quinta-feira, 20 de junho de 2019

22/06/2019
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EM TODO MOMENTO TEMOS QUE ESCOLHER ENTRE O VERDADEIRO DEUS E OS ÍDOLOS
Sábado da XI Semana Comum


Primeira Leitura: 2Cor 12,1-10
1 Irmãos, será que é preciso gloriar-me? Na verdade, não convém. No entanto, passarei a falar das visões e revelações do Senhor. 2 Conheço um homem, unido a Cristo, que, há catorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu. Se ele foi arrebatado com o corpo ou sem o corpo, eu não o sei, só Deus sabe. 3 Sei que esse homem – se com o corpo ou sem o corpo, não sei, Deus o sabe – 4 foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis que nenhum homem consegue pronunciar. 5 Quanto a esse homem eu me gloriarei, mas, quanto a mim mesmo, não me gloriarei, a não ser das minhas fraquezas. 6 No entanto, se eu quisesse gloriar-me, não seria insensato, pois só diria a verdade. Mas evito gloriar-me, para que ninguém faça de mim uma ideia superior àquilo que vê em mim ou que ouve de mim. 7 E para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais. 8 A esse propósito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. 9 Mas ele disse-me: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. 10 Eis por que me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte.


Evangelho: Mt 6, 24-34
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 “Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 25 Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26 Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27 Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? 28 E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29 Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? 31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32 Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. 33 Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas”.
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Somente Quem É Forte É Capaz De Reconhecer a Própria Fraqueza


O tema que domina a Primeira Leitura de hoje é o da debilidade ou fraqueza. Várias vezes São Paulo descreve seu ministério dentro deste tema (Cf. 1Cor 4,9-13; 2Cor 4,7-15; 6,4-10; 11,23-33; 12,9-10). Sua fraqueza ou debilidade está à vista, mas para dar lugar à iniciativa de Cristo que substituiu a fraqueza de são Paulo pelo seu poder e força. Por isso, são Paulo afirma: “Quando eu me sinto fraco, é então que sou forte. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Somente uma pessoa forte é capaz de reconhecer a própria fraqueza. Somente um verdadeiro santo é capaz de reconhecer que é um pecador. Paradoxalmente, a confissão da fraqueza é a manifestação ou revelação da própria força.


O que são Paulo busca é defender, diante da comunidade de Corinto, a debilidade de seu ministério, atacada por seus adversários (judaizantes). Mas ele defende a verdadeira doutrina que pregou, e não tanto sua pessoa. Na realidade, são Paulo não faz outra coisa a não ser aplicar ao ministério de Cristo os critérios essenciais da vida cristã, imitação da sabedoria de Cristo que se humilhou até a debilidade (fez-se carne) para glorificar a Deus a fim de revelar a vida divina a todos os crentes (Cf. 2Cor 13,4; 1Cor 1,18-19; 2,2; Fl 2,6-11) e oferecendo-lhes a participação no poder de sua ressurreição.


Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais”, escreveu são Paulo. É mistériosa esta firmação de são Paulo. Não há dados no resto de suas Cartas para saber a que se refere: se a uma enfermidade corporal ou a dificuldades de tipo espiritual ou psíquico. O que sim afirma é que essa experiência ou situação torna são Paulo mais humilde, e que lhe dá ocasião para confiar na ajuda de Deus: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”.  


Todas as experiências na vida, se fizermos reflexão sobre elas profundamente, nos fazem mais prudentes e sábias na vida e na convivência com as outras pessoas. Com efeito, não vamos nos precipitar na nossa fala, nos nossos comentários, nos nossos julgamentos, e assim por diante, pois “foi espetado na minha carne um espinho, a fim de que eu não me exalte demais”. Pela experiência sabemos que a precipitação acelera nossa queda ou destruição. A vida cotidiana, com suas experiências e acontecimentos é “um livro de Deus” onde Ele escreve seu recado para cada um de nós, seus filhos e filhas. Não deixemos nenhum dia passar em branco sem nossa reflexão sobre ele. Cada experiência refletida nos capacita a enxergarmos melhor o sentido de nossa vida e de nossa passagem neste mundo.   


