quarta-feira, 24 de julho de 2019

26/07/2019
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SÃO JOAQUIM E SANTA ANA
Pais de Nossa Senhora
SER JUSTO PERSEVERANTE
 
Primeira Leitura: Eclo 44,1.10-15
1 Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10 Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. 11 Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são sua melhor herança. 12 A descendência deles mantém-se fiel às alianças, 13 e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará. 14 Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome dura através das gerações. 15 Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia vai celebrar o seu louvor.


Evangelho: Mt 13,16-17
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 16 “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
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É inútil procurar na Bíblia os pais de Nossa Senhora. Os quatro evangelhos canônicos guardam absoluto silêncio sobre os pais de Maria. Nem sequer seus nomes foram transmitidos. Mt e Lc escreveram sobre a genealogia de Jesus, Maria é citada, mas seus pais não são citados.


Para saber sobre os pais de Maria temos que recorrer aos evangelhos apócrifos, ingênuos relatos pela imaginação fervorosa dos primeiros cristãos para completar com isso os silêncios dos evangelhos canônicos. Dificilmente saber até que ponto esses relatos são verdadeiros. Por isso são chamados de apócrifos, isto é, não é de uso publico.


Mas em cada história ou historinha sempre tem alguma lição. Segundo o Evangelho apócrifo de São Tiago (século II) os dois, Joaquim e Ana, eram da mesma tribo: Tribo de Judá. Quando tinha 20 anos, Joaquim casou-se com Ana. Durante os 20 anos de matrimônio os dois não geraram nenhum descendente. Não ter descendência, para o cpnceito na época, era sinal da maldição de Deus e por isso, era uma vergonha pública.


Mas paradoxalmente, Joaquim e Ana eram justos e limpos de toda mancha de pecado. Os dois eram pessoas honradas, temerosas de Deus, generosas em suas ofertas para o Templo. Joaquim era rico e fazia todas as suas ofertas em quantidade dobrada por todo o povo. Costumava oferecer suas oferendas no Templo nas grandes festas do Senhor. Levavam uma vida pidedosa diante de Deus e diante dos homens. Tinham uma conduta inocente, isto é, livre de qualquer maldade. Imunes de calúnia e cheios de piedade. Zelosos em oração, em jejum e abstinência, cheios de caridade. Formavam uma família assídua ao Templo. No entanto, não tinham filho até então que tanto desejavam. Mesmo assim continuavam apostar na misericórdia de Deus.


Um dia, quando Joaquim estava para fazer sua oferta no Templo, um escriba chamado Ruben parou os passos de Joaquim e lhe disse: “Não és digno de apresentar tuas oferendas enquanto não tiver tua descendência”. Aflito e humilhado, Joaquim se retirou ao deserto para orar a fim de que Deus pudesse dar de presente um descendente.


Ana, a esposa, também começou a se vestir de saco e cilício para pedir a mesma graça. Sant´Ana rezava assim (segundo o evangelho apócrifo de Tiago): “Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e abençõe-me como abençoastes o ventre de Sara, dando-lhe um filho Isaac”. Segundo um texto antigo da Igreja siro-oriental, Joqauim orava diante de Deus, pedindo a Ele uma prole que consolasse sua velhice: “Senhor que disseste a Abraão e depois de cem anos lhe concedeste um herdeiro da promessa, não prives minha vehice de um fruto e sim bendize-me com a bênção de Abraão; tudo é fácil com a tua vontade”.


O que aconteceu depois? Segundo o evangelho apócrifo de Tiago, um anjo do Senhor apareceu a Ana e lhe disse: “Ana, Ana, o Senhor escutou tuas preces. Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em todo mundo”. E Ana respondeu: “Juro por Deus, meu Senhor, que se eu gerar um filho, seja menino ou menina, quero oferecê-lo ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua vida”. O mesmo anjo do Senhor apareceu também para Joaquim dizendo: “Joaquim, o Senhor ouviu tua insistente prece. Volta, pois Ana, tua mulher, conceberá em seu ventre”.


Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”, assim lemos no Evangelho.


O cumprimento das promessas da salvação é a visão. A visão de Deus é o desejo dos profetas e dos justos no AT. Mas não tiveram privilégios de ver Deus. Mesmo assim, eles creram e apostaram sua vida pela Palavra da Aliança. O hoje dos discípulos tem a unicidade da bem-aventurança privilegiada de ver e escutar a própria Vida por excelência, a Salvação em ato, a Palavra encanada: Jesus, Deus-conosco, o Emanuel.


