quinta-feira, 27 de setembro de 2018

03/10/2018
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SEGUIR A JESUS INCONDICIONALMENTE, APESAR DAS CRUZES, PARA ALCANÇAR A LIBERDADE PLENA
Quarta-Feira Da XXVI Semana Comum


Primeira Leitura: Jó 9,1-12.14-16
1 Jó respondeu a seus amigos e disse: 2 “Sei muito bem que é assim: como poderia o homem ser justo diante de Deus? 3 Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. 4 Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso? 5 Ele desloca as montanhas, sem que elas percebam e as derruba em sua cólera. 6 Ele abala a terra em suas bases e suas colunas vacilam. 7 Ele manda ao sol que não brilhe e guarda escondidas as estrelas. 8 Sozinho desdobra os céus, e caminha sobre as ondas do mar. 9 Criou a Ursa e o Órion, as Plêiades e as constelações do Sul. 10 Faz prodígios insondáveis, maravilhas sem conta. 11 Se passa junto de mim, não o vejo, e quando se afasta, não o percebo. 12 Se ele apanha uma presa, quem ousa impedi-lo? Quem pode dizer-lhe: — ‘Que está fazendo?’ 14 Quem sou eu para replicar-lhe, e contra ele escolher meus argumentos? 15 Ainda que eu tivesse razão, não poderia replicar, e deveria pedir misericórdia ao meu juiz. 16 Se eu clamasse e ele me respondesse, não creio que daria atenção à minha voz”.


Evangelho: Lc 9,57-62
Naquele tempo, 57 enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59 Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60 Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61 Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62 Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
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O Bem e a Bondade Se Encontram Em Deus, e o Mal Se Encontra No Homem


Sei muito bem que é assim: como poderia o homem ser justo diante de Deus? Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso?”, disse Jó aos seus amigos.


Por que a dor? Por que a dor e o sofrimento do justo e do inocente? O Deus Todo-poderoso não pode impedir o desamparo dos pequenos e as torturas que atingem os inocentes? Jó e seus amigos buscam resposta à pergunta sobre o mal que atinge os inocentes e justos. Jó, sendo justo, fica assustado diante de Deus. Porém, continua sua busca pela resposta de Deus.


Dois amigos foram dar “sermão” a Jó, mas não lhe ajudam muito. Esta é também uma experiência  humana corrente: uns “bons amigos” se aproximam de nosso leito de dor e tratam de nos dizer alguma palavra boa e consoladora. Mas como é fácil falar da dor quando não se sofre a dor!


Mas o próprio Jó volta a tomar palavra e não se atreve a pleitear contra Deus : “Como poderia o homem ser justo diante de Deus? Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso?”. As buscas de Jó são muito humanas. Em sua imperfeição, suas respostas são admiráveis. A primeira impressão é que a Deus não se pedem contas. Esta é a verdade essencial. Mas o homem deve prestar contas diante de Deus. Para Jó Deus é Todo-poderoso que sabe tudo e pode fazer tudo. Como podemos encontrar argumentos contra Deus ou pedir contas a Ele? Não sabemos de nada de qualquer resposta exata. Somente em Deus se encontra nossas resposta! Nem sempre no momento entendemos o sentido de nossas experiências sejam boas ou dolorosas. No momento exato Deus vai nos revelar o sentido de nossas experiências.


Mas o mal existe. É inútil fugir! É inútil não querer vê-lo. É inútil refugiar-se na droga, no sexo e em outros tipos de fuga. Há que olhar o mal de frente para saber o porquê de sua existência. Nada na vida deve ser temido. É só para ser compreendido a partir da luz divina. Sem dúvida nenhuma que o mal não se encontra em Deus e sim no homem. No próprio homem é que tem que procurar a razão da existência do mal. Tudo o que Deus criou era bom. A bondade e o bem se encontram em Deus e podem ser encontrados no homem de boa vontade. Não podemos perguntar a Deus algo cuja resposta se encontra no próprio homem. “Não é a carne corruptível que torna o homem pecador. É a alma pecadora que o torna corruptível. Não é por ser de carne, mas por viver de acordo com os próprios instintos que o homem se tronou como o Demônio” (Santo Agostinho: De cic.Dei 14,3). E não podemos pedir a Deus aquilo que o próprio homem pode e deve fazer. O homem pratica o mal contra outro homem. Deus somente quer nosso bem e nossa salvação (Cf. Jo 3,16).


