sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Natal 25/12/2018
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O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS
NATAL E ALGUMAS MENSAGENS


“O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós”


Dentro do prólogo do Evangelho de são João, qual é o significado da Palavra/Verbo/Logos para nós?


Ao lermos atentamente esse prólogo podemos enumerar cinco significados fundamentais do termo Palavra/Verbo/Logos. Em primeiro lugar, a razão última da minha existência, assim como é, está em Deus. A minha existência assim como é, e toda a situação humana, tem uma razão, tem um porquê, tem um significado.


Em segundo lugar, este significado último está em Deus. O significado último de toda a realidade, de todas as coisas, de minha situação humana está na dependência de Deus. Dependência que deve ser reconhecida no louvor e na reverência. Se a razão última de todas as coisas é a palavra criadora de Deus, este sentido de dependência total de Deus que deve ser reconhecido com reverência e louvor é a primeira atitude sobre a qual as outras podem ser construídas e sem a qual nenhuma disciplina espiritual pode ser construída.


Em terceiro lugar, em Deus está a razão última não só do ser das coisas, mas do ser “aqui e agora”. Ou seja, todas as situações da existência, tudo o que aconteceu e acontece agora tem um significado na sabedoria ordenadora de Deus. Todo o cosmos, de que se fala no v.9 tem este significado. Se faltar esta confiança, entrará logo a amargura e a pessoa será presa fácil do espanto diante da impressão de desordem ilimitada.


Em quarto lugar, esta razão da existência é o logos, no sentido da luz e vida; tudo tem sentido, e este sentido é luminoso e vivificante. Ou seja, apesar das obscuridades da situação presente do homem, apesar da tragédia humana que nos cerca, existe no fundo de tudo um evangelho/boa notícia que nos assegura de que há uma razão luminosa e vivificante de todas estas coisas; basta que saibamos captá-la e nos deixemos transformar por ela.


E por fim, este logos é Jesus Cristo entre nós que nos fala do Pai. As palavras de Jesus que ouvimos na Escritura e a sua própria realidade pessoal constituem o sentido luminoso e edificante de toda a experiência humana, assim como nós a percebemos. Sem esta confiança de fundo na sabedoria criadora, que regula as situações presentes e se manifesta em Cristo como ”evangelho”, não há esperança de uma melhora, não há a esperança de que nós mesmos mudemos e não há esperança para o mundo. A nossa esperança, de fato, reside toda ela na vinculação de todas as coisas com a sua razão última, que é a criação divina e a esperança de Jesus Cristo entre nós, aquele que nos revela as palavras de Deus e cria uma situação de verdade e graça no mundo: Jesus “cheio de amor e fidelidade”.


Esta é, pois, a atitude que devemos assumir diante do Evangelho de João: uma atitude inspirada na ideia de que tudo depende de Deus, de que tudo caminha para Deus, e de que a nossa ação pode inserir-se de maneira sensata, racional, justa, neste movimento, qualquer que seja a nossa condição presente.


1.A Encarnação É O Mistério Do Amor Apaixonado De Deus Por Nós


O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós


A encarnação do Filho de Deus desafia a lógica humana ou do mundo porque ela poderá ser aceita a partir da no amor de um Deus que ama os homens até o extremo de se tornar igual a eles para que cada ser humano se torne um filho ou uma filha de Deus: “Deus tanto amou o mundo, que entregou seu Filho único, para que quem crer não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3,16). Fora do amor deste Deus apaixonado pela humanidade não entenderíamos nada da encarnação. A encarnação é uma mensagem forte do amor de Deus por nós todos. E Jesus levará seriamente este amor até aceitará ser crucificado na cruz. O mistério da encarnação é o mistério do amor de Deus que assume a condição humana para salvá-la e divinizá-la. O amor sempre fascina e atrai qualquer ser vivo e o transforma em criatura amigável e amável. O amor dá a segurança, facilita o crescimento humano e cria a harmonia entre as pessoas ou entre os seres vivos.


2. Na Encarnação Deus Se Humaniza


O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós


No Natal celebramos a humanização de Deus e a nossa divinização. Ele desce para nossa humanidade e através dele subimos para o céu. Na encarnação Deus introduziu o germe divino em nossa natureza mortal para que não ficássemos entregues à efemeridade e debilidade da natureza humana. Ao se encarnar Deus quer ensinar o ser humano a descobrir sua dignidade divina, pois Deus se torna um deles. O Papa Leão no seu sermão de Natal dizia: “Cristão, reconhece tua dignidade! Tomaste parte na natureza divina, não regresses à velha indigência, e não vivas abaixo de tua dignidade!” Isto nos desafia a viver de acordo com nossa dignidade divina.


