quinta-feira, 15 de novembro de 2018

17/11/2018
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PÔR A ORAÇÃO NA VIDA E A VIDA NA ORAÇÃO
Sábado da XXXII Semana Comum


Primeira Leitura: 3Jo 5-8
5 Caríssimo Gaio, é muito leal o teu proceder, agindo assim com teus irmãos, ainda que estrangeiros. 6 Eles deram testemunho da tua caridade diante da Igreja. Farás bem em provê-los para a viagem de um modo digno de Deus. 7 Pois, por amor do Nome, eles empreenderam a viagem, sem aceitar nada da parte dos pagãos. 8 A nós, portanto, cabe acolhê-los, para sermos cooperadores da Verdade.


Evangelho: Lc 18,1-8
Naquele tempo: 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2 'Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3 Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: `Faze-me justiça contra o meu adversário!' 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: 'Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5 Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!'' 6 E o Senhor acrescentou: 'Escutai o que diz este juiz injusto. 7 E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?'
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É Preciso Manter-Se Na Verdadeira Fé e Ser Missionário Da Verdade


Depois de ler a Segunda Carta de João, lemos hoje uns poucos versículos da Terceiro Carta de são João.


A Terceira Carta de são João é a mais pessoal dos escritos joaninos. É dirigida a uma pessoa particular. Esta pessoa se chama Gaio. O autor, como em 2Jo, se chama “o Presbítero” ou “o Ancião”.


O tema fundamental desta Carta é o da acolhilda ou da recusa dos irmaos estrangeiros, isto é, dos missionários itinerantes, provavelmente enviados pelo Presbítero. O tema dos missionários é precisamente o ponto de conflito entre o Presbítero e Diótrefes (3Jo 9-10). O Presbítero acusa Diotrefes de ambição e de protagonismo: despreza a ele e aos seus enviados e amigos.


O pecado de Diótrefes (grego: alimentado [trepho] por Zeus [diós]) era gostar “de exercer a primazia”, o que o levou a proferir “palavras maliciosas” contra o Presbítero  e seus enviados (missionários itinerantes). Diótrefes era um líder autocrático com muita ambição de poder que expulsava as pessoas que não concordavam com ele.


O presbítero elogia Gaio (grego: gloriar-se, regozijar-se) porque se mantém na verdadeira fé e pela hospitalidade que dispensou aos missionários itinerantes enviados para aquela comunidade. Gaio colabora como os missionários colaboraram na evangelização. Estes mesmos missionários foram desprezados por Diótrefes. Ao elogiar Gaio por manter-se na verdadeira fé, logo concluiu-se que Diótrefes estivesse fora dela.


Há maneiras e maneiras de colaborar na evangelização. Para alguns Cristo escolheu como apóstolos. Em outra ocasião, o Senhor enviou para a missão setenta (e dois) discípulos a pregar/evangelizar. Mas apareceram muitas outras pessoas, homens e mulheres, que ajudavam Jesus. Todos trabalhavam pelo Reino, todos contribuiam para a evangelização do mundo. Isso nos tempos da comunidade apostólica e ao longo dos dois mil anos da Igreja. Também hoje, quantos leigos e leigas realizam um trabalho humilde, simples, mas meritório: com seu trabalho de missionários ou catequistas ou voluntários. Quantos cristãos colaboram como sua ajuda ao trabalho dos missionários ou ao sustentar as obras da Igreja.


Este bom homem Gaio pode considerar-se o representante de todas estas pessoas anônimos que também “cooperam na propagação da verdade”.


Em nossas paróquias, em nossos grupos ou pastorais, sabemos acolher o forasteiro? Sabemos acolher o que nos diferencia, isto é, o que no outro não se assemelha  a nós: seu temperamento, seus gostos que encontramos nos estrangeiros?


A Bondade Infinita De Deus Nos Faz Persverantes Na Oração


O evangelista Lucas é conhecido como uma pessoa orante, e a sua comunidade é uma comunidade orante, porque ele dá uma atenção particular à oração. Por isso, seu evangelho é chamado também de o “Evangelho de Oração”. A oração envolve o evangelho inteiro desde o primeiro capítulo que abre com uma solene liturgia no Templo de Jerusalém (Lc 1,1-10) até a reunião dos discípulos, depois da ascensão, novamente no Templo para louvar a Deus (Lc 24,53).


A oração é uma percepção da realidade que logo se desabrocha em louvor, em adoração, em agradecimento e em pedido de piedade Àquele que é a origem do ser. Por isso, quem sabe viver conscientemente, sabe também rezar bem. E quem sabe rezar bem, também sabe viver conscientemente. “Vive de tal modo que sua vida seja uma oração” (Santo Agostinho: In ps. 91,3). O homem que ora inspira o mundo, olha para o mundo com compaixão e, nesse olhar, penetra a fonte de todo ser. A oração é mais do que recitar umas fórmulas, é, sobretudo, uma convicção íntima de que Deus é nosso Pai e que quer nosso bem. Orar/rezar é uma maneira mais eficaz para aproximar a terra para o céu; é uma maneira de encurtar a distância entre o céu e a terra; é meio direto para penetrar no céu a fim de conversar com o Pai do céu. A oração derruba o muro que nos separa de Deus, pois na oração conversamos diretamente com o céu, isto é, com Deus. Distanciar-se da oração significa distanciar-se do céu. É impossível chamar Deus de Pai sem conversar com Ele permanentemente. 


