terça-feira, 21 de agosto de 2018

25/08/2018
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O AMOR E A BONDADE VIVIDOS POR NÓS ATRAEM A BÊNÇÃO DE DEUS
Sábado Da XX Semana Comum


Primeira Leitura: Ez 43,1-7ª
1 O homem conduziu-me até a porta da casa do Senhor que dá para o nascente, 2 e eu vi a glória do Deus de Israel, vinda do oriente; um ruído a acompanhava, semelhante ao ruído de águas caudalosas, e a terra brilhava com a sua glória. 3 A visão era idêntica à visão que tive quando ele veio destruir a cidade, bem como à visão que tive junto ao rio Cobar; e eu caí com o rosto no chão. 4 A glória do Senhor entrou no Templo pela porta que dá para o nascente. 5 Então o espírito raptou-me e me levou para dentro do pátio interno e eu vi que o Templo ficou cheio da glória do Senhor. 6 Ouvi alguém falando-me de dentro do Templo, enquanto o homem esteve de pé junto a mim. 7ª Ele me disse: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, é o lugar em que coloco a planta dos meus pés, o lugar onde habitarei para sempre no meio dos israelitas”.


Evangelho: Mt 23,1-12
Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2 “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6 Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8 Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9 Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
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O Deus  Da Misericórdia Não Se Esquece De Nós, Seus Filhos e Filhas


Filho do homem, este é o lugar do meu trono, é o lugar em que coloco a planta dos meus pés, o lugar onde habitarei para sempre no meio dos israelitas”.


Durante duas semanas temos acompanhado a leitura do livro do profeta Ezequiel que dava ânimos a seu povo nos tempos calamitosos  do desterro na Babilônia e lhe indicava os caminhos de Deus. Hoje termina a leitura deste livro.


Os últimos capítulos do Livro de Ezequiel estão consagrados a uma visão surpreendente na qual o profeta imagina o Israel do amanhã: traça as linhas de um Templo imaginário e perfeito, dos novos ritos do culto verdadeiro, entrevê o papel futuro dos sacerdotes ao retornar do exílio de Babilônia.


O fragmento que lemos hoje na Primeira Leitura é importante na perspectiva do profeta Ezequiel. De fato, o capitulo 43 de onde é tirada a Primeira Leitura, com o retorno da glória de Deus, dá o tema central dos capítulos 40 a 48 do livro do profeta Ezequiel. Os capítulos anteriores preparam o terreno para este acontecimento, e os posteriores expressam as consequências.


Os primeiros versículos do capítulo 40 querem somente sublinhar a importância de tudo o que lemos depois. Por isso, indica-se com tanta precisão o dia, o mês, o ano (573 a.C), e por isso o profeta é convidado a prestar a máxima atenção através de escutar e ver atentamente.


Mas o centro é o capitulo 43. Ao voltar do exílio babilônico, Ezequiel intenta pôr em marcha, dentro da nova situação, as novas instituições que, de alguma forma, correspondem às do passado. No primeiro passo é necessária a presença da glória de Deus, mas a Glória de Deus saiu do Templo de Jerusalém em castigo pelos pecados do povo (Ez 10). Por isso, uma vez reconstruído (Ez 40-42), a glória do Senhor voltará a encher o Templo.


Porém, as coisas não são totalmente como antes: Deus renovou tudo. Por isso, de agora em diante os fieis não volatrão a profanar o Templo, porque é um “Templo novo”. Eles com a vergonha dos pecados passados empreenderão uma nova vida, uma vida santa.


Daqui há a necessidade da santidade, isto é, afastar-se de todos os pecados e de todas as abominações, entre as quais destaca a idolatria (Ez 43,7) ou a “prostituição” (Ez 43,9). Há que recordar e refletir sobre os fracassos anteriores, as experiências passadas para não voltar a cair nas mesmas falhas. Porque não corrigir os erros é uma nova forma de cometer os novos erros. Corrigir os erros é uma manifestação do amor à própria vida, a Deus e ao próximo.


