sábado, 23 de novembro de 2019

25/11/2019
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GENEROSIDADE E DESPOJAMENTO SÃO FRUTOS DE NOSSA FÉ FIRME EM DEUS
Segunda-Feira da XXXIV Semana Comum


Primeira Leitura: Dn 1,1-6.8-20
1 No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, avançou sobre Jerusalém e pôs-lhe cerco; 2 o Senhor entregou em suas mãos Joaquim, rei de Judá, e parte dos vasos da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Senaar, para o templo de seus deuses, depositando os vasos no tesouro dos deuses. 3 Então o rei ordenou ao chefe dos eunucos, Asfenez, para que trouxesse, dentre os filhos de Israel, alguns jovens de estirpe real ou de família nobre, 4 sem defeito físico e de boa aparência, preparados com boa educação, experientes em alguma ciência e instruídos, e que pudessem estar no palácio real, onde lhes deveriam ser ensinadas as letras e a língua dos caldeus. 5 O rei fixou-lhes uma ração diária da comida e do vinho de sua mesa, de tal modo que, assim alimentados e educados durante três anos, eles pudessem no fim entrar para o seu serviço. 6 Havia, entre esses moços, filhos de Judá, Daniel, Ananias, Misael e Azarias. 8 Ora, Daniel decidiu secretamente não comer nem beber da mesa do rei por convicções religiosas, e pediu ao chefe dos eunucos que o deixasse abster-se para não se contaminar. 9 Deus concedera que Daniel obtivesse simpatia e benevolência por parte do mordomo. Este disse-lhes: “Tenho medo do rei, meu Senhor, que determinou alimentação e bebida para todos vós; 10 se vier a perceber em vós um aspecto mais abatido que o dos outros moços da vossa idade, estareis condenando minha cabeça perante o rei”. 11 Mas disse Daniel ao guarda que o chefe dos eunucos tinha designado para tomar conta dele, de Ananias, Misael e Azarias: 12 “Por favor, faze uma experiência com estes teus criados por dez dias, e nos sejam dados legumes para comer e água para beber; 13 e que à tua frente seja examinada nossa aparência e a dos jovens que comem da mesa do rei, e, conforme achares, assim resolverás com estes teus criados”. 14 O homem, depois de ouvir esta proposta, experimentou-os por dez dias. 15 Depois desses dez dias, eles apareceram com melhor aspecto e mais robustos do que todos os outros jovens que se alimentavam com a comida do rei. 16 O guarda, desde então, retirava a comida e bebida deles para dar-lhes legumes. 17 A esses quatro jovens Deus concedeu inteligência e conhecimento das letras e das ciências, e a Daniel, o dom da interpretação de todos os sonhos e visões.18 Terminado, pois, o prazo que o rei tinha fixado para a apresentação dos jovens, foram estes trazidos à presença de Nabucodonosor pelo chefe dos eunucos. 19 Depois de o rei lhes ter falado, não se achou ninguém, dentre todos os presentes, que se igualasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. E passaram à companhia do rei. 20 Em todas as questões de sabedoria e entendimento que lhes dirigisse, achava o rei neles dez vezes mais valor do que em todos os adivinhos e magos que havia em todo o reino.


Evangelho: Lc 21,1-4
Naquele tempo, 1 Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas depositando ofertas no tesouro do Templo. 2 Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas. 3 Diante disso, ele disse: “Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. 4 Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, aquilo que lhes sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver”.
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Deus Não Abandona Seus Fiéis


O rei ordenou ao chefe dos eunucos, Asfenez, para que trouxesse, dentre os filhos de Israel, alguns jovens de estirpe real ou de família nobre, sem defeito físico e de boa aparência, preparados com boa educação, experientes em alguma ciência e instruídos, e que pudessem estar no palácio real, onde lhes deveriam ser ensinadas as letras e a língua dos caldeus”.


O livro de Daniel, que vamos ler e meditar durante a última semana do Ano litúrgico, situa seus relatos edificantes (que não necessariamente históricos, pois os dados de Dn 1,1 não se comprovam historicamente. Joaquim reinou em Judá, de 609 a 598 a.C. O ano terceiro seria 606-605 a.C. Neste ano é difícil colocar um ataque de Nabucodonosor a Jerusalém) nos tempos do rei Nabucodonosor o que levou ao desterro do povo de Israel.


