quarta-feira, 16 de maio de 2018

18/05/2018
Resultado de imagem para “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”Resultado de imagem para “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
AMOR É O FUNDAMENTO DE TODA A ATIVIDADE PASTORAL
Sexta-Feira da VII Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 25,13b-21
Naqueles dias, 13b o rei Agripa e Berenice chegaram a Cesaréia e foram cumprimentar Festo. 14 Como ficassem alguns dias aí, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: “Está aqui um homem que Félix deixou como prisioneiro. 15 Quando eu estive em Jerusalém, os sumos sacerdotes e os anciãos dos judeus apresentaram acusações contra ele e pediram-me que o condenasse. 16 Mas eu lhes respondi que os romanos não costumam entregar um homem antes que o acusado tenha sido confrontado com os acusadores e possa defender-se da acusação. 17 Eles vieram para cá e, no dia seguinte, sem demora, sentei-me no tribunal e mandei trazer o homem. 18 Seus acusadores compareceram diante dele, mas não trouxeram nenhuma acusação de crimes de que eu pudesse suspeitar. 19 Tinham somente certas questões sobre a sua própria religião e a respeito de um certo Jesus que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo. 20 Eu não sabia o que fazer para averiguar o assunto. Perguntei então a Paulo se ele preferia ir a Jerusalém, para ser julgado lá. 21 Mas Paulo fez uma apelação para que a sua causa fosse reservada ao juízo do Augusto Imperador. Então ordenei que ficasse preso até que eu pudesse enviá-lo a César.


Evangelho: Jo 21,15-19
Jesus manifestou-se aos seus discípulos 15e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. 16E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”.19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.
___________________________
Jesus Está Vivo No Meio De Nós


Um certo Jesus que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo”, assim resumiu o governador romano, Festo, sobre a discussão entre são Paulo detido e os judeus que lemos na Primeira Leitura de hoje.


Estas páginas finais dos Atos dos Apóstolos citam um certo número de personagens históricos. O itinerário da Igreja através do cativeiro de são Paulo, cidadão romano, é confirmado paulitanamente pela grande história de Roma. Esses encontros são importantes: governadores, oficiais, soldados, são conhecidos pelos documentos civis da época.


O novo governador romano na Judeia, Porcio Festo, mantém detido são Paulo em Cesareia onde o trasladou para maior segurança. E aproveita a visita do rei Agripa e sua irmã Berenice para explicar-lhes o caso de são Paulo, um dos casos mais curiosos que herdou de seu antecessor, Felix.


Festo, como todos os personagens romanos que aparecem no livro dos Atos, se mostra respeitoso da lei e desejoso de que triunfe a justiça: “Os romanos não costumam entregar um homem antes que o acusado tenha sido confrontado com os acusadores e possa defender-se da acusação”, disse ele (At 25,16).


O que nos interessa, sobretudo, é o modo como Festo resume a discussão entre são Paulo e os judeus. Trata-se de assuntos de religião: “Tinham somente certas questões sobre a sua própria religião e a respeito de um certo Jesus que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo”.


Espera-se que possamos resumir tudo o que falamos e trabalhamos com as mesmas palavras do governador romano, Festo, sobre são Paulo: “Um certo Jesus que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo”. Paulo afirma que Jesus está vivo. E certamente Ele não se afastou de nós; só se tornou invisível, mas continua conosco; mais ainda: vive em nosso próprio interior.


O mundo de hoje, ainda que em certa medida aprecie Jesus de Nazaré por sua doutrina e seu testemunho, chega poucas vezes à convicção de sua divindade ou de sua ressurreição. Não podemos desprezar jamais a presença do Cristo Ressuscitado entre nós que quer comunicar vida para sua comunidade e quer transformar a sociedade e o universo onde a vida deve ser respeitada e protegida. Nossa experiência de uma vida ressuscitada já neste mundo torna nossos horizontes belos, cheios de sentido, torna nossa vida humanizadora e divinizadora, torna nossas perspectivas muito além de um olhar humano, e torna o outro, nosso irmão. A ressurreição do Senhor dá sentido para nossa existência e nossas atividades diárias. Não é por acaso que a Igreja celebra a Páscoa durante cinquenta dias. Todas as nossas celebrações litúrgicas são celebração da ressurreição do Senhor e que Ele está vivo e vive no meio de nós. “Ele está no meio de nós” é a nossa resposta para a saudação do presidente da celebração: “O Senhor está convosco!”.


Temos a ocasião hoje e nos dois que restam do tempo pascal, para afirmar diante de Jesus nossa fé e nosso amor.


