domingo, 4 de junho de 2017

06/06/2017
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O HOMEM É A IMAGEM DO DEUS ABSOLUTO


Terça-Feira do IX Semana Comum


Primeira Leitura: Tb 2,9-14


Eu, Tobias, na noite de Pentecostes, depois de ter sepultado um morto, 9 tomei banho, entrei no pátio de minha casa e deitei-me, junto à parede do pátio, deixando o rosto descoberto por causa do calor. 10 Não sabia que, na parede, por cima de mim, havia pardais aninhados. Seu excremento quente caiu nos meus olhos e provocou manchas brancas. Fui procurar os médicos para me tratarem. Quanto mais remédios me aplicavam, mais meus olhos se obscureciam com as manchas, até que fiquei completamente cego. Durante quatro anos estive privado da vista. Todos os meus irmãos se afligiram por minha causa. Aicar cuidou do meu sustento, durante dois anos, até que partiu para Elimaida. 11 Naquela ocasião, Ana, minha mulher, dedicou-se a trabalhos femininos, tecendo lã. 12 Entregava o produto aos patrões e estes lhe pagavam o salário. No sétimo dia do mês de Distros, ela separou a peça de tecido que estava pronta, e mandou-a aos patrões. Estes pagaram-lhe todo o salário e ainda lhe deram um cabrito para a mesa. 13 Quando entrou em minha casa, o cabrito começo a balir. Chamei minha mulher e perguntei-lhe: “De onde vem este cabrito? Não terá sido roubado? Devolve-o a seus donos, pois não temos o direito de comer coisa alguma roubada”. 14 Ela respondeu-me: “É um presente que me foi dado além do salário”. Mas não acreditei nela e insisti que o devolvesse aos patrões, ficando bastante contrariado por causa disso. Ela então replicou: “Onde estão as tuas esmolas? Onde estão as tuas obras de justiça? Vê-se bem em ti o que elas são!”


Evangelho: Mc 12,13-17


Naquele tempo, 13as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. 14Quando chegaram, disseram a Jesus: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?” 15Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: “Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja”. 16Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: “De quem é a figura e inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam: “De César”. 17Então Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. E eles ficaram admirados com Jesus.
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O Justo Não Está Isento de Sofrimento


Fui procurar os médicos para me tratarem. Quanto mais remédios me aplicavam, mais meus olhos se obscureciam com as manchas, até que fiquei completamente cego. Durante quatro anos estive privado da vista”.


O autor do livre de Tobias é um artista. Ele sabe contar a história de Tobit vivamente. Tobit era um homem fiel, um firme crente, exemplo para os israelitas no desterro. Mas agora sofre de cegueira por causa do excremento de um pássaro que caiu dentro dos olhos enquanto ele estava dormindo. É um justo que sofre.


Primeira lição que tiramos é que os justos não são arficialmente preservados da desgraça na vida. Deus não intervém constantemente nas leis do universo para fazer exceções. O azar desse grotesco acidente sugere, sem necessidade de longos raciocínios, que não há que jogar a culpa para Deus como responsável de muitas “provas” que nos chegam como aconteceu com Tobit no conjunto de umas circunstancias cotidianas.


Segunda lição é que nossa fidelidade a Deus se põe a prova nos acontecimentos mais banais da vida. “Excremento quente que cai nos olhos”. Muitas das coisas que acontecem na nossa vida são deste tipo que podem nos derrubar ou podem nos dar força para seguir adiante. Ninguém tropeça por causa de uma pedra grande e sim por uma pequena pedra a qual não prestamos atenção por ser pequena. Um grão de área dentro de nosso sapato que usamos causa muito mais dor do que andar descalçados. Não esqueçamos os detalhes da vida, pois nestes detalhes podem esconder nossa força e felicidade.


Terceira lição é que o mal pode, às vezes, resultar num bem. Quando se crê em Deus é evidente que se crê que Deus não pode querer o mal para nós, pois Deus é o Bem Maior. Deus é amor (1Jo 4,8.16) e o Pai excelente que faz cair a chuva para os bons e maus.  Quem ama, somente quer o bem para os que são amados. As dores, as tragédias que acontecem na nossa vida aceleram nosso crescimento ou nossa maturidade. A sabedoria é resultado de uma vida bem vivida de cada dia. Todo o tema da redenção está ai: a cruz que se transforma em ressurreição, a morte que é vencida pela vida.


Um cristão crente se mostra agradecido a Deus não somente quando tudo vai bem, mas também quando lhe acontece alguma desgraça ao tirar lição dela. Um cristão fiel não se mostra agradecido quando o ambiente lhe ajuda, mas também quando os comentários dos demais são irônicos ou hostis, pois ao refletir sobre tudo isso ele cresce na sabedoria. Como a história de Tobit, um bom cristão não pode perder o humor nem a esperança por nada. Um bom cristão deixa sempre aberta a porta para a confiança em Deus.