A encarnação de Deus também nos ensina a sermos mais humanos. Para podermos servir bem os outros, para podermos trabalhar com muito ardor devemos ser muito humanos. A encarnação nos mostra como podemos nos tornar verdadeiramente humanos. Cristo desceu do céu até o nível da humanidade. Por isso, para sermos muito humanos o primeiro passo consiste em ter coragem para descer à nossa humanidade e terrenidade. Nós fomos tirados da terra. Cristo desceu até nós para que, por ele, como por uma escada, possamos subir até Deus. A meta desta descida é a nossa elevação pelo Espírito de Deus. Apenas quem aceita a sua humanidade é pode subir ao céu. Se Deus não nascer em nós, permaneceremos alienados de nós mesmos e dos outros. Cristo pode nascer até mil vezes em Belém, mas se nenhuma vez em nós, em nosso coração, em nosso lar, permaneceremos eternamente perdidos e seremos muito desumanos para com os outros. Mas se Cristo nascer em nós, entraremos em contato com o nosso próprio ser, com a imagem intocada e genuína de Deus. Conseqüentemente, nossa vida ficará verdadeiramente nova, sã, iluminada e mais humana.


3. Deus Se Manifesta Como Uma Criança


O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós


No Natal Deus vem ao nosso mundo como uma criança e não como um adulto. Ninguém resiste diante de uma criança. A criança é uma criatura frágil, desamparada, indefesa e dependente totalmente dos pais ou dos adultos. Por ser frágil não podemos agarrá-la com força. Ao contrário precisamos nos aproximar dela com carinho e mansidão. Para uma criança não fazemos discursos inteligentes, mas usamos somente palavras que vêm do coração ou alguns gestos carinhosos. A criança quer sempre aprender. Ela confia nos outros e se envolve. Vive o momento presente sem se preocupar o que vem a ser porque confia nos pais. Está sempre aberta ao novo. Quando duas crianças se brigam, em poucos minutos elas voltam a brincar juntas novamente como se nada acontecesse anteriormente.


Se Deus vem ao nosso encontro como uma criança é porque Ele quer nos libertar de nossa megalomania e de querermos ser sempre fortes e independentes. A nossa força tem limites, por isso nenhum ser humano pode ter pretensão de se sentir forte, dispensando a ajuda dos outros. O Natal pretende nos lembrar a criança divina em cada um de nós. No fundo do coração cada um carrega uma criança divina. Quando cada um entrar em contato com a criança dentro de si, sua vida ganha um pouco de leveza e se torna autêntica. O Natal, pela encarnação do Filho de Deus através de uma criança, nos ensina a olhar para dentro de nós. Dentro de nós não encontramos apenas problemas, divisão, confusão, desejos, ilusões frustradas, feridas e mágoas. Dentro de nós há também Cristo (cf. 1Cor 3,16s). Por isso, o que celebramos hoje não é um fato passado que dorme na história. O mistério do Deus-feito-homem tem lugar hoje, no agora da festa. Em cada Eucaristia entramos em comunhão com Ele e ao terminar a missa nós não vamos sair sozinhos, e sim nó vamos sair com ele, pois ele é o Deus-Conosco.


4. Pela Encarnação Aprendemos A Encontrar Deus Nas Pequenas Coisas


O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós”.


O nascimento de Jesus é atestado por Lucas quando escreve que Maria “envolveu seu filho em faixas” (v.7). Esse detalhe é tão realístico a ponto de o anjo do Natal divulgá-lo entre os pastores como sinal para poder reconhecer o filho de Maria(v.12). Graças a esse sinal que “os pastores, às pressas, vão vê-lo”, reconhecem e encontram o menino Jesus. O nascimento de Jesus, então, é descrito com a maior simplicidade.


Tudo isso é o mistério da nossa fé que proclamamos como cristãos: nas coisas pequenas revelam-se as grandes; no pequeno pão está presente o Filho de Deus. No cálice está presente o sangue de Jesus; na comunhão eucarística que recebemos, Deus nos abraça e vem ao nosso encontro; na doença que nos faz sofrer e na morte que nos impõe medo, há a presença misericordiosa do Filho de Deus que nos convida a entrarmos com ele em seu Reino. Em todas as circunstâncias da vida do dia-a-dia, mesmo as mais infelizes, mediante as incompreensões, as doenças, e a monotonia da vida, está sempre presente o lado amoroso, o lado da alegria, do Espírito Santo, da abertura do coração.  O fascínio do Natal, mais forte que todas as luzes multicoloridas acesas pelo consumismo, está aqui: encontra-se o sentido da vida, do homem, das coisas simples, sentido do qual ninguém deveria afastar-se, porque nele reside o verdadeiro, o autêntico. Quem souber olhar bem longe com os olhos do coração e com a inteligência da fé, ali encontrará um germe da Presença divina que situa o homem na plena verdade de si mesmo.


