quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


21/01/2019
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O JEJUM NA VIDA DO CRISTÃO
Segunda-Feira da II Semana Comum

Primeira Leitura: Hb 5,1-10
1 Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2 Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3 Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, como pelos seus próprios. 4 Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. 5 Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. 6 Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”. 7 Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8 Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9 Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. 10 De fato, ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote na ordem de Melquisedec.


Evangelho: Mc 2,18-22
Naquele tempo, 18 os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” 19 Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20 Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.
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Viver o Sacerdócio Cristão


Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. É uma das afirmações tiradas da Primeira Leitura de hoje.


O autor da Carta aos Hebreus está entrando em seu tema central: o sacerdócio de Cristo comparado com o sacerdócio do Templo, o sacerdócio judeu.


Quais são qualidades que deve ter um bom sacerdote? Antes de tudo, ele deve ser nomeado/chamado por Deus e não é ele que se arroga esta honra. Jesus não pertencia a uma família sacerdotal. Ele era “leigo”. Ele nunca se chamou a si mesmo “Sumo Sacerdote”. Mas a comunidade cristã fez, porque ninguém a não ser Deus lhe disse: "Tu és meu Filho. Tu és um Sacerdote eterno”.


A mesma afirmação encontramos no Salmo Responsorial de hoje (Sl 109): “’Tu és príncipe desde o dia em que nasceste; na glória e esplendor da santidade, como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!’ Jurou o Senhor e manterá sua palavra: ‘Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedec!’”. A comunidade cristã aplicou a Jesus Cristo desde o princípio.


A carta acrescenta um comentário surpreendente: "Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu". Temos um Sacerdote que experimentou a dor como nós. Até a morte. Não é que ele precisasse oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, como aconteceu com os sacerdotes de Jerusalém. Mas ele quis assumir a morte e assim se tornou o Salvador de todos, glorificado e proclamado Sumo Sacerdote.


Pelo fato de estar próximo dos homens, hoje lemos uma das passagens mais impressionantes que se referem à Paixão de Jesus: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte”. Os evangelistas nos falam da tristeza, do medo, do pavor, do tédio de Jesus diante de sua morte. Aqui, nesta Carta, fala-se de “clamor/grito e lágrimas”.


Além disso, um sacerdote deve estar muito unido aos homens e saber compreendê-los, já que os representa na presença de Deus. Um “pontífice” é aquele que faz de ponte entre Deus e a humanidade.


Por otra parte, cada uno de nosotros podríamos preguntarnos cuál es su propio estilo de ser mediador para con los demás, cómo intentamos colaborar con Cristo en la salvación del mundo. ¿Somos comprensivos como él? ¿aceptamos a los demás tal como son, también con sus defectos, para ayudarles en su camino? ¿estamos dispuestos hasta la renuncia y el dolor para poder hacer el bien a nuestro alrededor? ¿somos pontífices, o sea, hacemos de puente entre las personas y Dios? ¿adoptamos una actitud de condena o de comprensión y ayuda?


Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus”.


Começa aqui uma longa comparação entre o sacerdócio judeu, o sacerdócio do Templo de Jerusalém, e o sacerdócio cristão. Aqui já há uma definição excelente: o sacerdócio é uma missão de “comunicação”, de “relação” entre os homens e Deus. O termo latino “pontifex” significa “construtor de pontes”, o sacerdote é quem estabele uma comunicação entre as duas margens tão aparentemente afastadas como a terra e o céu.


“... para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. A distância, que separa o homem de Deus não é somente o abismo normal entre o Criador e a criatura, é a oposição entre dois antagonistas, um dos quais se torna inimigo do outro: o pecado. O pecado não é uma indiferença a Deus e sim é uma recusa de Deus. Dai há necessidade de mediador.


“(O mediador) Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza”.


Uma qualidade essencial do sacerdote: ser compreensivo, delicado, aberto, acolhedor e bom para os pecadores. E o autor se atreve a afirmar que ele terá essas qualidades, quando ele reconhecer que ele também está "cercado de fraqueza". Ele sabe o que é ser pecador, porque ele mesmo é um pecador! Ouvindo as confidências daqueles que pecam, ele se reconhece e é, portanto, capaz de compreender os pecadores.