Mas a intenção do autor, ao escrever o livro, é para os leitores da época em que o povo estava sofrendo o ataque paganizante do rei Antíoco Epifanes até o ano 170 a.C. Portanto, é contemporâneo dos livros dos Macabeus que meditamos na semana anterior.


O protagonista do livro é Daniel. Além disso, do exemplo de uns jovens na corte real, o livro apresenta umas visões escatológicas referentes ao final dos tempos ou à vinda do Messias.


O estilo do livro é “apocalíptico” ou “de revelação”, com visões cheias de simbolismo sobre os planos de salvação que Deus quer levar a cabo no futuro messiânico.


Lemos na Primeira Leitura do capítulo primeiro do Livro de Daniel. O capítulo primeiro do livro de Daniel expõe o marco histórico em que se dsenvolverá a ação de Daniel, a atividade dos judeus no ambiente pagão do exílio babilônico, e mantém uma tese central: que podemos e devemos servir ao mundo em que vivemos, porém sem nos identificar com ele nem chegar a um compromisso que nos faça perder nossa peculariedade: “Ora, Daniel decidiu secretamente não comer nem beber da mesa do rei por convicções religiosas, e pediu ao chefe dos eunucos que o deixasse abster-se para não se contaminar” (Dn 1,8).


Tudo isso será superado na Nova Aliança (cf. At 10,9ss; 1Cor 10; Rm 14), porém não deixa de ser aqui o modo de manifestar a confiança de que essa ordem da fé é superior à ordem do poder e das manifestações seculares/mundanas que nos podem deslumbrar.


O texto da Primeira Leitura de hoje nos apresenta os quatro jovens que o próprio rei Nabucodonosor escolhe para estarem no serviço ao rei. Antigamente, os filhos dos reis vencidos eram transformados em cortesãos e futuros vassalos do dominador a fim de garantir a continuidade no poder. Mas nenhum dos quatro jovens hebreus mencionado parece pertencer à linhagem real.


Para os quatro jovens o rei babilônico exige obediência e eles obedecem sem reclamar. Os quatro jovens também aceitam a instrução na cultura babilônica, na língua e na literatura do império que na sua maioria era religiosa. No momento o rei não exige uma conversão religiosa dos jovens aos deuses babilônicos.


A comida, como sinal de domínio, é o tema central do relato (Dn 1,8-16). A comida servirá para manifestar a fidelidade dos jovens à lei de Moisés, sua confiança na proteção divina, da qual dará testemunho o próprio rei Nabucodonosor, com seu juízo sobre os jovens hebreus. Nesse período, o tipo de alimento e a maneira de comer eram prova da adesão à nova cultura helenista, ou à tradição judaica da fidelidade à lei de Deus, ou da submissão às exigências do tirano.


Os quatro jovens decidem não comer os manjares da mesa do rei por duas razões. Primeiro, alguns alimentos poderiam ser impuros, conforme a lei de Moisés. Segundo, ou se supõe que esses alimentos tenham sido oferecidos, como oferenda, aos deuses pagãos. Para ser livre de qualquer acusação, Daniel tem dom de ganhar a simpatia do superior ao dizer que sua vida está em jogo dependendo do tipo de alimentação. O pedido de Daniel recebe uma resposta positiva. No final da provação, a condição física dos quatro jovens hebreus satisfazem o rei: “Depois de o rei lhes ter falado, não se achou ninguém, dentre todos os presentes, que se igualasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. E passaram à companhia do rei. Em todas as questões de sabedoria e entendimento que lhes dirigisse, achava o rei neles dez vezes mais valor do que em todos os adivinhos e magos que havia em todo o reino”.


Os quatro jovens têm fidelidade à sua fé apesar do ambiente pagão da corte real, pois Deus está com eles tanto na saúde como na sabedoria. Por isso, entre todos os jovens, os quatro estão em destaque.


A lição para os judeus que estavam lutando por resistir à tentação helenizante de Antíoco Epifanes é muito clara: para animá-los a permanecer na esperança e para que sejam fieis à Aliança em meio da perseguição como foram Daniel e seus companheiros em circunstancias parecidas ou piores.


