29/01/2019
SER
MEMBRO DA FAMÍLIA DE JESUS E PERMANECER NELA
Irmãos,
1. A Lei possui apenas o esboço dos bens futuros e não o modelo real das
coisas. Também, com os seus sacrifícios sempre iguais e sem desitencia
repetidos cada ano, ela é totalmente incapaz de levar à perfeição aqueles que
se aproximam para oferecê-los. 2 Se não fosse assim, não se teria deixado de
ofercê-los, se os que prestam culto, uma vez purificados, já não tivessem
nenhuma consciência dos pecados? 3 Mas, ao contrário, é por meio destes
sacrifícios que, anualmente, se renova a memória dos pecados, 4 pois é
impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5 Por isso, ao
entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas
formaste-me um corpo. 6 Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios
pelo pecado. 7 Por isso, eu disse: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. 8
Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas,
holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a Lei- 9 ele
acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro
sacrifício, para estabelecer o segundo. 10 É graças a esta vontade que somos
santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por
todas.
Naquele
tempo , 31chegaram
a mãe de Jesus e seus
irmãos . Eles
ficaram do lado de fora
e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor
dele. Então lhe
disseram: “Tua mãe e teus irmãos
estão lá fora
à tua procura ”. 33Ele
respondeu: “Quem é minha
mãe , e quem
são meus
irmãos ?” 34E
olhando para os que
estavam sentados ao seu redor , disse: “Aqui
estão minha mãe
e meus irmãos .
35Quem
faz a vontade de Deus ,
esse é meu
irmão , minha
irmã e minha mãe ”.
-------------------
Jesus
Cristo Se Sacrificou Para Nos Santificar Para Sempre
O texto da Primeira Leitura se encontra na
seção central da Carta aos Hebreus (Hb 7,28-10,18), onde se desenvolve o tema
mais importante da Carta: a função mediadora de Cristo. Concretamente, fala-se
da causa de uma salvação eterna (Hb 10,1-18). Nestes versículos o autor explica
a substituição dos sacrifícios antigos pelo sacrifício único e definitivo de
Cristo. O texto parte de uma terminologia e conscepções da liturgia judaica.
Mas pretende notar a diferença entre os sacrifício antigos e o sacrifício de
Cristo.
A Carta aos Hebreus afirma que as
instituições do AT eram uma sombra e uma promessa, que em Cristo Jesus tiveram
seu cumprimento e sua verdade total.
Os sacrifícios de antes não eram eficazes,
porque “é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes”
(Hb 10,4). Por isso, tinham que fazer de maneira permanente, isto é, ano atrás
de ano e dia atrás de dia. Os sacerdotes do AT não ofereciam sua própria vida,
e sim a vida dos animais; não se comprometiam propriamente em seu sacrifício.
Desta maneira, sua vida profana ficava à margem da vítima sacrificada ou
santificada. O culto, meramente exterior, não afetava radicalmente ao que
oferecia. Tudo isso passava em Israel e também em todas as religiões.
Mas Cristo, sendo ao mesmo tempo sacerdote e
vítima, interioriza o culto e se compromete no culto de toda sua vida. Seu
culto é toda sua vida, e toda sua ida até a morte é seu único culto a Deus. Jesus
Cristo se ofereceu em sacrifício a si mesmo no lugar dos animais sacrificados.
O Salmo 39 serve para o autor da Carta aos Hebreus para descrever a atitude de
Jesus já desde o momento de sua encarnação: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos,
sacrifícios pelo pecado, mas formaste-me um
corpo. Eu vim para fazer a tua vontade”. É um dos Salmos que melhor retratam Jesus
Cristo e sua atitude ao longo de sua vida e de sua morte. Viver é para Jesus já
desde o princípio cumprir em tudo a vontade do Pai, e nisto consiste o
verdadeiro caráter sacrifical de sua vida e de sua morte na Cruz. Cristo exerce
seu sacerdócio não como membro de uma classe sacerdotal. Cristo oferece sua
vida e entrega seu espirito ao Pai não num âmbito sagrado, no templo, e sim em
meio da sociedade e fora da cidade santa, elevado na Cruz, que foi plantada
sobre uma colina. Por esta entrega de Cristo, de uma vez para sempre “todos nós
ficamos santificados”.
