terça-feira, 15 de agosto de 2017

16/08/2017

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VIVER NO AMOR FRATERNO E NA CORREÇÃO FRATERNA É OCASÃO DE SALVAÇÃO PARA O PRÓXIMO


Quarta-Feira da XIX Semana Comum


Primeira Leitura: Dt 34,1-12
Naqueles dias, 1 Moisés subiu das estepes de Moab ao monte Nebo, ao cume do Fasga que está defronte de Jericó. E o Senhor mostrou-lhe todo o país, desde Galaad até Dã, 2 o território de Neftali, a terra de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até o mar ocidental, 3 o Negueb e a região do vale de Jericó, cidade das palmeiras, até Segor. 4 O Senhor lhe disse: “Eis aí a terra pela qual jurei a Abraão, Isaac e Jacó, dizendo: “Eu a darei à tua descendência. Tu a viste com teus olhos, mas nela não entrarás”. 5 E Moisés, servo do Senhor, morreu ali, na terra de Moab, conforme a vontade do Senhor. 6 E ele o sepultou no vale, na terra de Moab, defronte de Bet-Fegor. E ninguém sabe até hoje onde fica a sua sepultura. 7 Ao morrer, Moisés tinha cento e vinte anos. Sua vista não tinha enfraquecido, nem seu vigor se tinha esmorecido. 8 Os filhos de Israel choraram Moisés nas estepes de Moab, durante trinta dias, até que terminou o luto por Moisés. 9 Josué filho de Nun estava cheio do espírito de sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as mãos. E os filhos de Israel lhe obedeceram e agiram, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. 10 Em Israel nunca mais surgiu um profeta como Moisés, a quem o Senhor conhecesse face a face, 11 nem quanto aos sinais e prodígios que o Senhor lhe mandou fazer na terra do Egito, contra o Faraó, os seus servidores e todo o seu país, 12 nem quanto à mão poderosa e a tantos e tão terríveis prodígios, que Moisés fez à vista de todo Israel.


Evangelho: Mt 18,15-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15 “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16 Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18 Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. 20 Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”.
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É Preciso “Subir” Para Falar Com Deus A Fim De Ter Uma Visão Ampla Sobre Nossa Vida e Seu Sentido


Moisés subiu das estepes de Moab ao monte Nebo, ao cume do Fasga que está defronte de Jericó... O Senhor lhe disse: ‘Eis aí a terra pela qual jurei a Abraão, Isaac e Jacó, dizendo: Eu a darei à tua descendência. Tu a viste com teus olhos, mas nela não entrarás’. E o Senhor mostrou-lhe todo o país... E Moisés, servo do Senhor, morreu ali, na terra de Moab, conforme a vontade do Senhor”.


O texto da Primeira Leitura nos relata o fim da vida de Moisés depois que passou a liderança para Josué (Num 27,18-21). Josué é o sucessor eleito por Deus cuja liderança foi adquirindo com Moisés. É um homem de grandes qualidades, com dotes de chefe, com espirito de Deus e foi consagrado numa cerimônia litúrgica.


Este texto (Primeira Leitura) é a continuação de Dt 32,48-52. Segundo a ordem recebida, o profeta (Moisés) sobe ao cume do monte Nebo, a partir do qual Javé lhe mostra os confins da terra prometida, mas o próprio Moisés, por ordem de Deus, não entra na terra prometida. O autor sagrado idealiza a história, e assim nos apresenta o próprio Deus enterrando Moisés num lugar secreto, desconhecido nos tempos da redação do livro (Dt 34,6). O hagiógrafo (autor sagrado) quer ressaltar com suas descrições a especialíssima providência de Deus e a grande veneração que sentia pelo profeta excepcional, Moisés, criador da teocracia hebraica. Para ressaltar diante das gerações sua particularíssima amizade com Deus, convinha rodear sua morte de mistério e solenidade como havia ocorrido com a morte do primeiro sumo sacerdote Aarão. Dentro do esquema teológico da narração do deuteronomista, a morte de Moisés é uma morte digna do maior dos profetas de Israel.


