terça-feira, 1 de maio de 2018

04/05/2018
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AMAR COMO ESTILO DE VIDA CRISTÃ
Sexta-Feira da V Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 15,22-31
Naqueles dias, 22 pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, de acordo com toda a comunidade de Jerusalém, escolher alguns da comunidade para mandá-los a Antioquia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Bársabas, e Silas, que eram muito respeitados pelos irmãos. 23 Através deles enviaram a seguinte carta: “Nós, os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, saudamos os irmãos vindos do paganismo e que estão em Antioquia e nas regiões da Síria e da Cilícia. 24 Ficamos sabendo que alguns dos nossos causaram perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito. Eles não foram enviados por nós. 25 Então decidimos, de comum acordo, escolher alguns representantes e mandá-los até vós, junto com nossos queridos irmãos Barnabé e Paulo, 26 homens que arriscaram suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 27 Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a mesma mensagem. 28 Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: 29 abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós fareis bem se evitardes essas coisas. Saudações!”


Evangelho: Jo 15,12-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
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A Primeira Leitura de hoje nos relata algumas decisões do Concílio de Jerusalém. Primeiro, há que viver na novidade de Cristo e não segundo costumes passados. Segundo, não há que impor a circunscisão aos convertidos de qualquer religião não judia, nem tampouco há que impor outras tradições, usos próprios da anterior história espiritual de Israel. Terceiro, somente há de impor algumas obrigações essenciais como não cair na idolatria e uniões ilegítimas. Quarto, os grandes assuntos da vida e da fé tem que ser tratados em assembleia de responsáveis: apóstolos, presbíteros, irmãos. Todos são responsáveis.


Tudo isso abriu uma ampla perspectiva para o desenvolvimento da missão apostólica. A Primeira Leitura sublinha a união de caridade na Igreja primitiva: “O Espirito Santo e nós”.


Será que trabalhamos como a comunidade primitiva eclesial, sendo corresponsáveis nas decisões ou preferimos viver em “paz” sem assumir responsabilidades?


A vocação dos pagãos é o cumprimento do universalismo messiânico. Apesar de nossa ignorância, de nossa fraqueza, de nossa preguiça, Deus realiza seu plano e cumpre seu propósito. Estamos nos pensamentos de Deus e nos seus planos antes do princípio das coisas. Somos frutos do pensamento de Deus. Por isso, damos graças a Deus diante de todos os povos e cantamos para Ele diante das nações com o Salmo Responsorial (Sl 56/57): “Meu coração está pronto, meu Deus, está pronto o meu coração! Vou cantar e tocar para vós: desperta, minha alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora! Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos, dar-vos graças por entre as nações! Vosso amor é mais alto que os céus, mais que as nuvens a vossa verdade! Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória refulja na terra!”.


No Evangelho de hoje Jesus nos diz: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. O mandamento sumpremo de Cristo consiste na caridade fraterna que chega até o dom da própria vida em favor dos seres amados (a humanidade). Jesus dá a conhecer aos discípulos tudo quanto conhece do Pai. A revelação do Pai não é outra coisa que Jesus Cristo e é revelação pelo amor, para o amor e no amor. O amor dos discípulos entre si será o fundamento e a condição da permanência gozosa neles de Jesus, depois de sua partida deste mundo.


São Bernardo afirma: “O amor basta por si só e porcausa de si. Seu prêmio e seu mérito se identificam com ele mesmo. O amor não requer outro motivo fora de si mesmo, nem tampouco nenhum proveito; seu fruto consiste em sua própria prática. Amo porque amo, amo para amar. Grande coisa é o amor, com tal que se recorre a seu princípio e origem, com tal que volta o amor a sua fonte e seja uma contínua emanação do mesmo” (Sermão 83).


Onde Há Espaço Para o Espirito Santo e a Colaboração Humana Há Solução Para os Conflitos


Em At 6 houve o problema da discriminação dos Helenistas (viúvas helenistas discriminadas), agora em At 15, o problema da da discriminação dos pagãos convertidos. Nestes dois casos o que está em jogo, além do sofrimento de pessoas concretas, é o problema institucional e teológico da missão fora de Jerusalém (além da Lei e do Templo) para os samaritanos e povos pagãos. O problema é superado com uma assembleia de toda a comunidade.


Especialmente no Concílio de Jerusalém em At 15 houve discussão e posições contrapostas. Mas depois do esforço de discernimento, no fim teve um consenso: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós fareis bem se evitardes essas coisas”. Este foi o conteúdo da carta enviada de Jerusalém pelos Apóstolos e presbíteros para os pagãos convertidos de Antioquia, Síria e Cicília. Portanto, fica afirmada a conficção teológica de que a salvação vem de Jesus e não pela Lei de Moisés para os pagãos que se converteram para a fé cristã e triunfam a tolerância e a interpretação prulalista de Paulo e Barnabé. O Salmo resposorial recolhe esta sensação: “Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos, dar-vos graças por entre as nações! Vosso amor é mais alto que os céus, mais que as nuvens a vossa verdade!” (Sl 56).