A situação de Jó pode acontecer com qualquer um de nós ou com nossos conhecidos tão justos, no entanto sofrem alguma injustiça. Por que acontece isso comigo? Por que o inocente sofre? Por que Deus permite tudo isso, se Ele é Todo-poderoso? São perguntas habituais que ouvimos de muitas pessoas.


O Papa João Paulo II escreveu na sua Carta Apostólica: Salvifici Doloris (11/2/1984): “No fundo de cada sofrimento experimentado pelo homem, como também na base de todo o mundo dos sofrimentos, aparece inevitavelmente a pergunta: porquê? É uma pergunta acerca da causa, da razão e também acerca da finalidade (para quê?); trata-se sempre, afinal, de uma pergunta acerca do sentido. Esta não só acompanha o sofrimento humano, mas parece até determinar o seu conteúdo humano, o que faz com que o sofrimento seja propriamente sofrimento humano. A dor, como é óbvio, em especial a dor física, encontra-se amplamente difundida no mundo dos animais. Mas só o homem, ao sofrer, sabe que sofre e se pergunta o porquê; e sofre de um modo humanamente ainda mais profundo se não encontra uma resposta satisfatória. Trata-se de uma pergunta difícil, como é também difícil uma outra muito afim, ou seja, a que diz respeito ao mal. Por que o mal? Por que o mal no mundo? Quando fazemos a pergunta desta maneira fazemos sempre também, ao menos em certa medida, uma pergunta sobre o sofrimento” (n.9). “O homem pode dirigir tal pergunta a Deus, com toda a comoção do seu coração e com a mente cheia de assombro e de inquietude; e Deus espera por essa pergunta e escuta-a, como vemos na Revelação do Antigo Testamento. A pergunta encontrou a sua expressão mais viva no Livro de Job (Jó)” (n.10).


Será , como dizem seus amigos a Jó, que essas desgraças são necessariamente castigo de seus pecados? Será uma pedagogia divina, pelo valor educativo que têm as provas e a dor?


João Paulo II escreveu na mesma Carta Apostólica: “Job, no entanto, contesta a verdade do princípio que identifica o sofrimento com o castigo do pecado; e faz isso baseando-se na própria situação pessoal. Ele, efetivamente, tem consciência de não ter merecido semelhante castigo; e, por outro lado, vai expondo o bem que praticou durante a sua vida. Por fim, o próprio Deus desaprova os amigos de Job pelas suas acusações e reconhece que Job não é culpado. O seu sofrimento é o de um inocente: deve ser aceite como um mistério, que o homem não está em condições de entender totalmente com a sua inteligência” (n.10).


Onde se encontra o sentido do sofrimento e da dor? O Papa João Paulo II na mesma Carta Apostólica escreveu: “Para descobrir o sentido profundo do sofrimento, seguindo a Palavra de Deus revelada, é preciso abrir-se amplamente ao sujeito humano com as suas múltiplas potencialidades. É preciso, sobretudo, acolher a luz da Revelação, não só porque ela exprime a ordem transcendente da justiça, mas também porque ilumina esta ordem com o amor, qual fonte definitiva de tudo o que existe. O Amor é ainda a fonte mais plena para a resposta à pergunta acerca do sentido do sofrimento. Esta resposta foi dada por Deus ao homem na Cruz de Jesus Cristo” (n.13b).


Temos a resposta em Cristo, em sua dor assumida, em sua solidariedade total conosco, em sua morte inocente e em sua ressurreição. Deus quis nos salvar assumindo Ele nossa dor, entrando até o fundo no mundo de nosso sofrimento e dando-lhe assim um sentido redentor, de amor, a partir da profundidade do sacrifício pascal de Cristo, o Servo de Javé, que se entrega pelos demais voluntariamente apesar de ser inocente. Deus nos ama, em Cristo Jesus, até quando nós sofremos como uma mãe que ama ama seu filho doente mais do que os filhos saudáveis, que não precisam de tantos cuidados. Deus nos mostrou seu amor precisamente através de sua dor solidária de nossa dor. Nossa dor, então, se converte em solidário da do Cristo. com a mesma finalidade: salvar o mundo. Jesus nos deu o exemplo, entregando-se nas mãos de Deus e caminhando para seu sacrifício: “Não se faça minha vontade e sim a tua vontade. Em tuas mãos entrego meu espirito”.