Talvez não possamos nos gloriar de visões misteriosas nem de revelações místicas, e sim, de “espinhos” que experimentamos em nossa pessoa e de dificuldades em nosso caminho que nos torna mais sábios e prudentes. Jamais estamos seguros que a vida de um cristão esteja livre de provas e dias maus. Mas estamos muito seguros de que a graça de Deus nos basta em tudo isso.


Seja o que for, temos que aprender de são Paulo a não crermos ser centro de tudo, e sim a buscar sempre o bem das pessoas e o progresso do Reino de Deus; a não nos orgulharmos se temos algum dom particular, porque Deus nos o dá para o bem dos demais, para ir construindo comunidade de irmãos e evangelizar com mais eficácia; a não perdermos nunca a confiança em Deus em todos os momentos de nossa vida, ainda que nos sintamos débeis e frágeis, pois “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”.  


E quando temos algum “espinho” contra aquilo que estamos lutando pelo bem comum, temos que relativizá-lo, como faz são Paulo, vendo nele um convite a não sermos soberbos nem autossuficientes. E seguramente este “espinho” em nós nos ajudará também a compreendermos melhor os outros quando descobrirmos neles dificuldades ou falhas.           


Entre Servir a Deus e Ao Dinheiro


Estamos ainda acompanhando o Sermão da Montanha (Mt 5-7). O evangelho de hoje é, na verdade, outra explicação sobre a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres no espírito”. A pobreza no espírito é uma disposição interior que nos permite nos rebaixarmos e converter os outros em amigos. Somente veremos o outro como rival ou inimigo se tivermos algo a defender. Mas se dissermos: “Minha casa é tua, minha alegria é tua alegria, minha tristeza é tua tristeza e minha vida é tua vida”, não teremos nada a proteger ou defender, porque não teremos nada a perder, e sim tudo por partilhar. A pobreza interior é instrumento da hospitalidade.


No evangelho de hoje Jesus afirma: “Ninguém pode servir a dois senhores... Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.   É outro modo de falar sobre a necessidade de escolher entre os “tesouros da terra” e os “tesouros do céu”. No texto do evangelho de hoje se encontra a palavra “Mammon” (aramaico), término que personifica o dinheiro, mas no sentido de algo demoníaco. O Dinheiro, com maiúscula (o dinheiro como ídolo, como razão de ser), é a potencia de escravidão. São Paulo nos relembra: “A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,10). Jesus quer que não nos tornemos escravos do Dinheiro, mas quer nos ver livres. Podemos possuir o dinheiro, mas ele não pode nos possuir para não perdermos nossa liberdade.


“Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Jesus quer que seus discípulos decidam optar por uma causa só: a causa de Deus ou a causa do Dinheiro. O valor de cada uma dessas causas depende da forma como cada uma delas trata o ser humano.


A causa do Dinheiro trata o ser humano como uma mercadoria, como uma coisa negociável que deve ser posta ao serviço do lucro ou benefício de uma minoria. A causa de Deus, pelo contrário, trata o ser humano como seu objetivo central, principalmente se o ser humano se encontra oprimido ou desumanizado. Deus assume a causa do ser humano como sua própria causa (cf. Jo 3,16), porque o ser humano é Seu filho e em Jesus multiplicou os motivos de sua identificação com a Humanidade.


A causa do Dinheiro é a causa do lucro, do benefício, e é a causa dos poderosos. A causa de Deus, ao contrário, é a causa da justiça e da fraternidade, e por isso, é a causa que está a favor de quem sofre as injustiças e por isso, está a favor dos injustiçados, dos empobrecidos, dos marginalizados, dos excluídos. Quem luta por esta causa está lutando com Deus e por isso, está com Deus.


Quem se põe somente ao serviço da causa do dinheiro não deve estranhar-se de que na terra se multiplicam os seres humanos sem alimento e sem vestido, sem moradia e sem saúde, sem segurança e sem educação e assim por diante. Mas quem põe sua vida ao serviço da causa de Deus, mais tarde acolherá o fruto da fraternidade e da justiça. E o alimento, o vestido, a moradia, a educação, a saúde, a segurança nunca faltarão numa sociedade de irmãos governada pela igualdade e a solidariedade. A Igreja cristã primitiva experimentou tudo isso (cf. At 4,32-37).