Em outras palavras, não cabe no sacerdote o orgulho algum. Ele é também um pobre diante de Deus. Ele é um irmão pecador. Ser sacerdote, por isso, não é um orgulho e sim é uma temível dignidade e uma responsabilidade que não se revindica e sim que se recebe com humildade. É uma chamada: “Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus”.


Por outro lado, o sacerdócio de Cristo é único. Ele arraiga em sua própria divindade. Com este título há um só sacerdote. Somente um capaz de ser o vínculo entre a humanidade e Deus.


“O sacerdote sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, como pelos seus próprios. Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus”.


As minhas próprias fraquezas me fazem também ser bom e compreensivo com os que pecam ou erram na vida? Ou sou dos que, de modo farisaico, se precipitam ou estão em prontidão para julgar ou condenar os que praticaram o mal ou outros pecados?


Além disso, cada um de nós pode perguntar-se: qual é seu próprio estilo de ser mediador/intercessor para os demais a exemplo de Cristo, o Sumo Sacerdote? Somos compreensivos como Cristo? aceitamos os demais tal como são, também com seus defeitos para oferecer nossa ajuda a eles em seu caminho? Estamos dispostos até a renuncio e a dor para poder fazer o bem para as pessoas ao nosso redor? Somos “pontífices” ou seja, fazemos de ponte entre as pessoas e Deus? adotamos uma atitude de condenação ou de compreensão e ajuda?


Jejum Na Vida Do Povo Eleito


Na semana passada acompanhamos o começo da pregação e da ação de Jesus. Jesus escolheu cinco primeiros discípulos. Na sua ação, Jesus impôs silêncio aos que reconheciam como Filho de Deus.


Esta semana, encontraremos Jesus e seus discípulos que formam um grupo absolutamente solidário e unido diante de seus adversários (fariseus e escribas etc.).


Observaremos que, em cada controvérsia, Jesus sempre se apresenta como um independente diante das regras e das observâncias legais conforme as tradições. A independência de Jesus choca os que estão apegados ao da letra todas as leis e as tradições. Jesus entra no espírito da lei, naquilo que possa edificar o ser humano. Por isso, em outra ocasião ele diz: “O sábado existe para o homem e não o contrário”. No evangelho de hoje ele faz uma declaração que tem o mesmo conteúdo: “Ninguém põe o vinho novo em odres velhos”.


O tema da discussão entre Jesus e os fariseu no evangelho de hoje é o do jejum. Jejum fazia parte das praticas mais importantes da piedade judaica e era um dos mais fortes símbolos de integração no sistema social (cf. Lc 18,11-12). E, por isso, marcava a separação entrejustos” e “pecadores”. Era símbolo religioso, ideológico da divisão social fundamental. O jejum era como sinal distintivo.


Além disso, o jejum era associado à oração e à esmola, e caracterizava a pessoa piedosa (cf. Mt 6,1-18).  A Lei estabelecia somente um jejum, no dia da Expiação, para penitência e perdão dos pecados a fim de preparar-se ao encontro com Deus, o único que pode perdoar o pecado (cf. Lv 16,29-34; 12,24; 23,27-32; Nm 29,7; At 27,9). Moisés jejuava durante 40 dias e 40 noites para conseguir que Deus perdoasse o pecado de seu povo (Dt 8,18). Depois surgiram muitos outros motivos para jejuar (cf. 1Samuel 31,17; Zacarias 8,18; 2Rs 25,1-4; Ester 4,16; Judite 8,6 etc.). As pessoas piedosas adotavam jejuns facultativos em sinal de penitência pela salvação de Israel e para acelerar a vinda do Messias. Os fariseus faziam o jejum duas vezes por semana, na segunda e na quinta-feira (cf. Lc 18,12; Mt 6,16-18). Os discípulos de João conservam a prática do jejum como lemos no texto do evangelho de hoje.


