sábado, 4 de agosto de 2018



10/08/2018
Resultado de imagem para Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto.
VIVER NO PARADOXO PARA VIVERUMA VIDA FECUNDA


São Lourenço, Diácono e Mártir


Neste dia 10 de agosto celebramos a festade São Lourenço, diácono e mártir. Uma dasfunções do diácono na época era distribuir asajudas aos pobres. Lourenço foi feito diáconopelo Papa Sisto II.


Lourenço era um dos sete diáconos de Roma,ou seja, um dos sete homens de confiança doSumo PontíficeSeu trabalho era de granderesponsabilidadepois era encarregado dedistribuir as ajudas aos pobres.


No ano 257/258 o imperador Valeriano publicou um decreto de perseguição no qualordenava que todo que se declarasse cristãoseria condenado à morte. No dia 06 deagosto no mesmo ano o Papa Sisto II foi assassinado pela policia do imperadorenquanto estava celebrando a santa Missacom quatro de seus diáconos


Quatro dias depois, 10 de agosto de 258, odiácono Lourenço foi martirizado. A antigatradição disse que quando Lourenço viu queSumo Pontífice estava para serassassinado, disse: “Pai meutu te vais semlevar teu diácono?”. E o Papa Sisto II lherespondeu: “Filho meudentro de poucos diastu me seguirás”. Lourenço ficou muito felizquando ouviu a palavra do Papa Sisto II.


 Quando foi preso e conduzido ao martíriopelo imperador Valeriano, o Papa Sisto II deu ao diácono Lourenço o encargo de distribuirtudo o que tinha aos pobresQuando oimperador Valeriano impôs a Lourenço de entregar-lhe os tesouros da Igreja dos quaistinha ouvido falar, Lourenço reuniu os pobres, as virgens consagradas, e as viúvas diante doimperador e disse com coragem: “Eis aqui osnossos tesourosque nunca diminuem, e podem ser encontrados em toda parte”. Poressas palavras ele foi colocado vivo sobreum braseiro ardente até a morteEle foi omártir romano mais celebrado depois dosapóstolos Pedro e Paulo. Ate seu nomeconsta na Primeira Oração Eucarística.


Nessa festa nos é proposto um evangelholuminoso. Jesus nos recorda que “Se o grãode trigo que cai na terra não morre, elecontinua  um grão de trigomas se morre,então produz muito fruto”. Estas palavrasretratam a perfeição do diácono Lourenço.Ele soube entregar a vida e por isso é fontede vidaEle viveu servindo os pobres e foi martirizado pelos pobresAli há uma vidagastada no serviçoAli há um diáconoouseja, um servidor. Daí São Lourenço nos está convidando a servimos, a estarmos abertosàs necessidades dos homens e mulheres dehoje, dos pobres, dos marginalizados e excluídos. Nos dias de sua vida Lourenço semeou com generosidade a semente doamor, da , da esperança no coração deseus irmãos.
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Primeira Leitura: 2Cor 9,6-10
Irmãos, 6 “Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza”. 7 Dê cada um conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus “ama quem dá com alegria”. 8 Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para toda obra boa, 9 como está escrito: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. 10 Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará o pão como alimento, ele mesmo multiplicará as vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça.


Evangelho: Jo 12, 24-26
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 Em verdadeem verdade vos digo: Se o grãode trigo que cai na terra não morre, ele continua um grão de trigomas se morre, entãoproduz muito fruto. 25 Quem se apega à suavida, perde-a; mas quem faz pouca conta de suavida neste mundo conservá-la-á para a vidaeterna. 26 Se alguém me quer servir, siga-me, eonde eu estou estará também o meu servo. Sealguém me serve, meu Pai o honrará".
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Ser cristão, a partir do texto do evangelho lido neste dia, é aprender a viver noparadoxoParadoxo significa pensamento ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar opensamento humanoporém, nele, contém verdade e sabedoria de viver. Trata-se de um raciocínio aparentemente contraditórioporém contém nele uma sabedoria que nos faz crescermos em todos os sentidosViver no paradoxo é a lei da vida.


Em verdadeem verdade vos digo: Se o grãode trigo que cai na terra não morre, elecontinua  um grão de trigomas se morre,então produz muito frutoQuem se apega àsua vida, perde-a; mas quem faz poucaconta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”. É o verdadeiroparadoxo.


Segundo Jesus, não se produz vida sem dar própriaUm grão de trigo que morre e cai na terra produz muitos outros grãos de trigoEste é o paradoxoNão se pode viver sem aprender a morrer. Esta morte é a culminação de um processo de doação de si mesmo: “Quem se apega à sua vida vai perdê-la”. É o paradoxoNão se pode receber vida sem doá-la para o bem do próximoNão se pode receber o perdão divino sem dar nosso perdão ao próximo: “Perdoai-nos as nossas ofensas assimcomo nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, assim rezamos no Pai-Nosso. É o paradoxoPara ser feliz é preciso fazer o outro felizPara ser amado e ser amoroso épreciso amar e ser amoroso para com o outroAmar é dar-se em abundância até desaparecer, se for necessário. A fecundidade não depende da transmissão de uma doutrina e sim da transmissão e da vivência do amor fraterno. “Quem não amapermanece na morte. (...) Aquele que nãoama não conhece a Deusporque Deus éamor”, diz-nos São João (1Jo 3,14b; 4,8).


