sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Domingo,08/10/2017
Resultado de imagem para vinhateiros homicidasResultado de imagem para Mt 21,33-43
UM DEUS QUE NOS AMA ATÉ O FIM E DE NÓS ESPERA BONS FRUTOS
XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUMM “A”


I Leitura: Is 5,1-7
1 Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. 2 Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens. 3 Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. 4 O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens? 5 Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. 6 Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. 7 Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça — e eis a injustiça; esperava obras de bondade — e eis a iniquidade.


II Leitura: Fl 4,6-9
Irmãos: 6 Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. 7 E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. 8 Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. 9 Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco.


Evangelho: Mt 21,33-43
Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: 33 “Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas, e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35 Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. 38 Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39 Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” 41 Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. 42 Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’ 43 Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.          
-------------------
A parábola dos vinhateiros homicidas é uma versão atualizada do cântico da vinha de Is 5,1-7 que lemos na Primeira Leitura, onde o dono é Deus, e a vinha, Israel. A imagem da vinha aplicada ao povo se enconta bastantes vezes no Antigo Testamento (Is 3,14; 27,2-5; Jr 2,21; 12,10; Ez 17,6; etc.). Expressava bem a aliança de Deus com seu povo, aliança comparada com a união conjugal (Cf. Os 1,6-14; 2,14; 8,12). Deus espera da vinha uvas boas, mas são produzidas uvas selvagens. Deus quer que o povo correponda ao amor que Deus tem por ele através da prárica do amor com os demais.


A parábola dos vinhateiros homicidas constitui um compêndio ou síntese de toda a história da salvaçã desde a Aliança do Sinai até a fundação da Igreja por Jesus como novo Povo de Deus (cf. Mt 16,18-19), passando pelos profetas e pela pessoa de Cristo que anunciou o Reino de Deus e que foi constituído pedra angular de todo plano salvador de Deus (cf. Mt 21,42 mediante seu mistério pascal (paixão, morte e ressurreição).


Os profetas comparavam Israel a uma vinha que pertencia a Deus (cf. Is 5,1-7). Na parábola, o dono da vinha é Deus. A vinha é manifestamente Israel. Os vinhateiros representam os maus líderes religiosos (os fariseus, sacerdotes e os escribas etc. na época), cuja responsabilidade era a de cultivar a fé do povo. Os servos enviados eram todos os mensageiros (profetas) que Deus tinha enviado a Israel para que se convertesse. O filho do dono representou Jesus Cristo. A rejeição e a matança recorda a maneira com que Israel (os responsáveis) tratava estes mensageiros de Deus (cf. 2Cr 24,20-22;36,15-16). A punição dos vinhateiros figura a rejeição de Israel. O “outro povo” (Mt 21,43) é a Igreja dos pagãos.


Ao contar a parábola dos vinhateiros homicidas, o próprio Jesus quer preanunciar seu fim trágico representado pelo filho assassinado nesta parábola. Jesus mais do que um profeta, ele é o Filho de Deus enviado ao mundo, e Jesus está consciente plenamente disso. A sua missão é o gesto salvífico extremo e decidido do Pai.


Mas a morte de Jesus não é o fim de tudo. De fato, ele ressuscitou. O fim trágico prepara um lugar para a celebração da glória do Ressuscitado. A Igreja cristã primitiva, como a Igreja cristã em todos os tempos e lugares, encontrou, como encontra, nesta parábola um motivo para confessar a sua fé no Senhor Jesus que triunfou sobre a morte e por isso, ele oferece à Igreja uma esperança certa que é ele mesmo. A nossa vida, a partir de Jesus ressuscitado, tem futuro. O mundo, por isso, deve saber que não estamos condenados a um fim sem sentido.


Matando Jesus, os líderes selam seu próprio fim, pois Deus tirou a vinha (o Reino) de Israel e a entrega a um povo (ethnos) que produza frutos, isto é, um povo que crê em Jesus vivendo como irmãos.


A parábola termina com uma pergunta dirigida aos ouvintes: “Quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”.


A resposta a esta pergunta se encontra em dois acontecimentos: a ressurreição de Jesus e o nascimento da Igreja cristã.


Diante do desprezo da pessoa de Jesus feito pelos líderes da época, a resposta dada por Deus é a ressurreição de Jesus. A ressurreição de Jesus mostra que ele estava com a verdade. O tempo eterniza o que é certo e verdadeiro. O mal não eterniza nada. O mal não tem futuro mesmo que tenha uma aparência poderosa.


