segunda-feira, 2 de julho de 2018

06/07/2018
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JESUS, ENCANAÇÃO DA MISERICÓRDIA NOS CHAMA A OUVI-LO E A SEGUI-LO
Sexta-Feira da XIII Semana Comum


Primeira Leitura: Am 8,4-6.9-12
4 Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; 5 vós que andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, 6 e dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo? 9 Acontecerá que naquele dia, diz o Senhor Deus, farei com que o sol se ponha ao meio-dia e em pleno dia escureça a terra; 10 mudarei em luto vossas festas e em pranto todos os vossos cânticos; farei vestir saco a todas as cinturas e tornarei calvas todas as cabeças, o país porá luto, como por um filho único, e o final desse dia terminará em amargura. 11 Eis que virão dias, diz o Senhor, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor. 12 Os homens vaguearão de um mar a outro mar, circulando do norte para o oriente, em busca da palavra do Senhor, mas não a encontrarão.


Evangelho: Mt 9,9-13
Naquele tempo, 9 Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.
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Explorar Os Pobres e Inocentes É Desonrar Deus


Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; vós que andais dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, e dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?”, são palavras do profeta Amós que lemos na Primeira Leitura de hoje.


Continuamos a acompanhar as profecias e as denúncias do profeta Amós.  A crítica do profeta Amós ao povo de Israel é impiedosa. Não faz concessão nenhuma. Nem mesmo a expulsão do país o corrompeu. Ao contrário, aguçou-se sua acusação, que estendeu aos que queriam exilá-lo (veja a primeira leitura do dia anterior).


Desta vez Amós denuncia as faltas ou explorações contra os pobres que são faltas contra Deus, pois Deus “se esconde” atrás de cada pobre, inocente, manso e justo (cf. Mt 25,40.45). Amós faz uma lista de delitos contra a justiça cuja atualidade jamais se perde: explorar o pobre, despojar os débeis do pouco que têm, adulterar balanças para ganhar mais, abusar dos preços, aproveitar até os dias sagrados para programar negócios. Tudo está em função de um lucro maior usando todos os meios mesmo sendo não éticos.


Para Amós, Deus se solidariza com os pobres, vítimas de injustiças e por isso, Ele se vingará. E o castigo maior será o silêncio de Deus: deixará de falar, não suscitará profetas: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor”.


Precisamos recordar que a fé passa pela justiça e pela caridade. Ninguém pode ser caridoso sem ser primeiro justo. A justiça é o reconhecimento do direito do outro. A caridade é dar ao outro o que lhe falta. A justiça é o passo prévio para a caridade, sem a qual a caridade será apenas um instrumento para dominar os outros. Não poderemos falar de que cremos em Deus e rendemos-Lhe um culto válido, se não praticarmos a justiça social, se continuarmos a praticar fraudes contra o próximo, porque Deus se identifica com o próximo (cf. Mt 25,40.45). A fé não é algo reservado somente ao âmbito privado, ao Templo. A fé, o seguimento de Jesus, tem uma dimensão social muito forte, silenciada e esquecida em muitas ocasiões.


O texto do profeta Amós lido neste dia não se aplica apenas aos ricos que exploram os pobres, ou aos cínicos ou falaciosos que se enriquecem através de todo tipo de fraude/propina que hoje em dia cada vez mais sofisticado e sim, a todos nós, porque todos nós podemos ser injustos com as pessoas com quem convivemos ou trabalhamos. Pode ser estranho o castigo que Deus anuncia: seu silêncio, a ausência de Sua Palavra, a falta de profetas que falem em Seu Nome.


Deus quer nos purificar de nossas indolências e materialismos e despertar em nós a fome de Sua Palavra, pois a Palavra de Deus é guia para caminharmos com segurança pelos caminhos da história, pois O homem não vive somente de pão, mas de toda a palavra da boca de Deus”, assim rezamos como antífona do Salmo Responsorial deste dia.


Será que verdadeiramente temos fome de Deus e de Sua Palavra? Como se traduz esta fome em nossa vida? Será que podemos dizer que somos justos na nossa vida e nos nossos negócios? Nenhuma religião, crença ou Igreja deve camuflar a exploração dos pobres e dos inocentes. Esta “fachada” de piedade não pode enganar Deus. Deus ouve o grito dos pobres, inocentes, e injustiçados. Deus sabe que são os mais pobres e inocentes que sofrem mais pela briga dos poderosos na política e na economia.


