quinta-feira, 14 de junho de 2018

16/06/2018

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SINCERIDADE E VERACIDADE NO USO DAS PALAVRAS
Sábado da X Semana Comum


Primeira Leitura: 1Rs 19,19-21
Naqueles dias, 19 o profeta Elias partiu dali e encontrou Eliseu, filho de Safat, lavrando a terra com doze juntas de bois; e ele mesmo conduzia a última. Elias, ao passar perto de Eliseu, lançou sobre ele o seu manto. 20 Então Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias, dizendo: “Deixa-me primeiro ir beijar meu pai e minha mãe, depois te seguirei”. Elias respondeu: “Vai e volta! Pois que te fiz eu?” 21 Ele retirou-se, tomou a junta de bois e os imolou. Com a madeira do arado e da canga assou a carne e deu de comer à sua gente. Depois levantou-se, seguiu Elias e pôs-se a seu serviço.


Evangelho: Mt 5,33-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33 “Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso, mas cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. 34 Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36 Não jures tampouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37 Seja o vosso ‘sim’: ‘sim’, e o vosso ‘não’: ‘não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno”.
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 Cada Um É Chamada Por Deus Para Ser Seu Instrumento. A Graça Divina Não Admite Demora Para Não Adiar


Elias, ao passar perto de Eliseu, lançou sobre ele o seu manto”.


O relato da Primeira Leitura expõe a vocação de Eliseu e intenta acreditar-lhe como sucessor legítimo do profeta Elias.


Elias impõe seu manto sobre Eliseu para significar que lhe transfere a missão profética. É como uma imposição de mãos (cf. At 6,6). O vestido era considerado como parte da pessoa que o vestia. Portanto, o gesto de Elias significa que Eliseu participa, a partir daquele momento, do espírito de Elias (cf. 1Sm 17,4-5). Por isso, o ato de Davi ter cortado um pedaço do manto do rei Saul entendia-se como uma injúria à pessoa sagrada (Saul) que era seu rei. Podemos entender a razão do arrependimento de Davi por esse ato (1Sm 24,6-7). O manto une a mestre e discípulo no labor interrompido por causa da missão profética.


A chamada divina é muito diversa, mas não por isso menos autêntica. A chamada de Elias se assemelha muito à de Moisés: os dois se encontram com o Senhor no monte Horeb, ainda que um entre raios e trovões e outro no meio da brisa suave. Deus é livre e inclusive paradoxal em sua forma de manifestar-se. Os dois deixam um sucessor como continuador de sua missão: Josué, que recebe o bastão de comando, e Eliseu, sobre quem se atira um manto como sinal de investidura e invocação (1Rs 19,19). Pelo contrário, a chamada de Eliseu não está envolta em teofania alguma e sim que é muito mais prosaica: enquanto realiza seus labores agrícolas (da mesma maneira Davi, Amós, Gedeão, Samuel, Saul Simão Pedro, André etc.).


Eliseu se despede de seus pais e o celebra com um banquete: “Com a madeira do arado e da canga assou a carne e deu de comer à sua gente. Depois levantou-se, seguiu Elias e pôs-se a seu serviço”. A chamada implica um mudança generosa de vida e por isso, sacrifica os bois com os quais arava e obtinha sua renda de vida. Mas toda chamada deve ser alegre, e por isso, a celebra com um banquete.


Elias não impede Eliseu de despedir-se de seus pais. Ser “chamado” não pode equivaler a marginalizar (colocar na margem) os pais e irmãos para servir a uma instituição religiosa. A chamada profética é dura, implica suportar tudo. Eleiseu mata os bois come com alegria no meio de seus. O discipulo de Jesus deve renunciar a toda segurança: cargos, poderes, insígnias, influencias, autocomplacência e assim por diante.


Não é irônico que entre os discípulos de Jesus pretendamos estabelecer graus e poderes? Não é embaraçoso que muitos clérigos guiem toda a sua vida à espera de algo material e social? E o que dizer daqueles que, mais do que atender ao povo de Deus, só vivem pendentes "caindo bem" para serem cuidados? Doçura com os seus, radicalismo e atitude sem compromissos com a "profissionalização". Essa é a dificuldade da chamada.


Eliseu é o homem que vai ser consagrado como profeta, sucessor de Elias. É um homem corrente que está em seu labor habitual. É simplesmente um agricultor.


O Senhor também vem ao nosso encontro, ao encontro de cada um de nós pessoalmente, para nos chamar no meio de nosso trabalho cotidiano. Há vários modo de o Senhor nos chamar: inspiração, retiro, pregação, convite, compaixão, solidariedade e outros tantos. O Senhor nos chama para que, com Ele, sejamos uma solução para determinada situação da humanidade. Será que somos suficientemente sensíveis às chamadas de Deus para chegar a ser capazes de fazê-las soar nos demais? com humildade, discrição, mas com a força de Deus.


Quem Vive Em Cristo Torna-se Uma Pessoa Sincera e Autêntica


Não jurarás falso, mas cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor... Seja o vosso ‘sim’: ‘sim’, e o vosso ‘não’: ‘não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno”.