Como a Igreja em geral e cada comunidade, em particular (familiar, paroquial, diocesana, religiosa etc.) enfrenta seus conflitos internos? A partir do texto da Primeira Leitura tiramos lição de que quando nossas comunidades se reúnem e se esforçam por discernir qual é realmente a vontade de Deus, que supõe a existência de espaço para o Espirito Santo agir, as decisões que tomamos sempre tem objetivo de salvar todos os homens como o próprio Deus quer (cf. 1Tm 2,4) a exemplo da decisão do Concílio de Jerusalém. Como aconteceu na história, hoje em dia sempre temos a tentação de impor a os outros coisas que não são necessárias, cargas que não são imprescindíveis. Muitas vezes somos intolerantes nem respeitamos as diferenças de caráter, de cultura, de opinião. Não nos esqueçamos que cada ponto de vista é apenas vista de um ponto sobre a mesma realidade. A presença do outro nos ajuda a olharmos ricamente para a mesma realidade: o outro nos enriquece e nós enriquecemos o outros a partir de nossa visão sobre a mesma realidade. Em toda discussão deveria triunfar a caridade, tolerando muitos detalhes periféricos e cebtrando-nos no importante ou no essencial para a salvação de todos.


A vida é muito dimensional demais para sermos mesquinhos no nosso ponto de vista. Somente Deus, na Sua sabedoria infinita é capaz de perceber até os mínimos detalhes sobre qualquer realidade e criação, pois Ele é o Criador do universo e o Onisciente. Enquanto nós, seres humanos na ordem da criação somos limitados na nossa visão. A vida não é matemática cujo resultado tem seu ponto final. “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam” (Martin Luther King). E “Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa” (Bob Marley). Mas nunca estamos prontos para ver o que nunca víamos, e nunca estamos preparados para aceitar a verdade que choca nossos hábitos. Mas tendo Deus e sua vontade como o foco ou centro no qual gira nossa existência, e tendo a suficiente humildade, tudo que acontece como surpresa serve para enriquecer nossa existência neste mundo.


Fica para nós a seguinte pergunta: quando tomamos uma decisão comunitária, poderíamos dizer com sinceridade que “Decidimos, o Espírito Santo e nós”? Ou nos deixamos levar por nossos interesses mesquinhos e egoístas? Nossas decisões alegram os alentadores, como os de Jerusalém, e os interessados, como os de Antioquia, Síria e Cicília? Para Lucas, o autor dos Atos, a alegria é um sinal clara de que atuamos conforme o Espirito Santo.


Amor Como Um Mandamento Novo De Jesus Para Os Seus Seguidores


Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.


Continuamos ainda a acompanhar o discurso da despedida de Jesus dos seus discípulos no evangelho de João (Jo 13-17). No evangelho de hoje Jesus fala do amor como o maior mandamento para seus seguidores e Jesus se apresenta como amigo dos discípulos e de todos os seus seguidores. Creio que este mandamento é tão importante a ponto de ser apresentado duas vezes no evangelho de João: Jo 13,34-35 e Jo 15,12-14. “Meu amor é meu peso”, dizia Santo Agostimho (Conf. 13,9). “Quanto mais cresce teu amor, maior é tua perfeição. A perfeição da alma é o amor”, acrescentou Santo Agostinho (In epist. Joan. 9,2).


Amar Como o Estilo De Vida Cristã


“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Este é o mandamento do Senhor! Não se trata de uma lei (nomos), e sim de um estilo de vida (entolé). Aqui a palavra “mandamento” tem a ver com o estilo de vida. Para o evangelista João “amar” é um estilo de vida. Trata-se de uma coisa que faz parte da vida cotidiana de cada seguidor de Cristo.


Mas que tipo de amor que Jesus recomenda? Que tipo de amor que ele fala como o estilo de vida? Em que sentido o amor como o estilo de vida?


Jesus se põe a si mesmo como modelo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15,12). De que maneira Jesus nos amou? O amor de Jesus é gratuito, generoso, universal, incondicional e sem limites: “Jesus amou os seus, e os amou até o fim” (Jo 13,1). Jesus amou ao longo dos dias e dos anos; amou até a morte e além da morte. Sem limites: até dar tudo, gastar tudo, despojar-se de tudo. O amor de Deus não se deixa condicionar (cf. Jo 3,16), e nem sequer impor limites pelos maus comportamentos do homem: “Deus faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos”, diz Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,45).   Ele se entregou pelos demais ao longo de sua vida até o extremo: a morte na cruz: Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). É o amor concreto. É amar não com palavras apenas, e sim com obras, com a compreensão, com a ajuda oportuna, com a palavra amável, com a tolerância, com a doação gratuita de si mesmo, com o perdão (cf. Lc 23,34). O amor autêntico exige sempre o sacrifício e o total esquecimento de si. É amar por amor. São Bernardo afirma: O amor basta por si só e por causa de si. Seu prêmio e seu mérito se identificam com ele mesmo. O amor não requer outro motivo fora de si mesmo. Amo porque amo; amo para amar”. Se assim é, podemos dizer que você vive não quando respira, mas quando ama. Do ponto de vista cristão a capacidade de viver o amor fraterno é o critério da maturidade cristã.


