quarta-feira, 19 de setembro de 2018

26/09/2018
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SER BATIZADO É SER ENVIADO DO SENHOR PARA LIBERTAR OS OUTROS
Quarta-Feira da XXV Semana


Primeira Leitura: Provérbios 30,5-9
5 A Palavra de Deus é comprovada. Ele é um escudo para os que nele se abrigam. 6 Não acrescentes nada às suas palavras, para que ele não te repreenda e passes por mentiroso! 7 Duas coisas eu te pedi; não mais recuses, antes de eu morrer: 8 afasta de mim a falsidade e a mentira, não me dês pobreza nem riqueza, mas concede-me o pão que me é necessário. 9 Não aconteça que, saciado, eu te renegue e diga: “quem é o Senhor?” Ou que, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus.


Evangelho: Lc 9,1-6
Naquele tempo, 1 Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, 2 e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3 E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas. 4 Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. 5 Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”. 6 Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.
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A Palavra De Deus É Nosso Tesouro e Nosso Escudo.


“A Palavra de Deus é comprovada. Ele é um escudo para os que nele se abrigam. Não acrescentes nada às suas palavras, para que ele não te repreenda e passes por mentiroso!”.


Terminamos hoje a leitura do livro dos Provérbios. Os últimos pensamentos deste livro que lemos hoje se baseiam  também no valor da Palavra de Deus, que é nosso melhor tesouro e escudo: “A Palavra de Deus é comprovada. Ele é um escudo para os que nele se abrigam. Não acrescentes nada às suas palavras, para que ele não te repreenda e passes por mentiroso!”. A Palavra escutada e colocada na prática vai nos conduzindo na vida e vai conformando nossa vontade à vontade de Deus. Como tesouro e escudo, a Palavra de Deus não nos deixa enganar por outras palavras que manipulam e desorientam nossa vida.


A Palavra de Deus continuará a ser eficaz, curadora, e libertadora, se nós soubermos ouvi-la atentamente e vivê-la na nossa vida cotidiana. Se ela curou tantas pessoas, converteu tantos pecadores, libertou tantas pessoas de seus problemas, guiou a vida de tantos homens, esta mesma Palavra continua tendo o mesmo poder e a mesma eficácia. A palavra humana pode errar e enganar, porque o homem é fraco. Mas a Palavra de Deus não erra nem engana. A Palavra de Deus é firme para sustentar a vida de quem nela se agarra e por ela se orienta.


Ler a Bíblia é aprender a conhecer o coração de Deus mediante Suas palavras” (Gregório Magno). E coração de Deus é um coração cheio de amor misericordioso. Certamente, da primeira até a última página da Bíblia conta-se a história do amor de Deus pela humanidade. “Toda a Bíblia nada mais do que narrar o amor de Deus” (Santo Agostinho). O amor de Deus é a ultima resposta para todos os “porquês” da Bíblia: por que a criação, por que a encarnação, por que a redenção. Tudo o que Deus faz e fala na Bíblia é amor. Deus move o mundo enquanto é amado, isto é, enquanto é objeto de amor e causa final de todas as criaturas. Deus nos ama e acreditamos no Seu amor.


Mas será que acreditamos nela? Será que temos tempo para ler, meditar, e vivê-la? Será que deixamos que essa mesma Palavra opere na nossa vida?


Não acrescentes nada às suas palavras, para que ele não te repreenda e passes por mentiroso!”, acrescentou o sábio.


Não se deve falsificar a Palavra de Deus. há muitos modos de fazê-lo: escolher somente o que me agrada do Evangelho, acrescentar interpretações tão pessoais que acabam sendo uma simples justificativa para o injustificável. Quem tira o texto da Bíblia fora do contexto é o pretexto. Há que aceitar a Palavra de Deus como ela é.


Viver Segundo a Palavra De Deus É Viver O Necessário


“Não me dês pobreza nem riqueza, mas concede-me o pão que me é necessário. Não aconteça que, saciado, eu te renegue e diga: ‘quem é o Senhor?’ Ou que, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus”, acrescentou o sábio dos Provérbios.


Não me dês pobreza nem riqueza, mas concede-me o pão que me é necessário!”. A motivação é boa: quando se tem os bens materiais demasiadamente, Deus, o Criador dos bens materiais, será capaz de ser esquecido. Quando se vive na miséria, terá a tentação de maldizer Deus e começará a roubar ou furtar: “Não aconteça que, saciado, eu te renegue e diga: ‘quem é o Senhor?’ Ou que, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus”.