”Jesus contou aos discípulos uma parábola para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir...” (Lc 18,1), assim o evangelista Lucas nos relatou sobre a importância da oração na vida de quem acredita em Deus.


O advérbio “sempre” confere à oração um duplo significado. O rezar “sempre” é o programa de quem crê, chamado a aceitar, a cada dia, o desafio da história: convoca ao compromisso de colocar a “prece na vida” e “vida na prece”. Oração e vida se fundem em uma recíproca imanência. Uma é a vida da outra. A prece transforma em unidade os fragmentos da existência quotidiana diante de Deus. Se a prece tem lugar na existência quotidiana do cristão, a própria vida está na prece. Por isso, a prece não é apenas um barco salva-vidas para quem estiver afundando. Para o cristão, falar com Deus significa usar a linguagem da vida e da história na conversa com o Pai do céu. Seria impossível imaginar um filho não conversar com seu pai morando na mesma casa.


Este versículo introdutório (Lc 18,1) é seguido pela parábola sobre o juiz desonesto e a viúva insistente. Com a história da viúva, que tão insistente, venceu, pelo cansaço, o juiz desinteressado que não estava nem um pouco inclinado a atendê-la, Jesus quer nos recomendar a perseverança na oração. São três as razões porque devemos ser perseverantes nas nossas orações: Primeiro, a bondade e a misericórdia de Deus. Segundo, o amor de Deus por cada um de nós (Deus ama cada um na sua individualidade). Terceiro, o interesse que nos mostramos perseverantes na oração. Por isso, o modo como a pessoa reza depende da imagem de Deus que traz no seu coração. Quanto mais correta for esta imagem, mais disposição terá para a oração e mais confiante e perseverante esta será.


A pessoa de fé é sempre perseverante, porque ela sabe a quem recorrer e em quem acredita, sem se importar com as circunstâncias. Aquele que crê, tem absoluta certeza de ser atendido. A oração que não foi atendida é uma forma de Deus atender nosso pedido, pois Deus tem a sabedoria infinita. Se Deus “não nos atender” é para o nosso bem maior, pois Deus sabe muito bem de nossas necessidades. Se Ele atender nosso pedido é para nossa salvação. E se Ele não atender nossa oração é para nossa salvação também. Sem duvida nenhuma, Deus sempre nos atende, pois Ele quer nossa salvação. “Quando a oração brota da alma como uma necessidade da própria alma, converte-se em chave de ouro, em santo e eficaz sinal que abre as portas do céu e torna possível um encontro com Deus. O homem se eleva em oração e Deus se inclina em misericórdia”, dizia Santo Agostinho (In ps. 85,7).


A vontade de Deus de querer nos salvar é o motivo de nossa perseverança na nossa oração. E acabamos aprendendo o que devemos pedir e o que não devemos pedir a Deus nas nossas orações. Neste sentido, a oração não deixa de ser um caminho pedagógico.


“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. A oração perseverante é expressão e o alimento da fé em Deus. Fé e oração estão sempre intimamente unidas. Para orar é preciso crer e para crer é necessário orar. A oração é um exercício de fé. Se há quem consagre a sua vida à oração, é para manter viva e ativa essa fé que Jesus deseja encontrar no coração de todos (Lc 18,8). A oração deve ser como uma respiração permanente. Ninguém sobreviveria sem respirar e sem o ar do qual ele respira. Assim também um cristão: não viveria como bom cristão sem uma oração perseverante. E aquele que crê não quer obrigar Deus a fazer a própria vontade, utilizá-lo para realizar seus desejos, mas para obter a graça de conformar sua vontade à de Deus.


Além disso, a parábola da viúva insistente quer nos ensinar que, para atingir objetivos superiores às nossas forças, precisamos orar sem cessar, pois há objetivos que não podem ser alcançados sem a oração. Por exemplo: onde conseguir a força para perdoar quem nos prejudicou, a não ser na oração? Ou, onde conseguir a força para não fraquejar diante dos maus desejos da ambição, da inveja, da cobiça, do ódio, do rancor, da vingança a não ser na oração? Se por um instante sequer deixarmos cair os braços, isto é, se pararmos de rezar imediatamente as forças do mal prevalecerão, seremos derrotados e os desastres que sofremos serão assustadores. Se pararmos de rezar, erraremos o caminho. Quem aprender a ficar de joelho em oração e adoração, vai conseguir ficar firme e inabalável diante das dificuldades da vida, pois ele sabe e acredita que Deus está com ele e ele está com Deus.
P. Vitus Gustama,svd

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