O autor acentua a atitude de Cristo nos
primeiros versículos (Hb 10,5-6). O principal é a aceitação do plano do Pai, o
cumprimento de seus desígnios. Mas fica muito claro que o Pai não deseja
sacrifícios expiatórios como se necessitasse deles para voltar a ser benévolo
para o homem. Tampouco se pode dizer que a vontade do Pai é que o Filho morra.
O texto presente fala da aceitação por parte de Cristo da vontade do Pai ao
entrar no mundo. Cristo leva até o fim a vontade do Pai com todas as suas
consequências, especialmente a morte na cruz derramando seu sangue para salvar
os homens. O preço do homem é o sangue de Cristo derramado na Cruz. Cada homem,
qualquer homem é valioso diante dos olhos de Deus. Deus não mede seu amor pelo
homem; é totalmente incondicional. Este tema está enormemente sublinhado na
Carta aos Hebreus.
Participar no sacrifício de Cristo é sempre e
radicalmente cumprir, como Ele, a vontade de Deus. Cada Eucaristia ou missa na
qual recordamos a vida, a morte e a ressurreição de Cristo é para nós uma
exigência a cumprir como Cristo a vontade do Pai. Não esqueçamos, por outra
parte, que o Reino de Deus virá quando os homens cumprirem a vontade de Deus.
Por isso, no Pai-Nosso pedimos: “Venha a nós o Vosso Reino e seja feita a Vossa
vontade, assim na Terra como no Céu”.
Ser
Membro Da Família de Jesus
O evangelista
Marcos vai relatar
mais tarde
em Mc 4,1-9 a parábola
da semente que
cai em diferentes
terrenos . Mas
de antemão ele
ilustra dizendo-nos que a família de Jesus não
é necessariamente o ideal terreno . A fé não se pode confundir com o contexto
sociológico nem se pode reduzir
a sentimentos humanos
ainda que
sejam fraternos ou
familiares .
No Reino
de Deus , a fraternidade
cristã não se funda
nos vínculos
de carne e sangue
e sim no espírito
comum : fazer
a vontade do Pai .
Levaram o nome de Jesus os que vivem em seu coração o que foi para Jesus a razão de ser de sua vida : “Nisto
todos conhecerão que
sois meus discípulos ,
se vos amardes uns aos outros ” (Jo 13,35). O amor
fraterno ou
o amor mútuo
é a norma de vida
do cristão .
É surpreendente o tamanho do coração
de Jesus: universal e grande
como o universo ,
pois é aberto para toda a humanidade : “Quem
faz a vontade de Deus ,
esse é meu
irmão , minha
irmã e minha mãe ”. Jesus se sente irmão
de todos aqueles
que fazem a vontade
do Pai que
se resume no amor fraterno
(ágape ). Graças
ao coração de Jesus que
nos possibilita a fazermos parte da família
de Jesus ao fazermos a mesma vontade de Deus .
Graças a Jesus, cada
cristão tem um
numero grande de irmãos ,
de irmãs, de mães e de pais no mundo inteiro ao fazer algo comum : a vontade de Deus .
É uma felicidade sem
limite ter Jesus como nosso irmão . Tudo isso nos enche
de alegria . Somos filhos
e filhas de Deus em
Jesus e somos irmãos entre nós , como rezamos no Pai
Nosso (Mt 6,9-15). Ao aceitarmos Jesus Cristo e ao vivermos seus
ensinamentos , entramos na comunidade nova
do Reino .
E nesta comunidade
nova temos como
Mãe comum :
Maria, a Mãe de Jesus, o grande exemplo
na vivência da Palavra
de Deus . Ela
é a mulher crente
totalmente disponível
para e diante
de Deus . Maria acolheu antes o Filho
de Deus , o Verbo
de Deus (Jo 1,1-2) em
seu coração
por meio
da fé e depois
ela acolheu-O em
seu seio
por sua
maternidade . Ela
O educou a ponto de seu
filho crescer
“na sabedoria e na graça
diante de Deus
e dos homens ” (Lc 2,52). Neste sentido , Maria é duplamente
a Mãe de Jesus: dela ele nasceu e ela
é a primeira discípula
de Jesus por causa
de seu “Fiat”: “Eis
aqui a serva
do Senhor . Faça-se em
mim segundo
a Vossa Palavra ”
(Lc 1,38). Maria, antes de ser Mãe fisicamente
foi a Mãe espiritualmente .