Em verdadeem verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua  um grão de trigomas se morre, então produz muito fruto. Este é o primeiro paradoxo apresentado por Jesus no evangelho de hoje.


Na metáfora do grão de trigo que morre na terra, a morte é a condição para que se libere toda a energia vital que sementecontém, e a vida ali encerrada se manifeste plenamenteCom esta metáfora Jesus afirma que o homem tem muitas potencialidades e que somente o dom totalde si libera essas potencialidades para que exerçam toda sua eficácia. O fruto começa paradoxalmente no mesmo grão que morre porque se não cair na terra não dá vidanão frutifica, é infecundo. A morte da qual fala Jesus não é um acontecimento isolado esim é a culminação de um processo de doação da própria vida.


Por issodar a própria vida é condição para fecundidade, é a suprema medida do amorPara Jesus essa entrega da própria vida para o bem de todos não é uma perda para o homemnão significa frustrar a própria vida e sim uma vida fecundaAquele que sabe fazer o outro viver bem tem uma vida cheia de alegria. É uma vida feliz e fecundaQuando deixarmos de crescer, ficaremos envelhecidos antes do tempoEnquanto estivermos abertos para ocrescimento, permaneceremos jovens, ejovens fecundos. O medo de crescer é omedo de tomar conta de si próprio.


Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida nestemundo conservá-la-á para a vida eterna”. É a segunda afirmação paradoxal de Jesus noevangelho de hoje.


Não se pode produzir vida (dar frutossem dar a própria vida (morrer). A vida é fruto doamor e não brotará vida, se o amor não for pleno, se não chegar a ser um dom totalAmar é dar tudoentregar tudo sem guardarnada para siaté desaparecer, se fornecessáriocomo individuo ou como comunidade. Jesus vai se entregar pelosdemaisEle é solidário com os necessitados e por eles aceita a mortemas logo prevê já fruto: “Dou minha vida para retomá-la” (Jo 10,17).


Quem se apega à sua vida, perde-a”


temor de perder a vida e o tempo é o grande obstáculo para o compromisso pelos demaisporque o amor à própria vida pode levar alguém a praticar as injustiças e a ficar silêncio diante de uma realidade que necessite de sua colaboração. O silêncio dos bons diante da maldade faz com que a maldade avance. Mas aquele que oferece sua vida pelos demaisama verdadeiramente, se esquece do própriointeresse e segurançaluta pela vidapela dignidade em meio de uma sociedade onde reina a morte.


Como Jesus, muitos homens e mulheres de ontem e de hoje para dar vida deram sua própria vida porque estavam convencidos de que o fruto supõe uma morte, e a entrega exige uma  na fecundidade do amor.


Um desses homens é São Lourenço cuja festa é celebrada neste dia (10 de agosto).Lourenço era o primeiro dos sete diáconos da Igreja de Roma em 258. Valeriano perseguia os membros da hierarquia eclesiásticabispospresbíterodiáconos. Lourenço era o principal dos sete diáconos encarregados de socorrer os pobres e de administrar os bens temporais da Igreja. Lourenço era chamado até “diácono do Papa”. O Estado, na pessoa de Valeriano, cobiçava os bens temporais da Igreja. “Éricasim, a Igrejanão o negoNinguém no mundo é mais rico que ela. O próprio imperador não tem tanta riqueza como aIgreja tem. Não recuso a entregar-lhe esses bens. Deixe-me um prazo para unir e inventariar esses bens tão copiosos epreciosos”. Lourenço chamou e reunir todosos pobres e os doentes e os levou para oimperador e disse: “Eis os tesouros da Igrejaque nunca diminuem e podem ser encontrados em toda parte!”. Por essa razão, o diácono Lourenço foi martirizado em 10 de agosto de 258.


Que tenhamos a caridade de são Lourenço para com tantos pobres e doentes que necessitam de nossa ajuda, seja nosso tempo para dar um pouco de nossa atenção, seja nossa ajuda material. “Não é louvável no pobre sua pobrezamas sua humildadenem condenável no rico sua riquezamas seu orgulho. Sejam ricos ou pobresDeus dá sua graça aos humildes. Desapropria-te de ti mesmo e lança-te nos braços de Deus” (Santo Agostinho).


“Quando pediram a são Lourenço para mostrar os tesouros da Igreja, ele trouxe simplesmente alguns pobres. Quando numa cidade os pobres e débeis são cuidados, socorridos e ajudados a promover-se na sociedade, revelam-se como o tesouro da Igreja e um tesouro na sociedade. Ao contrário, quando uma sociedade ignora os pobres, persegue-os, criminaliza-os, obriga-os a «mafiar-se», tal sociedade empobrece-se até à miséria, perde a liberdade e prefere «o alho e as cebolas» da escravidão, da escravidão do seu egoísmo, da sua pusilanimidade e ela deixa de ser cristã” (HOMILIA DO PAPA FRANCISCO: Basílica Vaticana Quarta-feira, 31 de Dezembro de 2014)


P.Vitus Gustama, SVD

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