Com o Salmo Responsorial (Sl 102/103) bendigamos ao Senhor por Sua bondade e sua misericórdia para conosco. Ele nos fez o maior de todos os benefícios e foi além de nossas esperanças, pois, por meio de seu Filho, não somente nos perdoou nossos pecados e sim que nos fez seus filhos. Nosso louvro ao Senhor não daremos somente com os lábios e sim com todo nosso ser, pois apesar de que Deus tem Seu trono santo no céu, não nos contempla como juiz nem conform os critérios dos governantes deste mundo e sim como um Pai cheio de amor e de ternura por seus filhos: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes. O Senhor pôs o seu trono lá nos céus, e abrange o mundo inteiro seu reinado. Bendizei ao Senhor Deus, seus anjos todos, valorosos que cumpris as suas ordens”.


O Amor Fraterno É a Alma De Toda a Missão e Fundamento de Toda Pastoral


O Jo 21, de onde foi tirado o texto do Evangelho de hoje, foi acrescentado ao evangelho de João provavelmente depois de uma primeira redação deste evangelho. As dificuldades de ordem literária e exegética são bastante importantes, mas cabe a possibilidade de não se afastar da realidade, figurando-se que este capítulo foi estruturado depois da morte de Pedro, e antes da morte de João, no momento em que o tema da sucessão já foi plantado. Aqui é destacada a importância de Pedro como o primeiro entre as partes.


Cada aparição de Cristo Ressuscitado aos seus apóstolos, especialmente em São João, sempre termina com uma “transmissão de poderes”. São João coloca intencionalmente esta transmissão depois da ressurreição (ao contrario de Mt 16,13-20) para deixar bem claro que os poderes missionários da Igreja é a irradiação da gloria do ressuscitado (“todo poder foi me dado... ide, pois”: Mt 28,18-19), e não para o uso próprio nem para a autopromoção ou para dominar os demais.


O diálogo do Senhor Ressuscitado com Pedro enfatiza três assuntos ligados entre si: o amor, o pastoreio e o seguimento até o martírio. E esse diálogo acontece logo depois da refeição comunitária. Nesse diálogo Jesus se dirige a Pedro chamando-o pelo nome de sua ascendência: “Simão de João”. Ao usar o nome de Pedro Jesus dirige-lhe três perguntas num tom pessoal e solene: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Santo Agostinho comentou: “O Senhor perguntou três vezes para que a tríplice confissão apagasse a tríplice negação”. Jesus ressuscitado cura no mais fundo da alma de Pedro as feridas causadas nele pela sua tríplice negação (cf. Jo 18,17.25.27). Ao ser perguntado “pela terceira vez” por Jesus se Pedro O amava, Pedro ficou triste. Pedro reconhece sua infidelidade, mas não pode negar a existência de seu amor por Jesus: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Ao responder na terceira vez, Pedro mostra que não se apóia mais nas suas forças, no seu saber e na sua vontade e sim no saber e na bondade do Senhor: “Tu sabes tudo”. Ao mesmo tempo Pedro afirma a verdade do seu amor ao Senhor e se deixa verificar seu amor por aquele que “sabe tudo”: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo apesar das minhas fraquezas e limitações”.


Somente depois da purificação de seu amor é que Jesus confere a Pedro o ofício de pastor de toda a Igreja: um ofício feito no amor e por amor ao Senhor e às ovelhas do Senhor (povo de Deus). As ovelhas das quais Pedro deve cuidar são as ovelhas de Jesus: “minhas ovelhas”.  “Apascenta minhas ovelhas como minhas, não como tuas”, comentou Santo Agostinho. 


Então, antes de transmitir o “poder de apascentar” o povo de Deus (“minhas ovelhas”) Cristo Ressuscitado pergunta a Pedro se ele ama a Jesus com o amor ágape. “Ágape” é uma palavra grega que significa o amor que se dirige unicamente para o outro, incondicional, e que não espera nada em troca. É uma doação pura de si mesmo. É um amor sem motivos, isto é, amar por amar. Para servir e trabalhar com e para o Senhor pelo bem dos demais é necessário ter amor puro no coração. Quem tem amor no coração, vai tratar bem aos outros. Jesus morreu por amor aos homens (Jo 13,1; 15,14). A Igreja de Cristo conduzida por Pedro e seus sucessores deve se converter em sacramento visível do ágape, do amor fraterno, de doção de si. Cada líder na Igreja do Senhor, desde o Papa até aos agentes pastorais, deve ser transformado em líder de amor. Por isso, é sempre um desafio de todos os dias.


O amor é o fundamento de toda pastoral. Por isso, Jesus não pergunta a Pedro se ele superou sua crise, se foi submetido a uma terapia psicológica para recuperar a auto-estima, se fez algum curso de liderança, se sabe manejar situações de conflito, se domina as dinâmicas de animação comunitária, se domina as técnicas pastorais, e sim Jesus o confronta com o fundamento de todo seguimento e de todo cuidado pastoral: o amor a Jesus e a sua comunidade, a decisão de entregar a própria vida para que os outros tenham vida (cf. Jo 10,10). Quem ama de verdade não compactua com a maldade, com a injustiça, etc., porque amor é responsabilidade. Todas as injustiças são conseqüências da falta de amor.