Antes de o Anjo
do Senhor lhe
anunciar a grande
mensagem , ela
vivia aberta a Deus .
Ela colaborou ativamente
durante toda
sua vida
no plano de salvação. “Quem faz a vontade
de Deus , esse
é meu irmão ,
minha irmã e minha
mãe ”. Por isso , Maria é, para nós , nossa boa
Mestra porque foi a melhor
discípula na escola
de Jesus. Ela nos
assinala o caminho da vida cristã: escutar a Palavra de Deus ,
meditá-la no coração e levá-la à prática .
Será que
faço parte da família
de Jesus? Será eu estou consciente de que
todo homem
é meu irmão ?
Será que tenho consciência
de que toda
mulher é minha
irmã, minha mãe
por causa de Deus que é o Pai de todos ?
Será que a fidelidade
à vontade de Deus
ocupa primeiro lugar
na minha vida
e em todas as minhas
decisões ? Será que
posso afirmar que
eu sou membro
da família de Jesus?
“Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? Quem faz a
vontade de Deus,
esse é meu
irmão, minha
irmã e minha mãe”.
É certo que a família é
a célula básica
da sociedade ainda
que ela
sempre se encontre em
crises. É certo
também que
na família recebemos normalmente amor,
cuidados, educação
e apoio. Porém,
não é menos
certo que
abramos nossa família
para uma família
mais extensa,
se quisermos amadurecer e assumir
nossa própria
existência: transformar
nossa família
em família
de Jesus onde cada
um de seus
membros vive de acordo
com os ensinamentos
de Jesus. A família definitiva
é a família dos filhos
e filhas de Deus, os homens e as mulheres
que querem construir
uma família justa
e pacífica, solidária
e compassiva de acordo
com o querer divino. A porta de entrada para a casa de Jesus, para a nova família de
Jesus é fazer a vontade
de Deus. Tudo
o mais fica relativizado: a família, propriedades,
pátria, estado
até mesmo
a própria vida.
Por isso,
no evangelho de Mateus
Jesus disse: “Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim” (Mt 10,37).
No circulo de Jesus somente
há lugar para
a fraternidade, a nota
característica dos membros
dessa sociedade alternativa
que Jesus vem implantar
com a Judá de seus
novos “irmãos,
irmãs e mãe”. Da “sociedade
alternativa” ou
comunidade de seguidores
de Jesus somente podem fazer
parte dela aqueles
que cumprem o desígnio
de Deus, Seu
projeto, Sua
utopia que
não é outra
que fazer do mundo uma família,
uma fraternidade universal.
Para fazer do mundo uma família,
temos que viver
profundamente a espiritualidade
familiar: um
se preocupa com o outro,
um protege o outro,
um se solidariza com
o outro, um
ama o outro
incondicionalmente como
uma mãe ou
um pai
de uma família que
ama seus
filhos gratuitamente,
sem mérito
algum. Se o Deus
em quem
acreditamos é Uno e Trino,
logo esse
mesmo Deus
quer que
todos formem uma família.
Toda família
humana tem, então,
em Deus
Uno e Trino
seu espelho
perfeito. A própria
família humana
de Jesus, conhecido como
a Sagrada Família
de Nazaré é um grande
exemplo para qualquer família
humana. Todos
na família humana
de Jesus vivem de acordo com a vontade
de Deus: Maria obedeceu totalmente à vontade
de Deus (cf. Lc 1,38) e exemplo como
uma mãe educadora, pois
“Jesus crescia em estatura,
em sabedoria
e graça, diante
de Deus e dos homens”
(Lc 2,52); José, pai adotivo de Jesus não
mostrou nenhuma resistência diante
do plano de Deus
(cf. Mt 1,18-25; 2,13-23; e o próprio Jesus faz da vontade de Deus
seu alimento diário (cf. Jo 4,34). E no fim
de sua vida
terrestre, Jesus rezou tanto
pela união e unidade de todos
(cf. Jo 17,20-23).
P. Vitus
Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário