terça-feira, 10 de outubro de 2017

 13/10/2017

 

ESTAR UNIDO A CRISTO É ESTAR UNIDO AO BEM
Sexta-Feira da XXVII Semana Comum

Primeira Leitura - Jl 1,13-15; 2,1-2
13 Ponde as vestes e chorai, sacerdotes, gemei, ministros do altar. Entrai no templo, deitai-vos em sacos, ministros de Deus; a casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações. 14 Prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembléia, congregai os anciãos e toda a gente do povo na casa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor: 15 'Ai de nós neste dia! O dia do Senhor está às portas, está chegando com a força devastadora da tempestade. 2,1 Tocai trombeta em Sião, gritai alerta em meu santo monte; tremam os habitantes da terra, que está chegando o dia do Senhor, ele está às portas. 2 É um dia de escuridão fechada, dia de nuvens e remoinhos; como aurora espraiada nos montes, assim é um povo numeroso e forte, tal como jamais se viu algum outro nem jamais se verá, até aos anos de gerações futuras.

Evangelho: Lc 11, 15-26
Naquele tempo, Jesus estava expulsando um demônio. 15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os de­mônios. 19 Se é por meio de Bel­zebu que eu expulso demô­nios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa. 24 Quando o espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos, à procura de repouso; não o encontrando, ele diz: ‘Vou voltar para minha casa de onde saí’. 25 Quando ele chega encontra a casa varrida e arrumada. 26 Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se . No fim, esse homem fica em condição pior do que antes”.
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Somos Chamados a Nos Converter Permanentemente Para Permanecer Na Graça De Deus

Ponde as vestes e chorai, sacerdotes, gemei, ministros do altar. Entrai no templo, deitai-vos em sacos, ministros de Deus...”

Hoje e amanhã ouvimos o profeta Joel, que profetizou em torno do ano 400 a.C. Hoje ele chama os sacerdotes e o povo para o dia de penitência.

A cidade acabou de experimentar uma catástrofe: uma grande praga de um tipo de gafanhotos destruiu tudo. O profeta Joel interpreta esse fato como o julgamento de Deus contra a preguiça e a negligência das pessoas na grande tarefa de reconstrução moral, após o retorno do exílio. Eles negligenciaram a vida de fé: "A casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações”. O profeta quer que a penitência e o jejum sejam proclamados, e todos os homens clamem a Deus por ajuda.

Uma praga de gafanhotos permite que Joel compreenda uma realidade mais profunda: Joel enxerga nela o anúncio do "dia de Javé", isto é, o Dia de julgamento de Deus. A expressão "dia de Javé" começa com Amós (5,18-20) e, no início, tem uma sensação de castigo dos inimigos de Deus, sejam eles israelitas ou gentios.  O “Dia de Javé” será o dia da vitória de Deus, que "visitará" os homens não como um salvador, mas como um destruidor, pois virá para julgar. Julgar significa separar o bem do mal, o trigo do joio, o peixe comestível do peixe não prestável, a ovelha do cabrito, e assim por diante.

A descrição da praga é encontrada no início do livro (Joel 1,1-12). É descrito sob o símile da invasão de um exército poderoso e ordenado que pisoteia e pisoteia tudo e, como fogo, consome tudo o que encontra. A descrição da peste conclui com uma série de expressões que são clássicas para falar do "dia de Javé": "o sol e a lua estão escurecidos" "a terra treme", "o céu se move", etc. Por isso, há uma urgência para fazer a penitência.  Joel vê em cada acontecimento um acontecimento maior no futuro. Por isso, ele alerta o povo e as autoridades sobre a possibilidade de acontecer uma maior tragédia se o povo não se converter.

Somos nós que hoje ouvimos este convite à conversão, para retornar a Deus. Às vezes, o pecado é decomposição comum e generalizada. Também agora pode-se dizer que "A casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações”, porque as coisas fundamentais da vida e os valores para nossa salvação são negligenciados e não são vividos. A culpa pode ser pessoal e pode ser coletiva. “A casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações”. Somos Templo de Deus (1Cor 3,16-17). Tenhamos coragem de olhar para dentro de nós para perceber o vazio de nosso coração de tudo que é valioso. Não precisamos ser grandes criminosos para nos converter, pois o pecado grave tem seu início no pecado leve não levado a sério seu combate.

