sexta-feira, 3 de novembro de 2017


Domingo, 05/11/2017
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DEUS QUER QUE SAIBAMOS NOS LIDERAR A NÓS PRÓPRIOS
XXXI Domingo Comum “A”
(Para os lugares em que a solenidade de todos os santos foi celebrada no dia 1 de Novembro)


I Leitura: Malaquias 1,14b; 2,2b.8-10
1,4b Eu sou um grande Rei, diz o Senhor do Universo, e o meu nome é temível entre as nações. 1Agora, este aviso é para vós, sacerdotes: 2b Se não Me ouvirdes, se não vos empenhardes em dar glória ao meu nome, diz o Senhor do Universo, mandarei sobre vós a maldição. 8 Vós desviastes-vos do caminho, fizestes tropeçar muitos na lei e destruístes a aliança de Levi, diz o Senhor do Universo. 9 Por isso, como não seguis os meus caminhos e fazeis acepção de pessoas perante a lei, também Eu vos tornarei desprezíveis e abjectos aos olhos de todo o povo. 10 Não temos todos nós um só Pai? Não foi o mesmo Deus que nos criou? Então porque somos desleais uns para com os outros, profanando a aliança dos nossos pais?


II Leitura: 1Tes 2,7b-9.13
Irmãos: 7b Fizemo-nos pequenos no meio de vós. Como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar, 8 assim nós também, pela viva afeição que vos dedicamos, desejaríamos partilhar convosco, não só o Evangelho de Deus, mas ainda a própria vida, tão caros vos tínheis tornado para nós. 9 Bem vos lembrais, irmãos, dos nossos trabalhos e canseiras. Foi a trabalhar noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, que vos pregámos o Evangelho de Deus. 13 Por isso, também nós damos graças a Deus sem cessar, porque, depois de terdes recebido a graça de Deus por nós pregada, vós a acolhestes, não como palavra humana, mas como ela é realmente, palavra de Deus, que permanece ativa em vós, os crentes.


Evangelho: Mt 23,1-12
1Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: 2«Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. 3 Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. 4 Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. 5 Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam as filactérias e ampliam as borlas; 6 gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, 7das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. 8 Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. 9 Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. 10 Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. 11 Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. 12Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
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Caridade Pastoral e Humildade


A Primeira Leitura e o Evangelho deste domingo nos apresentam um fato triste, mas real: sucede às vezes que nossos guias (líderes, pastores) perdem o caminho, mais do que se perdem no caminho. Os que deveriam aproximar-se de Deus levam uma vida distante de Deus. Como afrontar esta situação?


O ponto central destes textos como lição para todos nós é o seguinte: o pecado do seu pastor (líder, coordenador) não desculpa seu próprio pecado. Quem é santo, não condena. Um pecador, geralmente, condena outro pecador. Atacar o pecado do outro é, às vezes, uma forma de esconder o próprio pecado ou os próprios defeitos. Corrigir fraternamente é aconselhável, pois é bíblico (Mt 18,15-18); mas para condenar não somos autorizados por Deus (cf. Mt 7,1-5). Quem é santo de verdade reconhece-se pecador. Quem é pecador de verdade acha-se santo e irrepreensível. Mesmo que o seu pastor não seja digno do Deus a quem ele diz que serve, não isenta você de ser indigno daquele Deus a quem você diz que pertence, pois seu modo de viver não confirma a sua pertença ao seu Deus. Em outras palavras, tudo isso serve como ponto de partida para o exame de nossa própria consciência.


Jesus nos dá uma chave fundamental diante de tudo que se falou: devemos saber como distinguir palavras e obras. Com referência ao comportamento hipócrita dos fariseus, Jesus diz: “Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem”. Para a maioria de nós o critério é que as obras más desacreditam as palavras, ainda que sejam boas. Mas Jesus não quer que utilizemos esse critério quando se trata de nossos pastores ou líderes. Um pastor ou um líder pode estar levando uma vida má eticamente, no entanto pode nos dizer umas palavras capazes de melhorar nossas próprias vidas. Sigamos os bons conselhos desse líder ou pastor, mas estejamos longe da má fama de sua vida!


Cabe fazermos uma ligação entre o tema principal das leituras (a Primeira Leitura e o Evangelho) com a Segunda Leitura tirada da primeira Carta de São Paulo aos Tesalonicenses. O Apóstolo Paulo descreve sua missão (contrária à dos líderes da Primeira Leitura e do Evangelho) com termos emotivos e formosos: “Fizemo-nos pequenos no meio de vós. Como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar, assim nós também, pela viva afeição que vos dedicamos, desejaríamos partilhar convosco, não só o Evangelho de Deus, mas ainda a própria vida, tão caros vos tínheis tornado para nós” (1Ts 2,7-8).