Moisés nos convida a subirmos ao alto, até Deus, para conversar com Ele a fim de enxergar melhor a dimensão e a amplitude de nossa vida e seu sentido, e para saber até onde devemos ir mesmo que tenhamos uma vontade enorme de avançar. Moisés esteve toda sua vida subindo espiritualmente. O pico de sua vida é o Sinai. Agora o Monte Nebo é o cume de sua morte. Moisés sobe agora para a montanha Nebo para não descer jamais. A cada passo se eleva. Moisés contempla e termina sua contemplação saturado de história e de paisagem e fecha os olhos para não abrir mais. O monte Nebo é o pedestral de sua vida e de sua morte: “Moisés, servo do Senhor, morreu ali, na terra de Moab, conforme a vontade do Senhor. E ele o sepultou no vale, na terra de Moab, defronte de Bet-Fegor. E ninguém sabe até hoje onde fica a sua sepultura” (Dt 34,5-6). “O homem perfeito e feliz (Moisés) não morre no vale, nem em planície alguma, nem sobre uma colina, mas no alto de uma montanha, isto é, em um lugar elevado e de difícil acesso. Porque a meta e a perfeição de sua vida tinham por cenário as alturas”, comentou Orígenes.


A morte de Moisés fecha o livro de Deuteronômio e todo o Pentateuco. São momentos solenes: a última conversa que Moisés mantém com Javé na Terra.


No desamparo de Israel que perdeu seu guia e profeta aparece Josué, seu sucessor (Dt 34,9). A imposição das mãos de Moisés sobre Josué significa a investidura do cargo e sobretudo, a transmissão do espirito. O relato da morte de Moisés está intimamente relacionado com a sucessão carismática de Josué, como ocorreu com Elias e Eliseu.


Grande profeta, amigo de Deus, solidário de seu povo, homem de grande coração, intercessor do povo, líder consumado, grande orante, convencido crente que deixou para trás a impressão de que não é ele, um homem, e sim o próprio Deus que atuou nele a favor de seu povo. O protagonista foi Deus. Inclusive, em sua morte, Moisés é discreto: não se sabe onde está seu túmulo. Moisés se deixava guiar por Deus como Seu instrumento eficaz para libertar o povo da escravidão. A vida de Moisés sempre esteve pendente da palavra de Deus. Moisés começou sua vida com Deus, estava com Deus durante a vida e terminou sua vida terrestre com Deus para estar com Deus na felicidade perpétua. Isso se chama a salvação. Ele estava com o povo, guiando-o, intercedendo por ele e morreu entregando a liderança para o outro (Josué) para continuar a guiar o povo de Deus. Isso se chama o amor fraterno que é o cumprimento de toda a lei (Cf. Rm 13,10)


Ser Ocasião De Salvação Para o Outro


Estamos acompanhando o quarto discurso de Jesus no evangelho de Mateus (Mt 18). Neste quarto discurso o que se enfatiza é a vida comunitária na fraternidade.


A passagem do evangelho de hoje quer dar resposta às seguintes questões: que atitude tomar em relação a quem erra? Em outras palavras, como corrigir o irmão que peca/erra? (Correção fraterna).


A correção fraterna é uma norma antiqüíssima, como lemos em Lv 19,17: “Deves repreender teu próximo, e assim não terás a culpa do pecado”. Com a correção fraterna nos tornamos um para o outro ocasião de salvação. Somente entre irmãos é que pode haver a correção. É por isso que s chama a correção fraterna. Ser irmão significa sentir-se responsável pelo crescimento do outro e, portanto, gozar de seu bem ou capacidade, e sentir seu mal. É ir além da indiferença e do medo, da inveja, da rejeição e do ciúme.


Nós não praticamos a correção fraterna a partir da agressividade e da condenação imediata de quem errou. A correção fraterna deve ser guiada pelo amor e pela compreensão na busca do bem do irmão: estender a mão para ajudá-lo, dirigir-lhe uma palavra de ânimo e ajudá-lo na sua recuperação.


A correção fraterna é uma atividade espiritual, pois deve ser feita à luz do Espírito de Deus para não transformá-la em censura e juízo que exprimem mais superioridade que fraternidade. A correção fraterna é um modo de ser e crescer juntos, de ligar a própria vida à vida de quem me está “próximo”, de conceber a fraternidade como evento de salvação. A correção fraterna me faz descobrir o irmão e me faz irmão para o outro. A correção fraterna faz alguém pôr-se ao lado do outro para caminhar junto.