Jesus nos apresenta outro estilo de vida para todos os cristãos: a confiança em Deus, em oposição à excessiva preocupação pelo dinheiro: “Procurai primeiro o Reino de Deus e sua justiça; o resto vos será dado por acréscimo”. Para Jesus esta deve ser a atitude básica de cada cristão. Trata-se de colocar tudo na escala de valores. Por isso, Jesus não nos diz “procurai unicamente o Reino de Deus”, e sim “procurai primeiro o Reino de Deus...”. Com isso Jesus não exclui o resto, mas coloca o resto no seu lugar apropriado. Cristo sabe muito bem que nós não somos pássaros nem lírios, e que nós necessitamos ganhar a vida com diligência e trabalho, mas descobrindo a cada passo a providência amorosa de Deus e confiando-nos totalmente ao Pai do céu, sem angústia obsessiva pela aquisição de coisas para a manutenção cotidiana. Se Deus vela com solicitude sobre criaturas tão insignificantes como os pássaros e as flores, quanto mais sobre os homens, seus filhos, todos nós que colaboramos na Sua obra.


É Preciso Abandonar-se ao Pai Celeste Que Nos Ama


Além disso, Jesus quer libertar seus seguidores da inquietude através da consagração da própria vida a Deus e da fidelidade na busca do Reino de Deus: “Não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? ... Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam... Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo”.


Jesus nos convida a criarmos a paz e a serenidade através da contemplação da natureza criada por Deus. Não temos ir para alguma lugar para aprender a fazer a contemplação. Nos pássaros e nas flores Jesus contempla Seu Pai. Jesus introduz no seu ensinamento a palavra “Pai” para que o cristão tenha o sentimento de confiança filial capaz de tranquilizar sua natural inquietude.


Se Deus vela com solicitude sobre as criaturas tão frágeis como são os pássaros e as flores no campo, que são pouco mais do que nada, e nada fazem, que cuidados não terá Deus em relação às criaturas mais dignas, suas obras primas que são os homens? Cristo quer nos libertar de nossa inquietação exagerada para que possamos nos consagrar total e fielmente à procura daquilo que nos dignifica e nos diviniza: o Reino de Deus e sua justiça. A atitude de um cristão diante de Deus deve ser semelhante à situação de uma criança que é serena e tranquila porque seu pai e sua mãe pensam nela e a amam.


 “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça”, Jesus nos relembra. Jesus não quer nos afastar das tarefas e responsabilidades terrenas, mas Ele nos recorda o essencial. É assegurar primeiro o que é essencial em cada jornada. Aquilo que eu estou buscando é essencial? Aquilo que estou fazendo é essencial? Aquilo que estou comentando é essencial?


Não fará vosso Pai muito mais por vós, gente de pouca fé?”. A confiança e o abandono nas mãos do Pai celeste que Jesus nos pede hoje é a fé n’Aquele a quem servimos e por quem nos sentimos amados. Deus sabe muito bem de que necessitamos de muitas coisas para a subsistência de cada dia que se fundamenta no dinheiro, fruto de nosso trabalho honesto e nos bens que com o dinheiro se adquirem. Por isso, no texto anterior, Jesus nos ensinou a rezar: “Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia”.


Mas esta confiança em Deus não nos isenta de nossa responsabilidade nas tarefas temporais, não nos permite desinteressarmos do nosso compromisso cristão no mundo. Se nós acreditamos que Deus é absoluto em tudo, então o resto é relativo ou é apenas meio ou instrumento e não o fim. Por isso, Jesus nos alerta: “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Dinheiro é um deus que tem seu altar em cada coração humano. Ninguém está isento de servir ao deus- dinheiro. Mas Santo Agostinho dizia: “Se tu pensas em Deus com parâmetros carnais, tua mente se converterá em uma fábrica de ídolos”. “Amando a Deus nos tornamos divinos; amando ao mundo nos tornamos mundanos. O amor ao mundo corrompe a alma; o amor ao Criador do mundo a purifica. O homem não se torna bom por possuir coisas boas. Ao contrário, o homem bom torna boas as coisas que possui, ao usá-las bem”, acrescentou Santo Agostinho.


Jesus nos relembra que os pássaros se esforçam por comer e não se dedicam para acumular. A preocupação obsessiva pelos bens materiais impede qualquer homem de viver na paz e na serenidade.
P. Vitus Gustama, SVD

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