16/10/2017
Primeira Leitura: Rm 1,1-7
1 Eu Paulo,
servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo e escolhido para anunciar o
Evangelho de Deus, 2 que ele tinha prometido por seus profetas nas Santas
Escrituras.3 Este Evangelho se refere ao seu Filho, descendente de Davi quanto
à carne, 4 Jesus Cristo nosso Senhor, que segundo o Espírito Santo foi
constituído Filho de Deus, com pleno poder pela sua ressurreição dentre os
mortos. 5 Por seu intermédio nós recebemos a graça e o encargo do apostolado,
para submeter todos os povos pagãos à fé para glória de seu nome. 6 Entre eles
estais também vós que fostes chamados por Jesus Cristo.7 A todos vós que morais
em Roma, bem-amados de Deus e santos pelo seu chamamento, que fostes chamados
para pertencer a Jesus Cristo, a graça e a paz da parte de Deus, nosso Pai, e
do Senhor Jesus Cristo.
Naquele tempo ,
29 quando
as multidões se reuniram em grande quantidade , Jesus começou a dizer :
“Esta geração é uma geração
má. Ela busca
um sinal ,
mas nenhum
sinal lhe
será dado , a não
ser o sinal
de Jonas. 30 Com efeito , assim como
Jonas foi um sinal
para os ninivitas, assim
também será o Filho
do Homem para
esta geração . 31 no dia
do julgamento , a rainha
do Sul se levantará juntamente
com os homens
desta geração , e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria do
Salomão. E aqui está quem é maior do
que Salomão. 32 No dia
do julgamento , os ninivitas se levantarão juntamente com
esta geração e a condenarão. Porque eles se
converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui
está quem é maior
do que Jonas”.
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Ser Servo e Apóstolo De Cristo
“Eu Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo e escolhido
para anunciar o Evangelho de Deus, que
ele tinha prometido por seus profetas nas Santas Escrituras”, escreveu
São Paulo aos romanos que lemos na Primeira Leitura.
Durante quatro semanas meditaremos, com toda a Igreja, uma
das mais importantes Cartas de São Paulo: a Epístola aos Romanos. Esta Carta
foi escrita entre o ano 57 e 58 depois de Cristo.
Roma era para São Paulo um ponto de referência importante.
Ele havia pregado o Evangelho no Mediterrâneo oriental e agora queria chegar
até as terras de Espanha, no Ocidente (cf. Rm 15,28). Mas, sobretudo, ele
estava fascinado pela ideia de ir a Roma, a capital do império, metrópole muito
mais importante do que Corinto ou Antioquia ou Éfeso (Cf. Rm 1,9ss). Para São
Paulo, Roma não é tanto a capital de um grande império quanto um lugar
conhecido pela fé de seus cristãos, um lugar onde Deus mostrou seu amor fazendo
que chegue o anúncio de Seu Filho. Mais fosrte que os exércitos que engrandecem
e mantém o império, o Evangelho é “força de Deus”para salvação de todo que crê.
E possui esta força porque Cristo, a partir de sua ressurreição, exerce em toda
a terra seu poder de Filho de Deus e envia o Espírito Santo.
Esta força foi necessário para arrancar Paulo do sistema
fechado dos fariseus que o fazia incapaz de crer numa salvação mais alta, e
convertido em apóstolo consagrado em corpo e alma ao anúncio do Evangelho.
A introdução à Carta aos romanos é a mais solene das cartas
paulinas. Nela contem o eco do anúncio salvífico dos primeiros momentos (o
Kerigma). Nesta introdução São Paulo sublinha a origem de sua missão como
apóstolo: “Eu Paulo, servo de Jesus
Cristo, chamado para ser apóstolo e escolhido para anunciar o Evangelho de
Deus, que ele tinha prometido por seus
profetas nas Santas Escrituras”. Toda a
existência de São Paulo foi marcada pelo desígnio de Deus.
Nesta introdução São Paulo se apresenta como “servo” e
“Apóstolo”. Servo é aquele que serve prontamente o outro sem esperar nada em
troca. É servir por servir pelo bem do outro, como uma mãe que serve todo mundo
em casa sem esperar nada de recompensa. Ela faz tudo de melhor maneira para que
todos possam viver bem. Ser servo de Cristo é aquele que não se cansa de servir
a Cristo nos irmãos levando a eles a mensagem da esperança, de amor, de
fraternidade, de paz e assim por diante. Um cristão que não serve ao outro não
serve como cristão. O poder do cristão consiste no serviço pelo bem da
humanidade e não no cargo que ele ocupa. O cristão fará isto, se no seu coração
morar o amor puro. O amor transforma tudo em obra prima. Quem pratica o bem
está em plena comunhão com Deus de amor.
Nesta introdução São Paulo também se apresenta como
“apóstolo”, pondo-se assim ao mesmo nível dos demais apóstolos, figuras
capitais da Igreja. São Paulo é Apóstolo porque foi chamado por Deus a sê-lo
pela graça de Deus: “... chamado para ser apóstolo e escolhido para
anunciar o Evangelho de Deus”.
