Domingo, 18/08/2019
ASSUNÇÃO
DE MARIA, MÃE DE DEUS, AO CÉU
I Leitura: Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab
19ª Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e
apareceu no Templo a Arca da Aliança. 12,1 Então apareceu no céu um grande
sinal: uma Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça
uma coroa de doze estrelas. 3 Então apareceu outro sinal no céu: um grande
Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete
coroas. 4 Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as
sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher, que estava para dar à luz,
pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. 5 E ela deu à luz um filho
homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho
foi levado para junto de Deus e do seu trono. 6ª A mulher fugiu para o deserto,
onde Deus lhe tinha preparado um lugar. 10ab Ouvi então uma voz forte no céu,
proclamando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus,
e o poder do seu Cristo”
II Leitura: 1Cor 15,20-27a
Irmãos: 20Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.
21Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a
ressurreição dos mortos. 22Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo
todos reviverão. 23Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro
lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião
da sua vinda. 24A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai,
depois de destruir todo principado e todo poder e força. 25Pois é preciso que
ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26O
último inimigo a ser destruído é a morte. 27aCom efeito, “Deus pôs tudo debaixo
de seus pés”.
Evangelho: Lc 1,39-56
Naqueles dias, 39 Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se,
apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e
cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança
pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com grande
grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo
que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu
ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o
Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor,
47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48 porque olhou para a
humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
49 porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo,
50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o
respeitam. 51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de
coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53 Encheu de
bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu
servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 conforme prometera aos nossos pais,
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56 Maria ficou três
meses com Isabel; depois voltou para casa.
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A Mãe
e e Filho São Unidos
Unida ao Filho durante a vida terrestre, de
modo especial na Paixão, a Virgem Maria segue também prontamente seu Filho na
glória da ressurreição. A assunção de Maria é sua Páscoa com seu Filho
ressuscitado que foi elevado ao céu. Primeira entre os redimidos, Maria foi assunta
totalmente (de corpo e alma) ao céu.
Maria é concebida imaculada, Maria é chamada
“cheia de graça” pelo anjo do Senhor (Lc 1,28), é chamada de “bendita entre as
mulheres” por Isabel (Lc 1,42), Maria não foi submetida à condenação comum do
gênero humano. Maria é uma criatura privilegiada de Deus.
Além disso, sendo a “Mãe de Deus”, “Theo-tokos” (Concílio de Éfeso em 431)
pela dignidade e santidade alcançada durante a sua vida e por um ato da
benevolência divina, Maria é assunta ao céu. São João Damasceno escreveu: “Era
necessário que aquela que no parto havia conservado ilesa a sua virgindade
conservasse também sem nenhuma corrupção o seu corpo depois da morte” (Encomium in Dormitionem Mariae In: Hom.,
11,14).
A Assunção celebra o ingresso de Maria no mundo
de Deus (céu). Com esta profunda convicção, a Igreja reza no prefácio: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi
elevada à glória do céu... Preservastes da corrupção da morte aquela que gerou.
De modo inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.
Ela foi elevada por Deus para estar com Ele eternamente pelo reconhecimento de
sua vida digna e santa neste mundo e pela dignidade de ser Mãe do Senhor e pela
benevolência do próprio Deus. A vitória do “Autor de toda a vida” sobre a morte
resplandece na pessoa de Maria.
O Magnificat de Maria é a síntesse
incomparável de toda a sua experiência de Deus Salvador. Por isso, é proclamado
no dia da Assunção. O Magnificat canta a intervenção do Redentor que se
manifesta no erguer do pó, da terra, uma história que haverá de proclamar não a
miséria em si, mas a misericórdia de Deus para seus justos.
Na solenidade da Assunção, a Igreja contempla
em Maria o que é e o que será. Maria é a precursora dos redimidos. Na caminhada
terrena, dificultada pelas armadilhas do opositor do Reino de Deus, a Igreja
segue seu caminho com Maria, que a precede. Não são dois caminhos, mas o mesmo;
não são duas metas, mas a idêntica participação da ressurreição de Cristo.
A glória de Maria reside no insondável
mistério de sua concepção corporal e espiritual de Cristo, na aspiração de todo
o seu ser pelo único mediador, Cristo Jesus.