Para nós hoje também a lição é muito clara. Sentimos cada dia a força de atração dos valores deste mundo, às vezes, muito diferentes dos que nos ensina a fé em Cristo. Comer e beber é o de menos. O que mais importante para nós é saber conservar o estilo de vida como cristãos. Estamos no mundo sem ser mundanos. Somos o sal da terra e a luz do mundo onde estivermos e para onde formos. Num ambiente de escuridão devemos nos manter como luz para salvar quem se encontra na escuridão da vida, em vez de apagar nossa luz para viver uma vida mundana. Temos que aprender a lição de valentia e perseverança que nos deram Eleazar ou a mãe dos sete filhos nos tempos dos Macabeus ou aqui os quatro jovens na corte de um rei pagão. Estão com o rei pagão sem se tornarem pagãos e sim continuam sendo fieis à Aliança com Deu. É tão grande a valentia dos quatro jovens que em Laudes dos Domingos cantamos o “cântico de Daniel e seus companheiros”, cântico que ao longo desta semana vamos rezar com Salmo Responsorial. Deus nunca abandona seus fieis mesmo que se encontrem numa situação aparentemente sem saída. No fim, experimentaremos a vitória de Deus: a morte se transformará em ressurreição como aconteceu com Jesus Cristo.


Nossa Generosidade É o Prolongamento Da Generosidade De Deus


No AT as viúvas fazem parte da classe dos pobres, mas são especialmente queridas aos olhos de Deus e que as protege com Sua lei (Is 10,2; Dt 26, 12-12; Eclo 35,17-19; Sl 94,6-10). No NT, especialmente nos escritos de Lucas (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos) aparecem também as viúvas como objeto de especial afeto por parte de Jesus (Lc 7,11-15; 18,3-5; 20,47; 21,2-4).


O evangelho fala da oferta dos ricos, mas o foco é a oferta de uma viúva pobre. A antítese ricos-pobres aparece freqüentemente no evangelho de Lucas e nos discursos escatológicos de Jesus. E segue o mesmo procedimento das bem-aventuranças onde a oposição entre ricos e pobres (Lc 6,20-24) serve para anunciar a iminência do Reino e a mudança das situações abusivas. Não se trata de fazer a apologia ou a crítica de uma situação social existente e sim para sublinhar a transformação que a chegada do Reino de Deus causa nas estruturas humanas. Uma pessoa do Reino não deixa ninguém na penúria ou na miséria. Uma pessoa do Reino acredita totalmente na providência divina e por isso, ela não tem medo de se doar. Uma pessoa do Reino sente o carinho paterno-materno de Deus. Uma pessoa do Reino sabe que Deus a ama e acredita no amor do Pai do céu.


Um Deus Que Nos Olha No Nosso Interior


A mulher neste evangelho, por ser pobre e viúva, fica escondida aos olhos das pessoas. Mas o olhar de Deus em Jesus Cristo é penetrante. Percebe até aquilo que se escapa do olhar humano. “Os olhos do Senhor estão  em todo o lugar, observando os maus e os bons”, disse o Livro de Provérbio (Pr 15,3). Jesus olha para a pureza do interior da viúva. E da sua boca sai este grande elogio: “Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. Pois eles depositaram aquilo que lhes sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver” (Lc 21,4).


O olhar é um dom precioso e fascinante legado pelo Criador. É uma das áreas humanas que mais chama a atenção das pessoas. O olhar é como uma bússola a guiar nossos passos, nossos gestos, nossas atitudes. O olhar sempre está aí atento a um ou outro detalhe. Os olhos determinam um pouco ou muito do que somos. E o olhar é sempre anterior às nossas palavras.


É tão natural olhar, que nem nos damos conta desse misterioso gesto. Muitas vezes olhamos; poucas vezes, porém, nos encontramos. Alguns se limitam a olhar os outros para anotar seus possíveis defeitos. Não deixa de ser a mais trágica expressão de nossa crueldade.


O olhar superficial jamais enxerga alguém; os outros são objetos de curiosidade, de conversa. Muitos olham os outros para passar tempo; simples adorno sem sentido. Esses olhares refletem nossa pobreza espiritual.