O Salmo Responsorial (Sl 87/88) não nos dá resposta e sim forças para viver o mistério: “Clamo a Vós, ó Senhor, sem cessar, todo o dia, minhas mãos para Vós se levantam em prece. Quanto a mim, ó Senhor, clamo a Vós na aflição. Minha prece se eleva até Vós desde a aurora”. É a confissão de nossa impotência radical a compreender tudo que se passa na nossa vida e tudo que existe no universo.


Disponibilidade, Radicalidade de entrega e Coerência No Seguimento De Cristo


O texto do evangelho lido neste dia se encontra no conjunto do texto que fala da ultima viagem de Jesus para Jerusalém, pois lá ele será crucificado e morto. Durante a viagem para Jerusalém Jesus vai dando suas ultimas lições para seus discípulos e para os cristãos de todos os tempos e lugares. Trata-se das lições do caminho.


No evangelho deste dia Jesus põe outras três exigências. O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se das preocupações materiais exageradamente: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material. O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se dos deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância impedem uma resposta imediata e radical ao Reino. O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Em outras palavras, seguir a Jesus exige disponibilidade, radicalidade de entrega e coerência. Quem quiser seguir a Jesus, não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus. Muitas vezes a exigência do “ter” não serve mais para encobrir e dissimular a pobreza do “ser”. O que se deve viver é ser pobre no espírito e não ser pobre do espírito. A pobreza no espírito tem o amor como ponto de partida e como ponto de chagada. Por isso, pode-se dizer que a pobreza no espírito é mais do que uma renúncia, é uma conquista.


Muitas das vezes temos tentação de estar dispostos a seguir a Jesus apenas durante umas horas de nossa vida, ou em uns aspectos de nossa vida. Muitas das vezes temos tentação de colocar condições a Jesus para segui-Lo, apresentando supostamente boas desculpas, como narra o evangelho de hoje: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” ou “Deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”.  O que dizemos parece sensato, mas na verdade é um modo de não aceitar a radicalidade da exigência que nos arrancaria de nossa mediocridade. Não se pode perder o tempo em enterrar tantos mortos que estão dentro de nós mesmos e que nos aprisionam sutilmente: valores mundanos, práticas religiosas sem compromisso e assim por diante. Tudo isto tem que morrer em nós para que possa surgir o espírito de liberdade e de vida nova. Jesus não anula o que tem de bom e de verdadeiro no nosso passado ou do nosso passado, mas nos exige que aprendamos a olhar a vida a partir de um critério absoluto.


“Segue-me” é o convite de Jesus hoje para cada um de nós. Vamos nos fazendo cristãos na medida em que nos atrevermos a seguir a Jesus. Vamos nos abrindo ao Espírito de Jesus para viver como ele viveu e passar por onde ele passou.  O cristão não é somente aquele que evita o mal e sim aquele que luta contra o mal e a injustiça como fez Jesus. O cristão não é somente aquele que faz o bem e sim aquele que luta por um mundo melhor adotando a postura de Jesus e tomando suas mesmas opções. “Segue-me” é o convite de Jesus para caminhar, para avançar e não para ficar parado e paralisado. Pessoas que tem coragem de caminhar são pessoas que fazem a diferença. Pessoas que fazem diferença não desistem antes de começar, não dão moradia ao desânimo. Pessoas que fazem a diferença sabem que os problemas são relativos, transformam fracassos em aprendizados. Pessoas que fazem a diferença não se deixam amedrontar, alimentam sonhos possíveis. Pessoas que fazem a diferença começam cada dia com convicção, confiam que a vitória é dos persistentes no amor” (Canísio Mayer). “Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis”, dizia Sêneca.
P. Vitus Gustama,svd

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