Para nós, cristãos, a atitude de amor aos demais deve ser uma conseqüência prática de nossa comunhão profunda com Cristo. O cristão é reconhecido, fundamentalmente, pelo amor que vive: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”, disse-nos Jesus (Jo 13,35).


Somos Amigos De Jesus


Eu vos chamo amigos”, diz o Senhor.
  • A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro (Platão).
  • Sem amigo, nada é agradável [Sine amico nihil amicum] (Santo Agostinho).
  •  A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz (George Eliot).
  • A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar ao amigo de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades (Millôr Fernandes).
  • O amigo é o melhor terapeuta nas experiências de abandono e humilhação (Anselm Grün).
  • Refugiado em peito amigo, sumindo vai pesar antigo (Johann Wolfgang Goethe).
  • Não me alegro tanto pela andorinha que me traz a mensagem da primavera e que à renovação eterna canta hinos, mas alegro-me bem mais pela mensagem do amigo que me traz o que preciso para a vida (Friedrich Rückert, poeta).
  • Com um amigo ao lado, nenhum caminho é longo demais (ditado japonês).
     
    Para ser amigo do outro é preciso ser amigo de si mesmo, no sentido de que é preciso colocar em ordem o próprio coração e direcioná-lo para o bem. Um coração bom está sempre do lado do bem. Um coração bom nos leva a praticarmos a bondade. Dizia Cícero que a amizade é “doadora da alegria de viver tanto para os nossos amigos como para nós mesmos”. Por isso, ter ou não ter amigo depende de ser ou não ser amigo de si mesmo. Quem é muito humano para si próprio, será muito humano para o outro. É o ponto de partida para uma amizade.
     
    Quando alguém reclama que não tem amigo ou amiga, é preciso se perguntar: “Será que eu sou amigo de mim mesmo? Será que sei me tratar? Será que eu me respeito e me amo?”. Somente poderemos ser felizes quando aprendermos a fazer o outro feliz. Somente podemos ser próximos dos outros, se aprendermos a ser próximos dos outros.
     
    Eu vos chamo amigos”, diz o Senhor. Jesus chamou seus discípulos de amigos porque partilhou tudo com eles o que ouviu de seu Pai: experiências, conhecimentos, salvação, amor etc.. Jesus abriu aos discípulos Seu coração. Isto significa que o discípulo, o cristão não é um simples subalterno. O cristão é um amigo pessoal de Jesus Cristo. O amigo não é um simples conhecido ou um sócio, e sim alguém com quem se compartilha a intimidade, o mais profundo de nosso ser: “Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15b). O amigo sempre está disposto a fazer o que o amigo lhe pedir: “Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15,14). O amigo demonstra a verdade de seu amor estando disposto a entregar a própria vida se for necessário: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,13). O verdadeiro amigo inclui a doação da vida pelo amigo. Para Jesus a noção de amizade é muito profunda. “Amigo é alguém que te conhece a fundo e, apesar disso, te ama” (Hublard). “A amizade é como todos os títulos honoríficos: quanto mais velha, mais preciosa”, dizia Goethe. “A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas” (Francis Bacon).
     
    “Eu vos chamo amigos”, disse-nos Jesus. É uma mensagem consoladora. É uma mensagem que dá força e ânimo. De fato, eu não estou sozinho (a). Eu estou bem acompanhado (a). Eu estou acompanhado (a) pelo Salvador do mundo: Jesus Cristo. Se o cristão viver verdadeiramente esta fé, ele jamais se sentirá só independentemente da situação em que se encontra. O cristão não é solitário, e sim solidário. “O mundo é tão vazio quando pensamos apenas nas montanhas, rios e cidades; mas saber que cá e lá existe alguém que comunga conosco, com o qual também nós convivemos tacitamente, isto faz deste globo terrestre para nós um jardim habitado” (Johann Wolfgang von Goethe).
     
    Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando, disse Jesus.  Será que você pode ser considerado como amigo de Jesus? Para ser amigo do outro é preciso ser amigo de si mesmo. Você é amigo de si mesmo?
     
    Lembremo-nos do recado do Pequeno Príncipe: “Você precisa me cativar. As pessoas já não têm tempo de aprender coisa alguma. Compram tudo nas casas comerciais. Mas, como não existem lojas de amizade, as pessoas não têm mais amigos. Se quiser um amigo, cative-me” (Saint-Exupéry: O Pequeno Príncipe).
     
    P. Vitus Gustama,svd

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