sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

19/01/2019
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JESUS NOS CHAMA PARA NOS SALVAR E PARA SALVARMOS OS OUTROS

Sábado da I Semana Comum



Primeira Leitura: Hb 4,12-16

Irmãos, 12 a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. 13 E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto a seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas. 14 Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15 Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16 Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.



Evangelho: Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13 Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14 Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu. 15 E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam. 16 Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?” 17 Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

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A Força Da Palavra De Deus Continua Sendo Viva, Eficaz e Penetrante Para Quem a Vive



A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4,12).



O texto da Primeira Leitura tirada da Carta aos Hebreus quer nos afirmar que a força da Palavra de Deus continua viva, penetrante e cortante e nos conhece profundamente. E essa Palavra não é um simples som, nem uma suma de conceitos e sim a própria pessoa de Jesus Cristo (Jo 1,1-3.14). Deus nos conhece por dentro; ele conhece nossa intenção mais profunda. O que a Palavra realizou nos profetas e em Jesus, realiza igualmente em cada cristão que a vive ou que a coloca na prática.



Se a Palavra de Deus nos conhece profundamente, neste sentido a Palavra é juízo, não somente porque julga a partir de fora a conduta do homem, tal como faz uma norma legislativa, mas também profundamente porque convida o homem a escolher entre seus desejos e as exigências da Palavra. Neste sentido a Palavra de Deus é uma espada (Lc 2,35) que obriga o cristão para os desprendimentos mais radicais.



O Salmo Responsorial de hoje (Sl 18/19) faz eco à Primeira Leitura, cantando esta Palavra penetrante de Deus: “Vossas palavras são espírito, são vida, tendes palavras, ó Senhor, de vida eterna. A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz”.



Além da força eficaz da Palavra de Deus em que os cristãos devem acreditar, há um segundo motivo para que eles não percam os ânimos e perseverem em sua fidelidade a Deus: a presença de Jesus como nosso Mediador e Sacerdote: “Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”.



Podemos nos sentir débeis e estar rodeados de tentações em meio de um mundo que não nos ajuda precisamente a viver como cristãos. Mas temos um Sacerdote que conhece tudo, que sabe de nossa fragilidade como seres humanos porque ele foi um de nós, menos no pecado. Jesus Cristo é nosso juiz misericordioso, nosso Sumo Sacerdote capaz de compadecer-se de nossas dores porque ele os padeceu.



Cada dia nos pomos à luz da Palavra viva e penetrante de Deus. Palavra eficaz como a do Génesis (diz e logo se torna realidade, Gn 1). Umas vezes a Palavra de Deus nos acaricia e consola. Outras vezes, nos julga e nos convida a um discernimento mais claro de nossas situações. Ou ela nos condena quando nossos caminhos não são os caminhos de Deus. Isso é o que vai nos sustentar em nosso caminho de fé.



Deus Está Em Busca Dos Pecadores Para Salvá-los



Ao perdoar os pecados do paralítico, no evangelho do dia anterior, (Mc 2,1-12) Jesus rompeu a distância entre o pecador e Deus. Mas que implicação tem isso na sociedade? Que exige da Igreja que se diz portadora de perdão e de reconciliação entre os homens (cf. Mt 16,19;18,18; Jo 20,22-23)?



O texto do evangelho de hoje fala da vocação de Levi. Levi é o quinto discípulo de Jesus segundo o evangelho de Mc. (cf. Mc 1,16-20). Jesus se apresenta diante dele como o Senhor que ordena: “Segue-me!”. Aqui há novidade! Não é mais pescador que Jesus chama, mas é um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e por isso, é um pecador público (publicano) que para a sua época, era malvisto pela população. Levi é descrito como um homem que “estava sentado”. Mas ao ouvir a chamada de Jesus para segui-lo, Levi se levantou. A partir daquele dia, Jesus será quem dará sentido para a vida de Levi. E Levi aprenderá de Jesus uma nova forma de viver com sentido.

                   

Olhando para Levi e para o comportamento de Jesus diante deste, cada um de nós pode dizer em silêncio ao Senhor: “Senhor, eu sou também um pecador. Obrigado, Senhor, por não me julgar, como não julgou Levi. O Senhor me conhece e me ama e por isso, não me despreza”.

         

Os escribas e os fariseus, vendo o comportamento de Jesus, perguntaram aos discípulos de Jesus: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”. Fazer refeição com os demais era um reconhecimento da igualdade e da dignidade. Os cobradores de impostos eram considerados ladrões do dinheiro publico, e por isso, eram excluídos e considerados impuros.  Os escribas e os fariseus, puritanos fechados em sua autossuficiência e convencidos de serem os perfeitos, não se relacionavam com este tipo de pessoas para não comprometer sua pureza legal.



Há aqui uma revelação de Deus que chama nossa atenção. Jesus não julga os que dele se aproximam; não faz diferença entre os homens (cf. At 10,34-35). Não entra nas classificações habituais da opinião de seu tempo. Jesus é um homem de ideias amplas, um homem tolerante e compreensivo, é um homem muito humano para com todos. Ele era tão humano a ponto de se tornar tão divino. Para ser verdadeiro cristão o homem tem que ser muito humano profundamente. Na profunda vivência da humanidade é que chegaremos à divindade. Paradoxalmente, o caminho da subida até Deus passa pelo caminho da descida até a nossa humanidade.

         

Diante da crítica dos escribas e fariseus Jesus diz: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores” (Mc 2,17).