Deus emite vários sinais de cada dia para nos chamar à conversão. Quando não são as pragas dos animais, como lemos na Primeira Leitura de hoje, podem ser outras coisas: doenças, infortúnios pessoais ou coletivos, a morte de um ente querido, que servem de despertador em nossa vida de fé. Não porque todo o mal seja o castigo de Deus, mas porque tudo na vida, no bem e no mal, e acima de tudo, ao ouvir a Palavra que Deus nos dirige na Eucaristia, deve nos ajudar a reconsiderar e reorientar nossa atenção para os valores fundamentais, que tendemos a negligenciar ou abandonar em nome de nossos prazeres passageiros. Quem vive somente em função do prazer é porque não encontrou ainda a razão de seu viver aqui nesta terra.


Deus Quer Que Mantenhamos Na Comunhão Como Irmãos

Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra”.

Estamos acompanhando Jesus no seu caminho para Jerusalém ouvindo suas ultimas e importantes lições para nossa vida de cristãos, seus seguidores (Lc 9,58-19,28). Desta vez Jesus nos pede que estejamos unidos a Ele para que possamos superar o poder do mal existente no mundo.

É Preciso Ter em Deus

A mentalidade bíblica contempla a vida humana como uma luta entre dois espíritos: os espíritos que regem e dominam o homem natural, e o Espírito de Deus que o faz partícipe da liberdade humana. Expulsando o espírito do mal, Cristo revela que um novo Reino acaba de fazer sua aparição sobre a terra, um Reino capaz de destruir o reino do mal ou do satanás.

Para pertencer a este novo Reino é necessária uma opção ilimitada de fidelidade e de entrega a Jesus. Ao entregar-se a Jesus nenhum poder do mal sobre a face da terra será capaz de derrubar o homem. “Tenha coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33), Jesus nos relembra sempre para que tenhamos consciência da força de Jesus em cada um de nós. E São João na sua primeira Carta nos relembra: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa ” (1Jo 5,4). O verbovencer”, aqui, é empregado no presente para dizer que em qualquer momento podemos vencer, sim, com a força de nossa . Mas ao mesmo tempo em qualquer momento precisamos renovar nossa com muita oração e muita leitura e meditação da Palavra de Deus e a participação dos sacramentos e a prática do amor fraterno. Ao praticarmos o bem, o mal se afasta de nós, pois em nós ele não tem vez.

Mas o evangelista Lucas nos relatou que algumas pessoas comentaram maldosamente sobre a atividade libertadora de Jesus: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. O termoBelzebunão se encontra na literatura judaica anterior. Sua origem é incerta. Na boca dos fariseusBelzebu” é o príncipe dos espíritos maus. No pensamento dos fariseus, Jesus faria um tipo de aliança com o Belzebu para que Jesus pudesse expulsar os espíritos maus. Trata-se de uma acusação sem fundamento. Simplesmente eles querem que Jesus perca sua credibilidade diante do povo. Mas o efeito é contrário, cada vez maior o número dos que seguem a Jesus porque ele “os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mc 1,22). Toda a ação de Jesus é divina, pois humaniza e resgata as pessoas para o Reino de Deus que é o Reino do amor, da justiça, da fraternidade, da igualdade, etc..

É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”, assim os fariseus acusaram Jesus. Sempre tem os fofoqueiros de plantão em qualquer época e lugar. São aqueles que não são parceiros do bem. São aqueles que têm tanta coisa negativa na cabeça e no coração. Estão tão cheios de coisas negativas a ponto de as pessoas boas e as coisas positivas ficarem escondidas para seus olhos. Essas pessoas não fazem nada para o bem comum, nem colaboram com as pessoas do bem. Elas vivem criticando. Geralmente, nadacerto na vida desse tipo de pessoas, pois elas somente processam coisas negativas na sua cabeça.

Uma das maiores indigências é ser incompreendido ou ser desprezado; é ver deformados os bons propósitos como os de Jesus Cristo. E Jesus conhece esta classe de indigência. Imagine, eles até fazem acusação dura e depreciativa. Eles chamam Jesus, o Salvador do homem, de Belzebu, “Senhor das moscas”, príncipe de demônios. Quando não se tem a no coração, arruma-se qualquer justificativa, mesmo sem nenhum fundamento, para não crer naquilo que é óbvio aos nossos olhos. A vida do homem funciona da seguinte maneira: Quando queremos fazer qualquer coisa, procuramos qualquer jeito. Mas quando não queremos, arranjamos qualquer desculpa. Mas no fim, a verdade vai nos dizer sobre o que somos e o que não o somos.

