Domingo,01/09/2019
HUMILDADE E GRATUIDADE POR AMOR ENGRANDECEM O CRISTÃO DIANTE DE DEUS
XXII Domingo Do Tempo Comum “C”
I Leitura: Eclo 3,19-21.30-31
19
Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem
generoso. 20 Na medida em que fores
grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do
Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela
seus mistérios. 21 Pois grande é o poder do
Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. 30 Para
o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada
nele, e ele não compreende. 31 O homem inteligente
reflete sobre as palavras dos sábios, e com ouvido atento deseja a sabedoria.
II Leitura: Hb 12,18-19.22-24
Irmãos: 18 Vós
não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão,
trevas e tempestade, 19 som da trombeta e voz
poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse. 22 Mas
vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém
celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; 23 da
assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o
Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; 24ª
de Jesus, mediador da nova aliança.
Evangelho: Lc 14,1. 7-14
1 Aconteceu
que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus.
E eles o observavam. 7 Jesus notou como os convidados
escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8 'Quando tu fores convidado para uma festa de casamento,
não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais
importante do que tu, 9 e o dono da casa, que convidou os
dois, venha te dizer: 'Dá o lugar a ele'. Então tu ficarás envergonhado e irás
ocupar o último lugar. 10 Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te
no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: 'Amigo, vem
mais para cima'. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os
convidados. 11 Porque quem se eleva, será humilhado e
quem se humilha, será elevado.' 12 E disse também a quem o tinha
convidado: 'Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos,
nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes
poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13 Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os
pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14
Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a
recompensa na ressurreição dos justos.'
__________________
Continuamos a acompanhar Jesus no seu caminho
para Jerusalém, sua ultima viagem para Jerusalém, pois lá ele será crucificado,
morto e ressuscitado. Jesus continua com suas últimas lições/instruções dadas
aos seus discípulos no seu Caminho para Jerusalém. Trata-se das lições do
caminho (Lc 9,51-19,58). A intenção de Jesus ao dar tais lições é preparar os
discípulos para a futura missão na Sua ausência física nesta terra. E estas
lições servem também como instrução catequética-catecumenal para todos os
cristãos de todos os tempos e épocas. Por ser tratarem de lições importantes
Lucas não tem pressa de relatar a chegada de Jesus em Jerusalém.
O texto do evangelho de hoje faz parte do
complexo literário Lc 14,7-24. Este complexo consta três parábolas: Lc 14,7-11;
14,12-14; 14,15-24. A ligação entre três parábolas está no tema comum: todas as
três parábolas falam de um banquete e de seus convidados.
No texto de hoje encontram-se duas parábolas.
A primeira parábola (Lc
14,7-11) é formulada por Jesus a partir da observação do procedimento dos
convidados, que com ele participam da refeição (Lc 14,7). Em seu ensinamento
nesta parábola, Jesus se baseia, em si, na experiência de Israel: “Não te vanglories na frente do rei, nem
ocupes o lugar dos grandes” (Provérbio 25,6). Nesta parábola há duas afirmações antitéticas:
no procedimento negativo da prudência humana é importante não ocupar logo os
primeiros lugares da mesa. A razão é óbvia: uma convidado importante pode
chegar na última hora. No procedimento positivo ou na regra positiva da prudência
humana: ocupar antes os lugares mais ínfimos.
Na segunda
parábola (Lc 14,12-14) Jesus não se dirige mais aos convidados e sim ao
próprio dono da casa. Na formulação da parábola Jesus parte também da observação
da realidade: somente pessoas de certa importância eram convidadas a participar
de tais banquetes. Também esta parábola é formada por duas partes antitéticas:
Lc 14,12 e Lc 14,13-14. Na parte negativa, Jesus mostra a falta de sentido
dentro da dimensão escatológica do Reino, em convidar apenas amigos, irmãos,
parentes ou vizinhos ricos. Isto seria em função de retribuição material e
esquece-se da dimensão escatológica da vida, pois a vida tem seu fim. Nada se
faz quando não se faz nada para os necessitados dentro do contexto do Reino. Por
isso, na parte positiva, a parábola apresenta aqueles que não têm possibilidade
de retribuir: pobres, aleijados, coxos e cegos. Ao fazer isso, o homem estará pautando
sua vida pelo ensinamento de Jesus: “Bem aventurados os misericordiosos” (Mt
5,7). Se os convidados pobres não podem retribuir, o próprio Deus retribuirá (veja
Mt 6,3-4). É
este o sentido da última afirmaçãoedo texto do evangelho de hoje: “Então tu serás feliz! Porque eles não te
podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (Lc
14,14).
