sexta-feira, 28 de junho de 2019

01/07/2019
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SEGUIR A JESUS PARA ALCANÇAR A SALVAÇÃO E PARA INTERCEDER POR OUTROS PELA SUA SALVAÇÃO   
Segunda-Feira da XIII Semana Comum


Primeira Leitura: Gn 18,16-33
16 Os homens levantaram-se e partiram na direção de Sodoma. Abraão acompanhava-os para encaminhá-los. 17 E o Senhor disse consigo: “Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer? 18 Pois Abraão virá a ser uma nação grande e forte e nele serão abençoadas todas as nações da terra. 19 De fato, eu o escolhi, para que ensine seus filhos e sua família a guardarem os caminhos do Senhor, praticando a justiça e o direito, a fim de que o Senhor cumpra em favor de Abraão tudo o que lhe prometeu”. 20 Então, o Senhor disse: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado. 21 Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim”. 22 Partindo dali, os homens dirigiram-se a Sodoma, enquanto Abraão ficou na presença do Senhor. 23 Então, aproximando-se, disse Abraão: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? 24 Se houvesse cinquenta justos na cidade, acaso iríeis exterminá-los? Não pouparias o lugar por causa dos cinquenta justos que ali vivem? 25 Longe de ti agir assim, fazendo morrer o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio. Longe de ti! O juiz de toda a terra não faria justiça?” 26 O Senhor respondeu: “Se eu encontrasse em Sodoma cinquenta justos, pouparia por causa deles a cidade inteira”. 27 Abraão prosseguiu dizendo: “Estou sendo atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza. 28 Se dos cinquenta justos faltassem cinco, destruirias por causa dos cinco a cidade inteira?” O Senhor respondeu: “Não destruiria, se achasse ali quarenta e cinco justos”. 29 Insistiu ainda Abraão e disse: “E se houvesse quarenta?” Ele respondeu: “Por causa dos quarenta, não o faria”. 30 Abraão tornou a insistir: “Não se irrite o meu Senhor, se ainda falo. E se houvesse apenas trinta justos?” Ele respondeu: “Também não o faria, se encontrasse trinta”. 31 Tornou Abraão a insistir: “Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver vinte justos?” Ele respondeu: “Não a iria destruir por causa dos vinte”. 32 Abraão disse: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar mais uma vez: e se houvesse apenas dez?” Ele respondeu: “Por causa dos dez, não a destruiria”. 33 Tendo acabado de falar, o Senhor retirou-se, e Abraão voltou para a sua tenda.


Evangelho: Mt 8,18-22
Naquele tempo, 18 vendo uma multidão ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem do lago. 19 Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás”. 20 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. 21 Um outro dos discípulos disse a Jesus: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai”. 22 Mas Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos”.
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O Senhor É Um Deus Justo e Misericordioso


O texto da Primeira Leitura é uma das páginas mais belas da Bíblia onde se enfatizam dois aspectos maravilhosos em relação ao Senhor: a justiça no estilo de Deus e o poder ilimitado da oração. Destaca-se, dentro deste contexto, a missão do eleito (Abraão) em fazer súplicas a Deus em favor dos homens justos, e a capacidade de mudar a decisão de Deus. Tudo se desenvolve em um diálogo simples e franco entre Deus e seu amigo, Abraão.


A fé nos põe em diálogo com Deus e nos introduz no mistério da salvação da humanidade. Somos parte da humanidade toda. Por isso, temos a missão de suplicar a Deus para que tenha a misericórdia dos homens (humanidade). A fé nos faz vermos o mundo a partir de um certo ângulo: vemos o mundo como um mundo que necessita de ser salvo. É uma humanidade a que temos que ajudar para sair do mal. A fé nos faz participarmos da maneira de ver de Deus. A fez nos faz descobrirmos os caminhos de Deus. A fé nos faz adotarmos o ponto de vista de Deus: no fundo, apesar de tudo, Deus quer salvar os homens. Os amigos de Deus, como Abraão, compartilham a vontade de Deus de salvar a humanidade. Consequentemente, não podemos jamais desejar o mal para a humanidade apesar de tudo.


Diante da decisão de Deus de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, como símbolo do mal e da corrupção, neste caso, de aberrações sexuais, nós escutamos hoje a entranhável oração de Abraão intercedendo pela população dessas duas cidades, onde vivia seu sobrinho Lot.


Deus trata Abraão como um amigo: comunica-lhe seus propósitos. E Abraão assume seu papel e pede a Deus a misericórdia, em atenção aos justos que possam ter nessas cidades. Abraão está convencido da justiça de Deus e, ao mesmo tempo, de sua misericórdia. Mas não se atreve a baixar do número de dez justos. E como não se encontram tantos(dez) em Sodoma, cai o juízo de Deus sobre esta cidade, como lemos na Primeira Leitura do dia seguinte.