Todos os ministérios da Igreja, todos os carismas, vocações e serviços ao Reino de Deus brotam, enfocam e se expressam nesse amor serviçal e desinteressado a pessoa de Jesus e a Causa do Reino. Amor cujo dinamismo nos dispõe e nos conduz, de diferentes maneiras, ao "amor maior" de dar vida dando vida. Este é o dom de toda vocação eclesial a serviço do Reino de Deus, segundo Jesus. Esse é o estilo do seu Espírito.


“Sim, Senhor, eu te amo”, responde Pedro. “Apascenta as minhas ovelhas”, diz Jesus a Pedro. A intimidade da fé e a resposta de amor de Pedro não são escritas para ser saboreadas sentimentalmente, e sim para ser transformadas em responsabilidade. “Se me amas, Pedro, então, apascenta as minhas ovelhas”. O amor a Jesus se transforma em responsabilidade de cuidar dos demais, pois eles são de Jesus (“minhas ovelhas”). Ao dizer que ama a Deus, o homem se transforma em responsável pelos outros. Amor e responsabilidade são, para Jesus, uma moeda de dois lados.


Jesus chama Pedro por seu nome original “Simão, filho de João”. E Pedro escuta atentamente a voz do Senhor. Seu coração foi crescendo em maturidade e agora compreende que Jesus não é o Messias político que ele esperava (Jo 13,37; 18,10) e sim o ser humano generoso que dá sua vida em serviço à humanidade deprimida e abandonada (Jo 15,13.15). Agora Pedro se encontra disponível para seguir a Jesus, o Caminho, não sob seus próprios interesses e sim animado pelo Espírito do Ressuscitado. A tríplice pergunta e afirmação são uma rememoração do itinerário do discípulo. Pedro partiu de uma adesão fervorosa, chegou à negação (Jo 18,27), passou pela dura experiência da morte de Jesus e agora chega a um novo ponto de partida. A adesão de Pedro não é simples militância e sim é amor entranhável por um ser humano que lhes ensinou o verdadeiro caminho para Deus: o caminho de amor que se transforma em serviço à comunidade: “Apascenta minhas ovelhas”. As ovelhas pertencem ao Senhor; o povo é de Deus. O próprio Senhor é o verdadeiro Pastor das ovelhas (cf. Jo 10). O bom tratamento para as ovelhas significa o bom tratamento para Deus. O mau tratamento para as ovelhas significa o mau tratamento para Deus, pois as ovelhas são do Senhor. Todos são chamados a cuidar das ovelhas do Senhor. Cuidar significa amar, alimentar, guiar e proteger.


As perguntas feitas a Pedro são dirigidas a toda a Igreja, a cada cristão e, portanto, a mim e a você. “Quando é lida esta leitura, cada cristão sofre o interrogatório no coração”, dizia Santo Agostinho. O amor é a única realidade consistente, que permanece e dá consistência a tudo. Aquele que foi enviado por amor e para amar a humanidade (Jo 3,16) e que nos ama até o fim (Jo 13,1) nos pergunta sobre nosso amor ao Senhor e às ovelhas do Senhor. Tendo amor no coração ao Senhor e às ovelhas do Senhor, tudo se tornará obra prima e tudo se eleva até Deus.


Em silêncio neste dia Jesus chama cada um de nós por nosso nome original e pergunta: “Você me ama mais do que qualquer pessoa e qualquer coisa do mundo e em qualquer situação?”. Ele não nos pergunta se temos condições de assumir uma tarefa ou não, e sim se amamos verdadeiramente o Senhor que se expressa no amor às ovelhas do Senhor (toda pessoa humana). Primeiro é amar. Depois é servir. Servir sem amor transforma qualquer um em escravo. Servir com amor transforma cada um de nós em parceiro do Senhor. Podemos dar sem amar, mas não podemos amar sem dar. Aquele que semeia cortesia colhe amizade, e aquele que planta delicadeza colhe amor. O amor é firme com rocha em que as ondas do ódio batem em vão. O verdadeiro amor nos eleva até Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho).


Reflitamos sobre as seguintes palavras de Santo Agostinho:


“Os que apascentam as ovelhas de Cristo com ânimo de fazê-las propriedade sua e não de Cristo, manifestam claramente que amam a si mesmos e não a Cristo; desempenham a missão recebida movidos pela cobiça da glória, do domínio, da posse, e não movidos pelo amor de obedecer, ajudar ou agradar a Deus... Demonstra que tens amor ao Pastor amando as ovelhas, pois também as ovelhas são membros do Pastor”.
P. Vitus Gustama,svd

Nenhum comentário:

22/04/2024-Segundaf Da IV Semana Da Páscoa

JESUS É A PORTA PELA QUAL ENTRARAMOS NA ETERNIDADE Segunda-Feira da IV Semana da Páscoa Primeira Leitura: At 11,1-18 Naqueles dias, 1 ...