A avareza ou a ganância é uma transposição do absoluto para o que é relativo. Para o avarento a riqueza não é um meio para se viver e sim a própria razão de ser da vida. Na avareza está oculta uma ofensa social, seja os bens lícitos, muito pior ainda se forem ilícitos na sua aquisição. Não é fácil conciliar a riqueza excessiva de alguns com os direitos que os outros têm ao necessário.


Não centremos nossa vida nos bens passageiros, nem os façamos nosso Deus. Usemos as coisas para amar as pessoas na partilha do que temos e somos, e não amemos as coisas usando as pessoas para adquirir os bens materiais que são passageiros. Somente assim não tiraremos do centro de nosso coração Deus, Criador nem os necessitados que precisam de nossa ajuda. Relativizar os bens materiais é a chave para adquirir o bem maior de Deus. É preciso acreditarmos no Deus das coisas e não somente nas coisas de Deus, esquecendo-nos do próprio Criador. Não coloquemos o ouro e a prata acima de Quem os criou. Tudo que se adquire aqui neste mundo materialmente, será deixado no lugar onde foi tirado: no mundo.


O que se enfatiza no Evangelho deste dia é a pobreza evangélica para todos os cristãos, pois todos os batizados são apóstolos do Senhor. os cristãos-missionários, discípulos-missionários devem ser livres interiormente. Não devem buscar a si mesmo e sim dar exemplo de desapego e confiar na força intrínseca da Palavra de Deus que vivem e proclamam. Somos todos condutores da força salvadora da Palavra de Deus. Ser batizado é ser eleito do Senhor. E ser eleito do Senhor é ser missionário do Senhor.


Ser Cristão é Ser Missionário Do Senhor (discípulo-missionário)


O texto do evangelho deste dia fala da missão dos Doze Apóstolos de Jesus e, portanto, a missão de toda a Igreja, de todos os cristãos. Para esta missão Jesus não apenas chama os Doze, mas ele os convoca: “Jesus convocou os Doze...”. No seu sentido lexical “convocar” significa chamar para determinada reunião ou ato coletivo, ou mandar comparecer. Para um ato coletivo, ninguém pode ficar fora. Na coletividade está a força somada para alcançar com facilidade determinado objetivo ou meta comum.


Depois de uma longa temporada de formação e de instrução, Jesus convoca seus discípulos e os envia. A missão consiste na tarefa de libertar as pessoas de suas prisões para serem livres a fim de que possam desfrutar, novamente, sua dignidade de filhos e filhas de Deus.  Jesus “deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças...”. “Demônio” é algo que representa coisa maléfica. Doença representa tudo que leva alguém não desfrutar bem a vida. os Doze são enviados para superar tudo isso com o poder e a autoridade de Jesus. Eles continuarão a ter esse poder e essa autoridade na medida em que eles exercerem essa missão libertadora. Aqui o poder e a autoridade são sinônimos de serviço para libertar as pessoas e para dominar as forças maléficas e destruidoras da dignidade humana. Somente a partir dessa missão colocada em prática é que os Doze poderão despertar nas pessoas a consciência do próprio valor e honra, da autoridade e da nobreza. “O mérito do trabalho não está em sua dificuldade, mas no grau de caridade, de amor, de união com o Cristo, contido na alma daquele que age” (Simone Patris).


A missão confiada aos Doze também consiste em proclamar ou anunciar a Boa Nova: Jesus “enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos”. Anunciar não se restringe em proclamar e sim em curar os fracos, fortalecer os caídos e socorrer os necessitados. Trata-se de uma ação concreta sobre pessoas concretas que se encontram em determinada necessidade vital.


A missão pode se resumir em dois pontos precisos: um é uma palavra, uma proclamação, um anúncio; outro é um ato propriamente dito, uma cura/libertação. O missionário não pode ficar contente apenas com “palavras”, mas são necessários “atos” concretos que mostram aos homens que estes contribuem para libertá-los do poder do mal: expulsar os demônios, curar os doentes. Mas o missionário não pode ficar contente com somente “atos”, é preciso que suas palavras explicitem o que faz: dizer que o Reino de Deus está atuando entre o povo. Toda a vida do cristão deve ser evangelizadora. Por isso, é bom cada cristão responder as seguintes perguntas: Estou consciente de que sou discípulo-missionário? Tenho lutado contra o mal que existe dentro de mim e ao meu redor? Tenho anunciado Jesus Cristo Salvador com minhas obras e com minhas palavras? “O trabalho deve ser concebido e vivido como vocação e missão, como tributo à civilização” (João XXIII).