Mas em Mateus, o ponto mais importante da parábola não está na morte e ressurreição de Jesus, e sim na razão do ser da Igreja. Com esta parábola, o evangelista Mateus nos pretende explicar a ruptura entre o judaísmo e a Igreja cristã. Mas o evangelista não somente quer parar na ruptura ou no surgimento da Igreja cristã, mas ele vai além: ele quer alertar a sua comunidade para não ficar no comodismo espiritual e na autocomplacência. A comunidade deve se esforçar permanentemente para produzir bons frutos na convivência que são próprios do Reino: a justiça, a igualdade, o amor fraterno, o perdão mútuo, a correção fraterna, prudência, e assim por diante. A exigência da produção dos bons frutos está bem resumida nas palavras de São Paulo que lemos na Segunda Leitura: “Irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco” (Fl 4,8-9). É preciso ter uma conduta leal nas relações com o outro (2Cor 6,8). É ocupar-se com tudo que é verdadeiro. É necessário manter a boa reputação na convivência (1Tm 3,8-11). Trata-se de ser respeitável. É preciso viver no equilíbrio das relações humanas (Fl 1,7; Ef 6,1). Isto se chama viver na justiça segundo São Paulo. Além de viver na pureza e na amabilidade para ter uma convivência fraterna.


A parábola quer nos falar também da confiança que Deus tem em cada um de nós. O Deus revelado por Jesus, nesta parábola é Aquele que confia totalmente no homem. Este Deus não fica policiando se o homem faz ou não faz sua missão, porque ele acredita na capacidade que o homem tem. Por isso, o texto diz: “O proprietário arrendou uma vinha a vinhateiros e viajou para o estrangeiro” (Mt 21,33). Deus acredita na capacidade que cada homem tem para produzir algo de bom durante a passagem nesta vida. Para isso é que Ele criou cada homem e o colocou aqui neste mundo. Cada tarefa ou missão que o homem recebe é a tarefa ou missão dada por Deus. É bom cada um descobrir a própria missão dada por Deus. Merece cada um fazer esta pergunta: “Qual é a missão que recebi de Deus durante a minha vida neste mundo?”. “Será que acredito no Deus que acredita em mim?”. “Deus não condena quem não pode fazer o que quer, mas quem não quer fazer o que pode”, dizia Santo Agostinho (Serm.54,2).


Deus não só acredita em cada um de nós para cumprir a missão, mas também dá todos os meios para facilitar o cumprimento da missão dada. Por isso o texto diz: “O proprietário pôs uma cerca em volta da vinha, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou a vinha a vinhateiros” (Mt 21,33).


A parábola dos vinheteiros homicidas quer nos dizer também que Deus é o Senhor absoluto da história. Contra todas as infidelidades do seu povo, Deus persiste no seu plano de conduzir a humanidade para uma conversão e para uma descoberta de sua vocação de produzir o que é bom para a convivência a partir dos dons recebidos de Deus. Deus não se cansa de enviar seus mensageiros para o bme da humanidade. A persistência de Deus para nos conduzir para a convesão transforma nossa história em história da salvação. Eu sou salvo porque Deus me ama e me perdoa. Nossas infidelidades não impedem o amor de Deus de chegar até nós. Após cada castigo e grave sofrimento como consequência do pecado, a vitória final será da graça e do perdão de Deus quando nós decidirmos voltar para Deus e quando começarmos a praticar o bem. Deus que se revela como o único Santo e misericordioso, sempre denuncia o pecado e o ódio, julga o pecador, condena o impenitente, mas acolhe quem se converte, idependentemente da gravidade do pecado cometido (cf. Lc 23,42-43). A parábola dos vinhateiros homicidas é de uma tremenda seriedade. No fim, está a vitória da graça de Deus para os que hão de produzir os frutos do Reino.


Se meditarmos seriamente a parábola dos vinhateiros homicidas e o fim da vida dos vinhateiros que nada de bom produziram, seremos capazes de dizer profundamente: “Senhor, tende pidedade de nós, pois até agora produzimos muito pouco de bom para a convivência e para Sua Igreja!”.


Portanto, “Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor.... Assim, o Deus da paz estará convosco (Fl 4,8-9).

P. Vitus Gustama,SVD

Nenhum comentário:

22/04/2024-Segundaf Da IV Semana Da Páscoa

JESUS É A PORTA PELA QUAL ENTRARAMOS NA ETERNIDADE Segunda-Feira da IV Semana da Páscoa Primeira Leitura: At 11,1-18 Naqueles dias, 1 ...