A Igreja, todos nós, não constitui uma comunidade de perfeitos, mas de pessoas em busca da perfeição. Ninguém de nós é perfeito, e não é porque seguimos a Jesus é que estejamos livres de cometer erros. São João diz: “Se dissermos: ‘Não temos pecado’, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós... Se dissermos: ‘Não pecamos’, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1,8.10). Todos nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, somos convidados a manifestar nossa responsabilidade para com o irmão que erra ou peca. Não se trata de condenar, mas de fazer a correção fraterna para que se estabeleça o amor. A lei do amor, com certeza, obriga a um esforço para reconduzir o irmão que erra ao bom caminho.


O pecador ou um irmão que errou não descobrirá o perdão de Deus se não tomar consciência da misericórdia de Deus que atua na Igreja (entre os seus membros) ou em cada comunidade e na assembléia eucarística. Todos nós somos co-responsáveis na comunidade.


Por isso, há uma coisa que absolutamente não deve ser feita (mas infelizmente, a primeira que se faz): espalhar a notícia do erro cometido. Porque isto é difamação. A difamação presta-se somente a humilhar quem errou, a irritá-lo, a fazê-lo teimar no mal. É mesmo que perder para sempre a oportunidade de recuperar o irmão. A difamação pode destruir o homem, como diz o Eclesiástico: “Um golpe de chicote deixa marca, mas um golpe de língua quebra completamente os ossos” (Eclo 28,17). A difamação (língua) pode matar um irmão, pode arruinar uma família e pode destruir um casamento. Há quem pense que por ter falado a verdade pode ficar tranqüilo. A questão é de que modo se transmite a verdade. A verdade que não produz amor, mas que provoca perturbação e desunião, que gera discórdias, ódios e rancores, não deve ser dita. A verdade nua e crua, às vezes, provoca o efeito contrário do amor. A verdade que mata opõe-se à vida. Como dizia São Francisco de Sales: “Uma verdade que não é caridosa procede de uma caridade que não é verdadeira”. A verdade, então, está submetida à caridade. Precisamos levar em consideração o grande respeito e prudência em ditar a verdade. O que se diz e como se diz devem ser levados sempre em consideração.


Além da correção fraterna o texto do evangelho de hoje fala também da oração partilhada ou comunitária. Segundo Jesus, a oração eficaz somente pode ser fruto da superação da própria agressividade, do próprio egoísmo e dos interesses individuais. Quando houver concórdia entre os membros de uma comunidade, isto é, união dos corações, quando há preocupação recíproca (um cuida do outro), quando reinar a igualdade, pois todos são do mesmo Pai celeste, a oração se tornará eficaz e chegará até Deus: “Eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”.


Acreditamos que em Deus não há espaço para as pessoas que pensam só em si mesmas, que se preocupam só com sua própria vida espiritual, pois no Reino de Deus não há espaço para os egoístas, pois Deus é Amor. Ele quer encontrar um povo, quer relacionar-se com pessoas que vivem em comunidade vivida na fraternidade. Pois onde dois ou três estarem reunidos em nome do Senhor Jesus, ele está no meio deles (v.20). Neste versículo se exprime a certeza de que Deus está no meio da comunidade quando ela se reúne no seu nome e quando a comunidade faz tudo no Espírito do Senhor. A presença de Jesus no coração de uma comunidade fraterna é o que qualifica a oração cristã. Quando os que crêem rezam juntos, revelam a própria fé, reconhecendo-se irmãos e irmãs, e assim proclamam ao mundo o seu pertencer ao Cristo ressuscitado. Assim os discípulos que rezam juntos criam interiormente um movimento de comunhão, fazem crescer um só coração e uma só alma (cf. At 4,32).


Precisamos manter nossa consciência de que a Igreja é o lugar da misericórdia, pois o Deus em quem ela acredita é amor (1Jo 4,8.16). “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). A ofensa cria, ao contrário, a divisão na comunidade. Lembremo-nos de que cada um tem que ser ocasião de salvação para o outro. Como cristão eu devo me tornar ocasião de salvação para meu próximo. E tu deves te tornar ocasião de salvação para mim. Somente assim seremos todos salvos na misericórdia divina (cf. Carta de São Tiago 2,13).


P. Vitus Gustama,svd

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