Reflitamos sobre as palavras do Papa Francisco: “Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia. Também eles são convidados para a Mesa do Senhor” (Homilia Na Missa Com Os Bispos – Catedral Metropolitana, Rio de Janeiro- Brasil, Sábado, 27 de julho de 2013).


Para exercer esta missão cada enviado, cada cristão deve ser revestido de a “pobreza evangélica”: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas”.


 As supostas seguranças para o dia-a-dia pesam para quem deve estar em movimento (missão). O apego aos bens materiais tira a fé na providencia divina que criou tudo para todos generosamente. Se o Deus em quem acredito tem poder de criar tudo, porque não posso acreditar na Sua providência? Vivem na fé e com fé não é tão fácil como falar da fé. A fé autentica exige para cada cristão a estar livre interiormente, sem demasiada bagagem. O cristão não busca a si mesmo e sim deve dar exemplo de desapego e deve confiar na força intrínseca da Palavra de Deus. O cristão deve estar despojado, ter um coração livre e desarmado. Somente aquele que se esvazia de si tem espaço para a graça de Deus. E quando uma pessoa estiver cheia da graça de Deus, como a mãe de Jesus, ele será uma bênção para os demais.


Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas. Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo”. A Igreja primitiva cuidava muito de manter esse ideal de pobreza real. A pobreza era para ela um sinal do Reino (Lc 6,20;14,25-33; 16,19-31; 18,18-30).


Toda vez que nos encontrarmos com essa exigência evangélica devemos nos interrogar, pois somos muito propensos a esquecê-la e a nos instalar no conforto e no bem-estar com o risco tremendo de nos contentar com esses bens materiais e nos falte a disponibilidade. Vale a pena fazer uma reflexão sobre as seguintes palavras do Papa Francisco na sua entrevista com Gerson Camarotti da Globo News durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013 no Rio de Janeiro, Brasil: “Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade, eu diria, inclusive, de pobreza. Nosso povo exige a pobreza de nossos sacerdotes. ... O povo sente seu coração magoado quando nós, as pessoas consagradas, estamos apegadas ao dinheiro. Isso é ruim. E realmente não é um bom exemplo que um sacerdote tenha um carro último tipo, de marca” (Papa Francisco, Mensagens e Homilias- JMJ Rio 2013 , pp. 130-131. Ed. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).


A Igreja que somos nós todos, devemos servir de ponte entre Deus e a humanidade, deve servir de testemunha da simplicidade e do amor de Deus aos homens. A fé, que é a resposta humana ao convite de Deus deve ser refletida na terra em que vivemos e em que trabalhamos. Toda a atividade da Igreja ou de cada cristão deve ser dirigida para este fim: ser espelho do amor de Deus.


A imagem da Igreja, que somos nós todos, deve ser a imagem de uma realidade acolhedora e não excludente, deve ser a imagem de um “recinto” em que todos cabem porque todos são recebidos com amor. Neste sentido, toda a vida do cristão há de ser evangelizadora. Onde há amor, há espaço. Onde não há amor, há apenas um sufoco e agressividade e mútuo ataque.


Na Eucaristia celebramos o amor daquele que, conhecendo nossa fragilidade, faz suas nossas dores, carregou sobre si nossas misérias e nos curou com suas chagas (cf. Mt 8,17; Is 53,4). Ele se apresentou não como um Deus terrível que dá medo e sim com simplicidade de quem nos ama entranhavelmente e se aproxima de nós para se manifestar a nós como a Boa Notícia que o Pai misericordioso pronuncia a nosso favor.


Que Deus nos conceda a graça de viver confiados no amor de Deus, mas ao mesmo tempo, de viver fieis a todo aquilo que nos foi encomendado, especialmente proclamar seu Evangelho não somente com palavras, principalmente com obras, de tal forma que sejamos construtores de seu Reino neste mundo.
P. Vitus Gustama,svd

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