Cristo é que faz compreender Maria e não Maria que nos faz compreender
Cristo. Maria não é um elo que une o homem a Deus, mas o seio que gera todos os
irmãos de Cristo. O encontro com Cristo faz-se nela. Toda a vida mariana é
essencialmente cristocêntrica. Mas por ser a mais excelsa de todas as
criaturas, acima de todos os anjos e santos, presta-lhe culto de especial
veneração. Na santa Igreja ela ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o
mais perto de nós (LG no.54). Ao sabermos disso, a devoção mariana em nada
afasta de Cristo. Nem substitui nossa obrigação diante dele. A veneração de
Maria no culto litúrgico não é acréscimo e excrescência, nem tampouco implica
diminuição do culto a Cristo, porque a graça do Filho resplandece em sua Mãe
mais que em qualquer outro membro do corpo do Senhor.
A Assunção nos fala do Deus fiel que cumpre
suas promessas. Para aqueles que são fiéis à Aliança, as promessas de Deus se
cumprem. Quem segue a Jesus, como Maria que é a primeira discípulo do Senhor,
“herda a vida eterna” (Mt 19,29). Se Maria é a primeira discípula de Jesus, a
mulher sempre guiada por Deus, sempre dócil ao Espirito, então Deus não cumprirá
nela todas as suas promessas? Maria elevada ao céu e glorificada é para a
Igreja a garantia do cumprimento das promessas de Deus. Por isso, o Concílio
Vaticano II afirma maravilhosamente: “A Mãe de Deus é já o cumprimento
escatológico da Igreja: a Igreja nela alcançou a perfeição, em virtude da qual
não tem mancha nem ruga; ao mesmo tempo, os fiéis levantam seus olhos a Maria,
que resplandece como modelo de virtude para toda a humanidade dos eleitos” (LG,
65).
I.
Sobre o Culto a Maria, Mãe do Senhor
A devoção mariana é um verdadeiro culto.
Situa-se num plano mais elevado em razão do excepcional lugar de Maria na ordem
da graça e da vida cristã. Por isso, temos dogmas marianos, mas não temos
dogmas de tal ou qual santo. Isso dá ao culto mariano uma amplidão que outras
devoções não têm, nem mesmo o culto aos santos em geral. Se nossas orações
sobem ao Pai pelo Filho na medida em que elas são objetivamente no fiat de
Maria, elas ganharão em intensidade e eficácia se as engajamos pessoalmente na
oração todo-poderosa de Maria.
O culto é um ato de honra, reverência,
estimação e louvor que se presta a uma pessoa ou à divindade. Literalmente a
palavra “culto” vem do latin “colere” que significa encontro com o divino, geralmente no quadro de determinadas formas.
É evidentemente vasto o significado da palavra “encontro”. Conforme o conteúdo
do encontro mudam também as suas formas, variados são os lugares, os tempos, as
intenções, os efeitos, os executores, o círculo dos participantes e a
intensidade da participação. Temos o culto cívico, patriótico, religioso
etc....
Em sentido estrito, o culto é só a Deus que
se tributa pela sua excelência infinita; podemos, no entanto, tributá-lo,
indiretamente aos santos pela estreita união que têm com Deus. Por isso, o
culto pode ser de latria (adoração)
que se presta unicamente a Deus em reconhecimento da sua excelência e do seu
domínio supremo sobre todo o universo. Pode ser o de dulia (veneração) que se tributa aos santos em reconhecimento
da sua vida de entrega e união a Deus. Dulia é conseqüência do dogma da
comunhão dos santos como professamos no Credo: “Creio na comunhão dos
santos...”.
Pode ser o culto de hiperdulia (veneração especial) que se presta a Maria Santíssima,
reconhecendo a sua dignidade de Mãe de Deus (declaração do Concílio de Éfeso em 431; cf. LG no. 53 do Concílio Vaticano II). Por ser
criatura, não se pode prestar-lhe o culto de adoração (cf. LG no. 62). Só
assim, evita-se o perigo da “mariolatria”
e os excessos na devoção mariana. Por “mariolatria” entendemos exatamente o atribuir em
surdina à Virgem Maria o culto devido a Cristo. Se Maria não
permanecer o ostensório, onde tudo brilha para o Cristo, estaremos depreciando
a verdadeira glória de Maria.
A glória de Maria reside no insondável
mistério de sua concepção corporal e espiritual de Cristo, na aspiração de todo
o seu ser pelo único mediador, Cristo Jesus.
Cristo é que faz compreender Maria e não
Maria que nos faz compreender Cristo. Maria não é um elo que une o
homem a Deus, mas o seio que gera todos os irmãos de Cristo (cf. Jo 19,26-27).
O encontro com Cristo faz-se nela. Toda a vida mariana é essencialmente
cristocêntrica. Mas por ser a mais excelsa de todas as criaturas, acima de
todos os anjos e santos, presta-lhe culto de especial veneração. Na santa
Igreja ela ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós (LG
no. 54). Ao sabermos disso, a devoção mariana em nada afasta de Cristo. Nem
substitui nossa obrigação diante dele. A veneração de Maria no culto litúrgico
não é acréscimo e excrescência, nem tampouco implica diminuição do culto a
Cristo, porque a graça do Filho resplandece em sua Mãe mais que em qualquer
outro membro do corpo do Senhor.
Devemos estar conscientes de que a devoção
mariana é um verdadeiro culto. Situa-se num plano mais elevado em razão do
excepcional lugar de Maria na ordem da graça e da vida cristã. Por isso, temos
dogmas marianos, mas não temos dogmas de tal ou qual santo. Isso dá ao culto
mariano uma amplidão que outras devoções não têm, nem mesmo o culto aos santos
em geral. Se nossas orações sobem ao Pai pelo Filho na medida em que elas são
objetivamente no fiat de Maria, elas
ganharão em intensidade e eficácia se as engajamos pessoalmente na oração todo-poderosa
de Maria.
II.
Sobre a Assunção de Maria
No calendário litúrgico temos as quatro
solenidades nas quais Maria é protagonista: 1 de janeiro: Maternidade Divina; 8
de dezembro: Imaculada Conceição; 15 de agosto: Gloriosa Assunção; 25 de março:
Anunciação do Senhor. Duas delas têm referencias mais cristológicas:
maternidade e anunciação. E outras duas têm mais eclesiológicas: conceição e
assunção. É claro que toda festa mariana é cristológica: em função de Cristo
Salvador. Mas com esta distinção quer-se enfatizar um fator exemplar de Maria
que é importante para a Igreja: ela é a primeira redimida (imaculada conceição)
e é a primeira glorificada (assunção).
A proclamação do dogma da Assunção de Maria à glória dos céus, em alma e
corpo, pertence ao século XX: foi declarado solenemente por Pio XII em 01 de Novembro
de 1950 na bula Munificentissimus
Deus. (Deus Generosíssimo)
No entanto, a liturgia da Igreja universal,
tanto no Oriente quanto no Ocidente, celebrou por muitos séculos esta convicção
de fé. No século V celebrava-se em
Jerusalém no dia 15 de agosto uma festa importante que tinha por objeto a
excelência da pessoa da Mãe de Deus, eleita por supremo conselho para
desempenhar uma missão muito especial na história da salvação. Entre o V e VI
século, a narração apócrifa sobre o Trânsito
de Maria da vida terrena à glória eterna alcançou uma difusão
extraordinária: a conseqüência foi o desejo natural dos peregrinos que ocorriam
a Jerusalém de honrar o túmulo da Virgem. Durante o século VII, com o nome de Assunção foi acolhida na Igreja de Roma,
juntamente com as festa da Apresentação, Anunciação e Natividade, para as quais
o Papa Sérgio I (+ 701), instituiu uma procissão preparatória para a missa,
celebrada na Santa Maria Maior. No fim do século VII encontra-se uma antiga
oração romana composta para a procissão que introduz a celebração mariana do
dia 15 de agosto: “Venerável é para nós,
Senhor, a festa deste dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morte terrena,
mas não permaneceu nas amarras da morte, ela que, do próprio ser, gerou,
encarnado, o teu Filho, Senhor nosso” (Sacramentário Gregoriano Adrineu,
no.661)
A bula da definição dogmática (Munificentissimus Deus)
não fala de argumentos bíblicos, pois a Escritura não afirma a Assunção de
Maria. Discute-se se Maria morreu ou não. Por isso, o texto dogmático,
cautelosamente, diz “terminado o curso de sua vida terrestre”. Nós, por isso,
afirmamos que Maria morreu, pois só assim se pode falar, verdadeiramente, de
ressurreição, porquanto somente um morto pode ressuscitar. Maria morreu pelo
fato natural da morte que pertence à estrutura da vida humana,
independentemente do pecado. Maria, livre e isenta de todo o pecado, pôde
integrar a morte como pertencente à vida criada por Deus. A morte não é vista
como fatalidade e perda da vida, mas como chance e passagem para uma vida mais
plena em Deus.
Além disso, Maria participa na economia da
redenção pelo fato de ser a Mãe do Senhor (Lc 1,43). Ela se associou totalmente
ao destino de seu Filho. A redenção implica sempre a colaboração de quem a
recebe. Maria colaborou admiravelmente na própria salvação. Já por este título
ela é o modelo original de quantos recebem a salvação, o modelo de todos os
redimidos. Como tal, ela já tem um significado universal de salvação. É o
protótipo da vida redimida, a plena e perfeita realização, a imagem ideal de
toda a vida cristã. Por sua vida e morte Jesus nos libertou. Por sua vida e
morte Maria participou desta obra messiânica e universal. A co-redenção
significa a associação de Maria tanto à cruz de Jesus como à sua ressurreição e
exaltação gloriosa ou ascensão. Esta razão teológica tem o seu fundamento no
triunfo de Cristo sobre a morte, de que faz participantes todos os cristãos por
meio da fé e do batismo.
Maria foi assunta ao céu em corpo e alma. Aqui não se trata de dogmatizar um esquema
antropológico (corpo e alma). Utiliza-se esta expressão, compreensível à
cultura ocidental, para enfatizar o caráter totalizante e completo da
glorificação de Maria. Maria vê-se envolvida na absoluta realização. “Assunta ao céu”, ela se nos apresenta como
as primícias da redenção, tendo já consumado em si o que ainda se realizará em
nós e na Igreja. O corpo de Maria, enquanto ela perambulava por este mundo, foi
somente veículo de graça, de amor, de compreensão e de bondade. Não foi
instrumento de pecado, da vontade de auto-afirmação humana e de desunião com os
irmãos. O corpo é forte e frágil, cheio
de vida e contaminado pela doença e morte. Por isso, é exaltado por uns até a
idolatria e odiado por outros até a trituração. Maria vive e goza, no corpo e
na alma, quer dizer na totalidade de sua existência, desta inefável realização
humana e divina.
O Papa Paulo VI resume o sentido da
festa com estas palavras: “A solenidade de 15 de agosto celebra a gloriosa
Assunção de Maria ao céu; festa do seu destino de plenitude e de
bem-aventurança, da glorificação da sua alma imaculada e do seu corpo virginal,
da sua perfeita configuração com Cristo Ressuscitado. É uma festa, pois, que
propõe à Igreja e à humanidade a imagem e o consolante penhor do realizar-se da
sua esperança final: que é essa mesma glorificação plena, destino de todos
aqueles que Cristo fez irmãos, ao ter como eles "em comum o sangue e a
carne" (Hb 2,14; cf. Gl 4,4)” [Marialis Cultus, n. 6].
A partir desta exortação podemos dizer que a
Assunção de Maria é a realização da utopia humana, isto é, aquilo que o homem
sonha, aquilo que o homem aspira, aquilo que responde maximamente à vontade de
Deus. Em Maria a humanidade chega ao maior esplendor da existência humana, à
beleza suprema do ser. Em Maria encontramos a melhor resposta, a melhor
realização da vida de uma pessoa humana: sua glorificação. Maria nos revela até
onde pode chegar a cooperação entre Deus e a humanidade. Diante do mistério de
Cristo, Maria se deixa levar pelo Espírito Santo, e inventou cada dia novas
respostas.
Para Maria a assunção significa o definitivo
encontro com seu Filho que a precedeu na glória. Mãe e Filho vivem um amor e
uma união inimaginável. Maria agora vive aquilo que nós também iremos viver
quando atingirmos o céu. Enquanto peregrinamos, Maria atua como imagem que
recorda e concretiza o nosso futuro. Em cada um que morre no Senhor se realiza
aquilo que ocorreu com Maria: a ressurreição e a elevação ao céu.
Andando por entre as tribulações do tempo
presente, erguemos os olhos ao céu e rezamos: Salve Maria, vida, doçura e
esperança, salve! Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Doce
mãe da esperança, em quem apareceu o futuro do mundo e nos foi antecipada e
prometida a glória do tempo futuro, ajuda-nos a ser peregrinos na esperança a
caminho da unidade futura do Reino, sem pararmos diante das resistências e das
canseiras, antes nos empenhando, com fidelidade e paixão, em levar no presente
os homens ao futuro da promessa de Deus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por
nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!
Algumas
mensagens da leitura evangélica desta festa
1. As palavras de saudação e agradecimento
dirigidas por Isabel a Maria despertaram nela uma maravilhosa profissão de fé.
Coisa semelhante acontece com cada um de nós. Lemos ou escutamos a Palavra de
Deus ou lemos um bom livro espiritualmente. E quantas vezes tudo isso nos toca
o coração e faz brotar dos lábios uma oração de louvor. Maria reconhece que o
amor misericordioso do Senhor a tocou; e tocando-a, tocou a humanidade inteira.
Por isso é que Isabel a proclama “bem-aventurada”. Por Maria e nela, todos os
homens reconhecem o amor infinito e misterioso de Deus(Jo 3,16). Todos nós
temos necessidade de que um outro nos revele a nós mesmos. É grande graça na
vida de uma pessoa encontrar um mestre de espírito que lhe indique o seu nome,
a sua vocação, a sua missão.
2.
Na anunciação Maria tornou-se a primeira discípula, entre os primeiros
cristãos, ouvindo a Palavra de Deus e aceitando-a . Na Visitação, ela se
apressa em partilhar esta palavra do evangelho com os outros e, no Magnificat,
temos sua interpretação dessa palavra que se assemelha à interpretação que seu
Filho tinha dado em seu ministério. A primeira discípula cristã exemplifica a
tarefa essencial de um discípulo. Depois de ouvir a Palavra de Deus e
aceitá-la, devemos reparti-la com os outros, não simplesmente repetindo-a, mas
interpretando-a, de modo que todos possam vê-la como uma Boa Nova.
3.
Neste Magnificat Deus é proclamado como “Santo”. Santo significa aquele
que está para além de tudo quanto pudermos pensar e imaginar; é totalmente
outro que habita numa luz inacessível(v.49). Mas não vive numa soberana
distância dos gritos dolorosos de seus filhos, pois este Deus santo é também
misericordioso. Possui um coração sensível aos míseros e protesta contra a
injustiça e a exploração e opressão. O texto chama-nos a atenção que os
orgulhosos, os detentores do poder e os ricos fechados para si não possuem a
última palavra como sempre pretendem, pois cada um tem que prestar contas
diante de Deus. Alguém pode escapar da justiça humana, mas sobra a justiça
divina. Aí é que ninguém escapa. Pela
sua fé no poder ilimitado de Deus (v.37), Maria reconhece que a situação
provocada pela prepotência, opressão e exploração não é desejada por Deus e,
por isso, espera que não seja definitiva. Esta intervenção de Deus é vista como
um ato de fidelidade para com o povo da aliança.
4. O
Deus a quem o Magnificat proclama está orientado para os homens, em especial
para os fracos, os pobres, os infelizes, os desgraçados, os oprimidos;
privilegia o humilde, o humilhado, aqueles aos quais não se concede o direito à
existência. Quem reconhece a Deus como seu Senhor, deve estimar todo homem como
irmão.
Como Maria, estamos convencidos de que tudo é
possível para quem crê (Lc 1,37; Mc 9,23).
P. Vitus Gustama,svd
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