De certa forma, podemos dizer que Joaquim e Ana têm privilégio de ver o fruto da salvação: o nascimento da filha deles, Maria, que se esperava por tanto tempo. A graça de Deus pode tardar, mas nunca falha, porque Deus é cheio de misericórdia.


Não importa se você está num lugar bem deserto ou simplesmente em sua casa, se você fizer uma humilde súplica ao Senhor por uma causa nobre, cedo ou tarde, o Senhor vai atender. Tenha paciência porque “o relógio” de Deus é diferente de nosso relógio. É preciso respeitar o tempo de Deus apesar de nossa pressa. Simplesmente vamos nos abandonar nas mãos de Deus mesmo que tenhamos que enfrentar todo tipo de humilhação e dificuldade. Se lutarmos por uma causa nobre, cedo ou tarde o tempo vai nos revelar quem está com razão. No casal Joaquim e Santana, encontramos um grande paradoxo: um casa justo, mas estéril. A esterilidade, de acordo com o costume na época, é uma negação para a condição de ser justo. “Se os dois fossem justos, teriam que ter filhos. Não tendo filhos é porque não são justos”. Essa era a lógica da época. Mas, no fim da história, Deus sempre tem a ultima palavra. Mesmo que tenha sido tarde, o justo casal, Joaquim e Ana, foi premiado por Deus uma filha chamada Maria, Mãe de nosso Salvador, Jesus Cristo.


Segundo o evangelho apócrifo, depois que entregou Maria para Deus no Templo, Ana se afastou silenciosamente e sumiu para sempre. Sua missão terminou. Com esta marca heróica de desprendimento os apócrifos encerraram o capitulo dedicado aos pais da Virgem Maria.


Ana é uma mulher paciente e humilde. Durante 20 anos ela sofreu sem queixa a tremenda humilhação da esterilidade. Mas suas orações são tão suaves e humildes que fazem o Senhor inclinar para ouvi-las. Sua longa provação não endureceu seu coração, pois ela acredita fielmente no poder de Deus.


Ana é uma mulher generosa, pois ela pede para ter descendente e o gozo de dar com alegria sua filha para o Senhor. E sua filha Maria será capaz de entregar-se à vontade de Deus totalmente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Ana é uma mulher abnegada, disposta a desprender-se de sua filha para dá-la aos outros.


Durante a visita à paróquia de Santa Ana no Vaticano (Domingo, 10 de Dezembro de 1978), o santo Papa João Paulo II dizia: “A figura de Santa Ana recorda-nos de facto, a casa paterna de Maria; Mãe de Cristo. Lá veio Maria ao mundo, trazendo em si aquele extraordinário mistério da imaculada conceição. Lá era rodeada pelo amor e solicitude dos seus pais: Joaquim e Ana. Lá "aprendia" de sua mãe, de Santa Ana, como se é mãe. E, embora do ponto de vista humano, Ela tivesse renunciado ã maternidade, o Pai do céu, aceitando a sua doação total, deu-Lhe a graça da mais perfeita e mais santa maternidade. Cristo, do alto da Cruz, transferiu em certo sentido a maternidade d'Aquela que O gerara, dando a esta por objecto, em vez de Si, o discípulo predilecto, e ao mesmo tempo fez que ela abrangesse toda a Igreja, todos os homens. Quando portanto, como herdeiros da promessa (Cfr. Gal. 4. 28. 31) divina, nos encontramos abrangidos por esta maternidade, e quando experimentamos a sua santa profundidade e plenitude, pensamos então que foi precisamente Santa Ana a primeira a ensinar a Maria, sua Filha, como devia ser Mãe. "Ana" em hebraico significa: "Deus (sujeito subentendido) fez graça". Refletindo sobre este significado do nome de Santa Ana, assim exclamava São João Damasceno: "Como havia de acontecer que a Virgem Mãe de Deus nascesse de Ana, a natureza não se atreveu a preceder o germe da graça; manteve-se porém aquela sem o próprio fruto para a graça produzir o seu. Devia nascer, de fato, a primogénita, da qual viria a nascer o primogénito de toda a criatura" (Serm. VI, De nativ. B.V.M., PG 96, 663)”.


Pedimos aos pais de Nossa Senhora que todos nós tenhamos o espírito de perseverança no bem que devemos fazer, na oração que devemos fazer, na pratica de caridade, em ser justo em tudo apesar dos obstáculos encontrados no caminho. Mas a graça de Deus nos potencia para ultrapassar os obstáculos a exemplo do justo casal, Joaquim e Ana.
P. Vitus Gustama,svd

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