É Preciso Manter a Unidade

Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra”, diz o Senhor. Nesta controvérsia Jesus sublinha a importância da unidade. Pela história sabemos que a guerra civil destrói muito mais os impérios do que os ataques exteriores. Quantos países usavam uma estratégia eficaz para dominar países estrangeiros, conhecido como um lema: “Divide et impera” (divide e impera) ouDivide ut regnes” (divide para poder reinar).  Esta tática era adotada como lema por Luís XI, da França, por Catarina de Médicis e por outros governantes como a Holanda antiga. Quem usa a “ação de dividirpara atacar será destruído pela mesma divisão que recairá contra suas próprias tropas. Coração dividido é o coração ferido.

A unidade é a expressão e a prova mais evidente do amor. Por isso, o verbouniroureunir” tem o sentido teológico de salvar. Quem estiver unido com Cristo que está unido ao Pai, jamais será causador da desunião e da divisão entre os cristãos ou entre as pessoas; ele buscará sempre a reconciliação. A comunhão com Cristo é impossível sem a vivência do amor fraterno. Assim como o amor fraterno cria unidade, assim também a comunhão com Jesus deve criar a comunhão entre os cristãos. “Quem abandona a unidade faz-se desertor da caridade”, dizia Santo Agostinho (Serm. 88,18,21). “Se vivem em discórdia, não louvem o Senhor. E, tampouco o Senhor os abençoa. Seus lábios desfiam louvores, mas seus corações o maldizem”, acrescentou Santo Agostinho (In ps. 132,13).

Santo Agostinho nos alerta: “A soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão. Quem abandona a unidade se faz desertor da caridade. E se deserta da caridade, mesmo que possua tudo o mais, se reduz a nada. Em vão se possuem todas as coisas quando o único que interessa não se possui”.

Estar do lado da justiça, do bem e da verdade é estar do lado de Jesus

Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha”, alerta-nos o Senhor hoje.

Na sua pregação o Apóstolo Pedro deu seu testemunho sobre Jesus dizendo que Jesus “passou a vida fazendo o bem” (At 10,38). Apesar disso Jesus enfrentou muitas oposições. Muitos se consideravam proprietários das boas obras, do poder divino, e demonizavam aquelas pessoas que não atuavam segundo seus parâmetros. Eles davam esmolas ou conselhos com intuito de ter o bom nome, o prestígio e a admiração (cf. Mt 23,1-36). Quando Jesus veio para dar sua vida generosamente sem esperar nada em troca, eles o consideraram comodemônio”, “Belzebu”. Era uma maneira fácil que eles encontraram para desprestigiar e eliminar o oponente, neste caso, Jesus. No entanto, Jesus os enfrentou com a verdade, o bem e a justiça.

Na atualidade continua sendo corrente a prática de demonizar o oponente, de desprestigiá-lo para aumentar o brilho próprio. Pois, atuar a favor dos demais sem buscar o bom nome e o prestígio é uma coisa que não chama a atenção de ninguém.

O evangelho de hoje nos convida a estarmos do lado de Jesus, isto é, do lado do bem, da verdade e da justiça, não para adquirir ganâncias pessoais e sim para sermos as mãos de Deus que atuam eficazmente no mundo. Por isso, o mundo de hoje exige que lutemos contra o mal com as armas da verdade, do bem, da honestidade, da solidariedade e da justiça. Não podemos combater o mal com suas próprias armas: a violência somente gera violência e a manipulação ideológica somente gera opressão e desequilíbrio mental. Necessitamos combater o mal, porém como o fez Jesus: com a bondade e generosidade de um Deus que defende incondicionalmente a vida das pessoas humanas e sua dignidade como seres humanos. O cristianismo e o mal e a maldade são incompatíveis. Fazer o bem permanentemente significa que estamos no Reino da verdade, da justiça e da caridade que é o Reino de Deus. Para viver uma vida autenticamente humana, temos que nos amar muito com a verdade, a justiça, o bem e a caridade que são, em certo modo, coisas sagradas que requerem ser tratadas com amor e respeito e são os valores que têm a marca de eternidade.

P. Vitus Gustama,svd

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