Já que me atrevi a falar a meu Senhor, e se houver... justos?”, disse Abraão a Deus.


Abraão se sente a si mesmo pecador. Diante do Deus Santíssimo, Abraão está ao lado da humanidade pecadora e pobre amassada de frágil barro. Por isso, Abraão se esforça a defender seus irmãos: se sente solidário porque há também mal nele. A fé nos ajuda a aprofundarmos em nós solidariedade com o mundo pecador.


Abraão nos ensina a não julgarmos, inclusive quando combatemos o mal, pensando que nós mesmos participamos também desse pecado. Cada um de nós necessita ser salvo primeiro. O nosso desejo de salvar os demais não é uma superioridade orgulhosa, porque nós mesmos fomos beneficiados pelo perdão de Deus e temos a missão de fazer chegar aos outros este mesmo benefício divino.


No Novo testamento chegou ao extremo a misericórdia de Deus: um só Justo, Jesus, se entregou por todos para salvar a humanidade inteiro. Mas Jesus Cristo, na Cruz, é um exemplo mais admirável, pois ele não oferece somente sua oração e sim sua própria vida para salvar a humanidade.


Será que sabemos interceder diante de Deus pelos demais, por esta humanidade na qual vivemos, pelos jovens que criticamos, pela comunidade eclesial, pelos pecadores, pelos afastados da Igreja, pelos doentes, e assim por diante?


Neste mundo, no país em que vivemos há muita corrupção, mas também há muitas pessoas boas, entre os maiores e e entre os jovens. Temos coração solidário, ou somente rezamos pelas nossas próprias necessidade e que os outros se virem? Sabemos apreciar também o bom que existe ou somente nos dedicamos a julgar e a condenar? Abraão é um bom modelo de coração compreensivo e nos convida a fazermos tudo o possível, por nossa parte, para evangelizar e acompanhar as pessoas na busca de sentido para sua vida. É uma figura magnífica.


É Preciso Seguir a Jesus Para Alcançar a Salvação


“É graça divina começar bem.
Graça maior, persistir na caminhada certa, manter o ritmo...
Mas a graça das graças é não desistir.
Podendo ou não podendo,
Caindo, embora aos pedaços,
Chegar até o fim...” (Dom Hélder Câmara)


O evangelho de Mateus foi escrito em torno dos anos 80 para os fieis de sua comunidade. Os fieis de sua comunidade já tinham feito sua escolha cristã. Mas em determinado tempo vacilavam por causa das dificuldades, e abatidos por causa de duras perseguições. Por isso, veio a exortação para que os fiéis retomassem consciência mais viva de sua identidade cristã, chamados a transformar a história humana em história de salvação.


Nesta perspectiva Mt coloca dois personagens para transmitir essa exortação. O primeiro é um especialista da Lei que escolheu ser cristão. Trata-se de um letrado que reconhece em Jesus um mestre superior a si mesmo e decide seguir a Jesus, o grande mestre. Mas ele ainda não é comprometido com o cristianismo e por isso, ele é alertado antecipadamente para não tomar uma decisão superficial e ilusória. “As raposas têm suas tocas e as aves têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeção”. Para o letrado o caminho de Jesus tem seu termo. Mas Jesus alerta ao letrado que toda a vida de Jesus, até o momento de Sua morte, será uma entrega total, sem instalação nem descanso.


Para ser um verdadeiro cristão, um verdadeiro seguidor de Cristo, é preciso ter espírito de despojamento e de pobreza, pois aquele que está cheio de coisas do mundo não sobra nenhum espaço para Deus nem para o próximo. O cristão existe para fazer o bem permanentemente. Fazer o bem não tem descanso nem tem término. Ninguém ama suficientemente nem definitivamente. O amor sempre deixa quem ama em dívida. O amor não descansa nem cansa.


As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20)


O instinto de segurança e a necessidade de estabilidade estão inscritos profundamente na natureza humana: o homem busca o calor de um refúgio, uma fogueira, uma casa para morar, uns objetos que lhe pertencem. Os animais têm este mesmo instinto de propriedade.


Jesus desde que saiu de sua casa familiar de Nazaré, deixando sua mãe sozinha, não tem seu próprio lugar, vive como nômade, como viajante: “Não tenho onde reclinar minha cabeça”. Renunciou o calor de um lugar, renunciou a toda propriedade.


Seguir a Jesus é fazer forçosamente certa escolha; é renunciar a uma série de coisas; é viver na segurança com Deus que criou tudo. Jesus quer que estejamos sempre caminhando em busca da perfeição. Jesus quer que estejamos abertos ao novo, à novidade, ao impulso do seu Espírito. Jesus não quer que estejamos parados, pois o Espírito de Deus sopra para onde quer. Jesus não quer que fiquemos apegados às coisas mortas, pois elas servem apenas de meio e não de fim.