Esse amor delicado e forte do qual São Paulo descreve é o próprio estilo de um verdadeiro pastor. Esta caridade pastoral tem seu efeito. São Paulo nos conta isso na Segunda Leitura ao escrever: “Nós damos graças a Deus sem cessar, porque, depois de terdes recebido a graça de Deus por nós pregada, vós a acolhestes, não como palavra humana, mas como ela é realmente, palavra de Deus” (1Ts 2,13). O segredo da caridade pastoral é a humildade. A humildade é a terra onde brota a caridade. A caridade envolve a doação, a entrega, a oblação e a eucaristia.


Fica aqui uma admoestação para qualquer pastor: Qual é a qualidade de seu amor pelo rebanho do Senhor? mas também é um convite para o povo fiel: “Você busca na palavra de seu pastor, antes de tudo e sobretudo, a Palavra de Deus?”.


O Farisaico Que Mora Dentro De Nós


O capítulo 23 do Evangelho de Mateus é o mais violento do Novo Testamento. Quem o lê fica impressionado, sobretudo, com a linguagem dura de Jesus. Estes ataques completam a obra dos profetas contra a falsa religiosidade. As palavras são duras porque o perigo que é denunciado é grave. E a validade da denúncia profética que ouvimos dos lábios de Jesus, neste capítulo, não perde sua atualidade, pois seu alcance é universal. O “fariseu” a quem Jesus dirige suas palavras duras e a denúncia é personagem típico, representa um paradigma de comportamento oposto ao Evangelho.


O Evangelho de hoje não pretende estimular ninguém a maldizer os fariseus que já faleceram há mais de dois mil anos, e sim provocar a reflexão para verificar se os “fariseus” ainda estão bem vivos hoje dentro de nós ou entre nós. 


Como descobrir se somos “fariseus”?  Basta verificar o texto do Evangelho de hoje para descobrir as suas características e conferir se por acaso elas se encontram dentro de nós e entre nós.


1. A Hipocrisia: “Dizem e não fazem”.


A palavra hipócrita designava no mundo grego antigo o ator que, com uma máscara e um disfarce, assumia uma personalidade alheia. Fingia diante do público ser outra pessoa freqüentemente sem nada a ver com a sua própria personalidade, porque trabalhava para a platéia. Ele não vivia sua própria identidade.


Segundo o Evangelho de hoje hipócrita é aquele que diz, mas não faz. É uma incoerência de vida. É uma duplicidade, um fingimento. Ele extremamente se apresenta como um homem religioso, alguém que faz questão de proferir palestras bonitas sobre o amor, sobre a paz, sobre o respeito para com os outros, mas ninguém o vê viver assim.


A hipocrisia, que tenta esconder atrás da fachada limpa a podridão interior, não convém ao cristão que é chamado a viver e proclamar publicamente a palavra recebida de Jesus. O Senhor quer que tenhamos diante d’Ele e diante dos outros uma única vida, sem disfarces e mentiras, pois n’Ele mesmo encontramos a plenitude da unidade de vida, a mais profunda união entre as palavras e as obras. A verdade é sempre um reflexo de Deus e deve ser tratada com muito respeito. Ao buscar sempre a verdade, fugindo da duplicidade, o cristão se torna uma pessoa honrada e respeitada. A falta de veracidade que se manifesta na mentira ou na hipocrisia ou na falta de unidade de vida, revela uma discórdia interior. Por isso, o Senhor diz no Sermão da Montanha: “Seja o vosso Sim, sim e o vosso Não, não. O que passa disso vem do Maligno” (Mt 5,37).


Se deixarmos crescer o medo de ser nós mesmos, acabaremos não sabendo quem nós somos. Nunca seremos autenticamente nós enquanto estivermos subordinados à opinião e às expectativas dos outros. A nossa riqueza consiste em que sejamos nós mesmos e não em que nos pareçamos com os outros ou com o que os outros esperam de nós. Os homens verdadeiros e autênticos podem ser aplaudidos ou condenados, amados ou odiados, mas sempre despertam nossa admiração.


2. Ele quer que o outro seja misericordioso para com ele enquanto ele mesmo é severo para o outro


O Evangelho diz: “Amarram fardos pesados e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (v.4). “Amarrar” significa aqui “declarar obrigatório”. Os “fardos pesados” são uma alusão ao conjunto das Leis caracterizadas pelas exigências casuísticas que tornavam impossível a sua observância.  Para os outros, severidade e para eles, amenidades. No entanto, o fardo de Jesus não é pesado, pois ele é amor. O amor faz crescer, tranqüiliza e dá segurança (cf. Domingo anterior).


Quando temos entre as mãos os corações daqueles que queremos melhores e os sabemos atrair com a mansidão de Cristo, já percorremos metade do nosso caminho apostólico. Ao perceberem isto, os corações deles se tornam abertos, como terra boa, onde podemos semear a semente da Palavra de Deus.


Hoje em dia ainda existe alguém que tente impor aos outros “cargas insuportáveis” das quais Jesus nunca falou. Não podemos esquecer nunca que somos homens que tratam com os outros homens, mesmo quando queremos fazer bem às almas. E existe sempre alguém que quer que os outros sejam misericordiosos e pacientes para com ele, mas ele mesmo não se mostra paciente e misericordioso para com os demais. Enquanto Jesus diz: “Tudo aquilo que quereis que os outros vos façam, fazei-o vós mesmos a eles...” (Mt 7,12).


3. Exibicionismo


Jesus critica o exibicionismo dos fariseus e dos mestres da Lei porque eles buscam todos os meios para serem notados e para serem reconhecida sua autoridade e seu prestígio; possuídos de sua superioridade, julgam-se dignos dos lugares de honra na vida civil e religiosa. Assim eles criam a desigualdade.


A norma de comportamento de um exibicionista é a ostentação de si próprio. Sua preocupação é colocar-se em evidência, ser notado, elogiado e, possivelmente, invejado. Tudo que ele faz é na perspectiva de algum louvor.


Na verdade, um exibicionista é uma pessoa de personalidade superficial, fútil e sem sólidos ideais. Ele vive mendigando louvores e os procura de todas as maneiras. Tudo o que ele faz é na perspectiva de algum louvor. Ele está convulsionando a ordem das coisas e acabará ficando com o coração vazio.


Toda pessoa possui algum lado bom, e ninguém consegue resistir à tentação de considerar-se mais do que vale e de parecer mais do que é. Todos nós possuímos as nossas ambições, até mesmo as pessoas humildes possuem as suas pequenas ambições. O exibicionista, porém, exagera. Aliás, o exibicionismo é até bastante comum, invadindo as camadas sociais e atingindo os seres humanos de todas as atividades e de todas as profissões.


O exibicionismo deverá ser combatido com o espírito de simplicidade e humildade. Para o simples tudo é divino e para Deus tudo é simples.


4. Gostam De Ser Chamados Mestre


Os títulos e os cargos podem confirmar a autoridade que nós temos, mas não nos dão a que não temos. Se nós queremos saber quanta autoridade temos, não nos perguntemos a quantos nos submetem, mas a quantos nós ajudamos a crescer. O medo que os outros têm de nós não mede nossa autoridade, mas nosso poder autoritário. Quando nós precisamos apelar para a força e para o poder para sermos autoritários é porque como pessoa já não temos mais autoridade.


O Senhor nos diz: “Todos vós sois irmãos” (v.8). O fundamento desta universal fraternidade já foi visto pelo profeta Malaquias que nos diz em forma de interrogação: “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? “(Ml 2,10). Então, há um laço que nos une a todos, laço de origem. Cada pessoa humana é fruto do amor pessoalíssimo de Deus e cada um é querido por Deus.


Portanto, antes de qualquer diferenciação entre os homens, seja de ordem pessoal (dotes) seja de ordem social (funções), vigora uma igualdade básica querida por Deus: todos irmãos. Fundamentalmente ninguém, por natureza, pode dominar o outro e colocar-se por cima dele. Nada mais danoso à fraternidade e ao encontro entre os homens do que a ostentação que quer diferenciar para dominar. Admitir a radical fraternidade implica tornar secundárias todas as distinções de cor, de classe, de religião etc. A fraternidade afasta para longe de qualquer convivência a tentação ao exibicionismo e à superioridade.


Por isso, perguntemo-nos: Será que vivemos como irmãos ou queremos ser superiores aos outros?  No íntimo de cada um tem resposta!

P. Vitus Gustama,svd

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