Continuamos a acompanhar o Sermão de Jesus na montanha conhecido como Sermão da Montanha (Mt 5-7). Estamos na seção chamada de antíteses: “Ouvistes... Porém Eu vos digo...”.


No evangelho de hoje o evangelista Mateus nos apresenta outra antítese. Desta vez é sobre o juramento. Quando se pratica o juramento é porque se pratica também a mentira. Se não existisse a mentira não teria necessidade de fazer juramento.


Era recomendado o cumprimento, com fidelidade, dos juramentos e dos votos que a Lei exigia (Lv 19,12; Ex 20,7; Nm 30,3; Dt 23,22; Sl 50,4). Jurar significa chamar Deus como testemunha da verdade dita, pois Deus é verdade (Jo 14,6). Jurar significa fazer de Deus como garantia da própria vida de quem faz o juramento. Daí o mandamento: ”Não jurarás falso “. Neste sentido, “juramento” é o ato que sacraliza ao máximo as relações humanas. O livro de Levítico acrescenta: “Não jurareis falso em meu nome, porque profanaríeis o nome de vosso Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19,12; cf. Ml 3,5; Jr 7,9; Zc 5,3; Sb 14,25). Tudo isso quer dizer que a Lei e os Profetas proíbem o juramento falso. E está claro que Jesus está de acordo.


Mas Jesus vai muito além. Jesus propõe a exclusão de qualquer tipo de juramento: “Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum”. Com o juramento a pessoa abusava, em certa forma, da autoridade de Deus. Era como querer desculpar a deficiência da veracidade das próprias palavras e compromissos com a intervenção de Deus. O juramento se praticava na sociedade pela falta de sinceridade entre os homens.


Na comunidade cristã, onde a sinceridade é regra (Mt 5,8: limpos de coração), o juramento é supérfluo; e mais, seria sinal de corrupção das relações humanas. A falta de sinceridade nasce da ambição, da mentira, da incoerência, da duplicidade e assim por diante.


Os cristãos, discípulos de Jesus, devem expressar-se através de uma linguagem sincera e coerente, sem nenhuma necessidade de recorrer a nenhum outro meio para demonstrar a veracidade de sua afirmação. “Seja o vosso ‘sim’: ‘sim’, e o vosso ‘não’: ‘não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno”. O juramento é, então, substituído pela transparência e a simplicidade ou clareza da linguagem. A palavra do cristão deve ser sim, quando é sim; e não, quando é não. Trata-se de uma linguagem veraz, seria e sincera, pois “Tudo o que for além disso vem do Maligno”.  Do maligno vem a mentira, as palavras insinceras, a linguagem dupla e incoerente.


Com as palavras do Evangelho de hoje Jesus convida o cristão a dar um passo adiante na sinceridade: “Seja o vosso ‘sim’: ‘sim’, e o vosso ‘não’: ‘não’. Tudo o que for além disso vem do maligno”. A mentira e o dolo são incompatíveis com o proceder do cristão. Quem recorre a expediente deste tipo, renega sua adesão ao Senhor.


Outro objetivo da proibição de Jesus é evitar a vulgarização de Deus. O juramento falso infringe o mandamento que proíbe usar em vão do nome de Deus. O cristão autêntico não tem necessidade, a cada passo, lançar mão deste recurso para que se acredite em sua palavra. O sim do cristão é sim e o não é não. Não lhe interessa enganar. Tudo quanto é dito fora destes limites não vem de Deus. Por isso, tem de ser evitado. Enganar os outros significa deturpar o sinal da palavra, torná-la sinal de divisão e confusão, em lugar de comunhão e limpidez. A palavra do cristão deve ser verdadeira, pois ele é o seguidor da Palavra divina feita carne em Jesus (Jo 1,14). Deus é o dono da minha vida.


Em resumo, para o cristão é suficiente um sim ou um não. Se isto não é suficiente é porque há algo que vem do Maligno; é porque não somos puros de coração, não somos verdadeiros discípulos do Senhor, corremos o risco de nos dirigir a Deus de forma incorreta, de abusar de Seu nome. Em poucas palavras Jesus aboliu a lei do juramento nas relações interpessoais, pois o cristão deve falar a verdade.


Ser verdadeiro no falar é uma forma de imitar o modo de ser de Deus. A religião de Israel era toda baseada na palavra de Deus. Seria impossível imaginar que Deus quisesse se enganar o seu povo. Do mesmo modo, seria inimaginável que o cristão abusasse da boa-fé de seu próximo.


A palavra humana tem um valor por si mesma. Por isso, é inútil fazer qualquer juramento. Quando Jesus nos recomenda para não fazer qualquer juramento é porque ele quer que valorizemos a palavra usada. Ao proibir o juramento Jesus denuncia a mentalidade falsa em salvar as aparências.


Que o Senhor Jesus nos dê a graça da sinceridade e da transparência, para que sejamos honestos no relacionamento com o nosso próximo e com o próprio Deus. E que saibamos usar cada palavra de açodo com seu sentido. Cada palavra representa uma realidade; cada frase contém várias realidades encontradas em cada palavra. Que saibamos usar com responsabilidade cada palavra. Que saibamos ditar ou pronunciar cada palavra de acordo com a realidade contida na palavra.
 
P. Vitus Gustama,svd

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