Quantos julgamentos poderiam ser evitados, se não julgássemos os outros a partir de nossa visão. Esses olhares podem jogar no nosso rosto aquilo que não somos. A maioria dos julgamentos que fazemos é por ouvir dizer ou através de certas observações nem sempre condizentes com a verdade. Existem certas pessoas que têm o hábito de observar os outros para ter motivos de falar mal deles; há outros que, sem ter o que fazer na vida, ficam mexericando e intrometendo-se na vida alheia. Nada mais feio e abominável para um cristão!


Há aqueles olhares que reduzem os outros a meros objetos: o olhar de desejo, o olhar de ciúme, o de vingança, o de rancor etc.


Como cristãos, somos convidados a vestir a sublimidade do olhar de Jesus. Sublime é aquilo que é perfeito, altivo, pomposo, nobre, muito bonito, elevado, encantador, maravilhoso, divino, esplêndido.


Neste momento também Deus olha para você com um olhar penetrante. Ele olha para aquilo que você está pensando e imaginando: suas preocupações, suas alegrias, suas dores, suas murmurações, suas decepções, suas críticas e assim por diante. Mas será que esse mesmo Deus, no seu silêncio, faz um elogio também para você, como ele elogiou a viúva despojada? Ou como é que Deus olha para você neste momento e em todos os momentos de sua vida? Você está consciente de que Deus está sempre de olho em você? De que maneira também você olha para os outros? O que você olha mais nos outros?


Para termos os olhares de Jesus, temos que limpar o nosso coração, porque os olhos são as janelas de nossa alma, de nosso coração.


Uma Viúva Que Nos Ensina A Vivermos No Despojamento Total Por Causa Da Fé Em Deus


A viúva em sua condição de mulher, pobre e marginalizada fez um enorme esforço ao depositar a oferenda para Deus. Dava tudo o que era necessário para sua vida. Trata-se de uma decisão do próprio coração sem nenhuma influência de outras pessoas. Como se ela quisesse dizer para si própria: “Tudo é de Deus até o pouco que tenho. Ele é o Pai, Criador do céu e da terra. Ele sabe o que fazer com minha vida daqui em diante”. Consequentemente, ela entregava totalmente sua vida ao serviço de Deus com amor e humildade. Trata-se de uma mulher de grande fé e por isso, de uma mulher de grande despojamento. É uma mulher de grande espírito. Aquele que está aberto ao Espírito de Deus, deixa-se inundar permanentemente pela graça e pelo amor de Deus. A abertura de espírito à graça de Deus torna uma pessoa cheia de fé na providência divina.


Jesus aproveita a situação da viúva para instruir seus discípulos e discípulas acerca do valor das oferendas. Para Deus não se oferece o que nos sobra, aquilo que podemos prescindir. A verdadeira oferenda para Deus acontece quando damos o que somos e temos. Para Deus precisamos entregar, antes de tudo, nossa vida. Nós damos nossa vida generosamente porque sabemos que Deus fará com ela o melhor para nós mesmos, para nossa comunidade e para a humanidade em geral. A vida pertence a Deus e por isso, Ele sabe o que fazer com nossa vida. Basta crer n’Ele.


Não importa a quantidade daquilo que damos para Deus e para o próximo e sim o amor com que damos. Não importa se dermos muito ou pouco, mas que coloquemos o amor naquilo que damos. Não importa se fizermos muito ou pouco para os outros, para a Igreja, para a comunidade, mas que coloquemos o amor naquilo que fazemos. O amor transforma tudo em obra prima, pois nada é pequeno quando o amor é grande. Deus não valoriza a quantidade, mas o amor com que fazemos as coisas.


Ao entregar tudo para Deus o que tinha, a viúva nos ensina a não ficarmos apegados às coisas. Porque, neste mundo, durante nossa passagem, não temos poder para possuir. Temos apenas o direito de usar as coisas criadas por Deus. Quando terminarmos nossa vida nesta terra nada nós levaremos. Tudo que é deste mundo vai ficar aqui neste mundo.


Quem tem o apego às coisas perde a liberdade, pois as coisas começam a mandar nele. Podemos possuir as coisas terrenas, mas não podemos ser possuídos por elas para não perdermos nossa liberdade de filhos e filhas de Deus. Desapego é o caminho de libertação.


Ser de Deus e acreditar em Deus é servir e dar, não aquilo que sobra e sim a si mesmo. Nisto daremos de coração e Deus vê nosso coração: ”Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
P. Vitus Gustama,svd

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