Somos De Deus


Estamos no segundo episódio de choque entre as autoridades e Jesus (veja o primeiro em Mc 11,27-33). Estes dois choques têm a mesma ideia de fundo: indagar sobre a consciência que Jesus tem de si mesmo e de sua missão. Na resposta precedente, dada em forma de parábola (Mc 12,1-12), aparece sua consciência messiânica e, portanto, sua missão de libertador do povo. Mas como, de quem e de que Jesus liberta o povo?


No episódio do evangelho lido neste dia entram em ação alguns fariseus e herodianos (do partido de Herodes) enviados pelo Sinédrio que não pode pegar Jesus por causa do povo (medo do povo. O povo apesar de não ter cargo e de ser pobre causa medo nas autoridades por se tratar de uma maioria na sociedade). Esses dois grupos (fariseus e herodianos) já decidiram há muito tempo em eliminar Jesus (Mc 3,6). Agora querem apanhá-Lo “em alguma palavra”. A armadilha é essencialmente política, mas se disfarça, hipocritamente, de religiosidade e de adulação. Eles chamam Jesus de “Mestre”, algo insólito entre os fariseus e O definem como “verdadeiro” e que Jesus ensina o caminho de Deus.


Os fariseus e os herodianos apresentam a Jesus um problema ou um dilema aparentemente insolúvel: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?”


Jesus relativiza o insolúvel problema introduzindo Deus no horizonte do problema: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Quando o ser humano conta com Deus, tudo tem sua solução. O surpreendente de Jesus é que quando introduz Deus Ele não faz discursos sobre Deus. Jesus simplesmente vive de Deus, fala com Ele, O presente e O sente. Para Jesus Deus é Alguém, e não algo. É Alguém com quem conta em quaisquer momentos. É Alguém com quem Jesus convive. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).


Jesus lhes pede a moeda para a imagem incisa na moeda. Na moeda estava incisa a imagem de Tibério com a coroa de laurel para indicar sua dignidade divina, e a inscrição: Tibério César, filho do divino Augusto. Os fariseus e os herodianos tinham a moeda e a levavam ao Templo. Isto significa que eles profanaram o Templo com uma imagem de um pagão. Mas o que interessa ao evangelista Marcos é outra coisa: o ensinamento de Jesus é o único que tem valor para a comunidade cristã. Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Logicamente, o ensinamento está na segunda parte: “Devolva a César o que é de César”. Podem ser propriedade uma moeda e um território, mas cada homem é propriedade de Deus, feito a imagem de Deus.


Devolva a Cesar o que é do César”, diz Jesus. Mas somente devolver o que é do César e não tudo o que o poder pretende com todo seu aparato coercitivo. Por isso, Jesus acrescenta: “Devolva a Deus o que é de Deus”. Isto significa que nem tudo é do César, ou seja, que o poder do Estado não é absoluto. Na linguagem política os limites do poder político radicam na soberania popular, no reconhecimento e na declaração dos direitos humanos. Na linguagem espiritual ou religiosa o que se enfatiza é que os poderes do Estado ou qualquer poder estão limitados pela soberania de Deus, pois Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. Assim expressa o profeta Isaias do seguinte modo: “Eu sou Deus. Não há outro Deus fora de mim” (cf. Is 45,20-25). A existência de Deus, o Absoluto, é a negação de qualquer outro que se apresente como absoluto. Só há um Deus, o resto não é Deus.


Na verdade, aqui não há uma verdadeira oposição, baseada no Evangelho, entre o que é do César e o que é Deus. Dar ou devolver a Deus o que é lhe devido implica que seja dado a César o que somente lhe pertence. O Reino de Deus não se situa fora dos reinos terrestres que são assumidos por Deus em Jesus Cristo. Por isso, não se pode ser cristão autentico à margem das realidades. O cristão é chamado e enviado para ser o sal e a luz do mundo (cf. Mt 5,13-16) para que ninguém explore ninguém, pois todos são filhos do mesmo Pai. O cristão na vida política deve ser justo. A obediência cívica não pode estar em contradição com deveres com Deus. Jesus respeita a autonomia do poder político, mas ao mesmo tempo afirma implicitamente que as estruturas políticas, representadas neste caso pelo imperador romano, não podem nunca ser divinizadas. Somente Deus é Deus.


Às vezes podemos cair na tentação de pensar que o evangelho e a vida cristã se reduzem à mera vida espiritual. O evangelho de hoje nos mostra que não é assim. A vida do evangelho toca todas as áreas da vida, e entre elas a vida econômica e a da justiça. “Devolva a César o que é do César e a Deus o que é de Deus” é o princípio da justiça equitativa, que, todavia, está longe da justiça cristã. Pagar o que se deve são deveres elementares de justiça. A injustiça não cabe na vida do cristão. Devolvamos a cada um o que lhe é próprio e nossa vida se encherá de paz e de alegria. Podemos até ganhar na justiça humana. Mas precisamos estar conscientes de que ainda resta a justiça divina, como diz São Paulo: “Todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal” (2Cor 5,10).


P. Vitus Gustama,svd

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