Como apostolo, a missão de São Paulo é “anunciar o Evangelho”, isto é, levar a
mensagem da esperança, a Boa Nova para os outros.
No Evangelho, os apóstolos são as
testemunhas de Jesus Cristo ressuscitado, os que testemunham que Jesus de
Nazaré é o Messias anunciado, o Filho de Deus que foi morto pelos pecadores e
ressuscitado por Deus. Pelo sentido grego da palavra, o apóstolo é um enviado,
um emissário, um delegado para cumprir uma missão oficial (Mt 10,2; Mc 6,30; Jo
13,16). Em sentido estrito e evangélico, apóstolo”é o portador da mensagem
cristã. Logo qualquer cristão é o apóstolo de Cristo, isto é, aquele que leva a
Boa Nova de Jesus Cristo para os outros (Mc 16,15). Cada cristão deve ser
pessoa de esperança, e jamais deixará qualquer pessoa ou qualquer ideologia
tirar a esperança de sua vida, pois sua esperança não é algo, e sim é Alguém:
Jesus Cristo. Em Cristo e com Ele o cristão tem seu futuro garantido. Alguém
pode tirar a vida do cristão (matar), mas jamais poderá separá-lo de Cristo
(cf. Rm 8,35-39).
Ser Cristão É Ser Sinal Do Amor Misericordioso
De Deus No Mundo
Os judeus pedem a
Jesus um sinal
para demonstrar que Ele é
verdadeiramente o Messias . Ao pedir
um sinal
a Jesus, eles renovam a tentação
do deserto . Eles
exigem que Jesus proporcione uma prova palpável ou experimental na ordem
das coisas materiais .
Por isso ,
Jesus usa a expressão
“esta geração é uma geração má”. Esta expressão
recorda a geração do deserto que
tentou Deus (cf. Ex 15,22-16,36). Exigir sinal ou prova que sirva para autorizar Jesus e sua
chamada à conversão
manifesta claramente
uma indisposição para
mudar de vida .
A raiz desta equivocada exigência de um
sinal é o egoísmo ,
um coração
impuro , que
unicamente espera de Deus
o êxito pessoal ,
a ajuda necessária
para absolutizar
o próprio eu .
Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão .
Quantas vezes nós
somos escravos do sinal
de êxito !
“Nenhum sinal lhe será dado , a não ser o sinal de Jonas”, diz Jesus. Jonas era um desconhecido para os
ninivitas (Nínive era a capital do reino
assírio ). Ao chegar
nessa capital Jonas conclamou o povo para a conversão . Apesar
de Jonas ser estrangeiro ,
desconhecido e sem
qualquer credencial
para a missão
profética, mas por
causa do poder divino de suas palavras , o povo
acreditou e se converteu.
“E aqui está quem é maior do
que Jonas”, Jesus acrescenta. Jesus
é maior porque
Ele é a própria
Palavra de Deus
(Jo 1,1) que se tornou carne (Jo 1,14). Só
Jesus tem as palavras da vida eterna (Jo
6,68). Jesus é maior porque Ele é a ressurreição e a vida
(Jo 11,25; cf. o 14,6). Se Jesus é a vida
de nossa vida ,
será ridículo pedir
a Ele outro
sinal , pois a
nossa vida
fala por
si de Jesus através
do qual tudo
foi criado (Jo 1,3-4). O próprio
Jesus, a pessoa de Jesus, em
sua palavra
e em sua
inteira personalidade ,
é sinal para
todas as gerações .
O outro maior sinal que Deus nos dá é a
sua misericórdia . Jesus se aproxima dos pobres , dos marginalizados e dos pecadores .
Em Jesus eles
encontram o Deus misericordioso. Não existe maior
milagre do que
reconstruir interiormente
um ser humano . Quem não tem olhos para a misericórdia ,
continuará a pedir a Jesus milagres
que o fazem acreditar .
Diante deste tipo
de pessoa Deus
permanecerá calado . A misericórdia tem sempre
a grande atração
de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais
de seu amor
para este mundo .
É preciso que o homem
supere o espaço das coisas
físicas , do tangível
para poder se situar no ambiente divino a fim de poder ser redimido. Ao superar esse espaço o homem
pode alcançar a certeza
própria das realidades
mais profundas e eficazes :
as realidades do Espírito .
Este caminho
se chama fé
que consiste em
saber se superar e abandonar .
A exigência de uma demonstração física ,
de um sinal
que elimine qualquer
dúvida , no fundo ,
esconde a recusa da fé e do amor , pois o amor , na sua essência , é um ato de fé , um ato de entrega de si mesmo , pois “Deus é amor ”
(1Jo 4,8.16). Atrás dessa exigência se esconde a miopia
de um coração
demasiado centrado na busca do poder físico , da possessão ,
do ter , poder que tem sua característica histórica ,
pois tem seu
inicio e seu fim .
P. Vitus Gustama,svd
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