quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019


02/03/2019
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TERNURA DIVINA NOS FAZ MAIS HUMANOS E IRMÃOS
Sábado da VII Semana Comum


Primeira Leitura: Eclo 17,1-13
1 Da terra Deus criou o homem, e o formou à sua imagem. 2 E à terra o faz voltar novamente, embora o tenha revestido de poder, semelhante ao seu. 3 Concedeu-lhe dias contados e tempo determinado, deu-lhe autoridade sobre tudo o que está sobre a terra. 4 Em todo ser vivo infundiu o temor do homem, fazendo-o dominar sobre as feras e os pássaros. 5 Deu aos homens discernimento, língua, olhos, ouvidos, e um coração para pensar; encheu-os de inteligência e de sabedoria. 6 Deu-lhes ainda a ciência do espírito, encheu o seu coração de bom senso e mostrou-lhes o bem e o mal. 7 Infundiu o seu temor em seus corações, mostrando-lhes as grandezas de suas obras. 8 Concedeu-lhes que se gloriassem de suas maravilhas, louvassem o seu Nome santo e proclamassem as grandezas de suas obras. 9 Concedeu-lhes ainda a instrução e entregou-lhes por herança a lei da vida. 10 Firmou com eles uma aliança eterna e mostrou-lhes sua justiça e seus julgamentos. 11 Seus olhos viram as grandezas da sua glória e seus ouvidos ouviram a glória da sua voz. Ele lhes disse: “Tomai cuidado com tudo o que é injusto!” 12 E a cada um deu mandamentos em relação a seu próximo. 13 Os caminhos dos homens estão sempre diante do Senhor e não podem ficar ocultos a seus olhos.


Evangelho: Mc 10,13-16
Naquele tempo, 13 traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14 Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16 Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
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O Papel Do Homem Sobre a Natureza


Continuamos a acompanhar a leitura do Eclesiástico. O texto da Primeira Leitura de hoje é a meditação de Ben Sirac sobre os primeiros capítulos do Gênesis. Ele é o primeiro entre os autores bíblicos a pôr em destaque. Ben Sirac que medita os primeiros capítulos do Gênesis põe em evidencia o papel do homem na criação.


Da terra Deus criou o homem, e o formou à sua imagem. E à terra o faz voltar novamente, embora o tenha revestido de poder, semelhante ao seu. Concedeu-lhe dias contados e tempo determinado, deu-lhe autoridade sobre tudo o que está sobre a terra. Em todo ser vivo infundiu o temor do homem, fazendo-o dominar sobre as feras e os pássaros”.


A ideia principal de Ben Sirac está em torno da unidade do cosmos em torno do homem. Para Bem Sirac o homem tem seu papel sobre a natureza em três níveis.


Em primeiro lugar, o homem é o organizador da natureza sobre a qual tem todo o poder, pois ele é a imagem de Deus (Eclo 17,3). O homem foi encarregado por Deus de transformar a natureza mediante a ciência.Deu aos homens discernimento, língua, olhos, ouvidos, e um coração para pensar; encheu-os de inteligência e de sabedoria” (Eclo 17,5). Assim, a companhia do homem sobre a natureza, a técnica que permite ao homem dominar as coisas, é como uma presença de Deus que está terminando sua criação.


Em segundo lugar, o papel do homem na criação é também de ordem ética. Não basta dominar a natureza e ter avanços técnicos. Não basta encurtar as distâncias materiais, se o homem continua sendo separado de seus irmãos, se a violência domina seu coração e guia sua mão para praticar a violência, se não há o respeito mútuo. É preciso civilizar o amor fraterno. Tomai cuidado com tudo o que é injusto! E a cada um deu mandamentos em relação a seu próximo. Os caminhos dos homens estão sempre diante do Senhor e não podem ficar ocultos a seus olhos” (Eclo 17,12-13).


Em terceiro lugar, Ben Sirac afirma que o homem tem o papel da religião. A função do homem é “religar” a criação a Deus pelo louvor e pela ação de graças: “Deus concedeu-lhes que se gloriassem de suas maravilhas, louvassem o seu Nome santo e proclamassem as grandezas de suas obras” (Eclo 17,8).


Quando o homem se concentrar apenas na primeira função ou papel, esquecendo outros dois papeis, ele acaba destruindo a natureza e o próprio homem. Nos últimos anos, o segundo e o terceiro papel estão em plena crise.


Por isso, a ciência e a tecnologia por si só não são suficientes para promover o bem da humanidade e da criação. Os problemas da "poluição da natureza", a "rarefação das matérias-primas", mostram que a ciência também pode contribuir para a destruição. Não basta chegar à Lua, domesticar o átomo, distribuir eletricidade ao mundo inteiro ... é também necessário ao homem distinguir o "bem do mal", dominar sua violência e seus instintos, abrir-se ao amor do próximo.


A vitória sobre a natureza pode trazer consigo novas e temíveis alienações, se não for acompanhada da vitória do homem sobre si mesmo. O universo técnico carece de um suplemento espiritual, isto é, uma "alma". Sem ética, a ciência pode se tornar mortal. A inteligência sem amor pode ser mais prejudicial do que falta de inteligência.