         

A resposta de Jesus é um dos melhores retratos do amor misericordioso de Deus, manifestado em Cristo Jesus. Com uma liberdade admirável, Jesus vai pelo seu próprio caminho, anunciando a Boa Nova aos pobres, chamando os “pecadores” apesar das reações dos puritanos que afastam os outros e fazem isso, em nome de um suposto Deus em quem acreditam. Jesus continua a salvar os débeis e os enfermos. Continua fazendo o bem apesar dos comentários negativos a respeito. Jesus, em vez de se afastar dos “pecadores”, se aproxima deles. Ele não tem medo de sentar-se à mesa com aqueles que a sociedade considera como pessoas não “certinhas”.



O evangelista Marcos nos relatou que, como fruto da aproximação tão humana da parte de Jesus “Com efeito, eram muitos que o seguiam”. Esta frase tem um peso porque prepara uma melhor compreensão de Mc 3,13-16. Aqui tomamos consciência de que os que seguem a Jesus sintonizam seu atuar com o do Mestre e também eles se aproximam dos pecadores. Este fato era de grande atualidade no tempo da comunidade de Marcos (cf. Gl 2,11-14). Para um cristão de origem judaica não era fácil conviver com quem havia sido conhecido anteriormente como um pecador publico ou com quem provinha do mundo pagão. Somente recordando o comportamento de Jesus tudo se superava.



Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”. Para todos nós que não somos santos estas palavras de Jesus nos consolam. Cristo nos acolhe e nos chama apesar de nossas debilidades e da má fama que possamos ter e nos transforma em seus discípulos para continuar sua obra neste mundo. Como a Eucaristia, não é para os perfeitos. Por isso, sempre começamos nossa celebração com um ato penitencial e na hora de receber o Corpo do Senhor, na comunhão, continuamos a reconhecer nossa indignidade de comungar o Corpo tão santo do Senhor ao dizer: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra, serei salvo!”.

         

Temos que viver realmente a espiritualidade da Eucaristia porque a estrutura da Eucaristia nos mostra que somos todos pecadores. Começamos sempre nossa celebração com um ato penitencial. E antes de nos aproximar da comunhão, pedimos no Pai-Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas”. Ao receber o Corpo e sangue do Senhor nós acreditamos que Ele é Aquele que tira o pecado do mundo e aquele que nos alimenta a fim de vivermos para ele e para os demais. Conscientes de sermos pecadores rezamos antes de receber o Corpo do Senhor: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra, serei salvo”. Se realmente vivermos profundamente a espiritualidade eucarística jamais julgaremos os outros. Ao contrário, devemos rezar muito mais do que comentamos. “No falar muito está o pecado”, diz a Palavra de Deus.

         

Infelizmente temos os olhos muito abertos para os defeitos dos demais e fechados para nossos próprios defeitos e para o bem praticado pelos outros. Portanto, o evangelho deste dia deve nos estimular a não sermos como os fariseus, a não crermos melhores, escandalizando-nos pelos defeitos que vemos nos demais. 



Para Refletir Mais



É muito interessante observar como Jesus não aprova as catalogações correntes que na sua época originavam a marginalização de tantas pessoas. Quando marginalizamos alguém é porque nos achamos melhores do que os outros. Por isso, marginalizar os outros não deixa de ser uma manifestação da arrogância ou de um sentimento de superioridade. E a arrogância é uma maneira de admitir os próprios defeitos. É interessante refletir que todos nós nascemos iguais, mas logo no dia seguinte criamos catalogações. E um dia todos vão entrar na cova (morrer) de igual maneira, mesmo alguns enfeitem a cova.



No evangelho de anteontem lemos que Jesus tocou e curou um leproso. No evangelho de hoje, Jesus se aproxima e chama como seu seguidor nada menos que um arrecadador de impostos, um publicano, um pecador público. Trata-se de um “pecador” segundo todas as convenções da época. É chocante tanto para a época de Jesus e, creio que, também para nossa época. Mas Jesus Levi, o publicano, e este O segue imediatamente.



A graça de Deus não admite nenhuma demora. Ela chega e nós não podemos demorar em corresponder com ela, como Levi que se levantou e seguiu a Jesus imediatamente.



Jesus encontrou Levi “sentado” e o chama. E este se levantou e seguiu a Jesus. O que torna nossa vida sem dinamismo? O que nos faz “sentados” na vida que nos faz sem horizonte, sem esperança e sem sentido? É preciso repetirmos sempre a frase do Senhor: “Levanta-te e anda e tu verás mais coisas na tua vida!”



Além disso, o texto quer nos dizer que, na vida, não há nada que seja perdido. A opinião da maioria pode nos condenar como perdidos. Mas temos que ter uma audição seletiva: selecionar o que necessitamos escutar e abandonar o que não precisamos escutar. Além disso, tenhamos a esperança em Deus, pois um dia Ele vai se aproximar de nós. Fiquemos atentos para Deus que se aproxima de Deus. Fiquemos atentos para os sinais de Deus na nossa vida.



É um dos melhores retratos do amor misericordioso de Deus encarnado em Jesus Cristo. Com uma liberdade admirável Jesus vai pelo seu caminho anunciando a Boa Nova aos pobres (cf. Lc 4,18-19; Is 61,1-2), chamando “pecadores” para segui-Lo apesar das reações diante de sua atitude. Ele cumpre sua missão: Veio para salvar os débeis/ pecadores e os enfermos.

P. Vitus Gustama,svd

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