A mensagem da Primeira leitura é clara. Primeiro, o Senhor jamais se esquece dos seus, de todos nós. Ele conhece nossa fragilidade. Ele sabe que estamons inclinados ao mal desde nossa adolescência. Ele é Deus misericordioso e sempre fiel à sua Aliança de Amor conosco. O amor de Deus por nós em que, sendo ainda pecadores, enviou Seu próprio Filho para nos libertar do pecado e nos fazer filhos seus (Cf. Jo 3,16; 1Jo 3,1; 4,10). O Senhor vive em nós como num templo (Cf. 1Cor 3,16-17; 6,19). Oxalá façamos nosso o amor de Deus e permitamos que leve a plenitude em nós sua obra salvadora para que fiquem atrás nossas ruinas de maldade e de pecado e nos manifestemos como criaturas novas em Cristo Jesus, Senhor e nosso Salvador.


Em segundo lugar, lemos hoje como a glória de Deus, Ele próprio, volta ao Templo. É uma visão cheia de esparança. A volta significa que o desterro termina e o povo vai reconstruir o Templo e a sociedade. Além do mais, o próprio Deus afirma sobre o futuro novo Templo: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, é o lugar em que coloco a planta dos meus pés, o lugar onde habitarei para sempre no meio dos israelitas”.


A glória de Deus que entra no Templo “pela porta oriental” é para nós Jesus Cristo, “o sol que nasce do alto”, que nos visita pela grande misericórdia de Deus, palavras que o evangelista Lucas coloca na boca de Zacarias em seu hino de Benedictus (Cf. Lc 1,68-79).


O próprio Jesus Cristo nos diz o mesmo que Javé disse a Israel: “Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). O Deus-conosco é nossa paz, nosso gozo e nossa vida eterna como enfatiza o Salmo Responsorial (Sl 84/85). Sua glória não somente habita na terra, nos templos construídos pelas mãos humanas. Ele habita em nossos corações. Nós somos fracos e frágeis e muitas vezes voltamos à terra da maldade. Somente amados, compreendidos, perdoados e fortalecidos pelo Senhor é que não somente pronunciaremos com os lábios e sim que viveremos como uma realidade aquilo que o Senhor nos ensinou: “Venha a nós o Vosso Reino; seja feita avossa vontade assim na terra como no Céu” (Mt 6,10). Só então, pela fecundidade do Espírito Santo que habita em nós (Cf. 1Cor 3,16-17; 6,19) é que poderemos produzir abundantes frutos de salvação, de justiça, de paz, de alegria e de bondade para que nosso mundo desfrute e possa participar do amor, do perdão e da graça que nosso Deus misericordioso oferece a todos nós abundantemente.


A Verdade e o Amor Contra a Hipocrisia


Deveis fazer e observar tudo o que os mestres da Lei e os fariseus dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam”.


E no evangelho de hoje, Jesus condena duramente os fariseus “que dizem e não fazem”. É um avisao de Jesus para nós! Nossas palavras não podem ultrapassar nossa vida/nosso testemunho ou nossas ações para não nos tornarmos hipócritas. O que menos importava para os manipuladores da Lei (os escribas e fariseus) era a vida do povo. A grandeza na nova forma de vida inaugurada por Jesus se baseava no serviço, especialmente aos pobres, aos simples e aos que não tinham nenhum privilegio, pois deles não se esperava nada em troca: “O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve”. “Prestar serviço sem humildade é, ao mesmo tempo, egoísmo e egocentrismo” (Mahatma Gandhi). O objetivo da crítica de Jesus é provocar a conversão nos seus ouvintes. Uma religião sem fé e sem amor ao próximo não leva ninguém para o céu, e por isso, não tem nada a ver com Deus.


Sem dúvida nenhuma que o capítulo 23 do Evangelho de Mateus é uma das páginas mais violentas do Novo Testamento. Quem o lê fica impressionado, sobretudo, com a linguagem dura de Jesus. As palavras são duras porque o perigo que é denunciado é grave. E a validade da denúncia profética que ouvimos dos lábios de Jesus, neste capítulo, não perde sua atualidade, pois seu alcance é universal. O “fariseu” a quem Jesus dirige suas palavras duras e denúncia é personagem típico, representa um paradigma de comportamento oposto ao Evangelho.


