própria fé em Jesus, acolher o caminho que ele propõe, crer que ele é o Senhor e, portanto, acolher sua salvação. Neste nome as pessoas serão batizadas, farão milagres, encontrarão força e vida em abundância e o caminho iluminado, pois ele é a luz do mundo (Jo 8,12). Quem foi que pronunciou este nome? Foi José.


Tudo isto cria o atrativo especial da figura de José. Sua figura silenciosa e serena está profundamente arraigada no povo cristão em que muitos de seus membros tem o seu nome e tem como padroeiro para múltiplos lugares no mundo inteiro.


Por isso, José é o símbolo da humanidade que acolhe a graça de Deus e que coloca a vida acima da lei. Ele é o modelo de cristão obediente à vontade de Deus. Ele é o modelo do homem que tem respeito diante do mistério de Deus, operado em Maria; fidelidade a toda prova de um homem que se fia de Deus; integridade e honradez silenciosas; vazio de si mesmo para se deixar guiar por Deus e operosidade sem protagonismos e sobretudo, disponibilidade absoluta, fruto da obediência de sua fé, para a vocação de serviço e da missão que o Senhor lhe confia: ser o pai legal de Jesus. José é um grande homem. A grandeza do homem não consiste em querer ser algo ao lado de Deus, mas em deixar que Deus seja grande nele. Foi isso que José fez.


Neste dia em que celebramos a sua solenidade, São José vem questionar nossa pouca fé, nossa infidelidade e obediência à vontade de Deus, nossas dúvidas em relação ao poder de Deus, nossas rebeldias contra Deus. Ele vem sussurrar no nosso interior: “Confie em Deus, pois ele é fiel às suas promessas! Não desista! A glória de Deus salvador será manifestada na sua vida!”


Só quem está disposto à franca obediência a Deus, ouvirá Sua Palavra e poderá colaborar em Sua obra, porquanto, só quem sabe ouvir sabe também obedecer: quando a parte puramente humana faz silêncio (como José), tem-se o coração aberto para ouvir e executar o querer divino. E Deus nunca deixa de atuar, mesmo quando nos encontramos no meio da noite, envolvidos pela escuridão das dúvidas, das angústias, das dificuldades e das provações. Mas quem marca a hora de sua ação é o próprio Deus. Ele, que conhece nossos pensamentos e nossos temores e medos, no momento certo nos liberta de nossos medos e nos dá a paz para que possamos ser seus instrumentos eficazes neste mundo para levar mais as pessoas para Deus. A cada um compete executar fielmente e imediatamente a vontade de Deus sem demora, pois a graça não permite a demora. Peçamos, por isso, que por intercessão do justo José nos seja dada a graça de colocar nossa vida inteiramente ao serviço do Deus-Conosco para através de nós todos possam ver uma luz no meio da escuridão de sua vida         


Que São José, o justo, aquele que entrou no sonho de Deus para acontecer a salvação, interceda pelas/pelos aniversariantes como por nós todos. Assim seja!!!!      
 
P. Vitus Gustama,SVD

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