De modo geral, a prática do jejum está ligada, no AT, à espera da vinda do Messias. A prática do jejum aceleraria a chegada do Messias. Os fariseus e os discípulos de João Batista praticam o jejum. Por isso, questionam o comportamento dos discípulos de Jesus que não o praticam.


A resposta de Jesus aqui é bem clara: se seus discípulos não praticam o jejum é porque não tem nada que esperar porque o Messias chegou e está com eles. O tempo chegou, o Reino de Deus está próximo (Mc 1,15), o banquete messiânico começou. O tempo de Jesus é comparado a uma festa de bodas. É um tempo de festejar, sem jejum. O “noivo” neste texto designa claramente a Jesus. O que se esperava de Deus nos últimos tempos faz-se presente no interior da história através da ação de Jesus. O momento escatológico se inicia no coração do tempo histórico, no tempo cronológico. O tempo cronológico e o tempo da graça (kairós) se fundem. Deus encarnado em Jesus se aproxima e acolhe o povo carinhosamente como o marido faz para sua esposa.


E os sinais são estes: os leprosos ficam purificados (Mc 1,40-45), os paralíticos andam (Mc 2,1-12), a Boa Nova se anuncia (Mt 11,5). Jesus é Aquele que deve vir.  Os discípulos de Jesus estão vivendo esta intimidade. Esta intimidade será rompida no momento da paixão e da morte de seu Mestre. No dia em que Jesus deixar de estar, a comunidade cristã, através do jejum, fará a memória da morte de Cristo, anunciará ao mundo que Jesus morreu por causa dos pecados dos homens e por nossos pecados.


Consequentemente “Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.  Isto significa que a plenitude do novo não é suportável ao velho sistema. É necessário ter um novo espaço para acolher o novo. Renovar é colocar algo novo no espaço adequado. O código dum mundo de desenvolvimento é a transformação e renovação.  o novo pode acolher a novidade. Jesus não teme afirmar, desde o início de sua vida pública, a novidade radical de sua mensagem. O evangelho não é umremendo” e sim é algo novo, pois salva por amor e não pela obediência cega à lei.


Jejum Na Nossa Vida Cotidiana


Estamos em outro contexto. Por isso, o jejum ganha seu novo significado. Quando soubermos dar ou preparar o espaço para Deus na nossa vida, este espaço não será ocupado por outra coisa. Ao darmos esse espaço para Deus o resto ganha seu justo valor e sua justa perspectiva. Por isso, ao praticarmos o jejum estamos manifestando nossa vontade de não deixar nenhuma coisa material dominar nossa vida ou mandar na nossa vida. Podemos possuir as coisas, mas as coisas jamais podem nos possuir para não perdermos nossa liberdade. Mesmo não querendo, um dia largaremos tudo. É preciso que aprendamos a ser livres todos os dias, desde .


Tanto cristã como humanamente o jejum faz bem a todos. Fazer jejum significa saber renunciar a algo e dá-lo aos demais, especialmente para os necessitados; é saber controlar nossas apetências; é saber nos defender com liberdade interior das contínuas urgências do mundo de consumismo. Jejuar é purificador e libertador. Jejuar é o caminho de libertação das garras da ganância. É voltar a sermos como somos, pois nãonada que possa impedir nossa liberdade de filhos e filhas de Deus. Jejuar não seria privar-se de tudo e sim usar moderação em tudo, isto é, ser sóbrios. Jejum supõe um grande domínio de si, de disciplina de olhos, de mente e da imaginação. A falta de sobriedade é uma das causas pelas quais se obscurecem e se debilitam as melhores iniciativas e decisões de um cristão. A sobriedade é certamente uma garantia da capacidade de orar e de apreciar o Espírito Santo. Com a renúncia às coisas Cristo nos chama à alegria, a uma alegria profunda, nascida da paz da alma. Fazer jejum é renunciar a algo para dá-lo aos necessitados. O jejum com uma dimensão de solidariedade nos tira do egoísmo, da ganância mortal e nos tira de uma vida vazia. Paradoxalmente a vida vazia é pesada para quem a tem.
 
P. Vitus Gustama,svd

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