O Natal nos ensina a buscarmos e a vermos o inefável mistério divino não em coisas incomuns e maravilhosas, mas naquilo que tem aspecto cotidiano, simples e terreno. Isto quer dizer que, a partir do Natal, tudo que é humano simplesmente pode ser como que manifestação divina, sinal visível da presença de Deus. Minha relação com o aspecto cotidiano desta vida será o critério para saber se eu descobri ou não o sentido do Natal.


5. O Natal É Uma Mensagem Da Paz


O Verbo Se Fez Carne e Habitou Entre Nós”.


De repente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar Deus dizendo: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que ele ama’ “(vv.13-14). A distância entre o Criador e a criatura, simbolizada pela menção do “céu” e da “terra”, é superada pela nova e definitiva Aliança de Deus com os homens: o Deus “nas alturas” inclina-se sobre a “terra” dos “homens que são objeto de sua benevolência. Deus nos salvou por sua misericórdia (Tt 3,4-5). Pode-se dizer que a encarnação é uma lágrima da compaixão divina para o homem que se encontra na miséria do pecado. O essencial da encarnação, portanto, é o amor. Deus ama o homem para torná-lo bom e feliz. Deus renuncia a si mesmo por amor. Deus veio para participar dos nossos sofrimentos e indicar o caminho de amor para não sofrermos sem sentido. Se soubermos renunciar a nós mesmos por amor, seremos felizes e seremos capazes de fazer os outros felizes.


Portanto, para que as pessoas tenham um Feliz Natal, não necessariamente os problemas e sofrimentos devem estar longe, ausentes. Eles podem até estar presentes e sendo vividos por elas. Para que as pessoas tenham um Feliz Natal, os cartões e presentes não são tão importantes. E podem até nada significar. Para que as pessoas tenham um Feliz Natal, o dinheiro não deve ser prioridade; muito menos significado primeiro das comemorações. Para se ter um Feliz Natal, o importante é: Estar em PAZ com Deus. Estar em PAZ com o irmão. Estar em PAZ consigo(a) mesmo(a). O que se celebra no Natal é o nascimento do Deus-Criança, autor e senhor da Paz. Ele não nasce em berço de ouro. Nem mesmo pode gozar do calor de uma simples hospedaria.  Naquela noite fria de Belém, o Filho de Deus, o Deus- Criança, nasceu numa estrebaria, aquecida não pelo acolhimento dos hoteleiros, mas pelo carinho de alguns animais e pelo afeto de Maria e José, que, apesar dos trabalhos pelos quais passaram para acolher bem o recém-nascido, estavam em Paz. Natal é a Festa da Paz. Os problemas e sofrimentos podem até tirar um pouco do brilho e da alegria, enquanto sentimento humano. Jamais, porém, o silêncio interior, perfume da Paz, enquanto fruto do Deus que se faz CRIANÇA e habita entre nós.


Jesus Cristo, Verbo de Deus está a caminho em busca de uma nova Belém. Ele quer nascer também num coração egoísta e fechado para torná-lo mais altruísta e compassivo. Para isso, o coração terá que estar aberto para deixar o Senhor entrar: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20). Ele quer continuar a nascer nos corações aquecidos pelo amor. Ele quer nascer em seu lar, em suas conversas, num aperto de mão, pedindo e oferecendo o perdão. Ele quer nascer naquela amizade que há tempo você rompeu violentamente por um gesto insignificante e irracional. Ele quer nascer naquela pessoa que morreu no seu coração por uma briga de ponto de vista, esquecendo que cada ponto de vista é apenas vista de um ponto. Ele quer nascer na mulher que você iludiu e enganou e no homem que você explorou sem remorso. Desde que você seja capaz de escutar a Palavra de Deus e pô-la em prática, você também será a mãe de Jesus que faz nascer o Cristo no mundo e na convivência com os outros, e será irmão e irmã de todos com quem convive e trabalha. Se você abrir seu coração para Jesus que está em busca da nova Belém, você será um eterno Natal para todos. FELIZ NATAL!!
P. Vitus Gustama,SVD

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