É Preciso Seguir a Jesus Para Sejamos Instrumentos de Seu Amor Para o Próximo


Depois da cura do paralítico (Mt 9,1-8), Jesus se encontra com Mateus, cobrador de impostos e o chama para segui-lo: “Segue-me!”.


Mateus é um homem que o povo detesta, pois um colaborador do governo romano na cobrança de impostos. Os publicanos se enriquecem ilicitamente, especialmente, a custo dos pobres. Por isso, é uma profissão odiada.


No texto do evangelho de hoje Jesus mostra sua autonomia e autoridade em escolher quem ele quiser para ser seu discípulo. Nunca podemos entender perfeitamente o mistério da escolha de Deus. Para a sociedade na época, Mateus jamais poderia ser um dos discípulos do Senhor, pois ele era um ladrão diplomado, um ladrão do dinheiro público, um impuro que tornaria o grupo dos discípulos impuro com sua adesão, pois ser cobrador de impostos significava ser pessoa impura na visão dos fariseus e dos sacerdotes. Mas Jesus desobedece aos padrões de uma cultura que manipula as pessoas e impõe a Nova Lei (cf. Mt 5,17ss). Porque “De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”, disse Jesus. A comunhão de Jesus com os pecadores para libertá-los não o torna impuro e sim o mostra como o Libertador do homem do seu passado escuro.


Qualquer pessoa pode perguntar-se: “Como pode Deus estar presente em certos ambientes, como o de Mateus, especialmente tão repugnantes, maus ou perversos, em certas situações injustas como a vida vivida pelo publicano Mateus?”. Deus se encontra ali para curar, para salvar: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Todo o Evangelho, quando se trata de Deus, nos urge que saibamos ultrapassar a noção de justiça e descobrir a Misericórdia infinita de Deus pelos pecadores. Deus não se cansa de perdoar e de se encontrar com os pecadores, os perdidos da vida para salvá-los, pois Jesus, o Deus-Conosco, veio para chamar e salvar os pecadores.


Jesus chama Mateus para segui-lo: “Segue-me” (Mt 9,9). E ele o segue (Mt 9,9). Ele diz a mesma coisa para Simão e André (Mt 4,19) e para Tiago e João (Mt 4,21). O termo “seguir” (akoloutheo, em grego) aparece 90 vezes no NT. E Mateus imediatamente segue a Jesus. Como Jesus transformou os pescadores de peixes em pescadores de homens, assim também transformou um cobrador de impostos, um pecador público num “escriba do Reino de Deus”, num discípulos e mais ainda, num apóstolo.  Quem entra na esfera de Jesus deixa de ser como antes. Por isso, é preciso definir a que seguimos e a quem seguimos na vida para antecipar qual resultado final deste seguimento?


Mateus fez uma grande ceia, não para dizer adeus a seus amigos, e sim para que seus amigos se encontrassem com Jesus que o transformou profundamente. E os discípulos também estavam presentes para que estes seguissem a maneira de Jesus de tratar os excluídos da sociedade.


Os fariseus se escandalizam ao ver a cena. Para eles um observante da Lei jamais se senta à mesa com os publicanos que são pecadores públicos, porque comer com alguém numa mesa significa nivelar os relacionamentos. Portanto, a comunidade de mesa é a comunidade de vida. Consequentemente, os publicanos jamais poderiam a sentar-se à mesa lado a lado com um judeu piedoso.


Mas aquele que ensina o caminho de Deus, que também é o próprio Caminho (Jo 14,6), como Jesus, não pode atuar assim: “Quero misericórdia e não sacrifício”. O amor de Deus por nós é o amor misericordioso, pois cuida, sustenta e salva a humanidade. E este amor misericordioso se encarna em Jesus Cristo. Por isso, Jesus e Sua Palavra alimentam, cuidam, mantêm, sustentam, curam, transformam e dão a vida para a humanidade.


Não podemos professar seriamente a nossa fé no Deus da misericórdia, sem praticarmos, ao mesmo tempo, a sua misericórdia. Amor é misericordioso. Esta é uma afirmação central e o cume da fé e de toda a doutrina cristã acerca de virtudes.


Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”, disse Jesus. Somente os enfermos necessitam de médico e não os sãos. Jesus está sentado à mesa porque Ele quer transmitir a Palavra de Deus que salva para poder mudar a vida daqueles que se encontram no caminho errado e concerte-los. Jesus quer transformá-los em homens justos. Por isso, o que Jesus para os fariseus é duro: “Aprendei, pois, o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’”. Este “eu” é Jesus que é o Deus-Conosco. É Aquele não pode aceitar um sacrifício se antes não se fez a reconciliação com os irmãos (cf. Mt 5,23-24), se não se vive uma atitude de dom aos demais.


“Segue-me!”. O verbo “seguir”, em sentido próprio, significa “ir atrás de alguém”; e no sentido figurado significa “ser discípulo”, “ir em seguimento de alguém”. Seguir significa andar, avançar, ver mais, aprender mais. Quem andar, quem caminhar vai encontrar muita coisa no caminho. Quem fica parado e paralisado vê menos.    


Seguir a Jesus significa romper todo o passado, e abandonar tudo para trás (cf. Mt 4,18-22;9,9s;19,21;Lc 9,61;Mc 10,28), submetendo-se com fé e obediência à salvação oferecida em Cristo. Seguir também tem sentido de imitação. Neste sentido seguir significa unir-se com Jesus numa comunhão de vida e de destino; é modelar-se segundo o exemplo de Jesus (cf. Jo 13,15.34;15,12;1Ts 1,6;1Cor 11,1;Ef 5,2;1Jo 2,6 etc.); é ser misericordioso como Ele. Assim, seguir a Jesus não é apenas aderir a um ensinamento moral e espiritual, mas compartilhar sua sorte. Por isso, Jesus exige o desapego total: renunciar às riquezas e à segurança, deixar os familiares (Mt 8,19-22;10,37;19,16-22), sem esperar o retorno (troca ou retribuição). Ao exigir de seus discípulos um tal sacrifício, Jesus se revela como Deus, única garantia, e revela integralmente até que ponto vão as exigências de Deus. Pode ser que seja até o sacrifício da cruz e até se sentir abandonado pelos outros, como Jesus sentiu (Mt 26,56).


A partir deste sentido, somos convidados a refletir sobre o nosso seguimento de Cristo. Até que ponto nós estamos dentro deste padrão? Em outras palavras, o que significa para nós hoje seguir a Jesus? Para responder esta pergunta, devemos responder outra pergunta: quem é Jesus a quem seguimos?


“Segue-me!” é a voz do Senhor chamando o publicano Mateus para ser seu discípulo. Podemos também nos encontrar numa situação moral, vocacional ou profissionalmente difícil como a de Mateus ou poder ser pior do que isso. Precisamos parar para ouvir a voz do Senhor que nos chama: “Segue-me!”. Esta voz deve ressoar em todas as situações de nossa vida. Jesus nos chama para a liberdade de filhos e filhas de Deus a fim de sermos instrumentos da misericórdia divina para os demais. Mateus seguiu a Jesus não para dar adeus a seus amigos e sim para que seus amigos se encontrassem também com Jesus que veio chamar os pecadores. Mateus é chamado para que os outros o sigam seguindo o Senhor que liberta.


Seguir a Jesus é viver a sua vida; é ser misericordioso como Ele. A vida de Jesus foi marcada particularmente por amor ao Pai e aos homens, especialmente aos mais necessitados. Seu relacionamento profundo com o Pai se traduz na prática da solidariedade e da misericórdia com os marginalizados e pecadores. Seguir Jesus é não condenar e sim salvar; não excluir os outros e sim integrá-los na comunidade de irmãos; não se isolar, mas ser solidário. Seguir a Jesus é viver segundo o seu projeto. Ele quer que as relações humanas e sociais se baseiem sobre a justiça, o amor, a fraternidade e o perdão. Tudo isso se tornará realidade, se o homem se descobrir como filho de um Pai amoroso. Seguir a Jesus é estar pronto para viver o seu destino. Viver segundo o projeto de Jesus leva o seguidor a viver o martírio. O martírio é o preço a pagar pela fidelidade à causa jamais traída. Quem se propõe a seguir a Jesus deve estar pronto também para viver a bem-aventurança das perseguições (Mt 5,10s).


Eu quero misericórdia e não sacrifício”. Esta é a vontade de Jesus para todos os cristãos. Misericórdia é amar até aquele que não merece ser amado. O verdadeiro amor é querer o bem do outro, inclusive daquele que errou até gravemente na vida, moral e eticamente.
P. Vitus Gustama,svd

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