Em resumo, dentro
das Lições do Caminho (Lc 9,51-19,28), as lições que Lc nos apresenta através
da passagem do evangelho deste dia são a humildade (vv. 7-11) e a gratuidade ou a generosidade baseada sobre o amor desinteressado (vv.12-14).
O que une
estas lições é o tema do Reino considerado como banquete eterno. Humildade e
gratuidade baseada sobre o amor desinteressado são fundamentais para participar
do banquete do Reino.
Para falar
destes temas/lições Lc parte de uma refeição preparada por um fariseu para
Jesus como seu convidado especial. No evangelho de Lucas os fariseus estão
bastante próximos de Jesus em comparação com outros dois sinóticos (Mt e Mc).
Lc nos relata que Jesus é convidado três vezes para uma refeição na casa dos
fariseus (cf. Lc 7,36-50; 11,37-53; 14,7-14).
No mundo semita o banquete ou a refeição é o
espaço do encontro fraterno, onde os convivas partilham do mesmo pão/ alimento
(companheiro). E o pão/alimento é fruto dos processos do trabalho humano e é
distribuído a cada membro da família para sua subsistência. A refeição é o
espaço onde se manifestam e estabelecem laços de comunhão, de proximidade, de
familiaridade e de fraternidade. Em qualquer povo, o primeiro gesto de
hospitalidade e de fraternidade é o convite para a mesma mesa, a partilha
daquele alimento que transforma estranhos em amigos. Sob o aspecto físico, a
refeição é indispensável para a sobrevivência; no aspecto social, ela sela uma
boa relação, uma aliança. Todas as alianças no mundo semita sempre se finalizam
com uma refeição.
A partir da
refeição ou do banquete humano Jesus entra no tema do Reino, que ele vai
antecipar através da instituição da Eucaristia. E o Reino é o banquete eterno,
e por isso, é um espaço de fraternidade, de comunhão, de partilha e de serviço
por amor. Por esta razão, do Reino são excluídas qualquer atitude de
superioridade, de orgulho/arrogância/prepotência, de ambição, de domínio sobre
os demais e outras atitudes semelhantes. Para poder participar do banquete do
Reino cada um deve fazer-se pequeno, humilde, simples e sem nenhuma pretensão de
ser considerado melhor, mais justo/santo ou mais importante do que os outros. O
próprio Jesus serve de exemplo para todos, quando, na véspera da sua morte,
lavou os pés dos discípulos (cf. Jo 13,1-17).
Aprofundemos
um pouco mais nossa reflexão sobre alguns pontos da passagem do evangelho deste
dia.
Lição Sobre a humildade
“Na
medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás
graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes
que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é
glorificado pelos humildes”, disse o Eclesiástico, que lemos na Primeira
Leitura (Eclo 3,20-21).
Conforme o costume de tempo mais antigo, os
lugares não são ocupados pelos convidados por ordem de idade, mas segundo a
dignidade e o prestígio (talvez não haja nenhuma diferença com o tempo atual).
Cada qual escolhe o lugar que julga poder ocupar pela ordem de importância (cf.
Lc 11,43;20,46;Mt 23,6;Mc 12,38). Jesus observa como os convidados disputam os
primeiros lugares.
A observação é o motivo para Jesus falar da
“conduta à mesa” (vv.8-11) Na verdade, os escribas conhecem uma norma de
prudência da época: “Mantém-te distante, dois ou três assentos, de teu lugar
(que te convém) e espera até que te seja dito: Sobe mais ! Sobe mais !, em vez
de que te seja dito: Desce mais! Desce mais !” (Levítico Rabbah I.5). Para os
escribas essas palavras não são apenas uma regra de prudência para não passar
vergonha, mas prescrevem um procedimento que é fruto da mentalidade moral
deles. O livro dos Provérbios também fala do mesmo tom: “Não te faças
pretensioso diante do rei, não te ponhas no lugar dos grandes. É melhor que te
digam: ‘Sobe aqui!’ do que seres humilhado diante de um personagem” (Pr 25,6-7). Jesus não está dando uma porção de conselhos
humanos; está ensinando os homens a serem genuinamente humildes. O homem
verdadeiramente humilde acabará ficando onde deve estar e que receberá a honra
que lhe é devida. O caminho à verdadeira exaltação é a humildade (v.11).
A humildade, que constitui o alicerce de outras virtudes, é uma
virtude tão importante que Jesus sempre aproveita qualquer circunstância para
pô-la em destaque. A humildade é o comportamento que atrai a simpatia dos homens
e as bênçãos de Deus: “Filho, na medida em que fores grande, deverás
praticar a humildade, e assim, encontrarás graça diante do Senhor... pois é aos
humildes que Ele revela seus mistérios e... é glorificado pelos humildes.”
(Eclo 3,20s).
A humildade não é a virtude do inferior em relação ao
superior, mas ao contrário: é a virtude do superior em relação aos inferiores.
A humildade é a virtude do superior que se abaixa e tem respeito pelos que se
encontram em condição de inferioridade. Por esse motivo, a humildade é
eminentemente virtude de Deus no seu respeito, atenção, zelo pelas suas
criaturas especialmente pelos homens. E gesto supremo da humildade de Deus é a
encarnação: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Em
Jesus Cristo, então, toma forma a humildade de Deus. Por isso, Cristo é Deus
feito humildade, que vive em condição de humildade, que ama a humildade, que
aprecia e exalta os pobres e os humildes. E a humildade é o fundamento sobre o
qual Cristo construiu a salvação dos homens e a via que Ele indicou aos que
querem entrar no Reino do Céu.
Por isso, a humildade em seu grau mais perfeito, não está em ser
pequeno, nem sentir-se pequeno, mas em fazer-se
pequeno, não por qualquer exigência ou utilidade pessoal, mas por amor,
para engrandecer os outros. Assim foi a humildade de Jesus Cristo. De fato,
como sabemos, Deus não é pequeno, mas faz-se pequeno por amor só para nos
engrandecer e salvar. Porque, na verdade, Deus na posição em que se encontra,
não pode elevar-se, pois nada existe acima d’Ele. Se Deus sai de si mesmo, isto
só poderá ser abaixar-se e tornar-se pequeno; em outras palavras, só poderá ser
humildade. E o homem, como nós sabemos também, não pode cair mais para o nível
mais baixo porque ele está no chão. Ele é necessariamente humilde: do latin, humus-humilis
que quer dizer chão, pó. E só pode ser elevado para o nível de filho de Deus
pela graça da encarnação. Assim ele se torna pó vivente porque Deus sopra nele
a vida e a dignidade de filho de Deus (cf. Gn 2,7). Por isso, tudo que somos,
nós recebemos de Deus, é um presente d’Ele. É d’Ele que procedem a vida, a
força, a inteligência, o bom temperamento que temos. Nada nos pertence. E de
nada podemos nos vangloriar.
A humildade, que constitui o alicerce de outras virtudes, é uma virtude tão
importante que Jesus sempre aproveita qualquer circunstância para pô-la em
destaque. A encarnação de Deus em Jesus Cristo é um mistério da humildade na
sua própria essência. A humildade de Jesus, Deus feito homem, nos enobrece e
nos oferece a incomparável dignidade de filhos de Deus. Todo o drama da
redenção é o caminho vitorioso da humildade magnânima de Jesus que nos convida
e nos torna aptos para o Seu seguimento. A humildade é o fundamento sobre o
qual Cristo construiu a salvação dos homens e o caminho que Ele indica aos que
querem entrar no Reino do Céu. A arrogância ou a prepotência e o complexo de
superioridade não encontram porta para entrar no céu e acabam ficando fora dele
(cf. Lc 13,27-28).
A “conduta à mesa” que Jesus propõe
certamente não é apenas uma prudente regra de boas maneiras nem somente uma
comum exortação à modéstia, mas é uma narração parabólica que aponta para o
segundo plano da escolha ávida dos primeiros lugares. Expressa uma verdade que
diz respeito ao Reino de Deus: Quem quiser entrar no Reino de Deus deve ser
pequeno (veja a reflexão domingo anterior), deve fazer-se pequeno, como foi
dito acima; e não deve ter falsas pretensões. Faz entrar no Reino de Deus o
pequeno que não se julga digno dos divinos: “Deus revela seu mistério aos
pequenos” (Eclo 3,20). Ser pequeno é a primeira condição para alguém entrar no
Reino de Deus (Lc 6,20).
Lição Sobre a Generosidade
“Quando tu deres um almoço ou um jantar, não
convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos
ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa.
Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os
coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu
receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.
Para ser humilde e andar na verdade de nossa
própria condição, precisamos ser pobres no espírito diante de Deus, isto é,
vazios de nós mesmos para podermos ser plenos de Deus, sabendo que tudo em
nossa vida é graça e dom, efeito da misericórdia e do amor que Deus nos tem.
Conseqüência disto, quem é humilde, não tem medo de ser generoso, pois é capaz
de receber, não só de Deus, mas também dos outros. Temos que aprender a receber
e não só dar, em todos os sentidos, não só no seu pequeno segmento material; e
de receber para poder repartir. Porém, repartirá não para chamar a atenção para
si, e sim, porque agradecido, gosta de tornar seus irmãos partícipes dos dons
que recebeu.
Por isso, humilde é aquele que, tendo
consciência das próprias qualidades, se coloca a serviço de todos. E, na
verdade, a pessoa humilde é que estabelece relações que trazem a felicidade,
que acabam com o egoísmo, com a competição, com a ostentação, e fazem reinar no
mundo as atitudes de intercâmbio generoso dos dons de Deus.
Humildade, portanto, não é mesquinhez nem
timidez, mas pelo contrário, o primeiro passo da magnanimidade (do latin: alma,ae + magnus,a,um =alma grande), e
da generosidade.
Por isso, Jesus faz uma proposta estranha
para nós: quando deres uma festa, não convides os amigos ou quem pode retribuir
a gentileza, mas convides os pobres, os que não têm onde cair mortos, os que
não têm o que oferecer em troca. Dificilmente seria necessário indicar que
Jesus não está enfatizando que não há generosidade em dar para pessoas que
retribuirão. A festa de que Jesus fala é a partilha do que há de bom na vida,
pois a partilha é a alma do projeto de Deus. Ele nos convida a uma atitude de
gratuidade ou generosidade, uma atitude que é o exato contrário do cálculo
interesseiro de quem vive se perguntando: “Quanto é que eu levo nisso ? Que
vantagem isso me dá ? Será que tem retorno em fazer isso ?”
A generosidade é um sinal de gratidão e de liberdade
interior. Tudo o que nós somos, tudo o que podemos e temos é precioso e
libertador, se o reconhecermos e apreciarmos como um dom do amor de Deus. Se
percebermos e apreciarmos realmente que o esplendor daquilo que temos e daquilo
que possuímos vem de Deus, o Doador de todos os bens, então não nos agarremos
às nossas riquezas e capacidades, nem as utilizaremos para nos ensoberbecermos,
apoiando-nos em falsas seguranças, mas procuraremos ser cada vez mais generosos
e livres, quer dando, quer recebendo.
Ser generoso significa dar-se a si próprio por amor de
Deus e do próximo, graças à intima liberdade que possuímos. Esta virtude é
libertadora para ambas as partes: para o generoso e para o que, com pleno
respeito pela sua liberdade, é favorecido. O generoso é livre na medida em que
não procura o seu próprio proveito mas o daqueles a quem favorece. Acreditamos
que todos nós já fizemos alguma coisa por alguém por pura generosidade e
sabemos a alegria que isso traz ao nosso coração. Quem de nós, ao prestar
gratuitamente um favor ou uma ajuda, já não ouviu a frase: “Deus lhe pague;
Deus lhe abençoe ?”. A alegria que brota da generosidade de um doador nobre é
um dos mais preciosos e permanentes dons.
A generosidade com que servimos e socorremos os
outros, nas suas necessidades, é um aferidor da nossa liberdade em relação a
Deus. Sem generosidade, nem sequer pode existir a liberdade como virtude.
Para o generoso, todos os seus bens, todas as
suas capacidades e dons se transformam num tesouro que se acumula no céu e que,
entretanto, vai aliviando e tornando felizes os outros. E o próprio Jesus
anuncia que tudo que aqui gratuitamente fazemos, nos será devolvido, certamente
purificado e ampliado por Deus, na vida eterna(v.14). Nossa fé alimenta essa
esperança. Porém, não é difícil ver que há também recompensas imediatas nesta
vida: uma vida mais tranqüila com segurança para todos, protegidos no meio dos
irmãos. Para ser feliz é necessário fazer algo de bom pelos outros, gratuitamente,
sem esperar uma troca. E para ser infeliz, basta ser egoísta ou ser avaro. O
avaro é o protótipo dos sem- coração e dos de espírito mesquinho. O avaro é a
pessoa mais pobre que existe.
Será que há ainda alguém, na nossa comunidade,
que por ser mais inteligente e mais preparado ou que tem mais recursos
materiais quer dominar sobre os outros? Será que há alguém, também, que tenta
esconder as próprias qualidades para não ser chamado a servir? Enquanto os
homens continuam a disputar os primeiros lugares, enquanto os homens continuam,
dementes, acotovelando-se pela conquista de poder e privilégio, Jesus repela a
tentação de Lúcifer: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto”
(Lc 4,8). O homem que se endeusa, deixou de ser como Deus, porque Deus se fez
homem (Jo 1,14; Fl 2,6-8). O cristão, para não se valer da sua virtude, contra
a clemencia divina, deve guardar no íntimo do coração a humildade. Humilde é
aquele que, tendo consciência das próprias qualidades, se coloca a serviço de
todos. “O
primeiro passo no caminho da libertação e da verdade é a humildade, o segundo é
a humildade, o terceiro é a humildade”, dizia Santo Agostinho. A humildade e a
generosidade são comportamento que atrai a simpatia dos homens e as bênçãos de
Deus.
P. Vitus Gustama,svd
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