Uma religião que não liberta as pessoas, mas somente está cheia de regras por regras, não é uma verdadeira religião. A intenção de Jesus é chamar a atenção para um perigo que ronda toda comunidade cristã: o risco de esconder-se atrás de normas e regras, atrás dos preceitos, o risco do abuso espiritual, de exercer o poder sobre os outros sob um pretexto religioso, o risco de usar a moralização para desviar a atenção das fraquezas humanas.


A religião real é na essência uma relação interior entre Deus e o homem que se traduz na vivência do amor fraterno. As regras são necessárias, se forem instrumentos para facilitar este relacionamento a fim de alcançar a graça e a misericórdia de Deus.


É verdade que a experiência interior precisa achar expressão externa, porém, esta expressão exterior deve ser natural, sem exibicionismo religioso. Sabemos que o exibicionista é uma pessoa de personalidade superficial, fraca e sem ideais sólidos. A norma de seu comportamento é a ostentação de si próprio. Sua preocupação é colocar-se em evidencia, ser notado e elogiado. Toda pessoa possui algum lado bom, e ninguém consegue resistir à tentação de considerar-se mais do que vale e de parecer mais do que é. Mas um exibicionista exagera tudo. Ele não quer ser bom, mas quer parecer bom. Por isso, ele fica com um coração vazio. Por esta razão, Jesus quer que abandonemos este comportamento para não nos tornarmos pessoas vazias, mas pessoas cheias de espírito de fraternidade e de igualdade.


Por isso, outro ponto que Jesus condena é o autoritarismo religioso e o uso da religião em função do prestigio e do poder pessoal. Jesus pede aos cristãos, seus seguidores que sejam irmãos, e que se constituam como comunidades igualitárias e evitem os títulos e as dependências: “Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de mestre, pois um só é vosso mestre e todos vós sois irmãos” (Mt 23,8). É bom lembrar que o primeiro pecado, modelo de todos os outros, é contado na Bíblia como fruto da fome de poder e vaidade: vinha do desejo de competir até com Deus (cf. Gn 3,1ss).


Além do exibicionismo e o autoritarismo religioso, Jesus critica também a hipocrisia dos fariseus e dos escribas. A hipocrisia consiste em enganar os outros através dos gestos religiosos ou das prerrogativas sacrais a quem não se tem direito. Em outras palavras, tem-se a aparência de um santo, mas por trás há podridão. Aparentemente, o hipócrita presta culto a Deus, mas que, na verdade, ele procura varias maneiras para que ele esteja em destaque sempre, e não Deus. É uma incoerência de vida. É uma duplicidade, um fingimento. Ele extremamente se apresenta como um homem religioso, alguém que faz questão de proferir palestras bonitas sobre o amor, sobre a paz, sobre o respeito para com os outros, mas quando ninguém o vê viver assim.


A condenação da hipocrisia religiosa por parte de Jesus é um aviso para todos nós cristãos. A hipocrisia é uma tentação permanente ao longo da história da Igreja. Ela está presente nos sacerdotes, bispos e leigos. Todo cristão é candidato a este sistema de falsidade que se manifesta de múltiplas maneiras: na dissociação de crenças e conduta, no divórcio entre a fé e a vida, no orgulho religioso de quem se crê bom e santo e despreza os outros porque falham; em contentar-se com a estrita observância legal, esquecendo a conversão do coração. A dignidade da pessoa humana não consiste em parecer bom, mas em ser bom.


A Palavra de Deus proclamada hoje nos chama à conversão que se traduz no serviço despretensioso e no amor fraterno sem pretensão. Viver em estado permanente de conversão é a lei de crescimento para qualquer pessoa que acredita em Deus. “Quem não reconhecer seus pecados ata-os às costas como uma mochila e põe em evidência os pecados dos outros. Não por diligência, mas por inveja. Acusando o próximo, procura esquecer a si mesmo” (Santo Agostinho. In ps. 100,3). A conversão conduz as pessoas juntas à maturidade espiritual, que se reflete em sua aversão ao mal e sua atração pelo bem.
P. Vitus Gustama,svd

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