Por esta razão Jesus adota para si o título de “Filho do Homem”. O duplo título “Filho do Homem” indica unicidade e excelência: é “Homem acabado”, o modelo de homem, por possuir em plenitude o Espírito de Deus. Para chegar a ser um homem acabado, pleno do Espírito de Deus, o cristão precisa participar da missão de Jesus, precisa levar adiante a Palavra de Deus.


A mensagem cristã é exigente. Não se trata de aderir a uma doutrina, mas a uma pessoa; não se trata de adotar um modo de pensar, mas de orientar-se para um modo de viver: o modo de viver de Jesus Cristo. Um cristão que se contenta de não fazer mal a ninguém não é suficiente. É preciso fazer o bem em função do bem e não em função do mal. É colocar o interesse do Reino de Deus acima de todas as preocupações pessoais assim como dos afetos mais caros, com plena dedicação. É viver aberto diante de Deus permanentemente.


O segundo personagem já é discípulo, mas ainda não compreendeu todas as exigências de sua escolha. Por isso, o texto diz que ele pede um período de interrupção antes de seguir o Mestre. Ele quer ser um cristão periódico. Cristão de estação. É um cristão que procura Deus quando estiver livre de tudo, quando tiver tempo livre. É um cristão que procura Deus de vez em quando. Mas para este tipo de cristão Jesus faz prevalecer a exigência de uma escolha coerente, total e radical para si que é escolha para toda a vida.


Este segundo personagem pede a Jesus permissão para enterrar o pai, mas recebe de Jesus esta resposta: “Segue-me! Deixa que os mortos sepultem os seus mortos”. A menção do pai nos leva ao episódio relacionado com a chamada de Eliseu no Antigo Testamento. Eliseu pediu licença a Elias para ir despedir-se de seu pai (cf. 1Rs 19,20). No Antigo Testamento a tradição (o pai) estava viva, mas para Jesus está morta.


Segue-me! Deixa que os mortos sepultem os seus mortos”. Não se trata da falta com os deveres de piedade para o pai defunto. O “pai” aqui representa uma tradição que não mais salva. Abandonar o “pai” significa ficar independente da tradição transmitida que não tem mais valor para ser mantida. O pedido para “enterrar o pai” indica a veneração, o respeito e a estima pelo passado que não mais salva homem algum. Por isso, os mortos aqui são os que professam essas tradições mortais. São figuras de um mundo de morte, sem salvação. A tradição morta ou a cultura de morte gera morte e mortos.


O discípulo, o cristão, ao contrário, é chamado a ser defensor e protetor da vida em qualquer instância e circunstância, pois a vida é o dom de Deus, e o próprio Jesus se identifica com a Vida: “Eu sou a Vida e a Ressurreição” (Jo 11,25; cf. 14,6).


Segue-me! Deixa que os mostos sepultem seus mortos”. Jesus não quer que descuidemos dos nossos falecidos. Isto seria falta de caridade e da humanidade. O que Jesus quer é que abandonemos todos os hábitos que não nos fazem crescer como pessoas e filhos de Deus e irmãos dos outros. Precisamos deixar o modo de viver e de pensar que nos fazem como mortos: sem vida, sem horizonte, sem criatividade e assim por diante. A tradição morta gera a morte e mortos. Ao contrário, precisamos seguir Aquele que nos faz viver, Aquele que nos diz: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Precisamos crer n’Aquele que nos garante a vida: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25).


Precisamos olhar com carinho e seriedade para o nosso modo de viver para descobrirmos nele os hábitos que não nos fazem crescer ou não nos fazem viver com dignidade e avançar na caminhada da perfeição cristã. Sabemos que nosso grande problema não é implementar as coisas novas na nossa cabeça e sim tirar as coisas velhas e mortas de nossa cabeça. Ao mesmo tempo precisamos olhar para o modo de viver de Jesus para que sejamos homens acabados como foi ele. “Se queres seguir a Deus, deixa-O ir adiante. Não queiras que Ele te siga” (Santo Agostinho. In ps. 124,9).


Para estar aberto diante de Deus é preciso abandonar hábitos negativos, isto é, todos os hábitos ou costumes que não nos levam à vida plena. Nos ensinamentos de Jesus encontramos o caminho para a verdadeira vida. Vale a pena encarar todas as dificuldades, pois a vitória está reservada para quem é perseverante neste caminho (cf. Mt 10,22; Jo 16,33).
P. Vitus Gustama,svd

Um comentário:

Viviane disse...

Riquíssima partilha da palavra! Muito obrigada!!!!

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