Viver e Conviver Na Ternura


No texto do evangelho de hoje Jesus é apresentado cheio de ternura: “Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”. Ternura é um sentimento de afeto doce e delicado, de atenção carinhosa. É suave comoção. A ternura é sinal de maturidade e vigor interior. A característica de uma ternura é desejar amar e saber que é amado. Por isso, a ternura supõe a capacidade de participar na vida de si e dos outros, tanto nas suas alegrias como nas suas dores, vivendo uma relação de cordialidade (Latim: cor/cordis: coração). Deixar escapar a ternura é deixar escapar a vida. A ternura impede à caridade de reduzir-se a uma moral do dever fornecendo um coração palpitante, acolhedor capaz de afeto compassivo.


Mais uma vez Jesus insiste na importância de ter a ternura e de acolher ternamente na comunidade os que não contam, representados, desta vez pelas crianças, símbolo da total indefesa. As crianças eram sinônimas dos últimos, dos que não contam.


Antes Jesus nos convidou a acolhermos as crianças (Mc 9,37). No evangelho de hoje Jesus nos convida a fazermos como elas para acolher o Reino de Deus (Mc 10,15), isto é, a vontade de Deus no mundo.


Por que Jesus valoriza tanto as crianças, os que não contam?
  1. Por causa de sua humildade. Nenhuma criança é exibicionista. Ela ainda não aprendeu a ser orgulhoso e a ter privilégio. Ela também ainda não aprendeu a colocar a importância em si mesma.
  2. Por causa da sua obediência. Paradoxalmente a criança tem instinto natural para obedecer. Ela ainda não aprendeu o orgulho e a falsa independência que separa o homem do seu próximo.
  3. Por causa da sua confiança. É bastante claro ver que uma criança aceita a autoridade. Ela pensa que seu pai sabe de tudo e por isso, acha que o Pai está certo. A criança confia nas outras pessoas. Ela não pensa que outros sejam ruins, pois ela é pura de coração.
  4. Por causa de sua memória curta. Ela ainda não aprendeu a guardar rancor ou ressentimento. Ela é capaz de brincar novamente logo depois de uma briga. Embora ela tenha sido tratada injustamente, uma criança esquece logo tudo.
     
    “Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.
     
    Esta afirmação tem uma grande profundidade. É um convite para pormo-nos em relação com Deus em uma total “dependência” d’Ele. O verdadeiro discípulo não tem malícia no coração, confia totalmente em Deus e a ele se entrega à vontade de Deus, como as crianças fazem com seus pais.  Os principais beneficiários do Reino são os que sabem desapegar-se de si mesmos (Mc 10,23-31). Aqui a criança é símbolo da disponibilidade, da dependência, da obediência. A criança não calcula (não é calculista), não faz comentários nem discutir como os adultos. Ela depende vitalmente do amor de seus pais que para ela é uma questão de vida ou de morte.
     
    Quando os discípulos repreendiam as crianças de se aproximarem de Jesus, pronunciou Jesus a seguinte frase: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas... Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”.
     
    Jesus não quer uma comunidade na qual haja uns que contam e outros não; onde haja dominadores e dominados, senhores e escravos. Seus discípulos, no entanto, não estavam na linha da vida de Jesus. Jesus se indignou pela atitude discriminatória dos discípulos. O gesto de Jesus de tomar as crianças em seus braços, abençoá-las e impor-lhes as mãos é um gesto profético: Jesus quebra as estruturas rígidas da sociedade de sua época em que reina a desigualdade. Acolher e abraças as crianças significa que todos são iguais diante de Deus e recebam a mesma ternura de Deus.
     
    Através do símbolo de crianças Marcos quer nos transmitir também a ternura de Deus para todos os homens, seus filhos. Somos todos filhos e filhas de Deus independentemente de nosso modo de viver. Como um pai sente ternura por seus filhos, assim sente o Senhor ternura por seus fieis, todos nós. Deus fala, através do Livro do profeta Isaías, as palavras de muita ternura: “Pode a mãe esquecer-se do seu filhinho, pode ela deixar de ter amor pelo filho das suas entranhas? Ainda que ela se esqueça, Eu não Me esquecerei de ti. Eis que Eu te gravei nas palmas das minhas mãos; as tuas muralhas estão sempre diante de Mim” (Is 49,15-16). Estas palavras, com certeza, devolvem nossas confiança em Deus e nosso amor por Deus. De fato, somos amados. Somos crianças de Deus. Como tais precisamos manter nossa inocência e nossa infância espiritual: cheia de fé e de entrega total a fim de que possamos entrar no Reino de Deus. Se nao, Jesus terá que repetir as mesmas palavras para nós: : “Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.
     
    Para Meditar:
     
  • Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido” (Charles Chaplin).
     
  • O amor é uma atividade, não um afeto passivo; é um ato de firmeza, não de fraqueza... é propriamente dar, e não receber” (Erich Fromm).
     
  • "As feridas da alma são curadas com carinho, atenção e paz" (Machado de Assis).
     
  • As palavras sem afeto nunca chegarão aos ouvidos de Deus (William Shakespeare).

    P. Vitus Gustama,svd

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