quarta-feira, 28 de março de 2018

SEXTA-FEIRA SANTA, 30/03/2018
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ENTREGAR-SE ATÉ À MORTE
SEXTA-FEIRA SANTA


O Sentido Da Paixão (Cruz) De Cristo


A paixão e a Morte de Jesus fazem parte do mistério pascal. E Páscoa significa “passagem”, a passagem de Jesus, através da morte, para a vida nova. A Sexta-feira Santa é o primeiro ato desta passagem. O símbolo central da Sexta-feira Santa é a Cruz gloriosa e vitoriosa de Jesus Cristo.


A cruz é a grandeza e o mais impressionante constrangimento para os homens. A cruz e a dor nos incomodam. Por causa disso, os homens de ontem e de hoje preferem ficar quietos e não querem encarar a cruz de Cristo. E isso porque muitos dos nossos triunfos humanos foram alcançados à custa de levantar mil cruzes, nas quais crucificamos os outros em nome de nossos interesses e egoísmos. O triunfo do dinheiro, do poder, do lucro, da fama, do egoísmo, custou o sangue de muitos. Não nos atrevemos a olhar para a cruz de Cristo porque nele vemos muitas outras cruzes que produzimos para os outros.


O mistério que se esconde na morte de Cristo na cruz não pode ser esgotado nas explicações humanas. A cruz é o resultado da missão do Pai assumida até as últimas consequências de serviço e amor para a salvação do homem total. Cristo, assumindo a figura do Servo, dá uma resposta ao plano salvador de Deus, e o Pai, ressuscitando Jesus dentre os mortos, acolhe esta plenitude de resposta no Filho.


Esta explicação fundamental é particularizada em diferentes esquemas de interpretação da morte de Cristo:
  • Jesus, profeta e mártir glorificado: Jesus é o profeta que, como outros, é condenado à morte injustamente. Mas porque ele é o profeta escatológico que dá a vida pelos outros, ele é ressuscitado por Deus.
  • Jesus, cumpridor da vontade de Deus: a morte de Cristo não seria outra coisa senão o cumprimento das Escrituras, segundo o qual "era necessário" que alguém morresse pela salvação dos demais (1 Cor 15,6; Lc 24, 26ss; Mc 8,31; Mt 26,31).
     
  • Jesus, expiador do pecado dos homens: neste caso, o caráter esoteriológico da morte se destaca. Cristo morre "por nós", entrega a sua vida "em resgate de muitos" (Mc 10,45), expiando nossos pecados e, assim, redimindo a humanidade perdida. “Morto por nós”, essa palavra tão familiar, corrente na linguagem cristã é, na verdade, uma das palavras mais misteriosas. A morte de uma pessoa é uma nota própria dessa pessoa, põe fim à sua vida, não dá a vida a outros. Em sua morte glorificante, Jesus é doação de si. Em comunhão com o Pai que é amor, Jesus existe para o mundo.
  • A partir da cruz de Jesus sabemos que somos amados de Deus. Amados por Deus, qualquer que seja a obscuridade e a insignificância da nossa situação atual. Somos amados de Deus é uma mensagem transformante; é uma mensagem que abre todos os nossos horizontes. Embora eu me sinta abandonado, solitário e perdido num mundo violento e sem rumo, eu sou amado por Deus. A minha história, por escura que seja, se torna uma história de salvação porque Deus me ama.  Deus se dá para mim, e ele dá para mim aquilo que ele tem de mais caro: seu Filho único, Jesus Cristo (Cf. Jo 3,16). Mas esta entrega é perene, e não é apenas um ato passado. Deus nos ama permanentemente no decorrer humano da nossa vida através de sua providência e através da eucaristia celebrada e participada.
     
  • Jesus, solidário radical para a salvação plena: a morte de Cristo seria, definitivamente, o resultado de uma assunção radical da condição humana que exige, para ser redimida, uma solidariedade até a morte. Somente na morte de Cristo pode encontrar o sentido da morte do homem.
     
  • Jesus, reconciliador para uma aliança nova: “Porque quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho” (Rm 5,10; Cf. Cl 1,20-22). A morte de Cristo rompe as barreiras da separação e nos devolve a amizade com Deus, realizando a nova aliança. O inocente, carregando nossos pecados, repara a ofensa e estabelece uma nova relação com Deus.
     
    Nossas Cruzes E A Nossa Cruz Existencial Sob A Cruz De Cristo: Um Chamado À Conversão Contínua
     
    Todos nós carregamos alguma cruz na nossa vida. Há cruzes de todos os tipos. Há cruzes em todos os caminhos. Para encará-la cada um tem seu próprio modo. Para alguns, a cruz pode ser vivida como tribulação, para os outros ela pode ser vivida como libertação. Há cruzes com Cristo, mas há também cruzes sem Cristo. Cada cruz, então, tem uma história e cada história tem uma cruz. A cruz sem Cristo é a cruz-condenação. É a cruz de quem deseja ser um deus. É a cruz que não tem finalidade em si mesmo. É a cruz sem fé, sem amor, sem sentido da vida, sem renúncia por amor. É a cruz de quem deseja viver numa liberdade sem responsabilidade. Jesus Cristo, que foi crucificado, transformou a cruz de castigo em bênção.
              
    A mãe de Jesus acompanhava o filho Jesus que estava carregando a cruz silenciosamente. A cruz do filho é a cruz da mãe. Ela também carrega esta cruz silenciosamente. A ressurreição do filho é a ressurreição da mãe. Na Mãe de Jesus podemos ver tantas mães do mundo. Sem dúvida, muitas mães carregam silenciosamente a cruz ao saber que seu filho se droga ou se perde no mundo da criminalidade. Crucificadas, essas mães acompanham a cruz de seu(s) filho(s) com o amor incondicional como a Mãe de Jesus que se encontrou ao pé da cruz com o amor incondicional.
              
    Todos nós somos convidados a refletir tais situações e outros tipos de cruz sob a cruz de Jesus ressuscitado que transformou a cruz em momento de transfiguração cujo ápice é a sua ressurreição. A partir de Cristo e somente com Cristo podemos sofrer, mas nunca sofreremos em vão. Sem Cristo é que sofreremos em vão. Este tipo de sofrimento tortura e angustia e não liberta.
     
    Carregar a Cruz Sem Ser Cruz Para Os Outros
     
    Cristo carregou uma cruz, mas nunca foi cruz para os outros nem colocou cruzes nos caminhos dos outros. Quando contrariarmos a vontade de Deus por causa do pecado que faz ninho dentro de nós, nos tornaremos cruzes para os outros e colocaremos cruzes em seus caminhos. Quando os outros contrariarem a vontade de Deus, tornar-se-ão cruzes para nós e colocarão cruzes em nossos caminhos. Assim, os outros são cruzes para nós e nós somos cruzes para os outros. Cristo quer que não sejamos cruzes para ninguém, mas imitadores de seu amor apaixonado pela humanidade.
              
    Por isso, pregar a cruz a partir de Cristo significa ter consciência do pecado que faz ninho no nosso coração que causa tantas cruzes na própria vida de quem o comete e na vida dos outros com quem convive. A presença do pecado como uma força destruidora cria muitas cruzes na convivência humana, pois nunca somente vivemos, mas sempre convivemos. Cada ato nosso, seja positivo ou negativo, sempre tem consequência direto ou indiretamente para a vida dos outros. Esta consciência de ser nosso coração a hospedagem também do pecado, nos leva a um ato de acabar com as muitas cruzes que criamos através do trabalho contínuo de arrancar o ninho do pecado dentro de nós através da conversão contínua. Não podemos esquecer que a cruz de Jesus é uma revolta contra a dignidade humana violada, contra aquilo que deveria ter evitado para não criar tantos sofrimentos na própria vida e na vida alheia. Pregar a cruz de Cristo significa convocar as pessoas para um amor e para um perdão incondicionais, para a capacidade de não permitir que o ódio e suas múltiplas manifestações reinem o coração humano onde Deus deposita seus segredos. Sem esta atitude não haverá a paz e a ressurreição; não haverá a passagem do homem velho para o homem novo criado para o céu. Que sejamos uma ressurreição e não a cruz para os outros. Que sejamos solução e não problema para os outros.
     
    Hoje adoramos a Cruz de Jesus ou Jesus crucificado. Na adoração da cruz, não é a ela sozinha que devemos adorar (o que seria idolatria). Adoramos o imenso amor de Deus, manifestado na entrega de Jesus, no amor-serviço. Por isso, ele disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
              
    Basta você amar de verdade qualquer pessoa, sem dúvida nenhuma, você vai sofrer muito por isso, como Cristo. Verifique seu coração se dentro dele existe o amor verdadeiro? Onde existe o amor verdadeiro, lá está Deus, lá está a paixão, mas lá se encontra a semente da ressurreição. Esta é a nossa esperança.
     
    “Jesus Crucificado!
    Sempre Te levo comigo,
    Preferindo-Te acima de qualquer coisa.
    Quando caio, Tu me levantas.
    Quando choro, Tu me consolas.
    Quando sofro, Tu me curas.
    Quando Te chamo, Tu me respondes.
    Tu és a Luz que me ilumina.
    O sol que me aquece.
    O alimento que me nutre.
    A fonte que me sacia.
    A doçura que me inebria.
    O bálsamo que me restaura.
    A beleza que me encanta.
    Jesus Crucificado!
    Sejas Tu a defesa de minha vida.
    Meu conforto e confiança na minha agonia.
    E repousa no meu coração
    Quando chegar a minha última hora.
    Amém!” (Dom Bruno Forte).
     
    P. Vitus Gustama,SVD

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